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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Edith Wharton

A escritora americana Edith Wharton ganhou fama por seus romances e contos que descrevem os costumes de uma elite hipócrita e convencional, na qual ela nasceu e viveu.

Edith Newbold Jones nasceu em 24 de janeiro de 1862 na cidade de Nova York. Educada em casa e na Europa, em 1885 casou com Edward Wharton, banqueiro de Boston.

Suas primeiras obras de ficção foram contos, aos quais se seguiu o sucesso do primeiro romance, The Valley of Decision (1902; O vale da decisão). Consolidou sua fama com a publicação do romance seguinte, The House of Mirth (1905; A casa da alegria).

Nas décadas de 1920 e 1930 publicou outros romances, além de livros de contos e estética literária.

As melhores obras de Edith Wharton são Madame de Treymes (1907), que mostra a influência de Henry James; o popular Ethan Frome  (1911), único sobre a classe média, atualmente exaltado pela crítica; The Reef (1912; O recife) e The Custom of the Country (1913; O costume do país), em que trata da falsidade dos ricos; e Age of Innocence (1920; Era da inocência), que lhe garantiu o Prêmio Pulitzer e foi duas vezes adaptado para o cinema, em 1924 e 1994.

Das coletâneas de contos, a melhor é Xingu and Other Stories (1916; Xingu e outros contos).

Edith Wharton faleceu em Saint-Brice-sous-Forêt, França, em 11 de agosto de 1937.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Edgar Allan Poe

"... Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!, eu disse. «Parte! Torna à noite e à tempestade! Torna às trevas infernais! Não deixes pena que ateste a mentira que disseste! Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!» Disse o corvo, «Nunca mais».

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais. Seu olhar tem a medonha dor de um demônio que  sonha, E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão mais e mais, E a minh'alma dessa sombra, que no chão há mais e mais, Libertar-se-á... nunca mais! " (O Corvo).

Este famoso escritor americano se celebrizou, no século XIX, por suas histórias mórbidas e fantásticas. Edgar Allan Poe nasceu em Boston, em 19 de janeiro de 1809, filho de pais atores, mas o destino reservou um duro golpe para o menino e seus irmãos, matando seus pais de tuberculose. As crianças foram recolhidas por pessoas da família e Edgar acabou encontrando abrigo na casa de um tio rico. No entanto, as dificuldades do início da vida provocaram um permanente pessimismo e um espírito macabro que o acompanharam até sua morte.

Poe estudou na Inglaterra durante sua juventude, mas logo voltou aos Estados Unidos, onde frequentou as Universidades de Charlotteville e Virginia. Porém, não conseguiu se enquadrar nos rígidos padrões da época e acabou expulso da Universidade de Virginia.

Por ter um espírito aventureiro e rebelde, foi para a Grécia lutar contra os turcos. Na volta, alistou-se no Batalhão de Artilharia e acabou conseguindo uma indicação para a Academia Militar de West Point. No entanto, nessa época, sua cabeça estava voltada para a poesia e após publicar o seu primeiro livro de poemas , Tamerlane and other poems, by a Bostonian decidiu abandonar a carreira militar.

Em 1833, ganha o prêmio do jornal Philadelphia Saturday Visitor com o seu conto Manuscript found in a bottle. O diretor do jornal, com pena da miséria e da depressão em que o escritor vivia, consegue-lhe um emprego no Southern Literacy , onde ele fica pouco tempo pois se tornara num alcoólatra.

O casamento com sua prima Virgínia, de apenas13 anos, faz Edgar ficar mais confiante. Ele começa a trabalhar em diversos jornais em Nova Iorque e Filadélfia. Em 1840, publica sua primeira coleção de contos, Tales of grotesque and arabesque e Os crimes da rua Morgue, apresentando a figura do detective Dupin, antecessor de Sherlock Holmes.

