segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Hans Christian Andersen


Com seu extraordinário talento para criar encantadores contos infantis, Andersen conquistou reconhecimento mundial e estimulou a imaginação de um sem-número de crianças e adultos.

Hans Christian Andersen nasceu em Odense, Dinamarca em 2 de abril de 1805, filho de um sapateiro e uma lavadeira. Menino sensível, preferia entreter-se sozinho e inventar histórias a brincar com outras crianças. Quando tinha 11 anos, seu pai morreu.

As dificuldades financeiras forçaram-no a tentar um ofício, mas sua índole introspectiva e delicada tornava-o alvo de zombaria entre os colegas. Aos 14 anos foi para Copenhague, disposto a fazer carreira no teatro, como cantor, dançarino ou ator. Conseguiu um lugar como extra, mas a inaptidão para essas artes levou-o a ser dispensado pouco depois. Nesse meio tempo obtivera a estima de alguns escritores e compositores, que o protegeram nas grandes privações materiais e forneceram-lhe meios, em 1828, de entrar para a universidade e completar os estudos.

Escreveu poemas, peças e romances, que não foram bem recebidos, embora conseguisse publicar dois livros. A situação material mais folgada permitiu-lhe viajar pela Europa e, em 1833, uma ida à Itália proporcionou-lhe a inspiração para Improvisatoren (O improvisador), primeiro romance de sucesso. Escreveu então suas primeiras quatro histórias para crianças, publicadas em 1835 em Eventyr og historier (Contos de fadas e histórias). Até 1872 continuou a publicar contos infantis (um total de 168 em cinco séries), que seriam traduzidos para mais de oitenta línguas e lhe trariam imensa fama.

Com estilo vivo e ágil, recriou em seus contos o folclore da Dinamarca e dos países que visitou. Os elementos fantásticos predominam, mesclados às vezes a um toque de amargura. Se algumas histórias revelam crença otimista na vitória da bondade e da beleza, outras são de profundo pessimismo. Não faltam também o humor e a sátira às fraquezas humanas. O componente autobiográfico apresenta-se na maior delas, como em "O patinho feio" e "O soldadinho de chumbo", embora todas sejam sobre problemas humanos universais.

Com toda razão Andersen deu a uma de suas duas autobiografias o título de Mit lyvs eventyr (O conto de fadas de minha vida). Do período inicial com enormes dificuldades à posição de escritor mundialmente reconhecido e estimado, a trajetória de sua vida lembra suas histórias de meninos pobres e humilhados que se transformam em príncipes. Andersen morreu em Copenhague em 4 de agosto de 1875.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

O sacrilégio

No fim de quinze dias de namoro, ele veio com a idéia:

— Sabe de uma coisa? Preciso te apresentar à mamãe.

— Quando?

Ele pensou um pouco:

— Que tal amanhã?

— Ótimo!

Combinaram então, de pedra e cal, que seria no dia seguinte, de qualquer maneira. Desde que se conheciam e se namoravam que Márcio quase só falava na santa senhora. Era mamãe pra cá, mamãe pra lá. E afirmava mesmo, num desafio a qualquer outra opinião em contrário:

— A melhor mãe do mundo é a minha. Só vendo!

E de tanto ouvir falar na futura sogra, Osvaldina fazia a reflexão meio irritada: “Ora bolas! Pensa que só a mãe dele presta e as outras não!”. Fosse como fosse, preparou-se para conhecer uma senhora tão exaltada nas suas virtudes esplêndidas. Antes, Márcio, atarantado, fez-lhe mil e uma advertências: “Batom não, meu anjo! Mamãe não gosta de pintura”. E, já a caminho, ele teve outra lembrança: “Nada de gíria, porque mamãe não tolera gíria”. Enfim, conheceram-se a nora e a sogra. O filho precipitava-se a todo momento:

— Não senta aí, não, mamãe. Faz golpe de ar!

AS DUAS

Inicialmente, a velha, sem dizer uma palavra, e sem nenhuma cordialidade aparente, imobilizou a pequena com um desses olhares implacáveis, que parecem despir a pessoa, virá-la pelo avesso. Em seguida, em tom seco e inapelável de ordem, disse:

— Sente-se.

E, com o rosto impassível, inescrutável, foi fazendo perguntas sobre perguntas. Antes de mais nada, quis saber se Osvaldina era religiosa. A menina, presa de uma inibição mortal, admitiu:

— Acredito em Deus, mas não sou carola.

