terça-feira, 31 de dezembro de 2013

BC no último dia do ano



Hoje, no último dia de 2013, demos uma caminhada pelo Pontal Norte do balneário mais famoso do Atlântico Sul, inclusive dando uma chegadinha na pequena Praia do Coco. Todas as praias de BC, não só a Central, estavam "socadas" de banhistas.





domingo, 29 de dezembro de 2013

Incêndio no Bairro das Nações



Um incêndio de grandes proporções, no Morro da Pedra, assustou os moradores do Bairro das Nações, Balneário Camboriú, e pelo menos quatro equipes de bombeiros daqui e de cidades vizinhas foram mobilizadas durante a tarde deste domingo.

O fogo começou por volta das 16h no Morro da Pedra, atrás da área residencial do Bairro das Nações. O helicóptero Águia do Corpo de Bombeiros foi chamado para ajudar a controlar as chamas. Abaixo o helicóptero lançando água para combater alguns focos do incêndio, já quase debelado.

sábado, 28 de dezembro de 2013

Avenida Brasil animada



Avenida Brasil com tráfego intenso nesse sábado de muito calor. Começo de temporada... é melhor deixar o carro em casa e caminhar. Evita transtornos e é bom para a saúde.





Feliz 2014!

Absolutamente um trauma meu e ninguém tem culpa... porém, reflitam comigo: a mídia, a rede gloriosa, invade o seio (gosto deste termo!) de nossas famílias e manda ver com "retrospectivas", que tem mais tristezas que alegria... 

Ah! Desliguem suas TVs ! Vamos abraçar nossos familiares e nossos amigos, nos divertir, ok? 

Esta é uma ideia... Agora refletindo sobre mais coisas de um Fim-de-Ano... continuo com a reflexão... Aah! Achei agora:

Aqui em Balneário Camboriú, há um festival tremendo de fogos-de-artifícios toda passagem de ano. É coisa muito linda! O que não entendo é esse pessoal daqui, que desde o Natal, fica lançando foguetes, bombinhas, rojões, que é de uma pobreza, uma estupidez, que só faz barulho, que enlouquecem cães, gatos e este vosso redator...

FELIZ 2014!

   





FELIZ 2014!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Outro Fim-de-Ano

O Fim-de-Ano está aí e o véio Roberto grava seu 40º especial na rede Bobo que passa aquela novela que a gente acompanha sem querer (aquela do Felix). Na certa, vai cantar mais uma vez aquela "inédita": Quando eu estou aqui / Eu lembro esse momento lindo... Aja saco coração, ehehehe... Ò cidadão: vai cantar no Titanic!

Mas podemos trocar de canal e assistir shows de cantores expoentes e duplas exprimindo aquele sentimento lascado sertanojo sertanejo, com as agro girls ganindo no auditório...

Tem ótimos canais na TV paga, porém, acredito, a melhor opção é festejar com a família, com os amigos e esquecer um pouco de Internet e TV....

Agora, falando sério, o Ano-Novo ou Réveillon é um evento que acontece quando uma cultura celebra o fim de um ano e o começo do próximo. Todas as culturas que têm calendários anuais celebram o “Ano-Novo”. A celebração do evento é também chamada réveillon, termo oriundo do verbo francês réveiller, que em português significa “despertar”.

A comemoração ocidental tem origem num decreto do governador romano Júlio César, que fixou o 1 de janeiro como o Dia do Ano-Novo em 46 a.C. Os romanos dedicavam esse dia a Jano, o deus dos portões. O mês de Janeiro, deriva do nome de Jano, que tinha duas faces (bifronte) – uma voltada para frente (visualizando o futuro) e a outra para trás (visualizando o passado).

Com duas faces, pelo menos, esse tal de Jano não era descarado, né?

Feliz Ano-Novo à todos!!



sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Por que soluçamos?

O soluço é uma contração involuntária do diafragma - músculo que separa o tórax do abdome, localizado logo abaixo do pulmão. Esse músculo, responsável pelo controle da respiração, é acionado pelo chamado nervo frênico, também relacionado com o soluço. 

