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domingo, 16 de outubro de 2011

O massacre de 1950

O melhor jogador da partida: Zizinho
Quando o Bangu goleou o Canto do Rio por 5 a 0 pela primeira rodada do Campeonato Carioca de 1950, ninguém deu muita bola. Afinal, o time de Niterói era um tradicional "saco de pancadas" das equipes do Rio. Ao mesmo tempo, surpreendeu a crônica esportiva, o fato de o Madureira ter batido o Flamengo por 1 a 0, na Gávea.

Para a segunda rodada, o Bangu entrou como favorito no confronto contra o Flamengo, no Maracanã. Havia também um novo ingrediente: Zizinho jogaria contra seu ex-clube. A história contada de diversas maneiras mostra sempre um Zizinho negociado sem seu conhecimento, numa espécie de "aposta" entre o presidente rubro-negro Dario de Melo Pinto e o patrono alvirrubro Guilherme da Silveira Filho.

A transação magoou o "Mestre Ziza" que, ao saber que Silveirinha tinha pago 800 mil réis pelo seu passe, disse assim: "Se o senhor pagou tanto dinheiro assim, é porque valoriza meu futebol. De hoje em diante, sou Bangu e não jogo mais pelo lamengo".

Além de não jogar mais pelo clube da Gávea, passou a ser tradição: sempre que os times se enfrentavam, Zizinho dava o máximo, se esforçava absurdamente, só para mostrar o seu real valor aos dirigentes rubro-negros.

Mais de 42 mil pessoas foram prestigiar o clássico naquele domingo, 20 de agosto de 1950. O resultado final, como já era esperado, foi uma vitória do Bangu. O que ninguém podia acreditar era a elasticidade do placar. Os "Milionários de Moça Bonita" tinham feito 6 gols no "Mengo". A goleada de 6 a 0 foi a maior de todos os tempos aplicada pelos suburbanos no clube da Gávea.

Uma partida que entrou para a história do Maracanã, que só mesmo o público presente ao estádio naquela tarde ou quem escutou a narração pelas ondas do rádio puderam comprovar: "sim, houve um dia que o Bangu fez 6 a 0 no Flamengo". Ao final do 1º tempo, o time já vencia por 3 a 0, com dois gols de Moacir Bueno e um de Sula, cobrando pênalti. Na segunda etapa, Zizinho fez o quarto, de falta; Joel o quinto, de cabeça; e Simões fechou a "tampa do caixão".

Antes do massacre, o time banguense posa para a foto oficial: Mirim, Pinguela, Rafanelli, Luiz Borracha, Sula e Guálter. Agachados: Djalma, Zizinho, Joel, Simões e Moacir Bueno.
Fato curioso ocorreu quando Zizinho encontrou sua mãe após o jogo. A velha senhora reclamou do massacre: "Você, hein? Estava 3 a 0 e você ainda fez um gol?" O craque respondeu com bom humor: "Eu queria ganhar! Se eu pudesse fazer dez, eu teria feito!"

A goleada colocava o Bangu na liderança do Campeonato Carioca de 1950 e jogava o Fla para a lanterna da competição.

Ficha do jogo

Domingo, 20 de agosto de 1950 - Bangu 6x0 Flamengo - Competição: Campeonato Carioca - Local: Maracanã - Juiz: Alberto da Gama Malcher - Público: 42.831;  Bangu: Luiz Borracha, Rafanelli e Sula; Guálter, Mirim e Pinguela; Djalma, Zizinho, Joel, Simões e Moacir Bueno. Técnico: Aymoré Moreira; Flamengo: Garcia, Biguá e Juvenal; Bria, Válter e Bigode; Aloísio, Hermes, Hélio, Lero e Esquerdinha. Técnico: Jayme da Almeida;  Gols: No 1º tempo: Moacir Bueno, Moacir Bueno e Sula (pên.). No 2º tempo: Zizinho, Joel.