E a velha:

— Que bobagem é essa? Não é carola por quê? Pois devia . ser carola!

Osvaldina, atônita, tinha vontade de se enfiar pelo chão adentro:

— Eu? — balbuciou.

— Claro, evidente! É alguma desonra ser carola? Diga? É? Ora veja!

Depois de duas horas de conversa, em que a futura sogra se serviu dela e a desfrutou, de alto a baixo, sem o menor tato ou contemplação, Osvaldina saiu de lá desorientada. E quando ela e Márcio tomaram o ônibus, a pequena teve um suspiro:

— Santa Bárbara!

Márcio, sem perceber a depressão pavorosa da namorada, deu largas ao seu entusiasmo de filho e fã:

— É ou não é o que te disse? A melhor mãe do mundo? Batata!

O TRIO

Quando começaram a procurar apartamento para casar, Márcio fez a advertência:

— Olha, rua de bonde não serve porque mamãe tem sono muito leve. Acorda com qualquer barulho.

Osvaldina caiu das nuvens:

— Quer dizer, então, que ela vai morar com a gente?

E ele, quase ofendido com a pergunta:

— Mas claro! Então, você acha o quê? Que eu ia abandonar minha mãe? E sofrendo do coração? Nem que o mundo viesse abaixo!

Osvaldina suspirou apenas. Mas sua decepção foi uma coisa tremenda. Mais tarde, contaria em casa a novidade. Foi um deus-nos-acuda. Disseram francamente:

— Sogra e nora morando juntas é espeto!

Osvaldina admitiu, atribuladíssima:

— Eu também acho! Eu também acho!

Passaram-se dois ou três dias. E, então, a pequena, em conversa com o namorado, propõe o problema.

— Tua mãe vai morar com a gente. E quem vai ser a dona de casa?

— Ela.

— Como?

Márcio explodiu:

— Mas carambolas! Então, você acha que minha mãe, uma senhora, vai receber ordens de uma garota como você? Que diabo! Será que você não pensa, não raciocina?

PRIMEIRA NOITE

Houve um momento em que, quase, quase, Osvaldina mandou o namorado passear. Mas a verdade é que o amava com um desses amores de fado, uma dessas paixões que escravizam a mulher. Aceitou a coabitação com a sogra, teve a exclamação fatalista e melancólica:

— Seja o que Deus quiser!

Casaram-se. Ela desejaria, no seu fervor de noiva, uma lua-de-mel fora, num hotel de montanha. Ele, porém, a desiludiu positivamente:

— E a mamãe? Você se esquece da mamãe? Imagine se, em casa, sozinha, ela tem uma coisa, imagine!

Novo suspiro de Osvaldina:

— Paciência!

Para que negar? Essas coisas a enfureciam, a prostravam. Mas enfim casaram-se e a lua-de-mel foi mesmo no apartamento. Na primeira noite, aconteceu apenas o seguinte: à uma hora da manhã, despedido o último convidado, os recém-casados recolheram-se, no deslumbramento que se pode imaginar. Era o momento em que tanto um como o outro podiam dizer: “Enfim, sós”. A primeira providência de Márcio foi fechar a luz principal do quarto. Ficou acesa apenas a lâmpada discreta, na mesinha-de-cabeceira. Então, o noivo, estreitando a pequena nos braços, delirou:

— Meu anjinho!

Sua mão correu por debaixo da camisola até o joelho ou pouco acima.

Foi neste momento, precioso e inesquecível, que bateram na porta. Era, como não podia deixar de ser, d. Violeta. O filho instantaneamente desligou-se do seu próprio êxtase, arremessou-se. Osvaldina trincou os dentes; fez o comentário interior: “Velha miserável!”. E Márcio, aflito, atendia a d. Violeta.

Simplesmente ela abusara de doces, de camarões, de carne de porco, na festa do casamento. Torcia-se, agora. O filho desesperado pôs a mão na cabeça:

— Eu não disse à senhora para não comer camarão? A senhora é teimosa que Deus te livre!

O pobre-diabo foi botar a capa de borracha em cima do pijama para comprar elixir paregórico. Quis que, enquanto isso, a noiva ficasse com d. Violeta. A pequena, porém, de bruços na cama, num desespero tremendo, disse, entredentes:

— Não fico com tua mãe coisa nenhuma! Eu vou é dormir!