A contração costuma ocorrer várias vezes seguidas, separadas por um curto intervalo de tempo (às vezes, menos de um segundo) e pode se prolongar por vários dias.

Elas são seguidas de um fechamento repentino da glote (espécie de tampa da laringe) que corta subitamente a passagem de ar da boca para os pulmões e faz vibrar as cordas vocais, provocando o som característico do soluço.

Sua principal causa é a irritação do nervo frênico - mas, na maioria das vezes, não é possível identificar o que causou essa irritação. "Sabemos que mudanças abruptas de temperatura desencadeiam soluços.

Outra causa pode ser uma irritação do esôfago (a entrada do estômago)", afirma o clínico geral do Hospital das Clínicas de São Paulo, Arnaldo Lichtenstein. Uma das principais causas dessa irritação é um refluxo de ácido estomacal, que ocorre, por exemplo, numa hérnia de hiato (orifício de passagem, no esôfago, entre o tórax e o estômago). Nesse caso, o ângulo fechado que serviria de impedimento para o refluxo se desfaz e o ácido acaba atacando o esôfago. A irritação, por sua vez, faz o nervo frênico disparar a contração do soluço.

Não é lenda que um bom susto pode curar um ataque de soluços, pois faz o organismo liberar adrenalina, que ativa o nervo frênico, fazendo-o interromper as contrações. Mas um copo de água gelada, que tem o mesmo efeito, também pode ajudar.

Reflexo incontrolável - Irritações são a principal causa do soluço - que, uma vez disparado, pode durar horas e até dias.

1. A irritação do esôfago (na boca do estômago) é uma das causas mais comuns do soluço.

2. O reflexo é disparado pelo nervo frênico, que aciona a contração do diafragma (plexo solar). A contração se repete seguidas vezes - podendo durar até mais que um dia.

3. Com a contração do diafragma, a laringe (na garganta) se fecha, prendendo o ar. Esse segundo reflexo faz as cordas vocais vibrarem, causando o ruído típico do soluço.


Fonte: Mundo Estranho

Maconha via aérea

Depois vocês dizem que a gente inventa, olha só. Diz que o diretor da Penitenciária andava besta com o consumo de maconha no interior da dita. Havia uma vigilância impressionante, guarda pra tudo que era canto, um pelotão de homens designado para revistar os suspeitos, um pelotão de mulheres para revistar as suspeitas (e o uso de mulheres era para as suspeitas não dizerem depois que tinham sido revistadas na base da bolinação), havia um vigia em cada canto mas qual... virou mexeu, um guarda apanhava um detento maconhado.

— Quem foi que lhe trouxe a maconha? — perguntava o diretor.

E vocês pensam que o maconhado contava? Aqui ó...

Até que, noutro dia, espiando pela janela do seu gabinete, o diretor viu diversos papagaios de papel fino, em lindo colorido, esvoaçando no céu. Ficou olhando e ele achando bacaninha talvez a se lembrar do seu tempo de criança pois — embora possa parecer exagero — até mesmo um diretor de penitenciária já foi criança.

Dias depois o diretor olhou de novo pela janela e notou que havia mais papagaios esvoaçando, quando era hora dos detentos estarem no pátio. Achou aquilo estranho e ficou de olho.

Vanja vai Vanja vem, no dia seguinte foi a mesma coisa. Um papagaiozinho empinado aqui, outro lá longe, mas quando chegou a hora dos detentos irem pro pátio tomar sol, começou a subir papagaio, vindo do Morro de S. Carlos, que fica por trás da penitenciária e vai se derramar ali prós lados do Largo do Estácio, onde nasceu a primeira escola de samba, chamada "Deixa Falar", mas isto é musicologia e fica pra mais tarde.

O diretor ficou besta com tanto papagaio que subia e — de repente — arrebentava a linha e ia cair no pátio:

— Isto é contrabando de maconha — pensou o distinto.

Desceu e ficou esperando.