Avaliações Individuais

Luiz Borracha - Foi empenhado, a rigor, somente uma vez com perigo. Foi num chute de Hermes, que ele agarrou com firmeza;  Rafanelli - Surgiu como uma das grandes figuras do embate, brilhando intensamente; Sula - Essa promessa que surge, cumpriu trabalho exato, à altura do valor do quadro; Mirim - Muito bom. Distribuiu e defendeu cem por cento bem; Pinguela - Foi um dos grandes homens em campo. Está em grande forma e será neste Campeonato uma das figuras mais salientes; Guálter - Firme na marcação e preciso nos despachos; Djalma - Manobrou para o conjunto, aparecendo pouco aos olhos do público, mas rendendo muito; Zizinho - Uma vez mais foi o motor banguense. Um portento, tal como nos jogos da Copa do Mundo; Joel - Foi um centroavante inteligente e quando passou para a extrema esquerda não decaiu, ao contrário, manteve o ritmo; Simões - Desenvolveu seu trabalho com requintada precisão; Moacir Bueno - Foi um constante perigo para Garcia.

A frase

"Esse foi o troco que eu dei a eles. Metemos 6 a 0. Foi a única partida que minha mãe me viu jogar. Quase me bateu na saída. Ela disse: 'Você, hein? Estava 3 a 0 e você ainda fez um gol?'. Eu queria ganhar. Se eu pudesse fazer dez, eu teria feito."  Zizinho (Eleito o melhor em campo pela imprensa)

A mais obscura jornada do Flamengo

"Uma das mais obscuras jornadas da vida do Clube de Regatas do Flamengo foi cumprida na tarde de domingo, no Maracanã, pela equipe rubro-negra. Apresentando em campo um team verdadeiramente desconexo, incorrendo ainda no erro de uma aventura, que foi o lançamento precipitado de Hermes, o Flamengo emudeceu os olhos de sua torcida, caindo por uma contagem que atinge tremendamente o prestigio do clube da Gávea.

Para o Flamengo, este Campeonato está com o "teto zero", para usarmos uma expressão da aviação. Não há visibilidade, não há horizontes para o rubro-negro. Sua administração colhe os frutos de haver cuidado mais da política do que da própria expressão do quadro para o Campeonato da cidade.

O Bangu quis cuidar, única e exclusivamente, de si mesmo, do seu quadro, que um bom quadro de profissionais é o melhor reflexo de um clube. O Bangu já está vendo que a frase popular - "plantando dá" - tem total razão de ser. A vitória de domingo, precisamente sobre um dos chamados "grandes" veio comprovar que não são vãos os esforços de seus responsáveis e que jamais serão vãs as tarefas construtivas em qualquer setor da vida.

Está de parabéns o Bangu pela sua estupenda vitória. Vitória que veio como efeito natural do amplo domínio exercido pelo seu conjunto, cujas manobras táticas foram perfeitas e cujo padrão de jogo é o que se pode exigir de um grande esquadrão. A sua linha média foi precisamente aquilo que o Flamengo não pôde ser, uma peça de vai e vem dentro da equipe, o traço de união entre as ultimas linhas e a vanguarda. Defenderam os três intermediários banguenses com a mesma maestria e firmeza com que nunca deixaram seu trio final desprotegido e o ataque jamais deixou de contar com seu apoio. A harmonia da equipe residiu mais nesse particular. E o desequilíbrio do team rubro-negro esteve antagonicamente, no fato da linha média jamais ter apoiado ou defendido com acerto." (Revista Esporte Ilustrado, 24 de agosto de 1950)

Fonte: www.bangunet.net/novidades
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sábado, 15 de outubro de 2011

Zizinho, o Mestre Ziza

Os torcedores que compareceram ao treino do Flamengo naquela tarde de 1939 estavam preocupados com Leônidas, que saiu de campo mancando. Nem haviam notado que em seu lugar entrou um rapaz magricela. Mas bastou que Thomaz Soares da Silva pegasse na bola para todos os olhos se voltarem para ele. Zizinho, era assim que o chamavam, driblou quatro, marcou um gol. Minutos depois, marcou outro. "Era tudo ou nada. Se pegasse a bola tinha que sair driblando sem parar senão o técnico nem ia me notar", recorda.

