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domingo, 8 de abril de 2012

Cientistas: gente como a gente

Muitos crêem que pelo fato de alguém abraçar a ciência, este alguém é sensato por natureza, sóbrio e, principalmente: "racional". Aqui vão alguns indícios de que "nem tudo que reluz é ouro"... e separar-se o joio do trigo não é apenas uma metáfora aplicável entre ciência e religião...

Nascido na ilha grega de Samos, Pitágoras (565-490 a.C.) revolucionou a matemática. Suas teorias seriam aplicadas com êxito no estudo do movimento dos astros 17 séculos mais tarde. O que o seu professor talvez não tenha contado é que o sábio grego tinha lá suas esquisitices.

Pitágoras acreditava que olhar a própria imagem no espelho à luz de velas atraía azar. Deixar de arrumar a cama, idem. E achava que tocar em um frango vivo era pedir para que algo de ruim acontecesse. Acostumado a raciocínios lógicos, Pitágoras nutria um leque de superstições digno de um babalorixá. Era um gênio matemático e também um místico: liderava uma seita que pregava a reencarnação e a metempsicose - a volta à Terra de alguém que cometeu crimes em vidas passadas, encarnado no corpo de um animal.

Tinha também atitudes dignas de um Francisco de Assis: quando não estava calculando, Pitágoras podia ser visto conversando com os bois. Certa vez, chegou a bater com a bengala em um homem que maltratava um cachorro. "Não faça isso", disse. "Este aí é um amigo que morreu há pouco tempo e reencarnou."

Muitos gênios, aliás, foram flagrados em atitudes que revelam uma malandragem digna dos românticos morros cariocas de outrora. Vejamos o caso do astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642), falastrão e polemista, que teve coragem suficiente para desafiar a Igreja com a sua teoria de que a Terra girava em torno do Sol, e não o contrário. Mas não conseguiu resistir à tentação de se apoderar de idéias alheias para alcançar prestígio e conseguir recursos para manter a vida boêmia. Gostava de estar em evidência. Um dia chamou o povo e divulgou, na praça da cidade, as dimensões do inferno e a altura exata do Diabo Fiel freguês dos bordéis de Pádua, cidade do interior da Itália onde lecionava filosofia.

Galileu amou muitas prostitutas e acabou casando-se com uma delas. Com muitas contas para pagar, não viu outra saída senão usar a sua inteligência como inventor. Numa viagem a Veneza, o astrônomo ouviu rumores a respeito de um fabricante de óculos que acabara de inventar um instrumento que permitia observar objetos distantes como se estivessem perto. Voltou para casa correndo e só descansou depois que o telescópio estava pronto e patenteado com o seu nome.

Também tropeçou, ao menos uma vez, na seriedade e na precisão que se espera de um dos maiores homens de ciência da história. Empolgado com cálculos e sempre pronto a detonar uma polêmica, o cientista italiano - que, apesar de sua herética teoria heliocêntrica, era católico - anunciou em praça pública que revelaria as dimensões e a localização matemáticas do inferno. Calculou então que os domínios do Diabo tinham a forma de um cone invertido, ocupavam um doze avos do volume da Terra e ficavam exatamente abaixo da cidade de Jerusalém. Como se não bastasse, arriscou esboçar a altura de Lúcifer que, pelas suas contas, mediria 1935 braças (mais de 4 quilômetros).

Galileu não está sozinho no time dos que não hesitaram em surrupiar a idéia do próximo. Antoine Lavoisier (1743-1794), o químico francês que imortalizou a expressão "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", ganhou notoriedade em 1788 ao demonstrar que o ar é composto por vários gases e que o oxigênio é fundamental para a combustão. Tudo bem, não fosse um pequeno detalhe: quem descobriu a existência do oxigênio não foi Lavoisier, mas seu amigo Joseph Priestley (1733-1804), que teve a infelicidade de confidenciar a descoberta ao colega francês durante uma festa regada a vinho.

Isaac Newton (1642-1727), o físico inglês que conseguiu enxergar na queda de uma maçã o rastro de uma força invisível que age sobre todas as coisas que estão ao redor e sobre a Terra: a gravidade. Newton dava um boi para entrar numa encrenca e uma boiada para não sair. Criado sem pai, longe da mãe, o menino Newton teve que ser camareiro de um professor em troca da bolsa de estudos na escola elementar. Mais tarde se tornaria um homem fechado, agressivo e ambicioso.

Tão logo a Teoria da Gravitação Universal foi publicada, o físico Robert Hooke (1635-1703) cutucou a onça com vara curta, acusando Newton de plágio. Hooke jurava que tinha feito a descoberta primeiro. Não sabia com quem estava lidando. Newton revidou e os dois, além das alfinetadas por cartas e artigos em jornais, chegaram a trocar sopapos nos corredores da Royal Society, sociedade científica inglesa presidida por Newton. "Hooke deveria ser tão conhecido na época quanto Newton", diz Shozo. Mas só Newton entrou para a história.

Em 1699, o físico inglês foi nomeado diretor da Casa da Moeda Britânica, cargo que ocupou por 20 anos. O importante posto lhe permitiu ajudar amigos com empréstimos e, claro, prejudicar os inimigos. Além disso, também assinou mais de 100 ordens de prisão e decretou alguns enforcamentos por não pagamento de dívidas. Envolvido com tanto trabalho, dizia não ter tempo para mulheres e nunca se casou. Os inimigos não perderam a chance de acertá-lo no rim: é que Newton não se casou, mas se apaixonou perdidamente. Por um homem. Durante anos trocou cartas carinhosas com o jovem matemático suíço Fatio Duillier.