O FUROR

Osvaldina ficou abandonada no quarto, numa solidão de viuvez, ao passo que o marido se desvelava à cabeceira materna. A sogra interrompia seus ais para fazer a observação ressentida: “Tua mulher nem pra saber se eu morri!”. De fato, a menina jamais perdoou, nem à sogra, nem ao marido, o naufrágio da primeira noite nupcial. Foi franca:

— Meu filho, nossa lua-de-mel foi-se por água abaixo!

Ele protestava:

— Deixa de ser espírito de porco! Teu gênio é de amargar!

Então, as duas instalaram, naquele apartamento, um inferno. Está claro que, prestigiada pelo filho, d. Violeta levava sempre a melhor. E Márcio, entre os dois fogos, virava-se para a mulher:

— Você tem assinatura com minha mãe!

Osvaldina não podia ouvir um programa de rádio, porque d. Violeta irrompia, lá de dentro, para mudar de estação. As humilhações, as incompatibilidades, os desacatos eram tantos que, um dia, chorando, a nora colocou o problema nos seguintes termos histéricos:

— Uma de nós duas tem que morrer!

Semelhante declaração transpassou Márcio. Ele recuou dois passos, de olhos esbugalhados. Dir-se-ia que a mulher era um chacal, uma hiena. Quis que Osvaldina, imediatamente, pedisse perdão pela blasfêmia. Ela foi irredutível, no seu rancor. E, de noite, honestamente ressentido, o rapaz, muito sereno e viril, comunicou-lhe:

— De hoje em diante, durmo na sala.

E ela:

— Ótimo. É melhor assim.

DESENLACE

Durante umas duas semanas, com integral apoio materno, dormiu na sala. Já d. Violeta, exultante com o incidente, soprava ao ouvido do filho que “o negócio era separação”. Todos os dias, com método, com técnica, a velha punha mais lenha no ressentimento do rapaz, açulava o seu rancor. E ele já não olhava mais para a mulher. Fazia questão de ignorar a sua existência. Com os amigos, perdera as cerimônias; confessava: “A situação lá em casa está braba”. Pausa e admitia: “Acho que vou me separar de fulana”.

No dia, porém, em que ia procurar um advogado amigo para tratar do desquite, foi chamado às pressas. Voou para casa. Um desses edemas agudíssimos e inapeláveis fulminou d. Violeta. Morreu nos braços do filho. Osvaldina, que estava perto, fez seus cálculos: “É agora que ele se atira do décimo sexto andar”.

Mas não, Márcio chorou e sentiu, não há dúvida. Menos, porém, do que ele próprio poderia esperar. E tanto que, enquanto vestiam a defunta, o rapaz, na sala, choroso, surpreendeu-se a fazer uma coisa detestável e quase sacrílega.

Pois não é que, sem sentir, sem querer, estava admirando a mulher, o corpo, a curva do quadril, como se visse Osvaldina pela primeira vez? Quis desviar o pensamento para rumos mais piedosos e fúnebres. Todavia, o encanto continuava.

Espantado, apertando na mão o pranteadíssimo lenço, pasmava: “Ora bolas!”.

O fato é que se sentia prodigiosamente outro. Algo se extinguira nele, talvez um medo ou quem sabe? Às três horas da manhã, estavam ele, a esposa e dois ou três parentes, fazendo quarto, à sombra dos quatro círios. De repente, ele não se contém: levanta-se, vai até a porta e chama a mulher.

Osvaldina obedece. E então, no corredor, o rapaz dá-lhe um beijo, rápido e chupado, na boca. Sua mão deslizou, crispando-se numa nádega vibrante. Depois, sem uma palavra, lambendo os beiços, voltou. Trêmulo, de olho rútilo, senta-se entre os parentes que cochilavam.
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A coroa de orquídeas e outros contos de A vida como ela é... / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

H. P. Lovecraft

"A emoção mais forte e mais antiga do homem é o medo, e a espécie mais forte e mais antiga de medo é o medo do desconhecido. Poucos psicólogos contestarão esses fatos e a sua verdade admitida deve firmar para sempre a autenticidade e dignidade das narrações fantásticas de horror como forma literária" (Howard Phillips Lovecraft, O Horror Sobrenatural na Literatura).

