segunda-feira, 16 de maio de 2011

Uma praia chamada Buraco

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De águas agitadas, a praia do "Buraco" é ocupada, em parte de sua orla, por um hotel e o seu nome deve se originar devido à grande depressão que há em sua margem. Fica a três km ao norte do centro da cidade de Balneário Camboriú, e seu acesso é feito através da parte norte dessa cidade, o Pontal Norte, onde podemos caminhar por uma charmosa passarela de 500 metros, com mirantes, decks de madeira, luminárias em toda sua extensão e escadas de acesso à areia da praia.

O mar é agitado e propício para a prática de surf. De lá é possível ter uma bela vista da Praia Central de Balneário e o acesso é feito por trilhas ecológicas que fazem divisa com a cidade vizinha de Itajaí. As fotos foram tiradas na tarde 6/5/2011.

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Aos tímidos o que é dos tímidos

Tímido que ele era. Um desses sujeitos assim cujo complexo de inferioridade é tamanho que, ao se olhar no espelho, sente-se mal ao deparar sua própria imagem, por considerá-la superior ao original.

Tem uns caras que, francamente: eu — por exemplo — conheci um que o pes­soal chegou a apelidar de Zé Complexo. Um dia ele me confessou que, muitas vezes, quando saía de casa, tinha ímpetos de deixar o elevador pra lá e descer pela lixeira. Acabou morrendo por timidez, numa véspera de Natal.

Foi assim: a família tinha engordado um peru para a ceia natalina, e ele ficou encarregado de matar o peru. Na véspera da coisa, e dia do peru, levou-o lá prós fundos e começou a dar cachaça para o condenado, e foi lhe dan­do aquela tristeza e, então, pra ver se levantava o moral, começou a beber junto com o peru, e foi bebendo e foi piorando, baixou nele uma neura bárbara, até que consi­derou as circunstâncias, olhou para o peru mais uma vez, o peru olhou para ele com aquele olhar de peru encachaçado, que é pior que olhar de deputado nordestino. En­fim, para encurtar o caso: acabou considerando que o peru merecia mais que ele e se suicidou, deixando o peru sozi­nho lá no quintal, no maior pileque.

Mas não era desse cara que eu queria falar não. Esse morreu, deixa pra lá. O tímido desta história tinha as suas mumunhas, tanto assim que chegou a arrumar uma namorada. Não era nenhum estouro de mulher, mas também não era como aquela que o gato cheirou e cobriu de areia. Na verdade a namorada deste tímido que eu estava falando, e depois passei pro outro que morreu, levava um certo jeito. Pernudinha, nem baixa nem alta, nem magra nem gorda. Engraçadinha, sabe como é?

Pois não é que apareceu um desses bacanos de cabelão, pele tostada no moderno estilo "Castelinho", folgado às pampas, e cismou com a pequena do tímido?

Como, minha senhora? A pequena do tímido é que deu bola pro bonitão?

Nada disso, madama, nada disso. Embora eu não po­nha a mão no fogo por mulher, porque eu não quero ficar com o apelido de maneta, posso garantir à senhora, que a pequena do tímido tinha fama de batata. Tanto isto é ver­dade que foi ela quem inventou o plano.

Quando o namorado descobriu que havia cabrito na sua horta, ficou numa fossa tártara. Dava até pena ver: perto da dele a fossa de qualquer um parecia apartamento de cobertura. Ainda bem não tinha morado no assunto, ficou logo achando que perderia a parada, porque o ou­tro era mais forte, mais freqüentador do "Le Bateau", sa­bia dançar o surf muito bem, e mais diversas outras papa­gaiadas que hoje em dia as mulheres consideram predica­dos masculinos.

Aí a pequena dele ficou tão chateada que lhe deu uma bronca:

- Toma uma atitude, Lelé! (O nome dele era Leovigildo, mas ela chamava de Lelé.) Contrata aí um desses latagões a serviço da bolacha e manda dar uma surra nes­se atrevido!

Tá certo, a pequena era um pouco chave-de-cadeia, mas essa atitude dela provava que, entre o bacanão e o Lelé, ela era mais o Lelé. Foi, aliás, o que o Lelé deduziu, dedução esta que o levou a procurar Primo Altamirando.

Ora, o Mirinho vocês conhecem e, se não conhecem, per­guntem na Polícia, que lá eles sabem. Procurou Mirinho e propôs o negócio: dez "cabrais" ou dois "tiradentes" — a escolher — para dar um corretivo no cara.

Mirinho achou o negócio legal e saiu em campo. Não demorou muito, encontrou o perseguido badalando num balcão de sorveteria, fazendo presepada no meio das menininhas. Chamou-o num canto, como quem vai pro ba­nheiro, e, agarrando o braço dele, colocou-o a par da con­juntura. O cara foi ficando branco que nem parecia freguês de sol do "Castelinho", começou a gaguejar, e o Pri­mo viu logo que aquela transação podia render mais. Sol­tou o braço do cara e meteu a proposta:

— Faz o seguinte. Manda 20 mil aí que eu transfiro o negócio pra outra firma.