Em excentricidade nenhum cientista até hoje conseguiu desbancar Albert Einstein (1879-1955), autor da Teoria da Relatividade, um dos pilares da física moderna. Para começar, Einstein costumava deitar na banheira vazia para estudar, imaginando estar sentado na escrivaninha. Caminhava debaixo de tempestades sem se dar conta da chuva, rabiscava fórmulas na toalha da mesa, comia suas refeições, geladas no prato, horas depois que as outras pessoas já haviam comido, e escrevia discursos de agradecimento no verso de notas fiscais. Além de pregar que os números se dividiam entre machos e fêmeas. Absolutamente absorto em seu mundo particular, vivia praticamente sem um tostão no bolso, foi visto várias vezes catando bitucas de cigarro nas ruas.

Fonte: ceticismoaberto - Os Grandes Cientistas
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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Origem do guarda-chuva

Onde surgiu o guarda-chuva? Surgiu no Antigo Egito e era utilizado tanto pela família real quanto pelos nobres como símbolo da posição que ocupavam na hierarquia teocrática. Hoje todo mundo usa, do cidadão mais abastado ao paupérrimo.

“Mas quem usa mais o guarda-chuva é o pobre, que não tem um meio de transporte próprio para fugir das intempéries do tempo”, acrescentou o historiador Élcio Valentin, do Museu Histórico Nacional do Guarda-Chuva.

Projetado originariamente para cobrir um homem de porte médio das chuvas, ele nunca esteve tão pequeno. Antigamente tinha de dois metros à dois metros e vinte de diâmetro e era feito com material resistente.

Os guarda-chuvas, ao contrário dos guarda-sóis, tendem a ser fabricados com materiais leves a fim de que possam ser facilmente transportados, mesmo quando abertos. O tecido protetor é atualmente feito de diversos materiais impermeáveis.

Fonte: http://www.vocesabia.net/curiosidades
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sábado, 26 de novembro de 2011

História da Bicicleta

Bicicleta segura de  John Kemp Starley
O primeiro projeto conhecido de uma bicicleta é um desenho de Leonardo da Vinci sem data, mas de aproximadamente 1490. Só foi descoberto em 1966 por monges italianos. Mesmo antes de da Vinci já existiam brinquedos de duas rodas. Há referências em pinturas feitas em vasos, murais e relevos.

Em 1680 um construtor de relógios alemão, Stephan Farffler, que era paraplégico, construiu para si primeiro uma cadeira de rodas de três rodas e depois outra de quatro, ambas movidas por um sistema de propulsão por alavanca manual. Várias outras referências de veículos de propulsão humana são encontradas até 1800, todas construídas na forma de carruagem.

A história da bicicleta começa de fato com a criação de um brinquedo, o "celerífero", realizado pelo Conde de Sivrac. Construído todo em madeira, constituído por duas rodas alinhadas, uma atrás da outra, unidas por uma viga onde se podia sentar. A máquina não tinha um sistema de direção, só uma barra transversal fixa à viga que servia para apoiar as mãos. A brincadeira consistia em empurrar ou deixar correr numa descida para pegar velocidade e assim tentar manter-se equilibrado de maneira muito precária por alguns metros.       

O alemão Barão Karl von Drais pode ser considerado de fato o inventor da bicicleta. Em 1817 instalou em um celerífero um sistema de direção que permitia fazer curvas e com isto manter o equilíbrio da bicicleta quando em movimento. Além do mais a "draisiana" vinha com um rudimentar sistema de freio e um ajuste de altura do selim para facilitar o seu uso por pessoas de diversas estaturas.

A novidade foi patenteada em 12 de Janeiro de 1818, em Baden e em outras cidades européias, incluindo Paris. O Barão von Drais então passa a viajar pela Europa fazendo contatos para mostrar seu produto, mas suas qualidades de vendedor eram ruins e ele acabou ridicularizado e falido.       

Mesmo patenteado surgem cópias da draisiana, algumas mais desenvolvidas. Em pouco tempo é introduzido o ferro em sua construção, o que melhora sua funcionalidade e proporciona que alguns novos projetos possuíssem um sistema de suspensão no selim ou mesmo nas rodas.

Aparece também quem sabe tirar proveito comercial da nova invenção vendendo ou alugando. E no dia 20 de abril de 1829 acontece a primeira competição em Munique. Envolvendo 26 draisianas foi realizada numa distância de 4,5 km e seu vencedor cumpriu o trajeto em 31,5 'minutos, a uma média de 8,6 km/h, um feito para a época.

Ao que tudo indica desde que as primeiras draisianas foram para ruas sempre se pensou em dotá-las de um sistema de propulsão que não fosse feito pelo andar do seu condutor. A primeira a ser adaptada com pedais surge em 1839, criada pelo ferreiro escocês Kirkpatrick Macmillan. Ele aproveita o conceito da máquina criada por Drais, redesenha a viga central que liga as duas rodas, e adapta um sistema de propulsão por pedais em balanço ligados a um virabrequim no eixo da roda traseira por meio de alavancas. O ciclista aciona o sistema em paralelo à roda dianteira, com os pedais se movimentando para frente e para trás. A bicicleta funcionava bem, mesmo assim não se popularizou.   

A criação do velocípede       

Pierre Michaux, um carroceiro da cidade de Brunel, França, recebeu em sua oficina uma draisiana para reparos. Depois de pronta colocou seu filho para usá-la e este a achou muito cansativa. Michaux então passou a pensar em algum sistema de propulsão que fosse ligado diretamente a roda dianteira e que fizesse o deslocar da máquina mais fácil. Acabou redesenhando todo o projeto original da draisiana, criando um quadro de ferro e um sistema de propulsão por alavancas e pedais na roda dianteira. Pai e filho gostaram tanto do resultado que acabaram por optar pela sua fabricação. Estava criado o que viria a ser chamado de "velocípede". Michaux teve a esperteza de dar um de seus velocípedes para o filho de Napoleão III e isto abriu as portas comerciais de seu produto.