Um papagaio amarelinho com listinhas azuis estava lá no alto, indo e vindo. De repente a linha arrebentou e ele encolheu o rabo e veio em lindo estilo folha-seca, cair dentro da penitenciária. O diretor correu, apanhou o papagaio... tava pesado de maconha.

Agora, na Penitenciária do Estado, além dos departamentos existentes, acaba de ser fundado mais um: Departamento de Caçador de Papagaio de Papel.


Fonte: Jornal "Última Hora", de 20/09/1963 — Coluna de Stanislaw Ponte Preta.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Ainda a salvação através do urubu

Pois, irmãos, foi aquele camarada em Santos exportar urubu para a Europa e todo mundo aderir ao urubu (vide, inclusive, nota no noticiário da Pretapress, fofocalizando o assunto). Conforme disse Tia Zulmira, sem se esquivar ao trocadilho — à cuja prática se dá um tanto bissextamente: “tá todo mundo urubusservando o bicho”.

Ontem um matutino da imprensa sadia, desses metidos a austeros, deu farta cobertura ao urubu. Diz que o urubu é o nome vulgar das aves falconiformes, família das vulturídeas, tribo das sarcorrafíneas, do gênero “Cathartes Illig”, enfim, puxa-saco às pampas do urubu.

E chega a lembrar que, no Paraguai, costumam chamar o urubu de “gallinazzo”, o que não deixa de ser um desrespeito à miséria alheia. No Paraguai, pobre república, na mão de alguns “gorilas” desonestos, eles chamam urubu de “gallinazzo” para terem a ilusão de que são de galinha os ovos de urubu que usam no omelete.

No Brasil (e isto é uma velha história) é proibido matar urubu, porque existe a lenda de que ele ajuda a lavoura. Ora, o urubu sempre foi uma ave pestilenta, transmissora de moléstias e outras coisas, e o fato de ser considerado bom para a lavoura é mais uma prova de que se deve, o quanto antes, fazer a reforma agrária (ou do urubu, se a agrária continuar na mão dos deputados).

Mas deixa isso pra lá. O importante, no caso, é a exaltação do urubu. A. turma anda tão seca por dólares que bastou quatro urubus a 27 dólares para os fundos monetários nacionais, pra ficar tudo adulando o bicho, que vem de ganhar até heráldica e anotações de árvore genealógica num matutino dirigido por uma condesse (veja a importância assumida repentinamente pelo urubu).

Como não entro em frias sem consultar Tia Zulmira, estive ontem no casarão da Boca-do Mato, perguntando a velha o que é que ela acha do urubu:

— Animal humaníssimo, se me permite o termo — falou a sábia macróbia. Tem seus vícios, mas quem não os tem? Taí o Jânio Quadros que não me deixa mentir.

E explicou que, do duro mesmo, só existem cinco espécies de urubu, no Brasil: o urubu-campeiro, que é o trouxa da nação e leva uma vida de lavrador, o urubu-gameleira, que é omisso e fica no galho esperando a situação melhorar, o urubu-ministro, que sempre entra em fria, o urubu-peru, assim chamado porque está sempre peruando, como certos políticos nacionais, e o urubu-rei, que de vez em quando é eleito e vai passar uma temporada no Palácio da Alvorada.


Fonte: Jornal "Última Hora", de 06/09/1963 — Coluna de Stanislaw Ponte Preta.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Imagens natalinas de Camboriú



Aqui da princesa, da pérola do Atlântico Sul, cidade maravilhosa para muitos, terra dos iludidos para os mais avisados, algumas imagens que prenunciam o Natal de 2013...







domingo, 8 de dezembro de 2013

Urubu: uma nova fonte de divisas

A notícia dada em primeira mão pelo telejornal da TV Excelsior e que terminava com a aparição de Chico Anísio caracterizado em Urubulino, o que aliás levou muita gente a pensar que a notícia fosse de brincadeirinha, acaba de ser confirmada pelo próprio envolvido nela, o Sr. Gunter Scherer Wahling, estabelecido em Santos e que acaba de se tornar o primeiro exportador de urubu do Brasil, cuíca do mundo.