O bonitão nem quis ouvir mais nada. Filho de pai rico e coisa e tal, meteu a mão no bolso e pagou à vista. Com 30 mil em caixa, o abominável parente resolveu ti­rar licença-prêmio e foi gastar o lucro.

Deu-se que, ontem, estava ele parado numa esquina, paquerando o ambiente, quando o tímido apareceu de braço com a pequena. Ao passar por ele, fez um gesto largo, sorriu, piscou um olho e berrou:

— Olha! Aquele nosso negócio; perfeito, velhinho! A firma concorrente entrou pelo cano.

Mirinho olhou pra ele, lembrou-se dos 20 mil que o outro lhe confiara e suspendeu a licença. Caminhou em sua direção e tacou-lhe um bofetão em si bemol que o coita­do saiu catando cavaco e foi cair sentado no meio-fio.

Tá certo! O fim desta história é meio chato. Mas, é como me explicou Mirinho: onde já se viu tímido bancar o expansivo só porque tá com mulher?

Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.

A linda Laranjeiras

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A encantadora Praia de Laranjeiras está situada a seis km do centro de Balneário Camboriú e localiza-se em uma pequena baía, com águas tranquilas próprias para banho e esportes náuticos - é a primeira parada para quem faz o percurso da Rodovia Interpraias.

É uma das praias mais desenvolvidas da região em matéria de turismo, fazendo parte do Parque Unipraias.Possui uma infra-estrutura para acolher os turistas, contando com restaurantes, centros comerciais e a água do mar tão límpida que atrai também mergulhadores.

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O acesso para esta praia pode ser feito através da Rodovia Interpraias, pelo telefério com 47 cabines para 6 pessoas do Parque Unipraias, ou através de barcos que fazem o trajeto da Barra Sul para a praia. É uma praia com extensão de 750 metros.

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É rodeada pelo verde da Mata Atlântica e é banhada pelo Oceano Atlântico. É a mais movimentada depois da central. Ideal para passeio com a família, pois as águas são bem calmas, local ideal para quem não se sente muito seguro no mar.

Boa estrutura de restaurantes e lanchonetes. É possível chegar lá de carro, de ônibus de linha (custa barato e o serviço é bom), pelo teleférico ou com barcos de passeio.

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O sabiá do Almirante

O Almirante gostava muito de ir ao cinema na sessão de oito às dez. Era um Almirante reformado e mui­to respeitado na redondeza por ser bravo que só bode no escuro. Naquela noite, quando se preparava para ir pro ci­nema, a empregada veio correndo lá de dentro, apavorada:

— Patrão, tem um homem no quintal.

Era ladrão. Pobre ladrãozinho. O Almirante pegou o 45, que tinha guardado na mesinha de cabeceira e saiu bufando para o quintal. Lá estava o mulato magricela, en­colhido contra o muro, muito mais apavorado que a do­méstica acima referida. O Almirante encurralou-o e deu o comando com sua voz retumbante:

— Se mexer leva bala, seu safado.

O ladrão tratou de respirar mais menos, sempre na encolha. E o Almirante mandou brasa:

— Isto que está apon­tado para você é um 45. Seu eu atirar te faço um furo no peito, seu ordinário. Agora mexe aí para ver só se eu não te mando pro inferno.

O ladrão estava com uma das mãos para trás e o Al­mirante desconfiou:

- Não tente puxar sua arma, que sua cabeça vai pe­los ares.

- Não é arma não — respondeu o ladrão com voz tímida: — É o sabiá.

- Ah... um ladrão de passarinho, hem? — vociferou o Almirante.

E, de fato, o Almirante tinha um sabiá que era o seu orgulho. Passarinho cantador estava ali. Elogiadíssimo pelos amigos e vizinhos. Era um gozo ouvir o bichinho quando dava seus recitais diários.

Vendo que o outro era um covarde o Almirante re­solveu humilhá-lo:

- Pois tu vais botar o sabiá na gaiola outra vez, vaga­bundo. Vai botar o sabiá lá, vai me pedir desculpas por tentar roubá-lo e depois vai me jurar por Deus que nunca mais passa pela porta da minha casa. Aliás, vai jurar que nunca mais passa por esta rua. Tá ouvindo?

O ladrão tava. Sempre de cabeça baixa e meio enco­lhido, recolocou o sabiá na gaiola. Jurou por Deus que nunca mais passava pela rua e até pelo bairro. O Almirante enfiou-lhe o 45 nas costelas e obrigou-o a pedir descul­pas a ele e à empregada. Depois ameaçou mais uma vez:

- Agora suma-se, mas lembre-se sempre que esta arma é 45. Eu explodo essa sua cabeça se o vir passando perto da minha casa outra vez. Cai fora.

O ladrão não esperou segunda ordem. Pulou o muro como um raio e sumiu.

O Almirante, satisfeito consigo mesmo, guardou a arma e foi pro cinema. Quando voltou, o sabiá tinha desaparecido.

Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.