Pierre Lallement, ferreiro e carroceiro francês, afirmava ter inventado a mesma máquina antes de Michaux. Ele acaba se mudando para os Estados Unidos onde veio a fabricar seus velocípedes, com patente requerida em 1866, mas seus negócios não foram bem. Acabou falido.   

Na exposição de Paris de 1868 fica muito claro a importância que biciclos, bicicletas, triciclos, sociáveis e outras variantes tomaria no mercado francês e logo em seguida em toda Europa. Neste mesmo ano foi levado para a Inglaterra um biciclo Michaux.

James Starley, um apaixonado por máquinas e responsável pelo desenvolvimento das máquinas de costura fabricados pela Coventry, decidiu repensar este biciclo e acabou criando um modelo completamente diferente. Tinha construção em aço, com roda raiada, pneus em borracha maciça e um sistema de freios inovador. Sua grande roda dianteira, de 50 polegadas ou aproximadamente 125 cm, fazia dela a máquina de propulsão humana mais rápida até então fabricada.

Como os pedais são fixos ao eixo da roda, quanto maior o diâmetro da roda maior é a distância percorrida em cada giro desta, portanto maior a velocidade alcançada em cada pedalada. As rodas a partir de então seriam fabricadas com medidas que atendiam ao comprimento da perna do ciclista.

O modelo foi patenteado em 1870 quando Starley deixa a Coventry e funda a marca Ariel, que coloca seus biciclos a venda por 8 libras em 1871, um preço que poucos podiam pagar.

Bicicleta de segurança       

Passadas décadas do surgimento dos veículos de duas rodas e propulsão humana a imagem deixada pelos biciclos na maioria da população era de insegurança. Na última década do século XIX começa o declínio dos biciclos de roda grande e o fortalecimento das bicicletas de segurança.

O problema com os biciclos é sua insegurança. Seu condutor pedala sentado praticamente sobre o eixo da roda dianteira e quando esta, por dificuldade de ultrapassar qualquer obstáculo maior, perde velocidade bruscamente arremessa o ciclista para frente e para o chão. Como a altura do selim era alta o tombo geralmente tinha conseqüências sérias.

A questão da insegurança só foi resolvida com a introdução do que é chamada de "bicicleta de segurança", que no fundo é a bicicleta que conhecemos hoje. Sua configuração com duas rodas do mesmo tamanho e ciclista pedalando entre elas resolve também definitivamente o grave problema de equilíbrio existente nos biciclos de roda grande. Ter um comportamento previsível e relativamente seguro para o condutor populariza o produto.

Pneus com câmara de ar: conforto e segurança       

A questão do conforto ainda era pendente. Com a diminuição do diâmetro das rodas a sensibilidade da bicicleta para irregularidades e buracos aumentou, e junto o desconforto do ciclista. Tentou-se de tudo para melhorar o conforto, de sistemas de molas no selim, rodas com dois aros concêntricos e molas, garfos com suspensão e até mesmo quadros completamente articulados.

Mas é em 1888 que um inglês, John Boyd Dunlop patenteou o pneu com câmara de ar. Primeiro fora testadas em competições com total sucesso, para depois ser colocadas a venda. Pouco depois, em 1891, Edouard Michelin, Francês, aparece nas competições com seus pneus sem câmara de ar.

O domínio na tecnologia na transmissão por corrente também fez grande diferença porque esta cria um efeito elástico que diminui trancos nos pés e joelhos do ciclista. A bicicleta passaria a ser mais suave de conduzir.

Todas estes melhoramentos tecnológicos derrubaram em parte a visão de dificuldade de condução, insegurança e incomodo que foi formada nos tempos do biciclo e das primeiras bicicletas, o que fez com as novas bicicletas se popularizassem.

Fonte: A História da Bicicleta n o Mundo - Escola de Bicicleta.
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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Thomas Edison, o gênio da lâmpada

Um dos maiores gênios de todos os tempos não pode freqüentar a escola, mas revolucionou nossa vida aperfeiçoando o telefone, inventando a lâmpada elétrica, o fonógrafo e o projetor cinematográfico. Traçou desse modo o perfil tecnológico do mundo de hoje. Como ele mesmo dizia: "Se nós fizéssemos tudo o que somos capazes, literalmente nos surpreenderíamos."

Decididamente, o professor não gostava dele. "O garoto é confuso da cabeça, não consegue aprender", queixava-se o reverendo Engle daquele menino de 8 anos, agitado e perguntador, os cabelos eternamente despenteados, que se recusava a decorar as lições, como faziam todos os alunos — e ainda por cima ouvia mal.

Naquele ano de 1855, o reverendo Engle era o único professor da única sala de aula da cidadezinha de Milan, Ohio, estado americano perto da fronteira com o Canadá e, assim, o implacável diagnóstico fulminou, três meses depois de ter começado, a carreira escolar do estudante Thomas Alva Edison. Foi irremediável: nunca mais ele voltaria a freqüentar um lugar de ensino. Pode-se especular por toda a eternidade que diferença teria feito para a história pessoal de Edison se ele tivesse tido um professor menos bitolado, que não confundisse excesso de curiosidade com falta de inteligência.

