A
origem do baralho, assim como a da maioria dos jogos de cartas hoje
conhecidos, suscitam dúvidas nos historiadores. Alguns dizem que as
primeiras cartas surgiram no século X a. C., no Oriente Médio, outros
preferem a versão de que a origem, na verdade, é da China: um pedido do
imperador Sehum-Ho que deseja presentear uma de suas namoradas.
As cartas de jogar surgiram no século 9, na China. Essas cartas chinesas
antigas eram “cartas de dinheiro”, e tinham quatro naipes: moedas,
filas de moedas, miríades de filas e dezenas de miríades. Eram
representados por ideogramas com números de 2 a 9 nos três primeiros
naipes e de 1-9 no naipe “dezenas de miríades”. Por utilizar dinheiro
nas figuras, foi sugerido que tais cartas podem ter sido papel-moeda.
Acredita-se que o baralho foi inventado pelo pintor francês Jacquemin
Gringonneur, sob encomenda do rei Carlos VI de França. Gringonneur
desenvolveu as cartas do jogo de forma que representassem as divisões
sociais da França através de seus naipes: copas para representar o
clero, ouro para a burguesia (formada sobretudo por comerciantes),
espadas para os militares e paus para os camponeses. A primeira versão
tinha 78 cartas. Mais tarde, atribuíram-se significados específicos às
cartas com figuras, representando personalidades históricas e bíblicas.
São elas:
* Rei de Ouros - Júlio César, geralmente portando um machado que simboliza as legiões romanas
* Rei de Espadas - o rei israelita Davi
* Rei de Copas - o rei Carlos Magno
* Rei de Paus - Alexandre, o Grande
* Dama de Ouros - Raquel, filha de Labão e uma das esposas de Jacó, neto de Abraão
* Dama de Espadas - A deusa grega Atena
* Dama de Copas - Judite, personagem bíblica
* Dama de Paus - Elizabeth I de Inglaterra
* Valete de Ouros - sir Heitor membro da Távola Redonda
* Valete de Espadas - Hogier, primo de Carlos Magno
* Valete de Copas - La Hire, cavaleiro que lutou com Joana D’Arc
* Valete de Paus - sir Lancelot
Há controvérsias sobre a introdução das cartas na Europa. É provável que
os precursores do baralho moderno tenham chegado através dos Mamelucos
do Egito, no fim dos anos 1300. A forma do baralho já era bem semelhante
ao atual, com quatro naipes (bastão de pólo, moedas, espadas e copos).
Cada naipe continha 10 cartas numeradas e três cartas da côrte: Rei,
Vice-Rei e Deputado. As cartas mamelucas não mostravam figuras humanas
nas cartas da côrte, mas faziam menção a oficiais militares.
A antiguidade das cartas
Nos jogos antigos, o Rei era sempre a carta mais alta, mas com o tempo,
uma significância maior foi colocada na carta mais baixa, a esta altura
já chamada de Ás, que às vezes tornava-se a carta de mais alto valor,
tornando o dois a mais baixa. Este conceito pode ter sido ajudado pela
Revolução Francesa, onde o Ás assumiria o mais alto valor numa
simbologia das classes inferiores atingindo maior importância que a
realeza.
A marcação das cartas nos cantos veio a facilitar o manuseio, mas só se
estabeleceu em definitivo no final do século 18. Nesta época, a carta da
côrte com mais baixo valor era o Servo (“Knave”), com abreviatura “Kn”,
o que gerava confusão com a abreviatura do Rei (“K”). Em um jogo da
época chamado All-fours, o Knave era também apelidado de Jack, e com a
confusão estabelecida com o uso de índices com abreviatura, mudou-se o
nome do servo para “Jack” e a abreviatura para “J” (o nosso valete).
