Os torcedores que compareceram ao treino do Flamengo naquela tarde de 1939 estavam preocupados com Leônidas, que saiu de campo mancando. Nem haviam notado que em seu lugar entrou um rapaz magricela. Mas bastou que Thomaz Soares da Silva pegasse na bola para todos os olhos se voltarem para ele. Zizinho, era assim que o chamavam, driblou quatro, marcou um gol. Minutos depois, marcou outro. "Era tudo ou nada. Se pegasse a bola tinha que sair driblando sem parar senão o técnico nem ia me notar", recorda.
Considerado o jogador mais completo antes do surgimento de Pelé, Zizinho possuía uma técnica refinada, rica em dribles curtos, chutes venenosos e passes medidos. Chamado de Mestre Ziza, jogou no Bangu, Flamengo (tricampeão em 1942/43/44), São Paulo (campeão em 1957). Na Seleção foi titular absoluto durante toda a década de 40 e escolhido o melhor jogador da Copa de 1950. Cabe a ele a honra de ter sido o primeiro jogador de futebol que mereceu o tratamento de gênio. Como dizia o cronista Nelson Rodrigues: "Não há bola no mundo que seja indiferente a Zizinho".
Zizinho (Thomaz Soares da Silva), futebolista, nasceu em São Gonçalo, RJ, em 14/09/1921, e faleceu em Niterói, RJ, em 08/02/2002. Começou nas divisões de base do Byron, de Niterói, e foi revelado e jogou entre 1939 a 1950 no Flamengo sediado no Rio de Janeiro, e com ele o time ganhou o seu primeiro tricampeonato estadual em 1942, 1943 e 1944, além do Campeonato Carioca de 1939.
Selecionado brasileiro na final da Copa de 1950: Johnson e Mário Américo (massagistas); Barbosa (goleiro), Augusto, Danilo Alvim, Juvenal, Bauer, Ademir, Zizinho, Jair, Chico, Friaça e Bigode. |
Antes da estréia na Copa do Mundo de 50, foi vendido para o Bangu Atlético Clube, clube que defendeu por 6 anos e do qual foi o 5º maior artilheiro, com 120 gols. Zizinho, sobre sua saída do Flamengo, comentou ter sido a maior mágoa de sua vida e dor maior até que perder a copa de 50, pois apaixonado de corpo e alma pela equipe rubra-negra a qual defendeu por tantos anos, teve seu passe vendido ao Bangu por uma fortuna (segundo registros 800 mil cruzeiros) sem sequer ser consultado. Um dirigente do Bangu, Guilherme da Silveira, confirmou a negociação e Zizinho assinou o contrato sem sequer ler. Segundo se conta ele só fez um comentário: "Se o Senhor pagou tanto pelo meu passe é porque reconhece o meu futebol". No livro "Nação Rubro-negra" de Edilberto Coutinho, Zizinho desabafou "Difícil dizer o que me magoou mais, se a perda da Copa de 50 ou a minha saída do Flamengo... acho que foi a saída do Flamengo, a maneira como os homens que dirigiam o Flamengo fizeram a transação me machucou muito... nunca aceitei" e na sua primeira partida contra o ex-clube deixou clara a sua mágoa com o Bangu goleando por 6x0 naquela que foi uma de suas melhores partidas.
Na Copa de 50 seu estilo de jogar maravilhou os torcedores e ajudou o Brasil a chegar até a final; e mesmo apesar da derrota surpreendente de 2 a 1 para o Uruguai, foi considerado o melhor jogador daquela copa. Zizinho é considerado por muitos o jogador mais completo depois de Pelé, tendo marcado 145 gols pelo Flamengo e 31 pela a seleção.
Craque da Copa de 50, Zizinho (centro) ao lado de Décio e Nívio. Atuou no Bangu de 1950 a 1957. |
Em 1957 teve uma passagem pelo São Paulo, onde conquistou seu quinto título estadual, marcando 24 gols. Seu último clube foi o Audax Italiano, do Chile. Zizinho foi considerado por Pelé como o seu ídolo. Tudo porque quando o Rei estava começando a carreira de jogador no Santos Futebol Clube, ele viu Zizinho atuando pelo São Paulo Futebol Clube, em 1957 onde conquistou o Campeonato Paulista daquele ano. Suas atuações impressionaram tanto o futuro Rei do Futebol, que ele sempre o cita como ídolo e inspiração, ao lado de seu pai, Dondinho.
Zizinho foi o responsável pelo surgimento de outro craque: Gérson. Zizinho era amigo do pai de Gérson, e quando ele iniciou a carreira de jogador, sempre ouvia atentamente os conselhos do "Mestre Ziza" (apelido carinhoso de Zizinho), no tocante à marcação, visão de jogo, distribuição de passes, e partindo em velocidade com a bola dominada. Em agradecimento, o "Canhotinha de Ouro" sempre que entrevistado, cita carinhosamente Zizinho como seu mentor e incentivador na carreira de jogador.
Após encerrar a carreira, Zizinho tornou-se fiscal de rendas do Estado do Rio de Janeiro, função que exerceu até a aposentadoria.
Morreu em 8 de fevereiro de 2002 vítima de problemas do coração.
Fontes: Wikipedia; Revista Placar; e-biografias.