É bem possível que as rotinas da educação arcaica terminassem por asfixiar a desmedida vontade de saber daquele aluno irrequieto e, isso sim, poderia ter feito enorme diferença para o perfil dos tempos modernos. Pois raras pessoas ajudaram tanto a esculpir o mundo atual como Thomas Alva Edison, o inventor da lâmpada elétrica e do fonógrafo, do microfone e do projetor de cinema, para citar apenas as de maior repercussão entre as literalmente mil - e - tantas utilidades que ele criou ou aperfeiçoou ao longo de uma vida trabalhada virtualmente sem tréguas quase até o final de seus 84 anos. Edison foi a encarnação mais que perfeita do supremo mito americano do “self made man” o homem que principia de baixo e apenas pelos próprios méritos termina coberto de glória e fortuna. Edison e os Estados Unidos parecem ter nascido um para o outro.

Em 1865, quando acaba a guerra civil entre o Norte e o Sul, que matou 617 mil americanos, Edison tem 18 anos e ganha a vida como telegrafista. Em 1929, quando a quebra da Bolsa de Nova York anuncia os anos negros da Depressão, ele já passou dos 80 e festeja meio século da criação da lâmpada elétrica. Entre essas duas datas, os Estados Unidos deram um salto sem precedentes.

A explosão capitalista, que criou em tempo recorde um país vertiginoso, exigia incessantes inovações técnicas. E a tecnologia, ao produzi-las, acelerava ainda mais o ritmo das mudanças em todos os setores. Num país insaciavelmente ávido por novidades, Edison esteve sempre no meio dessa roda-viva.

Ele provavelmente não teria ido muito longe se não tivesse tido a mãe que teve. Ex-professora, casada com um pequeno comerciante chamado Samuel Edison, Nancy sentia por Thomas especial carinho, talvez por ter sido ele o caçula de seus sete filhos, três falecidos em criança, todos bem mais velhos que o menino. Além de afeto, Nancy tinha suficiente sensibilidade para perceber que não havia nada de errado com Al a culpa, ela sabia, era da escola que o rejeitava. E assim passou a educá-lo em casa, cercando-o de livros de História e Ciência, peças de Shakespeare e romances de Charles Dickens.

O filho não a decepcionaria. Leitor apaixonado pelo que lhe caísse nas mãos, apreciava especialmente escritos científicos. Não contente em ler, sentia necessidade de repetir as experiências mostradas nos livros de Química, acabando por montar em casa um pequeno laboratório. Os tempos, porém, eram difíceis para Samuel Edison, que a essa altura já se havia mudado com a família, em busca de melhores oportunidades, para Port Huron, Michigan, junto à fronteira canadense. Não só para pagar os materiais necessários a suas experiências, mas principalmente para ajudar no sustento da casa, Al arranjou emprego no trem diário que ligava Port Huron a Detroit, a futura capital mundial do automóvel. Eram três horas e meia para ir, outras tantas para voltar e seis horas entre uma viagem e outra, tempo mais que suficiente para vender a bordo frutas, balas, bombons, biscoitos e chocolates (na ida), tudo isso mais a edição vespertina do Free Press, o principal jornal de Detroit (na volta), e ainda para longas sessões de leitura, seja no bagageiro do trem, seja na biblioteca pública da cidade. Tempo suficiente também para experiências no laboratório que Al foi instalando a bordo, no sacolejante bagageiro, com a benevolente cumplicidade do chefe do trem, seduzido pelo espírito empreendedor daquele garoto mal-ajambrado de 12 anos.

Naquela época, o que fascinava os americanos, mais ou, menos como hoje o computador, era a eletricidade, cujos segredos começaram a serem desvendados pelo inglês Michael Faraday e o alemão Simon Ohm cerca de trinta anos antes de Edison nascer. Mas o que fascinava especialmente o rapaz era uma aplicação específica da eletricidade o telégrafo, inventado nos anos 1830 pelo americano Samuel Morse, em honra de quem passou a ser chamado o código de pontos e traços usado para a transmissão de mensagens por impulsos elétricos através de fios. A imprensa e o telégrafo capturaram a imaginação de Al. Com o dinheiro que Ihe rendia a venda de guloseimas e jornais, comprou em Detroit uma impressora de terceira mão para publicar um mal escrito semanário de avisos e fofocas, The Weekly Herald, O Arauto Semanal, inteiramente produzido por ele próprio no trem.

As possibilidades abertas pelo telégrafo para a difusão instantânea de notícias não escaparam ao jovem Edison, naqueles anos em que os americanos ansiavam por informações das furiosas batalhas da guerra civil. Aos 15 anos, solitário e tímido, não sabia se queria ser jornalista ou telegrafista. Por ora ganhava dinheiro com o jornalismo e a telegrafia, vendendo por preços exorbitantes os papéis impressos em Detroit com as notícias mais quentes da guerra. Um belo dia, o balanço do trem derrubou os frascos do laboratório e uma das traquitandas químicas pôs fogo no bagageiro. Assim que conseguiu controlar o incêndio, o chefe da composição arremessou para fora o inflamável material de pesquisa junto com o desconcertado pesquisador não sem antes aplicar-lhe severo corretivo.

Das muitas lendas inventadas sobre a carreira de Edison, talvez a mais popular atribui à sova que levou naquele infausto dia de 1862 a surdez quase total que o acompanhou vida afora. Na verdade, seus problemas de audição vinham desde os 6 anos, causados pela escarlatina que o atacou então. No máximo, a agressão no trem pode ter agravado a deficiência. Despejado, perambulou pelos Estados Unidos, aprendendo e praticando telegrafia. Revelou-se em pouco tempo um operador de primeira. Mas a rotina do trabalho o enfastiava e ele combatia o tédio passando trotes; assim, quando não se demitia, acabava demitido. Em dado momento, resolveu com dois outros companheiros ser telegrafista no Brasil. Como o navio em que deviam partir de Nova Orleans atrasou muito, desistiu da idéia.