Mas o destino outra vez surpreende o escritor. Sua mulher é atacada pela tuberculose, doença que matou seus pais. Edgar volta ao alcoolismo e se relaciona com Frances Osgood, para tentar esquecer sua dor familiar. Em 1847, com a morte de sua mulher, Poe se afunda num estado de profundo desespero e passa a viver em constante embriaguez e abuso de ópio. Aos 40 anos, numa taberna, em Baltimore, Edgar Allan Poe passa mal sofrendo de delirium tremens em virtude do consumo exagerado de ópio. Acaba assim falecendo três dias depois num hospital. Era sete de outubro de 1849.

Poe escreveu novelas, contos e poemas, exercendo larga influência em autores fundamentais como Baudelaire, Maupassant e Dostoievski. Admite-se hoje que a culminância de seu talento dá-se no gênero conto. Suas histórias curtas podem ser classificadas tematicamente em dois grupos principais:

a) contos de horror ou “góticos”; b) contos analíticos, de raciocínio ou policiais. Escreveu também contos de humor e contos que anteciparam o que hoje se chama “ficção científica”.

Os contos de horror ou “góticos” apresentam invariavelmente personagens doentias, obsessivas, fascinadas pela morte, vocacionadas para o crime, dominadas por maldições hereditárias, seres que oscilam entre a lucidez e a loucura, vivendo numa espécie de transe, como espectros assustadores de um terrível pesadelo. Muitos destes relatos ainda causam calafrios nos leitores modernos.

Entre eles destacam-se O Gato Preto, Ligéia, A Máscara da Morte Escarlate, O coração delator, A queda da Casa de Usher, O Poço e o Pêndulo, Berenice e O Barril de Amontillado, O Retrato Ovalado, Leonor .

Os contos analíticos, de raciocínio ou policiais entre os quais figuram os antológicos Assassinato de Maria Roget, Os crimes da Rua Morgue e A carta roubada, ao contrário dos contos de horror, primam pela lógica rigorosa e pela dedução intelectual que permitem o desvendamento de crimes misteriosos. É o início do que se convencionou chamar de literatura policial.

Poe não foi apenas um notável contista. Foi também o primeiro grande teórico do gênero, ressaltando no conto três elementos básicos: a estrutura centrada num efeito único, o valor dominante do clímax (o desfecho do conto) e o despojamento da expressão. Aliás, a linguagem das histórias curtas de Poe é elevada, porém direta, apresentando diálogos de grande força dramática que conduzem o leitor por um mundo labiríntico e asfixiante.

Enquanto os demais autores se concentravam no terror externo, no terror visual se valendo apenas de aspectos ambientais, Poe se concentrava no terror psicológico, vindo do interior de seus personagens.

Estes sofriam de um terror avassalador, fruto de suas próprias fobias e pesadelos, que quase sempre eram um retrato do próprio Poe que sempre teve sua vida regida por um cruel e terrível destino. Não há conto algum de Poe narrado em terceira pessoa e é sempre "ele" que vê, que sente, que ouve e que vive o mais profundo e escandente terror. São relatos em que o delírio do personagem se mistura de tal maneira à realidade que não se consegue mais diferenciar se o perigo é concreto ou se trata apenas de ilusões produzidas por uma mente atormentada.

Numa época em que começava a se desenvolver o espiritismo na América do Norte, Poe se valhe desses argumentos e povoa suas obras com novas sensações e angústias onde reencarnação, hipnotismo ou mesmerismo eram quase sempre presentes. Mas em todos os contos, ou em quase todos, sempre há um mergulho, em certas profundezas da alma humana, em certos estados mórbidos da mente, em recônditos desvãos do subconciente.

Por isso mesmo a psicanálise lança-se com afã ao estudo da obra de Poe, porque nela encontram exemplos em grande quantidade para ilustrar suas demonstrações. Independentemente, porém, desses aspectos, o que há nela é um talento narrativo impressionante e impressivo, uma força criadora monumental e uma realização artística invejável, que explicam o ascendente enorme que até os nossos dias exercem os contos de terror de Edgar Allan Poe.