Sim, irmãos, o Brasil já exporta urubu, embora ainda em pequena escala, talvez por causa do retraimento do mercado consumidor. O distinto acima citado, enviou para o Amsterdam quatro urubus brasileiros, muito bem nutridos o que não chega a ser um contrassenso, pois se há alguém no Brasil que não tem o menor problema de nutrição é o urubu.

O exportador de urubu estreou no interessante ofício ao receber um pedido de remessa de urubu, feito pelo Jardim Zoológico de Amsterdam, que queria dois casais da dita ave, para sua coleção. O Sr. Wahling esteve na CACEX e tirou licença sem a menor dificuldade, o que nos deixa a impressão de que já havia uma tabela adrede preparada para exportação de urubu, do contrário o caso teria que ser estudado, como aconteceu com um personagem de Eça de Queirós, que recebeu de um amigo no Egito, uma múmia e, como na Alfândega de Portugal não havia tabelamento para importação de múmia, ele quebrou o galho pagando direitos de arenque defumado, que era a coisa mais parecida com múmia que havia na relação de taxas para direito de importação.

Eis, portanto, que a primeira coisa estranha é a presteza da CACEX em licenciar urubu. Mas outras há. Por exemplo, entrevistado pelos coleguinhas da imprensa o exportador conta que, concedida a licença “contratei alguns caçadores especializados, que não tiveram dificuldade para localizar a mercadoria nas matas vizinhas”. Donde se conclui que existem caçadores especializados de urubus, coisa que ninguém suspeitava.

Assim, de tudo fica uma esperança de melhorar nossas divisas no exterior. Cada urubu foi vendido por 24 florins, o que dá um total de 96 florins ou — em dólares — US$ 27 ou ainda — em cruzeiros — Cr$ 27 mil.

Considerando-se o valor do dólar e a quantidade de urubus do país, lá salva a Pátria.


Fonte: Jornal "Última Hora", de 05/09/1963 — Coluna de Stanislaw Ponte Preta.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Conto policial

Tia Zulmira agora deu pra isso: virou uma espécie de Agatha Christie da Boca do Mato e resolveu escrever contos policiais. Tá na cara que a sábia parenta tem, sobre sua coleguinha citada, a vantagem de não ser inglesa metida a nobre, que é gente mais mascarada do que — por exemplo — dono de armazém de secos e molhados, quando o Vasco é campeão.

De mais a mais, a cultura da experiente macróbia é tal que compará-la a uma simples Agatha Christie é até falta de respeito. Deus nos livre de ela vir a saber que seu sobrinho fez a comparação. Ficaria tão magoada que poucas possibilidades teríamos de frequentar o suculento breakfast de sua aprazível mansão, pelo menos no correr deste resto de 1961, tempo bastante para arrefecer seu amuo.

Mas deixemos de conjeturar possibilidades e firmemos o assunto no terreno fértil dos acontecimentos. A velha resolveu escrever contos policiais e, ainda ontem, durante a farta distribuição de "mãe-benta" que ela fez ao café, roubamos um desses contos que por sua vez, confessa ela, foi roubado de uma idéia do coleguinha panamenho Roque Laurenza. Tal como em filme de Hitchcock, em geral chatíssimos, ninguém pode entrar na sala de projeção depois do conto começado. É que Tia Zulmira é de uma sutileza bárbara e o conto — para ser entendido — precisa de duas coisas: que o leitor seja atento e, de preferência, que não seja débil mental.

"Eram mais ou menos 2 horas da madrugada, quando a porta se abriu e uma lufada de vento entrou pela sala, espalhando os papéis que estavam sobre a mesa. Atrás do vento entrou um homem horrível, com cara de macaco, orelhas grandes e cabeludas. Seu olhar era de faminto e sua expressão era a de um louco. Imenso, deu dois passos em direção ao dono da casa e, estendendo a mão enorme, disse com voz rouca:

— Eu quero comer.