Os amigos embarcaram; consta que acabaram morrendo de febre amarela. Por essa época, compra de segunda mão os dois volumes de Pesquisas experimentais em eletricidade, do inglês Faraday, por sinal também um autodidata, onde se demonstra como a energia mecânica pode se converter em eletricidade. O livro parece ter tido um impacto excepcional sobre seu inquieto leitor.

Com 21 anos, telegrafista em Boston, morando num quarto de pensão transformado num misto de biblioteca e laboratório, Tom, como já era chamado, descobriu um rumo para a vida — ser inventor. "Tenho muito que fazer e o tempo é curto", teria dito a um companheiro de pensão. Vou arregaçar as mangas." O que ele entendia por arregaçar as mangas logo tomaria forma na invenção pela qual recebeu a primeira patente uma máquina de votar para o Congresso dos Estados Unidos. Tratava-se, portanto, de um ancestral do sistema eletrônico de votação hoje usado em muitos parlamentos, inclusive no Brasil. Edison conhecia eletricidade, mas não conhecia os políticos. Para sua imensa surpresa eles não manifestaram o menor interesse pela engenhoca.

Já em Nova York, onde desembarcou sem um centavo no bolso, passou semanas a fio à custa de um ou outro conhecido. Sua dieta limitava-se a café com pastel de maçã. “Por sorte, eu gostava", lembraria anos mais tarde. Por um golpe do acaso, estava no lugar certo quando quebrou a máquina que transmitia pelo telégrafo as cotações do ouro na Bolsa. É claro que ele consertou a máquina em tempo recorde e é claro que foi recompensado com um emprego na companhia responsável pela divulgação do sobe-e-desce dos negócios com ouro. Logo Edison inventou um teletipo para registrar automaticamente numa fita de papel as cotações das ações na Bolsa. Ao oferecer o invento a um escritório de Wall Street, esperava receber por ele 5 mil dólares. Pagaram-lhe, sem que ousasse pedir tanto, 40 mil.

O dinheiro durou um mês, gasto todo ele em equipamentos para a firma de engenharia elétrica que montara com dois sócios numa velha loja perto do pátio da estação de bens de Jersey City, depois transferida para um casarão de três andares em Newark, também em Nova Jersey. Era o mais moço dos sócios, mas seu apelido era “o Velho". Morando em quarto alugado, sem se importar com sono, comida e roupas, começava o dia às 6 da manhã e só se recolhia depois da meia-noite. De negócios, entendia pouco e gostava menos.

Vida social tinha nenhuma. Trabalhava pelo prazer de remover os problemas no caminho de seus inventos, sempre pelo método do ensaio e erro. Era persistente como um obcecado, paciente como um sábio. Entrou para a história a sua frase: “Gênio é 1 por cento inspiração e 99 por cento transpiração".

Em 1876, aos 29 anos, construiu por conta própria aquilo que os historiadores consideram seu maior invento o primeiro laboratório não universitário de pesquisas industriais de que se tem notícia. Instalada num casarão que ergueu num ermo do interior de Nova Jersey chamado Menlo Park, essa verdadeira fábrica de invenções antecipou em quase um século os centros de pesquisa mantidos por empresas multinacionais do porte da IBM, Dupont e AT&T. Ali, o patrão Edison trabalhava de igual para igual com o mais novato de seus empregados. Só não lhe ocorria que algum deles pudesse ter uma atitude diversa da sua própria dedicação integral, irrestrita e exclusiva ao trabalho. Com esses era tirânico; em dias de mau humor despedia a torto e a direito. No Natal de 1871 casou-se com uma jovem de 16 anos, Mary Stilwell, que trabalhava em Menlo Park perfurando fitas telegráficas. Diz a lenda que ele a pediu em casamento batendo em código morse numa moeda. Outra lenda diz que, saindo da igreja, deixou-a em casa e foi trabalhar até altas horas. É certo que a amava, embora o casamento viesse sempre em segundo lugar. Isso não mudou nem com o nascimento dos filhos. Apelidou a primeira, Marion, de Dot (ponto, em morse), Junior, o segundo, era Dash (traço). Havia ainda William, o caçula.

Quando Mary morreu, aos 29 anos, de febre tifóide, o viúvo descobriu que eles lhe eram estranhos. Um ano e meio depois, casou-se com Mina Miller, filha de um fabricante de equipamentos agrícolas de Boston, com quem viria a ter uma menina, Madeleine, e os meninos Charles e Theodore.

No dia 14 de janeiro de 1876, Edison avisou o Escritório de Patentes dos Estados Unidos que estava trabalhando num invento destinado a transmitir a voz humana por um fio elétrico. Exatamente um mês depois, um certo Alexander Graham Bell entrou com um pedido de patente para o telefone. No dia 10 de março, pela primeira vez o som da voz humana foi transmitido pelo aparelho patenteado por Bell. Seu telefone, porém, era ainda um artefato primitivo e Edison tratou de aperfeiçoá-lo. O que o desafiava era encontrar um material que convertesse o som da voz em corrente elétrica com mais clareza. Fiel a seu estilo, inventou cinqüenta aparelhos diferentes até dar-se por satisfeito com o transmissor à base de carbono em uso ainda hoje e foi ele quem pela primeira vez gritou ao bocal, em vez do costumeiro "alguém aí?", simplesmente "alô".

