sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Casarão Burghardt

O século XIX registrou importantes mudanças no mundo e no Brasil. Enquanto na Europa a Revolução Industrial alterou todo o Panorama Social e Econômico do continente, no Brasil a chegada da Família Real, a Abertura dos Portos, a Independência, o Segundo Reinado, a Industrialização, o café e a chegada dos imigrantes, entre vários outros fatores, introduziram inovações que identificam o século passado.

O ecletismo é a expressão arquitetônica deste período, em especial das últimas décadas do século XIX.

No Sul do Brasil, onde a imigração de alemães, italianos e poloneses foi mais intensa, registra-se importante contribuição dos países de origem destes imigrantes na arquitetura eclética regional.

Dentre essas contribuições, talvez a mais notável é a proporcionada por grandes casarões assobradados dotados de frontões imponentes voltados para a rua principal.

Dentre outras cidades, Itajaí guarda excepcional conjunto de edifícios ecléticos assobradas, representados pela "Casa Malburg", "Casa Burghardt" e "Casa Konder". Todos possuem como característica comum os frontões ornamentados, apresentando fachada para a então rua principal, mas sem descuidar de ampla paisagem para o rio, onde atracavam os navios e desenvolvia-se o comércio.

Enquanto a Casa Konder é mais austera, neo-clássica, as casas Burghardt e Malburg impõe-se com dimensões, curvas e ornamentos que até então as cidades brasileiras haviam visto apenas nos frontões das igrejas.

A Casa Burghadt, edificada em 1904, mais antiga que a Malburg, evidencia um modelo que serviu de base para a segunda. Possui a fachada ornamentada com motivos clássicos e quatro frontões, um em cada lateral do edifício, influência sem dúvida da arquitetura urbana germânica.

No pavimento térreo, a ornamentação se inspira em modelo clássico, imitando uma parede de pedra, no segundo pavimento "o plano nobre" é ornado com sequência de pilastras gêmeas e o terceiro pavimento é formado por poderoso frontão que lembra o barroco da arquitetura religiosa luso-brasileira.

Internamente o edifício é esmerado, guardando decoração de paredes, pisos, forros e esquadrias, além de generosa vista para o Rio Itajaí-Açú. Trata-se de um dos mais expressivos edifícios ecléticos de Santa Catarina, com importância rcdobrada por estar inserido no conjunto urbano da Rua Lauro Muller/Pedro Ferreira, marco do nascimento e do desenvolvimento de Itajaí.

Texto: Dalmo Vieira Filho (Ex-Diretor de Patrimônio Cultural do Estado de Santa Catarina, arquiteto, professor da Universidade Federal de Santa Catarina); Ilustração: Lindinalva Deóla da Silva

Algumas páginas sobre edíficios históricos de Itajaí:

Asilo Dom Bosco, Banco Inco, Bangalô, Bar Dinamarca, Bauer e Cia, Café Democrático, Caixa da Sociedade Beneficente dos Estivadores, Capelinha de Cabeçudas, Casa Agostinho Alves Ramos, Casa Alberto Werner, Casa Almeida e Voigt, Casa Amaral, Casa Asseburg, Casa Bonifácio Schmitt, Casa Bruno Malburg, Casa Cesário, Casa da Família João Bauer, Casa das Irmãs da Imaculada Conceição, Casa Jacob Bauer, Casa Konder, Casa Lauro Müller, Casa Popular da Vila Operária, Casa Primo Uller, Casa Rauert, Casarão Burghardt, Casarão da Família Fontes, Casarão Malburg, Casarão Olímpio Miranda, Casarão Peiter, Cia. Fábrica de Papel Itajaí, Colégio São José, Edifício da Fiscalização dos Portos, Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, Farmácia Brasil, Ginásio Itajaí, Grupo Escolar Floriano Peixoto, Grupo Escolar Lauro Müller, Grupo Escolar Victor Meirelles, Herbário Barbosa Rodrigues, Hospital Santa Beatriz, Hotel Brazil, Hotel Cabeçudas, Igreja da Imaculada Conceição, Igreja da Vila Operária, Igreja do Santíssimo Sacramento, Igreja Luterana, Mercado Público, Palácio Marcos Konder, Primeira Sede da Municipalidade, Primeira Sede dos Correios, Sociedade dos Atiradores, Sociedade Guarani.

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Casarão da Família Fontes

"O casarão da família Fontes, na Rua Dr. Pedro Ferreira n° 9, foi construído no início do século, em 1904, sendo contemporâneo dos casarões das famílias Malburg e Konder. Foi mandado construir pelo meu avô, o comerciante português Manoel Antônio Fontes, no mais nobre estilo açoriano, (ele era natural dos Açores) com janelas e sacadas na frente, duas de cada lado da porta de entrada, altíssima, com 4 metros de altura.

Para entrar na casa, subiam-se uns poucos degraus, revestidos por lindos azulejos portugueses, que levavam ao corpo da casa, elevado do chão por causa das marés e da proximidade do rio, formando assim um vasto porão. Na enchente de 1906, não entrou na casa, que serviu de abrigo a muitas pessoas.