O escritor, que estava escrevendo em sua pequena máquina portátil, levantou-se apavorado e caiu no chão, fulminado por um ataque cardíaco. Aquele que entrara tão abruptamente, ficou indeciso no meio da sala, sem saber se pisava no tapete imaculadamente limpo com seus sapatos cambaios e sujos de barro, se socorria o outro ou se dava o fora. Acabou optando pela última hipótese: atravessou a sala, apanhou um prato cheio de sanduíches, que estava ao lado da máquina de escrever, e saiu correndo, sem ter o cuidado de fechar a porta.

No dia seguinte, pela manhã, a empregada encontrou o cadáver do escritor e chamou a Polícia. Pouco tinha a declarar. Ao comissário Jeff Thomas (famoso na localidade por jamais ter descoberto nenhum criminoso), explicou que chegara pela manhã, para o serviço, e encontrara o patrão morto. Trabalhava para ele havia mais de um ano e pouco sabia a seu respeito. Era escritor de contos de terror, que uma empresa americana editava com êxito. Sofria do coração e era um homem excêntrico. Morava sozinho naquela casa afastada da cidade e só recebia, de raro em raro, a visita do editor ou do médico, que o examinava regularmente. Não parecia ter inimigos, mas estava sempre com ar soturno, como a imaginar os personagens de seus contos misteriosos.

Jeff Thomas botou o cachimbo apagado no bolso (nunca fumava; usava cachimbo porque ouvira dizer que todo policial inglês usa cachimbo), agradeceu à empregada os esclarecimentos prestados, que, por sinal, não esclareciam nada, e pegou o laudo médico que o legista acabara de assinar. Lá estava: morte natural (colapso cardíaco). Jeff sentiu que o caso estava encerrado. Embora estivesse certo de que alguém entrara naquela sala antes da empregada. O tapete sujo de lama (fora limpo na véspera, segundo a empregada), a porta escancarada, mesmo com o frio que fizera na noite anterior, o desaparecimento de um prato cheio de sanduíches, que a empregada garantiu que colocara ao lado da máquina do escritor — tudo isso lhe dava a certeza de que, naquele caso, havia um mistério qualquer.

Jeff gostava de ser detetive, mas não gostava de se chatear. O homem morrera do coração, não havia suspeitos, logo o melhor era mandar o corpo para o necrotério e avisar a família. Deu esta ordem aos seus auxiliares e — apenas por desencargo de consciência — apanhou o papel que estava na máquina de escrever, para juntar ao relatório que seria obrigado a fazer. Eram as últimas palavras escritas pelo escritor falecido. Jeff leu e não deu qualquer importância.

Era, por certo, o início de mais uma história de terror e começava assim:

"Eram mais ou menos 2 horas da madrugada, quando a porta se abriu e uma lufada de vento entrou pela sala, espalhando os papéis que estavam sobre a mesa. Atrás do vento entrou um homem horrível, com cara de macaco, orelhas grandes e cabeludas. Seu olhar era de faminto e sua expressão era a de um louco. Imenso, deu dois passos em direção ao dono da casa e, estendendo a mão enorme, disse com voz rouca:

— Eu quero comer."


Fonte: Tia Zulmira e Eu - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Indignação - II

"É de assustar uma coisa dessas. Mas a frase na imagem foi dita pelo vereador José Alvercino (PP) na sessão da Câmara desta terça (03), após a vereadora Anna Carolina se manifestar sobre o assunto, é claro, de forma contrária ao que aconteceu (pra quem não leu ou não sabe ainda, vá aqui neste link: http://wp.me/pdrbW-4zr), o vereador soltou esta, que, sinceramente, não é de se espantar, pois, este senhor representa os nosso velhos coronéis, ou pelo menos, está se esforçando para tal, e esta sua fala representa exatamente o que pensam muitos desta decadente elite (se é que pensar é a palavra correta).

Itajaí elegeu este e mais alguns bem parecidos.

Assim como o senhor que fez a coisa toda, é um indicado pelo prefeito, um "trabalhador voluntário", ou seja, nem pode ser investigado pela prefeitura, caso aconteça alguma coisa, pois, não tem nem cargo para tal.