Enquanto aperfeiçoava o telefone de Bell, ocorreu a Edison que, se o som podia ser convertido em impulsos elétricos, também deveria ser possível gravá-lo para ouvi-lo depois. Esboçou então um sistema que consistia em um diafragma, ou seja, uma membrana fina que vibrava quando atingida por ondas sonoras, uma agulha presa ao diafragma e um cilindro rotativo recoberto por uma folha de estanho. A vibração do diafragma se transmitia à agulha, que fazia um sulco na folha metálica. Esta, por estar presa ao cilindro acionado por uma manivela, girava. Terminada a gravação, fazia-se a agulha voltar ao ponto de partida. Mas então, ao girar-se a manivela, a agulha percorria a trilha do sulco; a vibração era transmitida ao diafragma, que assim reproduzia o som gravado. O próprio Edison inaugurou seu fonógrafo, ou a “máquina de falar", como ficaria conhecida no começo, recitando os versos da mais famosa canção infantil em língua inglesa: Mary had a little lamb" ("Mary tinha um carneirinho"). O fonógrafo fez de Edison, então com 31 anos, uma celebridade nacional e desse pódio ele jamais desceria até morrer, meio século mais tarde. Apesar disso, o invento permaneceu praticamente tal e qual durante quase uma década.

O próprio Edison e seus maravilhados contemporâneos não viam no fonógrafo aplicação comercial imediata. Ademais, logo a energia criativa do inventor se voltaria para outra direção a luz elétrica. Naquele final dos anos 70, o uso da eletricidade para iluminação não era mais novidade. Já se conhecia a lâmpada de arco, que iluminava ao lançar em curva uma corrente entre duas hastes eletrificadas. Mas a luz era ofuscante, durava pouco e produzia tremendo calor. Na época, as casas ainda eram iluminadas pela chama das velas, embora nas maiores cidades os lampiões de gás fossem amplamente usados nas ruas, teatros e grandes escritórios, mas, além de caro, o gás cheirava mal e não havia para ele um sistema geral de distribuição. Edison tinha na cabeça a idéia de conseguir uma luz suave como a do gás sem suas desvantagens.

O resultado, a lâmpada elétrica, foi a invenção que lhe daria mais problemas e trabalho. À primeira vista, o desafio parecia simples: tratava-se de achar um material que ficasse incandescente quando a corrente elétrica passasse por ele e fazer com esse material um fio fino, um filamento. Como outros inventores, Edison acreditava que esse filamento precisaria ficar isolado dentro de um bulbo de vidro do qual o ar tivesse sido retirado, pois o oxigênio facilita a combustão. Mesmo no vácuo, porém, todas as dezenas e dezenas de filamentos diferentes testados pela equipe de Edison queimavam em poucos minutos.

Durante mais de um ano, ele e seus assistentes faziam e testavam filamentos de todos os materiais possíveis e imagináveis. De experiência em experiência, chegaram ao fio de algodão carbonizado. Foi, literalmente, uma idéia luminosa. Acesa a 21 de outubro de 1879, a lâmpada brilhou 45 horas seguidas. Edison não pregou olho enquanto isso. Quando, tendo já aperfeiçoado o invento, convidou um repórter do New York Herald para contar a boa nova, foi mais que uma consagração. Edison passou a ser chamado de mágico e gênio para cima. Tornara-se provavelmente o homem mais admirado do mundo. Mas a lâmpada era só meio caminho andado, se tanto. Era preciso criar, peça por peça, um sistema de geração e distribuição de eletricidade acessível a toda a população.

Hoje em dia, quando tudo isso é rotina, pode-se ter apenas uma vaga idéia do tamanho da empreitada que permitiu a Edison produzir e distribuir energia elétrica a uma parte de Nova York em 1882. A tarefa rendeu ao inventor nada menos de 360 patentes que o ajudariam a tornar-se milionário. Mas, como ninguém é perfeito, ele perdeu tempo e dinheiro teimando, contra todas as provas em contrário, que o melhor sistema de transmissão de eletricidade a longas distâncias era o da corrente contínua, na qual os elétrons fluem numa mesma direção.

Durante muitos anos, sem base alguma, Edison dizia que o sistema de corrente alternada, no qual os elétrons fluem ora numa ora noutra direção, era ineficaz e perigoso. Ele chegou a eletrocutar animais para demonstrar os supostos riscos da corrente alternada e só se rendeu depois que o sistema por ele condenado foi adotado em toda parte. Uma das últimas invenções de Edison a marcar profundamente a civilização moderna foi o projetor de cinema, que ele chamava de cinetoscópio e estava para a imagem como o fonógrafo para o som. Patenteado em 1891, o aparelho era uma caixa de madeira dentro da qual havia uma lâmpada e um rolo de filme de fotografias com uma seqüência de imagens. Por um orifício na caixa via-se a grande ilusão: acionado por uma manivela, o filme rodava, dando a impressão de movimento.

Em 1903, no primeiro estúdio de cinema dos Estados Unidos, em West Orange, Nova Jersey, ele produziu O grande assalto ao trem, o primeiro filme a contar uma história de ficção. Consagrado como "o mais útil cidadão americano", Thomas Alva Edison viveu intensamente até o fim. Apesar de todos os esforços, comparáveis aos que empregou para inventar a lâmpada, não conseguiu produzir o carro de seus sonhos movido a eletricidade gerada por uma bateria. Entregou os pontos depois de 10 mil experiências e 1 milhão de dólares.

Morreu em 1931, aos 84 anos, certo de algumas verdades básicas. Como a de que "pensar é um hábito que ou se aprende quando se é moço ou talvez nunca mais". No dia de seu enterro, todas as luzes dos Estados Unidos foram apagadas durante 1 minuto.

Fonte: http://professorcampelobiologia.blogspot.com
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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Arquimedes, o gênio de Siracusa

Matemático, físico, inventor e até estrategista militar, Arquimedes foi um dos grandes inovadores de seu tempo e desenvolveu trabalhos que revolucionaram o conhecimento científico. Nasceu e morreu em Siracusa, cidade grega ao sul da Sicília (hoje uma região da Itália). Em 75 anos de vida (287 A.C. a 212 A.C), contribuiu para um formidável avanço na compreensão dos fenômenos naturais.

