"O casarão está localizado à Rua 15 de novembro n° 235. O primeiro proprietário, Olímpio Miranda, de tradicional família itajaiense, contratou o então construtor Kobarg, cujo término da obra se deu por volta de 1917.
Sua construção, em estilo europeu, um sobrado com cerca de 500 metros quadrados possui em suas grossas paredes óleo de baleia, muito comum naquela época, o que permite uma duração mais prolongada.
Vivendo com sua esposa dona Hedy Miranda, ali criou seus filhos Guido já falecido e dona Ilka atualmente viúva morando no Rio de Janeiro. Sua localização, no centro de Itajaí, centralizava-se numa área de 940 metros quadrados, possuindo ainda uma pequena chácara com 12 qualidades de árvores frutíferas e mais outras decorativas.
Por mais de 50 anos ali viveu seu proprietário e criou seus filhos. Posteriormente o casarão foi então vendido para uma incorporadora de Balneário Camboriú pelos seus herdeiros, cujo novo proprietário a utilizou também para abrigar os peões que construíram ao lado um edifício de apartamentos, tendo então feito no casarão algumas rápidas reformas.
Após esta fase, o casarão ficou fechado por alguns anos, até que, na enchente de 1984 foi invadida pelos flagelados, que, como é natural, após saírem devastaram as instalações, roubaram banheiros, bacios, torneiras, lustres e a parte hidráulica que tinha muito valor pois era de chumbo, como em todas as edificaçõcs de antigamente.
Felizmente, a escadaria que leva ao andar superior, praticamente não foi destruída, apenas os adornos dos corrimões, e o assoalho em tábuas largas de canela foi poupado.
Em 1984, após a enchente, o casarão foi então negociado com o proprietário que está até hoje e conseguiu restaurar, poupando praticamente toda estrutura e detalhes, inclusive repintando com a cor primitiva, haja visto que a casa teve sua longa existência, quatro pinturas em cores diferentes.
Seu proprietário atual, apaixonado por antiguidades, viajava constantemente para Santos (SP) e admirava os casarões que os portugueses e outros europeus construíram naquela velha cidade, e sonhava um dia morar numa casa assim, sabendo que seria um sonho impossível, por diversas razões: o custo elevado para edificar coisa parecida, e a impossibilidade de conseguir um engenheiro ou construtor que aceitasse tal empreendimento.
Por sorte, conseguiu adquirir o casarão, gastou quatro meses para recupera-lo, com dificuldade, pois as fechaduras, as maçanetas, os trincos das portas haviam sido roubados, inclusive algumas portas internas que foram recuperadas.
Possui o casarão 5 portas de entrada e saída. O tamanho das janelas é igual ou até maior que as portas dos apartamentos de hoje, sendo os ambientes super arejados, dispensando aparelhos de ar condicionado.
O assoalho permanece com largas tábuas, algumas recuperadas. O piso dos banheiros superior e térreo, são originais e decorados a mão.
Para enriquecer a originaliciade do casarão, existe ainda em seu interior, velhas fotos de Itajaí, rádio de antes da guerra, telefone com manivela, e até um Ford A, modelo 1929, em perfeito funcionamento."
Texto: Reinaldo José Wanderhec (Agente de viagens, proprietário e morador do casarão desde O6 de fevereiro de 1985. Participa da diretoria da Banda Guarani, por mais de 20 anos, sendo por quatro gestões, presidente. Faz parte da diretoria da Pró-arte desde 1986); Ilustração: Lindinalva Deóla da Silva
Algumas páginas sobre edíficios históricos de Itajaí:
Asilo Dom Bosco, Banco Inco, Bangalô, Bar Dinamarca, Bauer e Cia, Café Democrático, Caixa da Sociedade Beneficente dos Estivadores, Capelinha de Cabeçudas, Casa Agostinho Alves Ramos, Casa Alberto Werner, Casa Almeida e Voigt, Casa Amaral, Casa Asseburg, Casa Bonifácio Schmitt, Casa Bruno Malburg, Casa Cesário, Casa da Família João Bauer, Casa das Irmãs da Imaculada Conceição, Casa Jacob Bauer, Casa Konder, Casa Lauro Müller, Casa Popular da Vila Operária, Casa Primo Uller, Casa Rauert, Casarão Burghardt, Casarão da Família Fontes, Casarão Malburg, Casarão Olímpio Miranda, Casarão Peiter, Cia. Fábrica de Papel Itajaí, Colégio São José, Edifício da Fiscalização dos Portos, Fábrica de Tecidos Carlos Renaux, Farmácia Brasil, Ginásio Itajaí, Grupo Escolar Floriano Peixoto, Grupo Escolar Lauro Müller, Grupo Escolar Victor Meirelles, Herbário Barbosa Rodrigues, Hospital Santa Beatriz, Hotel Brazil, Hotel Cabeçudas, Igreja da Imaculada Conceição, Igreja da Vila Operária, Igreja do Santíssimo Sacramento, Igreja Luterana, Mercado Público, Palácio Marcos Konder, Primeira Sede da Municipalidade, Primeira Sede dos Correios, Sociedade dos Atiradores, Sociedade Guarani.
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