Howard Phillips Lovecraft (Providence, Rhode Island, 20 de Agosto de 1890 – 18 de Março de 1937), foi um dos maiores escritores do gênero horror e fantástico de todos os tempos.

Ainda hoje, quase um século depois de sua prematura morte, tem em figuras como Stephen King e Clive Barker seus fiéis admiradores.

Lovecraft nasceu e viveu quase toda sua vida em Providence. Teve uma vida simples do ponto de vista econômico e poucos amigos na vida cotidiana, mas de uma correspondência espantosa (escreveu em torno de 100.000 cartas durante toda sua vida). Ao longo destas correspondências e de seus escritos criou um conjunto de histórias ao qual foi denominada "Mitos de Cthulhu", parte mais significativa de sua obra. Um conjunto de narrativas fantásticas sobre horror e ficção científica que virou uma grande mitologia.

Além de Lovecraft, muitos outros autores se juntaram a ele, nomes como Robert E. Howard, H. R. Barlow, Frank Belknap Long, Robert Block, Clark Ashton Smith e outros; formando o "Círculo de Lovecraft".

Embora admirado por escritores famosos da época e outros amadores; em vida não teve nenhum livro de capa dura publicado, apenas ensaios e contos curtos em revistas populares da época como a "Weird Tales" -, que posteriormente viria a ser muito reconhecida.

Apenas alguns anos depois de sua morte, August Derleth e Donald Wandrei, amigos escritores e admiradores de seu talento criaram uma editora, a "Arkham House" que começou a popularizar a obra do autor. Mas sua grande popularidade só viria em meados da década de oitenta com o RPG "Call of Cthulhu", baseado em um de seus contos.

Com teses e mais teses sobre suas obras, sites a perder de vista e alguns filmes (a maioria ruim - o cinema ainda não descobriu HPL). Apesar de tudo isto e de grandes obras publicadas no passado, ainda é escassa e em certos momentos inexistente no Brasil seus livros, pois a maioria encontra-se esgotada na editoras, sendo encontrado mais em sebos e pequenas livrarias.

Biografia

Lovecraft foi o único filho de Winfield Scott Lovecraft, negociante de jóias e metais preciosos, e Sarah Susan Phillips, vinda de uma família notória que podia traçar suas origens diretamente aos primeiros colonizadores americanos, casados numa idade relativamente avançada para a época. Quando contava três anos, seu pai sofreu uma aguda crise nervosa que deixou seqüelas profundas, obrigando-o a passar o resto de sua vida em clínicas de repouso.

Assim, ele foi criado pela mãe Sarah, por duas tias, e por seu avô, Whipple van Buren Phillips. Lovecraft era um jovem prodígio que recitava poesia aos dois anos e já escrevia seus próprios poemas aos seis. Seu avô encorajou os hábitos de leitura, tendo arranjado para ele versões infantis da Ilíada e da Odisséia, de Homero, e introduzindo-o à literatura de terror, ao apresentar-lhe clássicas histórias de terror gótico.

Lovecraft era uma criança constantemente doente. Seu biógrafo, L. Sprague de Camp, afirmou que o jovem Howard sofria de poiquilotermia, uma raríssima doença que fazia com que sua pele fosse sempre gelada ao toque. Devido aos seus problemas de saúde, ele freqüentou a escola apenas esporadicamente mas lia bastante.

Seu avô morreu em 1904, o que levou a família a um estado de pobreza, em decorrência da incapacidade das filhas de gerenciar os bens deste. Foram obrigados a se mudar para acomodações muito menores e insalubres, o que prejudicou ainda mais a já débil saúde de Lovecraft. Em 1908, ele sofreu um colapso nervoso, acontecimento que impediu-o de receber seu diploma de graduação no ensino médio e, conseqüentemente, complicou sua entrada em uma universidade. Esse fracasso pessoal marcaria Lovecraft pelo resto de seus dias.

Em seus dias de juventude, Lovecraft se dedicou a escrever poesia, mergulhando na ficção de terror apenas a partir de 1917. Em 1923, ele publicou seu primeiro trabalho profissional, Dagon, na revista Weird Tales. Lovecraft junto de Clifford Martin Eddy, Jr., foi um ghostwriter do magazine Weird Tales, para artigos do famoso mágico Harry Houdini, supostamente recrutado como informante ou um agente "Lanterna " para o spymaster um dos fundadores em 1909, do MI6, serviço secreto inglês William Melville, conhecido como "M" e acrônimo Maskmelin, da organização secreta The Seven Circle, ao que parece encobertada através de uma inocente publicação editada pelo amigo de Lovecraft, o editor da Weird Tales Walter Brown Gibson, do American Circle Magic e criador do personagem The Shadow. Sua mãe nunca chegou a ver nenhum trabalho do filho publicado, tendo morrido em 1921, após complicações em uma cirurgia.