É grande a quantidade de descobertas de Arquimedes na área da matemática. Dois de seus volumes dedicam-se ao estudo da esfera, do cone e do cilindro. Outro volume apresenta 28 proposições sobre as espirais, incluindo problemas de tangentes, raios vetores e área circunscrita.

Duas outras obras guardam aqueles que são considerados os primeiros trabalhos sobre mecânica teórica, nos quais são estudadas, por exemplo, as propriedades do centro de gravidade. Outros escritos tratam especificamente da geometria plana.

Como criador de engenhos de guerra, Arquimedes demonstrou perfeito conhecimento de importantes leis da física. São célebres suas máquinas que envolviam o uso de alavancas e roldanas. Destacam-se, entre essas, as gigantescas catapultas desenvolvidas para defender os gregos da armada romana.

Perscrutador por vocação, não perdia chances para desenvolver suas pesquisas e repassar seus conhecimentos aos mais jovens. Ao morrer, assassinado por um soldado romano, deixou um magnífico legado para as gerações futuras e para o desenvolvimento da ciência.

Educação exemplar na terra dos faraós

Filho do astrônomo Fídias, Arquimedes demonstrou desde cedo como virtudes a inteligência e a curiosidade. Seu pai era amigo íntimo do rei Hieron e, dessa forma, Arquimedes recebeu oportunidades de desenvolver em terras distantes suas habilidades. Ainda menino, viajou ao Egito como discípulo do matemático e astrônomo Conon.

Na terra dos faraós, Arquimedes dedicou-se a medir as pirâmides e a tentar desvendar o mistério sobre o processo de construção dos antigos monumentos. Tempos depois, continuou seus estudos em Alexandria, a cidade fundada por Alexandre O Grande, um dos centros de difusão cultural do mundo antigo.

Arquimedes foi um esforçado e inquieto aluno no "Museu", o conceituado colégio local que teve como professor o geômetra Euclides. Ainda no Egito, Arquimedes projetou um eficiente sistema de irrigação para as áreas de cultivo. Tratava-se de um cilindro dotado de uma espiral que permitia a elevação da água.

Introspectivo e solitário divertia-se testando teorias ou construindo pequenos brinquedos. Ao retornar a Siracusa, foi recebido como um sábio e tratou de manter a boa reputação. Tornou-se um cidadão exemplar, sempre disposto a utilizar seus conhecimentos para o bem comum.

Sem comer e sem dormir, o gênio pensa

Na antiga Siracusa, Arquimedes era tido como um excêntrico, embora prestativo cidadão. Poucos compreendiam a natureza de seus estudos abstratos, mas o admiravam e o respeitavam, especialmente os reis. Arquimedes passava dias sem dormir e esquecia-se das refeições enquanto elaborava suas idéias. Concentrava-se como um louco no trabalho de desenvolvimento e comprovação de suas teorias. Era comum vê-lo por horas e horas a desenhar figuras geométricas sobre cinzas de fogueiras ou sobre a areia.

Ao passar óleo perfumado sobre o corpo, depois do banho, freqüentemente ocorriam-lhe idéias formidáveis. Usava então a própria pele como tábua de experiências, empregando o dedo para desenhar figuras e reproduzir números. Sua capacidade inventiva era outro motivo de admiração de seus contemporâneos. Arquimedes criou desde brinquedos para crianças até magníficas máquinas de guerra para defender a cidade das tropas romanas.

À distração é atribuída a morte de Arquimedes. O sábio não percebeu a invasão dos romanos em Siracusa e continuou a desenvolver um exercício matemático na areia. Só tomou vaga ciência do que se passava quando um soldado inimigo pisou seu diagrama e ordenou que se apresentasse ao comandante romano. Indignado, Arquimedes gritou ao guerreiro que se afastasse e esperasse a conclusão do problema. Foi atravessado por uma espada.

Eureka!

Depois de rápido e bom banho, Arquimedes saiu pelado pelas ruas de Siracusa a comemorar uma descoberta. Enquanto corria para casa, ansioso para testar uma teoria, gritava: Eureka! Dias depois, seus amigos o inquiriram sobre o estranho episódio. Só então veio a explicação. Pouco tempo antes, o rei Hieron II havia confiado uma certa quantidade de ouro a um artesão local, ordenando-lhe que a usasse na produção de uma magnífica coroa. Assim foi feito.

Hieron, entretanto, desconfiava que a jóia tivesse sido produzida com uma liga de ouro e prata. Encarregou, então, Arquimedes de decifrar o enigma. Disse-lhe, no entanto, que não estragasse a coroa para realizar o teste. Arquimedes devotou-se a solucionar o problema. Certa manhã foi ao banho público para relaxar e cuidar da higiene pessoal. Logo notou que uma das banheiras estava cheia até a borda. Ao mergulhar, percebeu que um volume de água igual ao de seu corpo deslocava-se enquanto submergia.

A experiência sugeriu o método para resolver a charada proposta, e imposta, pelo rei. Bastaria colocar em um recipiente cheio de água uma quantidade de ouro com o peso exato da coroa. Em seguida, medir-se-ia a quantidade de água deslocada. Logo depois, colocaria-se a coroa em outro vaso cheio até a borda e também se verificaria, com minúcia, a quantidade de água derramada. Eureka!

Como o ouro é mais pesado do que a prata, o volume da coroa seria maior se tivesse ocorrido uma mistura. Dessa forma, a quantidade de água deslocada seria maior no vaso da coroa do que no vaso do pedaço de ouro puro. A prova mostrou, entretanto, que o ourives tinha realizado seu trabalho com a máxima honestidade. Arquimedes teve seu cérebro ainda mais valorizado, o rei tirou um "peso" da cabeça e o ourives manteve a sua.