Essa é a nossa Itajaí e os que nos representam, infelizmente.

E neste link, o vídeo da vereadora Anna Carolina se posicionando CONTRA o acontecido no sábado (http://youtu.be/csKT3Z9izGg)."

Nota do blog: se isso for verídico, que se compartilhe a notícia acima, inclusive com a foto desse vereador tosco, desequilibrado e puxa-saco do bigode, em todas as redes sociais, para que nunca mais volte a representar o honrado povo de nossa Itajaí. Viva a cultura! Viva a música!


Fonte: Facebook - Rômulo Mafra.

A indignação - I


Interrupção de show em Itajaí causa revolta nas redes sociais.

Músicos, fãs e moradores de Itajaí não engoliram o encerramento forçado do show da cantora Giana Cervi que aconteceu na noite de sábado na Vila da Regata, em Itajaí. O Show que fazia parte da programação cultural do evento Aventura pelos Mares do Mundo foi interrompido bruscamente, o que deixou a platéia e os próprios músicos sem reação.

A indignação se espalhou pelas redes sociais onde já estão circulando fotos de apoiadores da causa com frases como “Vamos mostrar nossa indignação, compartilhar e mudar esse lugar que é nosso – chega de deixar que acreditem que o poder sem cultura e sem educação pode fazer o que quiser da gente, isso só depende de nós – UNIÃO AMIGOS!!!” ou “Cadê cultura? Cadê respeito?”

Em resposta às criticas recebidas através de comentários na página oficial do evento no Facebook a organização tentou esclarecer o ocorrido:

“Um grande volume de público, incluindo milhares de crianças, estavam ontem na Vila da Aventura prestigiando e aguardando as atrações. A organização monitora a todo o momento a movimentação e quando há qualquer risco à integridade física das pessoas, é necessário tomar atitudes responsáveis. Foi necessário readequar a programação e foi solicitada repetidamente a abreviação da apresentação da cantora, o que infelizmente não ocorreu.

A interrupção aconteceu para garantia da segurança de adultos e crianças, que se deslocava em grande número para o local. Este permanente cuidado na organização fez com que o evento Aventura pelos Mares do Mundo tenha recebido mais de 200 mil pessoas, sem registro de ocorrências de maior gravidade. Contamos com a compreensão, pois toda e qualquer atitude é sempre tomada visando a segurança e integridade do público presente”.


Fonte: Click Camboriú.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Caju amigo do homem

O caju, fruta brasileira que aqui já encontrou o Almirante Pedro Álvares Cabral — hoje estátua nos jardins do Russel e anteriormente descobridor do Brasil —, foi batizado (não Cabral, mas o caju) pelos índios tupis. Acreditavam os silvícolas que o referido fruto nascesse de cabeça pra baixo, impressão esta causada pelo caroço (castanha) que o caju ostenta na sua parte de baixo. Mas isso é besteira porque, pensando bem, não somente o caju, mas todo mundo nasce de cabeça pra baixo.

De como o caju se transformou em amigo do homem, principalmente do homem que bebe e, particularmente, do homem casado, é coisa que Stanislaw, grande sociólogo frugívoro (salvo seja), explica nas linhas subsequentes. Sabemos que certos entreguistas vão dizer que este estudo sobre a brasilidade do caju é bobagem, mas o que se há de fazer? Como dizia Hoffmann, "a inveja é a sombra da glória".

Mas voltemos ao saboroso fruto, cuja nódoa é de amargar e, quando pega na roupa da gente, só sai na safra seguinte, segundo nos revelou o compositor Luís Antônio, que é militar e Flamengo, sendo — portanto — duplamente supersticioso. De qualquer maneira, a nódoa deixada pelo caju mancha tanto a roupa da gente quanto — por exemplo — aquele baile do João Caetano mancha a reputação de rapaz solteiro.