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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Eça de Queiroz

Artesão exímio, iniciador do realismo na literatura de língua portuguesa, capaz de domínio inigualável da palavra escrita, Eça de Queiroz (ou Queirós) dissecou a burguesia do Portugal de seu tempo em romances de fascínio permanente.

José Maria de Eça de Queiroz nasceu em Póvoa de Varzim, em 25 de novembro de 1845. Filho ilegítimo de um magistrado, passou a infância longe dos pais, no Aveiro, e formou-se em direito pela Universidade de Coimbra (1866).

Nessa época tomou parte na Questão Coimbra, ao lado de Antero de Quental e Teófilo Braga, em defesa do realismo na literatura. Estreou então como escritor, na Gazeta de Portugal, com o folhetim de Notas marginais, mais tarde parte das Prosas bárbaras (1905). Em 1867 lançou o Distrito de Évora, jornal que dirigiu.

Admitido por concurso na carreira diplomática em 1870, foi cônsul em Cuba, no Reino Unido e finalmente em Paris, onde permaneceu até a morte. Com Ramalho Ortigão, lançou em 1871 As Farpas, publicação mensal para a qual escreveu artigos de crítica político-social demolidora, mais tarde reunidos em Uma campanha alegre (1890): em estilo irônico e contundente, o livro é uma mostra de jornalismo participante e pioneiramente moderno.

Com Ramalho também escrevera uma novela policial, O mistério da estrada de Sintra (1870). Seu conto Singularidades de uma rapariga loira (1874), além de uma obra-prima, é o primeiro de cunho realista em português. Essa atitude seria elevada a alta eficiência expressiva nos romances que publicou em seguida.

Eça se casou (1886) com Emília de Castro Pamplona, irmã de um amigo e companheiro de viagens, o conde de Resende. De 1889 em diante o consulado de Paris, que muito ambicionara, não lhe alterou a produtividade; fundou a Revista de Portugal (1889-1892) e continuou a colaborar em jornais portugueses e brasileiros, enviando cartas, ecos, "bilhetes" lidos e relidos com avidez.

Romancista

Eça de Queirós é um dos maiores ficcionistas da literatura de língua portuguesa. Dotado de senso estético invulgar, desde o início impressiona pela riqueza e flexibilidade estilística. Escreve o português mais vivo de seu tempo, sem pruridos puristas e impregnado de verdade concreta, capaz de recriar e criticar todos os seres e coisas com originalidade e volúpia.

Humorista irreverente, no romance O crime do padre Amaro (1875) essa característica se alia a um realismo severo, feroz e espirituoso ao mesmo tempo, que satiriza a corrupção do clero e reconstitui seus costumes com extrema vivacidade. Mais densa é a escrita de O primo Basílio (1878), primorosamente construído, com as personagens como que aprisionadas, em seus impulsos e alternativas, pela circunstância social que as limita e condiciona.

Mais voltado para a dinâmica das relações do que para a psicologia dita profunda, Eça tempera o psicólogo social com o amante da natureza, que a registra com frescor e embevecimento. Na sociedade inquieta, entre fútil e amarga às portas da revolução republicana, a usura e a beatice pequeno-burguesa encontram um caricaturista minucioso e às vezes cruel em A relíquia (1887), em que a aventura do humor não se esquiva às máscaras do grotesco.

"Porque tudo se resolve, como já ensinara o sábio do Eclesiastes, em desilusão e poeira." Antes da obra-prima que é o romance Os Maias (1888), e de suas implicações, o autor talvez não fizesse essa anotação. Obra maior da maturidade, esse vasto panorama de uma família burguesa, de seu prazer e sua dor, sua sensualidade e seu cerco de convenções, realiza até o mais alto grau o gênio de Eça de Queirós. A captação de cada passo, cada ranhura ou eco da paixão incestuosa leva o escritor a beirar a noção do inconsciente e a dar um sentido existencial às marcas do desengano.

