Foi em Parada de Lucas, que fica pertinho da aprazível estância fluminense de Caxias e, vez por outra, lhe sofre a influência e manda brasa. Claro, Parada de Lucas não chega a ser Caxias. Seria preciso pelo menos mais uns 25 crimes de morte por dia, para poder igualar-se à outra. Mas os paradenses, não é pra se gambá não, até que têm suas mumunhas.
Desta vez foi à noitinha. Juarez já andava desconfiado que sua noiva — Marli — andava colhendo pitanga noutro pomar.
Afinal, Marli brigara com ele sem explicar coisa alguma e noiva que se manda sem motivo é porque o motivo escondido é — no mínimo — um bombeiro, um sargento ou um simples amanuense.
Juarez ficou na tocaia porque, embora estejamos a viver o esplendor da fase do "dedo-duro", não encontrou ninguém para informar quem era o gaiato que estava botando sua pimenta no vatapá da moça.
E na tocaia esperou pacientemente até que viu a bela no portão de sua casa.
Prenhe de incontido ciúme, Juarez catou duas pedras no chão e atirou a primeira, que bateu na testa de Marli e foi pra "corner". A moça ficou cambaleando, o que não impediu Juarez de ser mirolha outra vez. A segunda pedrada quase arranca a orelha de Marli, que foi internada no Hospital Getúlio Vargas.
Quanto a Juarez, foi em cana. Vai ter pontaria assim na... no... enfim, deixa pra lá.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975