Considerado o jogador mais completo antes do surgimento de Pelé, Zizinho possuía uma técnica refinada, rica em dribles curtos, chutes venenosos e passes medidos. Chamado de Mestre Ziza, jogou no Bangu, Flamengo (tricampeão em 1942/43/44), São Paulo (campeão em 1957). Na Seleção foi titular absoluto durante toda a década de 40 e escolhido o melhor jogador da Copa de 1950. Cabe a ele a honra de ter sido o primeiro jogador de futebol que mereceu o tratamento de gênio. Como dizia o cronista Nelson Rodrigues: "Não há bola no mundo que seja indiferente a Zizinho".

Zizinho (Thomaz Soares da Silva), futebolista, nasceu em São Gonçalo, RJ, em 14/09/1921, e faleceu em Niterói, RJ, em 08/02/2002. Começou nas divisões de base do Byron, de Niterói, e foi revelado e jogou entre 1939 a 1950 no Flamengo sediado no Rio de Janeiro, e com ele o time ganhou o seu primeiro tricampeonato estadual em 1942, 1943 e 1944, além do Campeonato Carioca de 1939.

Selecionado brasileiro na final da Copa de 1950: Johnson e Mário Américo (massagistas); Barbosa (goleiro), Augusto, Danilo Alvim, Juvenal, Bauer, Ademir, Zizinho, Jair, Chico, Friaça e Bigode.

Antes da estréia na Copa do Mundo de 50, foi vendido para o Bangu Atlético Clube, clube que defendeu por 6 anos e do qual foi o 5º maior artilheiro, com 120 gols. Zizinho, sobre sua saída do Flamengo, comentou ter sido a maior mágoa de sua vida e dor maior até que perder a copa de 50, pois apaixonado de corpo e alma pela equipe rubra-negra a qual defendeu por tantos anos, teve seu passe vendido ao Bangu por uma fortuna (segundo registros 800 mil cruzeiros) sem sequer ser consultado. Um dirigente do Bangu, Guilherme da Silveira, confirmou a negociação e Zizinho assinou o contrato sem sequer ler. Segundo se conta ele só fez um comentário: "Se o Senhor pagou tanto pelo meu passe é porque reconhece o meu futebol". No livro "Nação Rubro-negra" de Edilberto Coutinho, Zizinho desabafou "Difícil dizer o que me magoou mais, se a perda da Copa de 50 ou a minha saída do Flamengo... acho que foi a saída do Flamengo, a maneira como os homens que dirigiam o Flamengo fizeram a transação me machucou muito... nunca aceitei" e na sua primeira partida contra o ex-clube deixou clara a sua mágoa com o Bangu goleando por 6x0 naquela que foi uma de suas melhores partidas.

Na Copa de 50 seu estilo de jogar maravilhou os torcedores e ajudou o Brasil a chegar até a final; e mesmo apesar da derrota surpreendente de 2 a 1 para o Uruguai, foi considerado o melhor jogador daquela copa. Zizinho é considerado por muitos o jogador mais completo depois de Pelé, tendo marcado 145 gols pelo Flamengo e 31 pela a seleção.

Craque da Copa de 50, Zizinho (centro) ao lado de Décio e Nívio. Atuou no Bangu de 1950 a 1957.

Em 1957 teve uma passagem pelo São Paulo, onde conquistou seu quinto título estadual, marcando 24 gols. Seu último clube foi o Audax Italiano, do Chile. Zizinho foi considerado por Pelé como o seu ídolo. Tudo porque quando o Rei estava começando a carreira de jogador no Santos Futebol Clube, ele viu Zizinho atuando pelo São Paulo Futebol Clube, em 1957 onde conquistou o Campeonato Paulista daquele ano. Suas atuações impressionaram tanto o futuro Rei do Futebol, que ele sempre o cita como ídolo e inspiração, ao lado de seu pai, Dondinho.

