segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A origem do baralho

A origem do baralho, assim como a da maioria dos jogos de cartas hoje conhecidos, suscitam dúvidas nos historiadores. Alguns dizem que as primeiras cartas surgiram no século X a. C., no Oriente Médio, outros preferem a versão de que a origem, na verdade, é da China: um pedido do imperador Sehum-Ho que deseja presentear uma de suas namoradas.

As cartas de jogar surgiram no século 9, na China. Essas cartas chinesas antigas eram “cartas de dinheiro”, e tinham quatro naipes: moedas, filas de moedas, miríades de filas e dezenas de miríades. Eram representados por ideogramas com números de 2 a 9 nos três primeiros naipes e de 1-9 no naipe “dezenas de miríades”. Por utilizar dinheiro nas figuras, foi sugerido que tais cartas podem ter sido papel-moeda.

Acredita-se que o baralho foi inventado pelo pintor francês Jacquemin Gringonneur, sob encomenda do rei Carlos VI de França. Gringonneur desenvolveu as cartas do jogo de forma que representassem as divisões sociais da França através de seus naipes: copas para representar o clero, ouro para a burguesia (formada sobretudo por comerciantes), espadas para os militares e paus para os camponeses. A primeira versão tinha 78 cartas. Mais tarde, atribuíram-se significados específicos às cartas com figuras, representando personalidades históricas e bíblicas.

São elas:

* Rei de Ouros - Júlio César, geralmente portando um machado que simboliza as legiões romanas
* Rei de Espadas - o rei israelita Davi
* Rei de Copas - o rei Carlos Magno
* Rei de Paus - Alexandre, o Grande
* Dama de Ouros - Raquel, filha de Labão e uma das esposas de Jacó, neto de Abraão
* Dama de Espadas - A deusa grega Atena
* Dama de Copas - Judite, personagem bíblica
* Dama de Paus - Elizabeth I de Inglaterra
* Valete de Ouros - sir Heitor membro da Távola Redonda
* Valete de Espadas - Hogier, primo de Carlos Magno
* Valete de Copas - La Hire, cavaleiro que lutou com Joana D’Arc
* Valete de Paus - sir Lancelot

Há controvérsias sobre a introdução das cartas na Europa. É provável que os precursores do baralho moderno tenham chegado através dos Mamelucos do Egito, no fim dos anos 1300. A forma do baralho já era bem semelhante ao atual, com quatro naipes (bastão de pólo, moedas, espadas e copos).

Cada naipe continha 10 cartas numeradas e três cartas da côrte: Rei, Vice-Rei e Deputado. As cartas mamelucas não mostravam figuras humanas nas cartas da côrte, mas faziam menção a oficiais militares.

A antiguidade das cartas

Nos jogos antigos, o Rei era sempre a carta mais alta, mas com o tempo, uma significância maior foi colocada na carta mais baixa, a esta altura já chamada de Ás, que às vezes tornava-se a carta de mais alto valor, tornando o dois a mais baixa. Este conceito pode ter sido ajudado pela Revolução Francesa, onde o Ás assumiria o mais alto valor numa simbologia das classes inferiores atingindo maior importância que a realeza.

A marcação das cartas nos cantos veio a facilitar o manuseio, mas só se estabeleceu em definitivo no final do século 18. Nesta época, a carta da côrte com mais baixo valor era o Servo (“Knave”), com abreviatura “Kn”, o que gerava confusão com a abreviatura do Rei (“K”). Em um jogo da época chamado All-fours, o Knave era também apelidado de Jack, e com a confusão estabelecida com o uso de índices com abreviatura, mudou-se o nome do servo para “Jack” e a abreviatura para “J” (o nosso valete).

A isto seguiu-se a invenção das cartas reversíveis, na França, em 1745, por um fabricante local. Mas como o governo francês controlava o design das cartas, isso foi proibido. Mas nos outros locais da Europa e também nos EUA, a idéia acabou se espalhando. As cartas reversíveis vieram a diminuir a chance de alguém espiar o outro jogador invertendo uma carta para visualizar melhor, na tentativa de ver algo, pois agora não importava mais a posição da carta.

O Coringa foi uma inovação americana. Alastrou-se para a Europa juntamente com o poker. Apesar da figura lembrar um bobo-da-corte, acredita-se que não exista relação, até pela origem distinta. Não são usados em muitos jogos, e frequentemente são utilizados como propaganda do logotipo do fabricante.

No século 20, com a invenção de um método para cobrir as cartas de papel com uma camada plastificada, este tipo de baralho tornou-se o dominante até os dias de hoje, com uma durabilidade acentuada. Cartas inteiramente feitas de plástico foram desenvolvidas, e duram ainda mais.

No final do século 14, o uso do baralho rapidamente se espalhou pela Europa, comprovado por documentos advindos da época na Espanha, Suíça, Florença e Paris. Um livro de contabilidade de uma duquesa de Luxemburgo comprovava a compra de um baralho, com data de entrada de 14 de maio de 1379.

