"A edificação de um mercado público em Itajaí já possuía passado quando, em 1916, começaram a erguer-se as majestosas paredes do estabelecimento municipal para vendas à varejo de gêneros secos e molhados.
Em 1871, escutando as "súplicas" de seu tempo, o conselheiro (local) Antônio Francisco de Souza Medeiros, empenha-se em convencer seus confrades da Câmara, da necessidade de um mercado público em Itajaí. O Cel. José Henrique Flores, então político atuante, dá seu aval doando um terreno no centro da cidade. O mercado, no entanto, não chegou a materializar-se.
Transcorridos vinte anos, reaparece a idéia. Os conselheiros de então voltam a debruçar-se sobre um novo projeto para o mercado municipal a ser edificado agora, em terreno de marinha que as antigas crônicas locais denominavam "a praia do rio" (atual mercado).
Levada ao povo a "nova" promessa, os que ainda se lembravam da primeira anunciação do mercado disseram um tanto quanto céticos "vamos esperar pra ver". Não viram.
Com o novo século, uma tendência "progressista" vai se insinuando na classe política dn cidade portuária. O superintendente Marcos Konder (1915) toma então "urgentes providências" para que a construção do Mercado seja um fato.
No início de 1916 se delinea a elegante arquitetura do mercado, podendo ser percebido em sua concepção eclética, os imponentes frontões que dominam as quatro faces do edifício e uma variedade de ornamentos externos que em seu conjunto, forneciam ao estabelecimento mercante, não a singeleza das coisas práticas e sim a visão romântica qua ainda permeava a época.
Marcado por visível influência germânica, tendência dominante nas edificações do médio vale do Itajaí, o mercado público local, em contradição, assentava-se numa fração de espaço açoriano. Mas, lá dentro, no pátio interior, com sua fonte central, podia-se pensar por um momento, numa certa influência andaluza que viajou do mundo dito civilizado.
Estão presentes ainda como elementos novos na arquitetura do início do século, vários portões de ferro que fechavam as laterais do edifício, harmoniosamente trabalhados que forneciam ao estabelecimento mercante a leveza de seu artesanato singular.
Finalmente, após várias anunciações, na manhã de de 1° de janeiro de 1917, na antiga "praia do rio", hoje Praça Felix Asseburg, inaugurava-se o mercado municipal. Os que sobreviveram às várias anunciações de um mercado popular em Itajaí, puderam simplesmente arrematar... "já não sem tempo".
Texto: Sônia Mirian Teixeira Moreira (Nascida nesta cidade, é professora universitária - UNIVALI - , sendo membro fundador da PROARTE DE ITAJAÍ. No início dos anos 80 foi redatora do jornal "O Papa Siri" criado pela Comissão Municipal de Cultura, colaborou no "Jornal do Povo". Exerceu o cargo de diretora da Casa de Cultura de Itajaí, no período 1982/1983); Ilustração: Lindinalva Deóla da Silva
Algumas páginas sobre edíficios históricos de Itajaí:
Asilo Dom Bosco, Banco Inco, Bangalô, Bar Dinamarca, Bauer e Cia, Café Democrático, Caixa da Sociedade Beneficente dos Estivadores, Capelinha de Cabeçudas, Casa Agostinho Alves Ramos, Casa Alberto Werner, Casa Almeida e Voigt, Casa Amaral, Casa Asseburg, Casa Bonifácio Schmitt, Casa Bruno Malburg, Casa Cesário, Casa da Família João Bauer, Casa das Irmãs da Imaculada Conceição, Casa Jacob Bauer, Casa Konder, Casa Lauro Müller, Casa Popular da Vila Operária, Casa Primo Uller, Casa Rauert, Casarão Burghardt, Casarão da Família Fontes, Casarão Malburg, Casarão Olímpio Miranda, Casarão Peiter, Cia. Fábrica de Papel Itajaí, Colégio São José, Edifício da Fiscalização dos Portos, Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, Farmácia Brasil, Ginásio Itajaí, Grupo Escolar Floriano Peixoto, Grupo Escolar Lauro Müller, Grupo Escolar Victor Meirelles, Herbário Barbosa Rodrigues, Hospital Santa Beatriz, Hotel Brazil, Hotel Cabeçudas, Igreja da Imaculada Conceição, Igreja da Vila Operária, Igreja do Santíssimo Sacramento, Igreja Luterana, Mercado Público, Palácio Marcos Konder, Primeira Sede da Municipalidade, Primeira Sede dos Correios, Sociedade dos Atiradores, Sociedade Guarani.
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