Outro livro admirável é A ilustre casa de Ramires (1900), em que a observação e a fina ironia focalizam a pequena nobreza decadente, entre seus últimos bens e os males que a corroem. Sobressaem neste caso, junto às outras saborosas peculiaridades do mestre, a ampla visão sociológica, em que avulta o amor pela terra portuguesa, e o empenho metaliterário que faz do protagonista autor de um árduo romance.

Essa agudeza não se acha menos presente em A cidade e as serras (1901), deliciosa sátira dos progressos ainda canhestros dos tempos modernos e reencontro do romancista com a paisagem de sua meninice. Vê-se também aí, no jogo dos contrastes, o apego nostálgico à essencialidade honesta da vida ainda natural e limpa do interior.

Perfeccionista obsessivo, Eça estigmatiza a escravidão ao ouro ou a qualquer acúmulo improdutivo, mesmo que de requintes, de livros. Uma sábia alegoria do problema suscitou na novela O mandarim (1880) algumas de suas páginas mais fecundas. O tema, no fundo, se depura ainda no esplendor austero das vidas de três santos, reunidas em últimas páginas (1912).

Eça foi escritor de uma auto-exigência quase impiedosa. Além de deixar inacabados e inéditos vários trabalhos que não o satisfizeram, desprezou a primeira versão de Os Maias, publicada em 1980 com o título de A tragédia da rua das Flores.

Outras faces

De realismo menos estrito e quase mágico nos Contos (1902), Eça deixou sua crítica dispersa em periódicos e cartas que se publicaram aos poucos -- a autobiográfica Correspondência de Fradique Mendes (1900), as Cartas de Inglaterra (1903), os Ecos de Paris (1905) e as Cartas familiares e bilhetes de Paris (1907).

Em Notas contemporâneas (1909) o crítico se envolve com os principais temas e debates de seu tempo e se faz presente também em O Egito (1926), sobre a viagem ao Oriente. Na ficção que ficara inédita, há ainda seduções, e fortes, em A capital, O conde de Abranhos, Alves & Cia., os três impressos em 1925. Por fim, a encantadora tradução de As minas do rei Salomão (1891), de Riger Haggard, é um divertimento inesquecível.

Criador de tipos que ficaram proverbiais, como o conselheiro Acácio ou Jacinto de Tormes, nem sempre os fez, como estes, algo esquemáticos e caricaturais. Maria Eduarda, entre outras criaturas, é de verdade profunda e de presença inefável.

É questão de sentir e entender ao mesmo tempo. Como lembrou Moniz Barreto, "a paixão e a fantasia ocupam um lugar importante em sua obra, ao lado da observação e da análise". Eça de Queirós morreu em Paris em 16 de agosto de 1900.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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terça-feira, 23 de agosto de 2011

E. T. A. Hoffmann

Os tons macabros e sarcásticos que Hoffmann emprestou freqüentemente à narrativa romântica exerceram influência duradoura em toda literatura fantástica posterior.

Ernst Theodor Wilhelm Hoffmann (cujo penúltimo nome trocou para Amadeus em homenagem a Mozart) nasceu em 24 de janeiro de 1776 em Königsberg, Prússia (posteriormente Kaliningrado, Rússia).

Estudou direito e depois de ocupar vários cargos burocráticos tornou-se, em 1806, diretor de orquestra em Bamberg e em Dresden, já que, além de escritor, era excelente crítico musical e compositor de qualidades, autor do balé Arlequin (1811) e da ópera Undine (1816).

Em 1814 Hoffmann mudou-se para Berlim como juiz da corte de apelação. Iniciou a carreira literária com Phantasiestücke nach Callots Manier (1814-1815; Fantasias à maneira de Callot), coleção de contos fantásticos, seguidos do romance Elixieren des Teufels (1815-1816; As drogas do diabo).