A criação de um mundo de modernidades

O grande Arquimedes tudo fez para celebrar a riqueza de Siracusa. Sob as ordens do rei Hieron, construiu um gigantesco navio, o maior de sua época. Dispunha de salões para banquetes, galerias, salas de banho, um "Templo de Vênus" e outros luxuosos compartimentos. O piso foi decorado com cenas da "Ilíada", de Homero. A enorme galera foi carregada com milho e enviada como um presente ao rei Ptolomeu do Egito, que enfrentava um período de fome em suas terras.

Os egípcios ganharam ainda de Arquimedes um inteligente sistema de bombeamento de água. Um cilindro com uma espiral em seu interior servia para transportar a água para as terras altas (figura acima). O equipamento é usado até hoje. Arquimedes desenvolveu ainda uma esfera capaz de reproduzir com fidelidade os movimentos do Sol, da Lua e também dos planetas. O sistema era tão perfeito que podia até reproduzir os eclipses do Sol e da Lua.


A guerra dos engenhos

Arquimedes já era um ancião de 74 anos quando foi convocado a colocar em prática todo seu conhecimento nos ramos da matemática e da física. Naquele ano de 213 A.C., desenvolvia-se a Segunda Guerra Púnica e os romanos se esforçavam por dominar todo o Mediterrâneo, somando forças na guerra contra os cartagineses. Siracusa era um base importante na Sicília e o comandante Marcelo foi incumbido de tomar rapidamente a cidade.

Sua frota logo se postou à frente dos muros da cidade e descarregou uma chuva de pedras e flechas sobre os soldados da linha de defesa. Em seguida, ergueu-se um largo conjunto de escadas, destinado a permitir o desembarque rápido e massivo de soldados.

Naquele momento, no entanto, o exército local, dotado de engenhos desenvolvidos por Arquimedes, reagiu violentamente ao ataque. Grandes catapultas e arcos gigantes (desenho) arremessaram projéteis de até 250 quilos contra o inimigo. Dispararam também peças de betume em chamas que incendiaram vários barcos adversários.

De frestas nos muros, os romanos acabaram alvejados com facilidade pelos arqueiros da cidade e suas escadas foram despedaçadas. Um engenho, no entanto, foi fundamental para humilhar os atacantes. Semelhante a um moderno guindaste, a máquina dispunha de uma enorme garra de ferro que "abraçava" os navios romanos e os elevava de forma abrupta a até uma dezena de metros acima da linha da água.

Em seguida, a garra se afrouxava e os navios despencavam destroçados na base da muralha. Várias dessas máquinas de guerra foram espalhadas nas linhas de defesa. Algumas largavam grandes pedras sobres os barcos romanos. Com a retumbante vitória, Arquimedes fez valer sua máxima: "dêem-me um ponto de apoio e serei capaz de mover a terra".

O comandante Marcelo bateu em retirada e, em discurso direcionado aos soldados, comparou os engenhos de Arquimedes a um gigante de cem braços. O novo plano colocado em prática pelos romanos consistia em sitiar a cidade e vencer os gregos pela fome. Outras investidas infrutíferas se sucederam, até que os espiões romanos anunciaram uma rara oportunidade de ataque. Os defensores baixaram a guarda depois de uma festa em honra da deusa Artemisa. Embriagados e cansados, foram finalmente derrotados.


Espelhos assassinos e incendiários?

Corre pelos séculos a lenda de que Arquimedes conseguiu incendiar navios romanos usando simplesmente espelhos, ordenados de modo a concentrar a energia solar. Há quatro anos, no entanto, cientistas britânicos resolveram realizar testes práticos para verificar se tal artifício de defesa seria realmente possível. Descobriram que para botar fogo em apenas um barco romano Arquimedes necessitaria de um espelho de 420 metros quadrados, praticamente impossível de se construir na época.

Mesmo assim, Allan Mills e Robert Clift, da Universidade Leicester, conseguiram reunir 440 peças de espelho (cada uma com um metro quadrado) em uma encosta. O calor produzido foi capaz de incendiar uma tábua a cinqüenta metros de distância. Mesmo que Arquimedes tivesse conseguido a proeza, a chama poderia ser facilmente apagada com um balde de água jogado por um soldado romano.

A cidade do sábio

Siracusa foi fundada pelos gregos de Corintho, em 733 A.C. Era uma época em que os gregos se aventuravam além do Mar Egeu, em direção ao Oeste, procurando novas terras para colonizar. Nessa época, outras cidades são erguidas na Sicília pelos evoluídos e resolutos visitantes. No século 5 A.C. desenvolvem-se ferozes batalhas contra os cartagineses. Após esse período de guerras, tem início uma era de grande florescimento cultural, especialmente com o teatro. A tranqüilidade é interrompida com o embate contra os etruscos.

O período de paz novamente é quebrado com as ameaças dos gregos de Atenas, incomodados com o fortalecimento político e militar da cidade. Em 415 A.C., a frota ateniense chega às proximidades de Siracusa. Uma manobra na região do porto permitiu uma grande vitória do exército local. No século seguinte, são construídas grandes muralhas para proteger a cidade.

Com Hieron II (275-216 A.C.) a cidade encontra seu grande momento de prosperidade econômica e cultural. É a época em que vive Arquimedes. A cidade perde sua importância após a derrota para os romanos, quando é vítima de violentos saques. Em 878, a cidade é novamente destruída, desta vez pelos árabes, e daquele momento em diante Palermo torna-se a capital da Sicília.

Fonte: http://gatopeleque.blogspot.com
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