A isto seguiu-se a invenção das cartas reversíveis, na França, em 1745,
por um fabricante local. Mas como o governo francês controlava o design
das cartas, isso foi proibido. Mas nos outros locais da Europa e também
nos EUA, a idéia acabou se espalhando. As cartas reversíveis vieram a
diminuir a chance de alguém espiar o outro jogador invertendo uma carta
para visualizar melhor, na tentativa de ver algo, pois agora não
importava mais a posição da carta.
O Coringa foi uma inovação americana. Alastrou-se para a Europa
juntamente com o poker. Apesar da figura lembrar um bobo-da-corte,
acredita-se que não exista relação, até pela origem distinta. Não são
usados em muitos jogos, e frequentemente são utilizados como propaganda
do logotipo do fabricante.
No século 20, com a invenção de um método para cobrir as cartas de papel
com uma camada plastificada, este tipo de baralho tornou-se o dominante
até os dias de hoje, com uma durabilidade acentuada. Cartas
inteiramente feitas de plástico foram desenvolvidas, e duram ainda mais.
No final do século 14, o uso do baralho rapidamente se espalhou pela
Europa, comprovado por documentos advindos da época na Espanha, Suíça,
Florença e Paris. Um livro de contabilidade de uma duquesa de Luxemburgo
comprovava a compra de um baralho, com data de entrada de 14 de maio de
1379.
As cartas da época eram feitas à mão, praticamente esculpidas em alto
relevo em blocos de madeira, o que as tornavam caras. Por sorte, não
muito tempo depois ocorreu o advento da imprensa, por volta de 1400.
Mesmo assim, as cartas esculpidas chegavam a competir com as imagens
religiosas, como o uso mais comum da madeira.
Na Europa do século 15, os naipes variavam. Podiam chegar a ser cinco.
Na Alemanha, eram copas, sinos, folhas e bolotas, e ainda são utilizados
em alguns jogos até hoje. Na Itália e na Espanha, cartas do século 15
eram dos naipes espadas, batons, copos e moedas. O Tarô surgiu na Itália
também no século 15.
Os quatro naipes de hoje
Os quatro naipes atuais - espadas, copas, ouros e paus - surgiram na
França em aproximadamente 1480. O naipe de paus foi uma evolução da
bolota alemã, assim como as espadas surgiram das folhas. As cartas da
côrte também foram alteradas por volta desta época, para representar a
sociedade européia.
Originalmente eram o Rei, o Cavaleiro e o “Knave” (Servo). A dama surgiu
na Alemanha, onde as cartas eram Dama, Rei, Cavaleiro e Valete. Cartas
feitas na cidade de Rouen, na França, tornaram-se então o padrão inglês,
e cartas feitas em Paris viraram o padrão francês, isso por volta de
1500. No final, houve predominância do padrão parisiense.
A palavra naipe significa “tipo”, “família”, “estilo”, etc. No Brasil,
também é usada como gíria, como no contexto a seguir: “olha o naipe
daquele cara” significando: “olha o estilo peculiar daquele sujeito”.
Naipes franceses
O baralho francês tornou-se padrão depois da Renascença. Substituiu o
cavaleiro pela dama (representação da rainha). É o mais utilizado nos
países de língua portuguesa, onde adotaram-se os naipes franceses, mas
com os nomes baseados no baralho espanhol. Além disso, as cartas “reais”
têm iniciais em inglês: K (de King, Rei), Q (de Queen, Dama ou Rainha) e
J (de Jack, Valete). Os naipes são:
Paus, em francês
trèfles (trevos). Conhecido também como “trevo” ou “arvorezinha” (informal);
Copas, em francês
coeurs (corações). Admite as variações no nome: “taça” ou “coração”;
Espadas,
piques (pontas de lança ou pinhões). Variações em português: “espadilha”, “seta”, “lança”, ou, informalmente, “punhal”;
Ouros,
carreaux (losangos). Chamado tamém de “losango” ou “diamante”, ou, informalmente, “balãozinho”.
Fontes: http://blog.jogatina.com/archives/a-historia-do-baralho-a-origem; Wikipedia.