O prestígio que lhe deram essas obras tornou-se ainda maior com a publicação de livros de contos como Nachtstücke (1817; Cenas noturnas) e Die Serapionsbrüder (1819-1821; Os irmãos Serapião). Neles predomina uma angustiante confusão entre o sono e a vigília, a vida real e o sobrenatural; e sinistros ou estranhos personagens irrompem na vida cotidiana dos seres humanos para marcá-los indelevelmente com sua presença.

A última obra do autor foi um romance, Lebensansichten des katers Murr nebst fragmentarischer Biographie des Kapellmeisters Johannes Kreisler (1820-1822; Opiniões do gato Murr, com uma biografia fragmentária do maestro Johannes Kreisler), magnífico exemplo de sua irônica capacidade de observação.

Suas obras de ficção inspiraram óperas e balés a compositores como Wagner, Hindemith e Offenbach ao criarem óperas e balés, e sob o título de Contos de Hoffmann tornaram-se leituras favoritas do grande público.

Hoffmann morreu em Berlim em 25 de junho de 1822.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Charles Dickens

Um dos mais célebres romancistas ingleses, Dickens é também o mais típico da Inglaterra vitoriana. Criou uma prosa original, rica de símbolos, e viu-se cercado da fama de reformador por ter narrado os horrores dos asilos, escolas e prisões da época.

Sua obra, impregnada de mistério, é aparentada com o romance gótico e constitui um vasto painel melodramático da Londres industrial de 1830-1850.

Charles John Huffam Dickens nasceu em Portsmouth, Hampshire, em 7 de fevereiro de 1812. Seguiu para Londres com a família, que em 1823 se instalou no bairro popular de Camden Town e passou por grandes dificuldades financeiras. O pai foi preso por dívidas e Charles teve de se empregar aos 12 anos numa fábrica.

Uma herança inesperada permitiu-lhe prosseguir os estudos. Depois de trabalhar como escrevente de cartório, dedicou-se ao jornalismo. Como repórter, aprofundou seu conhecimento da cidade e entrou em contato com a vida dos tribunais e do Parlamento. Desde 1833 publicou crônicas humorísticas, em diferentes periódicos, sob o pseudônimo de Boz.

Em 1836 casou-se com Catherine Hogarth, com quem teve dez filhos. De início, lançou seus romances em fascículos, com os quais obteve grande sucesso. Viajou pelos Estados Unidos, Itália, França e outros países. Foi editor de vários periódicos e, em 1846, fundou o Daily News. Ligou-se à atriz Ellen Ternan (1857), com quem passou a viver, e a partir de 1858 dedicou-se a leituras públicas de suas obras, já então internacionalmente famosas.

As primeiras crônicas humorísticas de Dickens, com cenas da vida cotidiana, foram reunidas no volume Sketches by Boz (1836; Esboços feitos por Boz). O sucesso valeu-lhe a encomenda dos Pickwick Papers (1836-1837; Documentos de Pickwick), romance burlesco sobre as peripécias de um grupo de esportistas amadores, cuja trama lhe serviu de pretexto para satirizar o sistema judiciário inglês.

Inspirado na Londres de sua infância, escreveu a seguir Oliver Twist (1838), história de um menino, vítima das condições sociais, que em meio à corrupção preserva sua pureza. Nicholas Nickleby (1839) descreve os horrores do internato, as perseguições sofridas pelas crianças e os abusos de mestres ignorantes e perversos.

Em The Old Curiosity Shop (1840-1841; Loja de antiguidades), Dickens examina os efeitos do jogo sobre o caráter, mas o livro tornou-se célebre pelo episódio da morte lenta e sofrida de Little Nell. Em Dombey and Son (1846-1848; Dombey e filho) é Little Paul quem enternece os leitores. A obra parte de um problema pessoal -- o orgulho -- para examinar o mundo do comércio na sociedade da época.

