O século XIX registrou importantes mudanças no mundo e no Brasil. Enquanto na Europa a Revolução Industrial alterou todo o Panorama Social e Econômico do continente, no Brasil a chegada da Família Real, a Abertura dos Portos, a Independência, o Segundo Reinado, a Industrialização, o café e a chegada dos imigrantes, entre vários outros fatores, introduziram inovações que identificam o século passado.
O ecletismo é a expressão arquitetônica deste período, em especial das últimas décadas do século XIX.
No Sul do Brasil, onde a imigração de alemães, italianos e poloneses foi mais intensa, registra-se importante contribuição dos países de origem destes imigrantes na arquitetura eclética regional.
Dentre essas contribuições, talvez a mais notável é a proporcionada por grandes casarões assobradados dotados de frontões imponentes voltados para a rua principal.
Dentre outras cidades, Itajaí guarda excepcional conjunto de edifícios ecléticos assobradas, representados pela "Casa Malburg", "Casa Burghardt" e "Casa Konder". Todos possuem como característica comum os frontões ornamentados, apresentando fachada para a então rua principal, mas sem descuidar de ampla paisagem para o rio, onde atracavam os navios e desenvolvia-se o comércio.
Enquanto a Casa Konder é mais austera, neo-clássica, as casas Burghardt e Malburg impõe-se com dimensões, curvas e ornamentos que até então as cidades brasileiras haviam visto apenas nos frontões das igrejas.
A Casa Burghadt, edificada em 1904, mais antiga que a Malburg, evidencia um modelo que serviu de base para a segunda. Possui a fachada ornamentada com motivos clássicos e quatro frontões, um em cada lateral do edifício, influência sem dúvida da arquitetura urbana germânica.
No pavimento térreo, a ornamentação se inspira em modelo clássico, imitando uma parede de pedra, no segundo pavimento "o plano nobre" é ornado com sequência de pilastras gêmeas e o terceiro pavimento é formado por poderoso frontão que lembra o barroco da arquitetura religiosa luso-brasileira.
Internamente o edifício é esmerado, guardando decoração de paredes, pisos, forros e esquadrias, além de generosa vista para o Rio Itajaí-Açú. Trata-se de um dos mais expressivos edifícios ecléticos de Santa Catarina, com importância rcdobrada por estar inserido no conjunto urbano da Rua Lauro Muller/Pedro Ferreira, marco do nascimento e do desenvolvimento de Itajaí.
Texto: Dalmo Vieira Filho (Ex-Diretor de Patrimônio Cultural do Estado de Santa Catarina, arquiteto, professor da Universidade Federal de Santa Catarina); Ilustração: Lindinalva Deóla da Silva
Algumas páginas sobre edíficios históricos de Itajaí:
Asilo Dom Bosco, Banco Inco, Bangalô, Bar Dinamarca, Bauer e Cia, Café Democrático, Caixa da Sociedade Beneficente dos Estivadores, Capelinha de Cabeçudas, Casa Agostinho Alves Ramos, Casa Alberto Werner, Casa Almeida e Voigt, Casa Amaral, Casa Asseburg, Casa Bonifácio Schmitt, Casa Bruno Malburg, Casa Cesário, Casa da Família João Bauer, Casa das Irmãs da Imaculada Conceição, Casa Jacob Bauer, Casa Konder, Casa Lauro Müller, Casa Popular da Vila Operária, Casa Primo Uller, Casa Rauert, Casarão Burghardt, Casarão da Família Fontes, Casarão Malburg, Casarão Olímpio Miranda, Casarão Peiter, Cia. Fábrica de Papel Itajaí, Colégio São José, Edifício da Fiscalização dos Portos, Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, Farmácia Brasil, Ginásio Itajaí, Grupo Escolar Floriano Peixoto, Grupo Escolar Lauro Müller, Grupo Escolar Victor Meirelles, Herbário Barbosa Rodrigues, Hospital Santa Beatriz, Hotel Brazil, Hotel Cabeçudas, Igreja da Imaculada Conceição, Igreja da Vila Operária, Igreja do Santíssimo Sacramento, Igreja Luterana, Mercado Público, Palácio Marcos Konder, Primeira Sede da Municipalidade, Primeira Sede dos Correios, Sociedade dos Atiradores, Sociedade Guarani.
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