As cartas da época eram feitas à mão, praticamente esculpidas em alto relevo em blocos de madeira, o que as tornavam caras. Por sorte, não muito tempo depois ocorreu o advento da imprensa, por volta de 1400. Mesmo assim, as cartas esculpidas chegavam a competir com as imagens religiosas, como o uso mais comum da madeira.

Na Europa do século 15, os naipes variavam. Podiam chegar a ser cinco. Na Alemanha, eram copas, sinos, folhas e bolotas, e ainda são utilizados em alguns jogos até hoje. Na Itália e na Espanha, cartas do século 15 eram dos naipes espadas, batons, copos e moedas. O Tarô surgiu na Itália também no século 15.

Os quatro naipes de hoje

Os quatro naipes atuais - espadas, copas, ouros e paus - surgiram na França em aproximadamente 1480. O naipe de paus foi uma evolução da bolota alemã, assim como as espadas surgiram das folhas. As cartas da côrte também foram alteradas por volta desta época, para representar a sociedade européia.

Originalmente eram o Rei, o Cavaleiro e o “Knave” (Servo). A dama surgiu na Alemanha, onde as cartas eram Dama, Rei, Cavaleiro e Valete. Cartas feitas na cidade de Rouen, na França, tornaram-se então o padrão inglês, e cartas feitas em Paris viraram o padrão francês, isso por volta de 1500. No final, houve predominância do padrão parisiense.

A palavra naipe significa “tipo”, “família”, “estilo”, etc. No Brasil, também é usada como gíria, como no contexto a seguir: “olha o naipe daquele cara” significando: “olha o estilo peculiar daquele sujeito”.

Naipes franceses

O baralho francês tornou-se padrão depois da Renascença. Substituiu o cavaleiro pela dama (representação da rainha). É o mais utilizado nos países de língua portuguesa, onde adotaram-se os naipes franceses, mas com os nomes baseados no baralho espanhol. Além disso, as cartas “reais” têm iniciais em inglês: K (de King, Rei), Q (de Queen, Dama ou Rainha) e J (de Jack, Valete). Os naipes são:

imagens Paus, em francês trèfles (trevos). Conhecido também como “trevo” ou “arvorezinha” (informal);
imagens Copas, em francês coeurs (corações). Admite as variações no nome: “taça” ou “coração”;
imagens Espadas, piques (pontas de lança ou pinhões). Variações em português: “espadilha”, “seta”, “lança”, ou, informalmente, “punhal”;
imagens Ouros, carreaux (losangos). Chamado tamém de “losango” ou “diamante”, ou, informalmente, “balãozinho”.

Fontes: http://blog.jogatina.com/archives/a-historia-do-baralho-a-origem; Wikipedia.

Anatole France

Com um estilo fluente, cético e sarcástico, Anatole France foi um dos literatos mais característicos de sua época, acerbo na crítica aos costumes e instituições.

Jacques-Anatole-François Thibault, que optou pelo pseudônimo de Anatole France, nasceu em Paris em 16 de abril de 1844. Filho de um livreiro, desde cedo recebeu sólida formação humanística e estreou com os versos parnasianos de Poèmes dorés (1873; Poemas dourados).

Seu ceticismo tomou forma com os primeiros romances: Le Crime de Sylvestre Bonnard (1881; O crime de Sylvestre Bonnard), sobre um filólogo perplexo ante a vida cotidiana; La Rôtisserie de la reine Pédauque (1893; A rotisseria da rainha Pédauque), que zomba do ocultismo; e Les Opinions de Jérôme Coignard (1893; As opiniões de Jérôme Coignard), crítica das instituições do estado.

Sua ligação com Madame Arman de Caillavet inspiraram-lhe os romances históricos Thaïs (1890), ambientado no antigo Egito, e Le Lys rouge (1894; O lírio vermelho), que se passa em Florença.

Uma profunda mudança na obra de Anatole manifestou-se nos quatro volumes de L'Histoire contemporaine (1897-1901). As intrigas da vida provinciana são descritas nos três primeiros: L'Orme du mail (1897; O olmo do passeio público), Le Mannequin d'osier (1897; O manequim de vime) e L'Anneau d'améthyste (1899; O anel de ametista). O último volume, Monsieur Bergeret à Paris (1901; Monsieur Bergeret em Paris) é a história do próprio Anatole, que assumira a defesa de Alfred Dreyfus.

As preocupações sociais, a partir de 1900, transparecem nas obras de Anatole. A comédia Crainquebille (1903) proclama a hostilidade à ordem burguesa, que o levaria a aderir ao socialismo e a revelar simpatia pelo comunismo. Contudo, L'Île des pingouins (1908; A ilha dos pingüins) e Les Dieux ont soif (1912; Os deuses têm sede) não demonstram muita convicção no advento de uma sociedade fraterna, enquanto La Révolte des anges (1914; A revolta dos anjos) imagina uma campanha dos anjos caídos contra o paraíso.

A primeira guerra mundial reforçou o pessimismo do autor, levando-o a buscar refúgio em reminiscências da infância. Eleito para a Académie Française em 1896, Anatole France recebeu o Prêmio Nobel de literatura em 1921 e morreu em sua casa de campo La Béchellerie, em Saint-Cyr-sur-Loire, em 12 de outubro de 1924.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.