Zizinho foi o responsável pelo surgimento de outro craque: Gérson. Zizinho era amigo do pai de Gérson, e quando ele iniciou a carreira de jogador, sempre ouvia atentamente os conselhos do "Mestre Ziza" (apelido carinhoso de Zizinho), no tocante à marcação, visão de jogo, distribuição de passes, e partindo em velocidade com a bola dominada. Em agradecimento, o "Canhotinha de Ouro" sempre que entrevistado, cita carinhosamente Zizinho como seu mentor e incentivador na carreira de jogador.

Após encerrar a carreira, Zizinho tornou-se fiscal de rendas do Estado do Rio de Janeiro, função que exerceu até a aposentadoria.

Morreu em 8 de fevereiro de 2002 vítima de problemas do coração.

Fontes: Wikipedia; Revista Placar; e-biografias.
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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Domingos da Guia

Numa época em que beque bom era aquele que entrava duro e dava chutões para a frente, o zagueiro-central Domingos da Guia marcava a bola, que geralmente matava no peito para, em seguida, driblar os atacantes adversários dentro da própria área e fazer um passe milimétrico em direção do meio-de-campo. Não é à toa que ele é considerado o maior zagueiro do futebol brasileiro de todos os tempos e que seu surgimento assinala o nascimento do defensor técnico.

Domingos da Guia (Domingos Antonio da Guia), um dos melhores zagueiros de todos os tempos, nasceu no bairro de Bangu, Rio de Janeiro, em 19/11/1912, e faleceu na mesma cidade em 18/05/2000. Originário de uma família de lavradores fez apenas o curso primário, e aos 16 anos, entrou para a equipe principal do Bangu, assim como seus três irmãos e mais tarde, seu filho. Sua ligação com esse clube foi tão grande que seu nome é citado no hino do Bangu.

Estreou na Seleção Brasileira em 1929, vencendo a Hungria por 6 a 1. Em 1932, época em que o futebol brasileiro começou a se profissionalizar, trabalhou como agente da Saúde Pública participou da seleção que venceu a Copa Rio Branco, no Uruguai, fechou contrato com o América e largou o emprego.

Apenas seis dias depois foi contratado pelo Vasco, e em menos de dois meses o Nacional, do Uruguai, o contratou por um dos maiores salários da época. Foi campeão uruguaio de 1933. Voltou ao Rio em 1934, jogou pelo Vasco da Gama e ganhou o campeonato carioca de 1934.

Domingos da Guia transferiu-se para o Boca Juniors e conquistou o campeonato argentino de 1935. Em 1937 foi contratado pelo Flamengo, tornando-se campeão carioca em 1939, 1942 e 1943. Em 1938 participou da Copa do Mundo na França.

Em 1943 transferiu-se para o Corinthians. Em São Paulo não conseguiu nenhum título. Em 1947, voltando ao Bangu, abandona os campos como jogador.

Em 1952, depois de passar pelo Olaria carioca como técnico, retornou ao serviço público, pelo qual se aposenta como fiscal de renda.

Domingos da Guia último à direita é homenageado no hino do Bangu.

Zagueiro clássico e de excelente técnica, é apontado como um dos melhores do futebol brasileiro. Sua "marca registrada" era sair driblando os atacantes adversários. Tal jogada de extrema habilidade e risco, mas que sempre foi perfeitamente executada por Domingos da Guia, ficou conhecida como Domingada.

Pela seleção brasileira foram 30 jogos, sendo 19 vitórias, 3 empates e 8 derrotas. Jogou a Copa do Mundo de 1938, tendo o Brasil ficado em terceiro lugar. Com a seleção ele foi campeão da Taça Rio Branco, em 1931 e 1932, e da Copa Rocca em 1945.

Domingos é pai de Ademir da Guia, maior ídolo da história do Palmeiras e irmão de Ladislau da Guia, o maior artilheiro da história do Bangu (com 215 gols), clube que revelou as duas gerações de craques.

Foi considerado por Obdulio Varela o melhor jogador do Brasil. "O melhor que vocês já tiveram foi Domingos, completo. Campeão lá [Brasil], aqui [Uruguai] e na Argentina", declarou a um repórter brasileiro em 1970.

Fontes: Wikipedia; Revista Placar; Que Fim Levou?; Algo Sobre.
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