Em seguida aos degraus, havia um corredor comprido, que dividia a casa e lá no fundo, uma confortável poltrona de onde parece que ainda vejo vovó sentada, lugar preferido de seu lazer. Na frente ficavam as salas. A sala pequena, à direita, onde eram recebidos os parentes e os íntimos.

À esquerda, a sala grande, com seus finíssimos móveis de madeira entalhada, assentos e encostos de palhinha, piso de táboas largas de pinho de Riga, o piano alemão e na parede, grandes retratos dos meus avós. Lá só eram recebidas as visitas mais ilustres.

A casa tinha muitos cômodos: três quartos, sala de jantar, uma grande copa, cozinha, dispensa, quarto de empregada, quarto de costura, banheiro no corpo da casa (o que era raro em Itajaí naquele tempo), as salas na frente e um lindo jardinzinho interno, que levava ao porão.

Havia também o sótão, com mais quartos e onde dormiam os homens da família: Henrique, Emanuel, (Nelinho) e o Thomaz. A filhas Concórdia (que faleceu moça), Crotides, Virgínia e Cici (minha mãe) ocupavam os quartos da parte térrea.

Devo falar, também do quintal, que se estendia até a Rua 15 de novembro (hoje Manoel Vieira Garção) e onde se encontravam frutas raras, como o jambo rosa vindo da Bahia, a sapota, as goiabas de várias cores, entre outras. Além da parreira que formava quase um timel, plantas medicinais que vovó cultivava e distribuía aos necessitados. Aliás, impossível falar no casarão sem falar da vovó, Dona Aninha Fontes figura por demais conhecida e estimada na cidade.

Aí passei os melhores dias da minha infância, subindo nas árvores, enquanto meu irmão prendia as gaiolas para caçar passarinhos.

Em 1987, a casa foi vendida para o Senhor Valdir Benvenutti. Como tudo mudou! A casa, demolida. O quintal, abandonado. Todos se foram. Só ficou a lembrança. Só restou a saudade."

Texto: Celeste Pfeilsticker Pereira (Neta de Manoel Antônio Fontes, nascida em Itajaí, viúva de Lucindo Pereira, membro atuante em entidades filantrópicas); Ilustração: Lindinalva Deóla da Silva

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Casarão Malburg

A construção da casa, situada na esquina da Rua Pedro Ferreira com a Praça Vidal Ramos, foi concluída em 1915. Era uma mansão em estilo hanseático, com três pavimentos e coberta com telhas importadas da França. No pavimento térreo ficavam as salas, a parte social da residência, ao passo que nos dois andares superiores se distribuíam os dormitórios e banheiros. No segundo andar, tínhamos três grandes dormitórios na frente e um pequeno junto à escada e o oratório, onde à noite fazíamos as orações em comum.

No centro de um longo corredor, ficava um banheiro e do lado dele mais dois quartos, sendo um deles muito grande, que era o quarto de meus pais, dando para um quarto de vestir e depois um banheiro menor.

À esquerda da escada, achava-se um pequeno corredor que dava acesso a um quarto grande. Em continuação este corredor abria-se para a grande varanda do segundo andar. No terceiro andar, havia uma grande sala com três janelas de frente para a rua e onde meu pai colocou uma mesa de bilhar para a rapaziada.

No outro lado, com vista para o rio, ficava outro quarto grande, que dava para um grande terraço, com uma vista panorâmica maravilhosa. No andar térreo ao longo da varanda, no sentido do rio, ficava a cozinha, despensa, copa e banheiro.

No chão da copa, ficava a adega, cavada no chão e toda cimentada, com prateleiras, para depósito de vinhos, conhaques, etc. Na parte de trás ficava o chamado rancho, que era uma sequência de compartimentos para os serviços da casa, de lavanderia, e a "padaria" com um grande forno de alvenaria.

O jardim grande ficava à direita da casa. Era lindo! Aí terminava nosso terreno, encostado no annazém da casa comercial de meu pai, um enorme depósito, onde se acumulavam as cargas para os navios, que atracavam bem atrás de nossa casa.

O assoalho era todo feito de tábuas largas claras e escuras, formando desenhos. Estes dados, foram extraídos de um caderno de memórias escrito por minha tia Maria Catarina Malburg.

Neste prédio também funcionou Hotel, Cia de Seguros Minas Brasil, residências alugadas, Funrural e Escritórios. Após um movimento pela restauração (1989) o casarão foi reformado pela Receita Federal que ali funciona.

Esta é um pouco da história do Casarão deixando muito carinho e saudade em nossos corações.

Texto: Laércio Mauro Malburg (Filho de Bruno Malburg Jr. e Maria Salomé Dutra Malburg. Exerceu o cargo de diretor da Cia Comércio e Indústria Malburg por 25 anos); Ilustração: Lindinalva Deóla da Silva.

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