Lovecraft trabalhou como jornalista por um curto período, durante o qual conheceu Sonia Greene, com quem viria a casar. Ela era judia natural da Ucrânia, oito anos mais velha que ele, o que fez com que sua tias protestassem contra o casamento. O casal mudou-se para o Brooklyn, na cidade de Nova Iorque, cidade que Lovecraft nunca gostou. O casamento durou poucos anos e, após o divórcio amigável, Lovecraft regressou a Providence, onde moraria até morrer.

O período imediatamente após seu divórcio foi o mais prolífico de Lovecraft, no qual ele se correspondia com vários escritores estreantes de horror, ficção e aventura. Entre eles, seu mais ávido correspondente era Robert E. Howard, criador de Conan o Bárbaro. Algumas das suas mais extensas obras, Nas Montanhas da Loucura e O Caso de Charles Dexter Ward, foram escritas nessa época.

Seus últimos anos de vida foram bastante difíceis. Em 1932, sua amada tia Lillian Clark, com quem ele vivia, faleceu. Lovecraft mudou-se para uma pequena casa alugada com sua tia e companhia remanescente, Annie Gamwell, situada bem atrás da biblioteca John Hay. Para sobreviver, considerando-se que seus próprios textos aumentavam em complexidade e número de palavras (dificultando vendas), Lovecraft apoiava-se como podia em revisões e "ghost-writing" de textos assinados por outros, inclusive poemas e não-ficção.

Em 1936, a notícia do suicídio de seu amigo Robert E. Howard deixou-o profundamente entristecido e abalado. Nesse ano, a doença que o mataria (câncer no intestino) já avançara o bastante para que pouco se pudesse fazer contra ela. Lovecraft suportou dores sempre crescentes pelos meses seguintes, até que em 10 de março de 1937 viu-se obrigado a se internar no Hospital Memorial Jane Brown. Ali morreria cinco dias depois. Contava então 46 anos de idade.

Howard Phillips Lovecraft foi enterrado no dia 18 de março de 1937, no cemitério Swan Point, em Providence, no jazigo da família Phillips. Seu túmulo é o mais visitado do local, mas passaram-se décadas sem que seu túmulo fosse demarcado de forma exclusiva. No centenário de seu nascimento, fãs norte-americanos se cotizaram para inaugurar uma lápide definitiva, que exibe a frase "Eu sou Providence", extraída de uma de suas cartas.

Obra

Muitos dos trabalhos de Lovecraft foram diretamente inspirados por seus constantes pesadelos, o que contribuiu para a criação de uma obra marcada pelo subconsciente e pelo simbolismo. As suas maiores influências foram Edgar Allan Poe, por quem Lovecraft nutria profunda afeição, e Lord Dunsany, cujas narrativas de fantasia inpiraram as suas histórias em terras de sonho.

Suas constantes referências, em seus textos, a horrores antigos e a monstros e divindades ancestrais acabaram por gerar algo análogo a uma mitologia, hoje vulgarmente chamada Cthulhu Mythos, contendo vários panteões de seres extradimensionais tão poderosos que eram ou podiam ser considerados deuses, e que reinaram sobre a Terra milhões de anos atrás. Entre outras coisas, alguns dos seres teriam sido os responsáveis pela criação da raça humana e teriam uma intervenção directa em toda a história do universo.

A expressão Cthulhu Mythos foi criada, após a morte de Lovecraft, pelo escritor August Derleth, um dos muitos escritores a basearem suas histórias nos mitos deste. Lovecraft criou também um dos mais famosos e explorados artefactos das histórias de terror, o Necronomicon, um fictício livro de invocação de demônios escrito pelo, também fictício, Abdul Alhazred, sendo até hoje popular o mito da existência real deste livro, fomentado especialmente pela publicação de vários falsos Necronomicons e por um texto, da autoria do próprio Lovecraft, explicando a sua origem e percurso histórico.

Fontes: Wikipédia - Lovecraft; Vida e Obra de H. P. Lovecraft.