sexta-feira, 25 de maio de 2007

Em Maio Passado III

Fazia muito frio em maio passado,
Meus ossos expostos,
Um a um eram contados e cerrados,
E contradiziam a razão,
Contradiziam os últimos estágios da vida,
E bendiziam os passos finais em sentido ao flagelo,
E meu nome era Flagelo...
Os cobertores não eram suficientes,
O pão era desnecessário,
O amor era algo distante,
Distante ao ponto de não podê-lo enxergar,
Dele conhece,
Ou ao menos sonhar,
E a loucura sentada em minha frente,
Com as bagagens de trinta e sete anos.
O sentido era tão fragmentado que se perdia na ausência de sentido,
O torpor e a embriaguez de meu espírito,
Que se saciavam com os últimos goles,
Que se separam há muito do primeiro,
O hálito de enxofre anunciava minha presença no inferno,
E mesmo no inverno,
Minha pele ardia,
Num suplicio final,
Só me restava partir...
Ou dizer não...
E eu disse não.
Ao menos por hoje...
EM MAIO PASSADO FOI A PRIMEIRA VEZ QUE DESISTI DE MORRER.
UM ANO SEM ALCOOL.
Sérgio Ildefonso