Saboroso, carnudo e pródigo em caldo, o caju — em matéria de serventia — só perde para o boi, animal doméstico de grande utilidade e do qual o homem só não aproveita o suspiro, porque o resto — do chifre ao estrume — já está tudo industrializado. Da castanha do caju se aproveita o caroço para nos fazer beber mais, colocando-o picadinho e terrivelmente salgado, em pratinhos sutis sobre a mesa do bar. Também da castanha se aproveita a tradicional e laxativa cozinha baiana. Vatapá (principalmente) e outros pratos de menor prestígio levam a sua castanhazinha moída, para alegria daqueles que se perdem pela boca, sem dar vez aos intestinos. Ainda desse caroço — responsável pela mancada dos silvícolas acima citada — se faz um magnífico pirão, usado em pratos de bacano, como a galinha à normanda e o pato à Califórnia, embora nem na Normandia nem na Califórnia haja caju, o que prova a versatilidade de sua castanha.

A própria polpa da fruta ora em estudo é útil, pois famílias menos favorecidas do litoral nordestino comem-na ensopada, sempre que lhes falta a mandioca, a batata ou a cenoura, tubérculos mais apropriados para um PFR (Prato Feito Reforçado). O caju pode ser ainda servido em calda, frito, cozido ou liquefeito, sendo que, no último caso, já não é mais caju: é cajuada, mas nem por isto perde a personalidade.

Costuma-se dizer que o cachorro é o melhor amigo do homem, mas a afirmativa é um pouco precipitada. Ninguém bota caju no quintal para tomar conta da casa, mas há muitas coisas que cachorro não tem e que sobram no caju. Afinal de contas, o cachorro não tem castanha, não é saboroso e, na hora do refresco, ninguém espreme um cachorro para fazer uma suculenta cachorrada. E tem mais: dizem que quando o dono é bêbedo o cachorro é sem-vergonha, adesão que não recomenda o cão. Já o caju, ao contrário, é o melhor amigo do homem... do homem que bebe e — acima de tudo — do homem casado.

Há tempos, certo cavalheiro desta praça, cansado de ser espinafrado em casa pela distinta cônjuge, quando chegava com bafo de onça por ter tomado umas e outras nessas tendinhas pela aí, tratou de se dedicar à busca daquilo que tirasse definitivamente o cheiro de bebida da boca de um castigador de alcalinas. Começou — é claro — pelos inventos americanos, como pílulas de clorofila, chiclete, drops e outras bobagens de grande aceitação no mercado e de nenhuma eficiência como tira-bafo.

Já na iminência de desistir, esse abnegado da ciência, certa noite, antes de ir para casa caneado, passou na casa de um conhecido para entregar uma encomenda. E este, na base da gentileza, ofereceu uma cajuada. Como estivesse com sede, o coleguinha de Pasteur aceitou o refresco e, em seguida, foi pro holocausto, digo, foi pra casa. E qual não foi a sua surpresa quando, ao chegar e beijar a megera, digo, a esposa, ouviu da boca desta o elogio: "Sim senhor, assim é que eu gosto. Você hoje não está cheirando a bebida".

O pesquisador, tal como o já referido Almirante Cabral ao descobrir a gente, descobriu a fórmula do engana esposa por acaso. Submeteu o caldo de caju aos mais severos testes — que nem os americanos fazem com foguete, em Canaveral — e deu sempre certo, ao contrário dos foguetes. Chegou a bochechar com "Olho D'água", que é cachaça de persistente aroma, mastigando um caju em seguida e indo para casa, onde, num rasgo de confiança no progresso da ciência, soprava o nariz da mulher, sem que esta sequer percebesse bulhufas.

Homem reconhecido, inventou a expressão hoje universal: caju amigo.

Podíamos ainda enumerar indefinidamente outras vantagens do caju, mas vamos parar por aqui, pois ele é uma riqueza do Brasil e — depois que os contrabandistas do café foram pilhados — é bem possível que os vivaldinos, sempre dispostos a dar beliscão em fumaça, se voltem para o caju e passem a contrabandeá-lo.


Fonte: Tia Zulmira e Eu - Stanislaw Ponte Preta - 6.ª edição - Ilustrado por Jaguar - EDITORA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA S.A.