Romances históricos

Situado na época dos distúrbios anticatólicos de 1780, Barnaby Rudge (1841) enaltece a pureza e a simplicidade do povo e denuncia os políticos e a depravação dos grandes. É a única obra de Dickens que narra os movimentos sociais revolucionários de seu próprio tempo. A obra está cheia de reminiscências autobiográficas e revela influências da filosofia socializante de Carlyle. A Tale of Two Cities (1859; História de duas cidades), tido como o romance mais sentimental sobre a revolução francesa, alcançou enorme sucesso de público.

A postura essencialmente sentimental de Dickens expressou-se com muita nitidez em seus contos de Natal. Christmas Carol (1843; Canto de Natal), que é quase um conto de fadas, tornou-se parte integrante da mitologia natalina anglo-saxônica. Outros textos de Dickens sobre a mesma temática são The Chimes (O carrilhão) e The Cricket on the Hearth (O grilo na lareira), ambos publicados em 1845.

Outros títulos célebres

David Copperfield (1849-1850) é considerado por muitos a obra-prima de Dickens. Trata-se de um romance semi-autobiográfico, com incidentes e personagens exagerados. David tem muito em comum com Charles menino, mas, como na maioria dos romances de Dickens, a realidade é deformada para aumentar o efeito dramático e cômico. O imprevidente e bonachão Mr. Micawber parece inspirado na figura de seu pai. O enredo é intrincado e coincidências fantásticas resolvem os problemas na hora exata. David é um anjo incompreendido, como todos os heróis infantis de Dickens.

Seguiram-se Bleak House (1852; Casa desolada), sobre a corrupção nos tribunais e a exploração das crianças trabalhadoras, com descrições inesquecíveis de Londres sob o fog (nevoeiro), e Hard Times (1854; Tempos difíceis), a obra mais bem construída de Dickens, na qual manifesta hostilidade aos sindicatos operários, mostrando que o suposto defensor do povo era antitrabalhista. Little Dorrit (1857; A pequena Dorrit) denuncia a letargia burocrática e o sistema de prisão por dívidas.

Em 1861 Dickens publicou o mais equilibrado de seus romances: Great Expectations (Grandes esperanças). Acreditava, como todo inglês médio da época, na imutabilidade da hierarquia social e condensou no destino de Pip sua própria experiência: os perigos de uma ascensão social demasiado rápida. Em Our Mutual Friend (1864; Nosso amigo comum) tratou da nova plutocracia que surgia entre os ruídos ininterruptos e sinistros do porto de Londres.

Deixou inacabado o romance policial The Mistery of Edwin Drood (O mistério de Edwin Drood), que revela influência de seu amigo e discípulo Wilkie Collins. Charles Dickens morreu em Gad's Hill, perto de Chatham, Kent, em 9 de junho de 1870.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Baudelaire, o poeta maldito

Baudelaire marcou com sua presença as últimas décadas do século XIX, influenciando a poesia internacional de tendência simbolista. De sua maneira de ser originaram-se na França os poetas "malditos". De sua obra derivaram os procedimentos anticonvencionais de Rimbaud e Lautréamont, a musicalidade de Verlaine, o intelectualismo de Mallarmé, a ironia coloquial de Corbière e Laforgue.

Poeta e crítico francês, Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris em 9 de abril de 1821. Desavenças com o padrasto forçaram-no a interromper seus estudos, iniciados em Lyon, para uma viagem à Índia, que interrompeu nas ilhas Maurício.

Ao regressar, dissipou seus bens nos meios boêmios de Paris, onde conheceu a atriz Jeanne Duval, uma de suas musas. Outras seriam, depois, Mme. Sabatier e a atriz Marie Daubrun. Endividado, foi submetido a conselho judiciário pela família, que nomeou um tutor para controlar seus gastos. Baudelaire permaneceu sempre em conflito com esse tutor, Ancelle.

Acontecimento capital na vida do poeta é o processo a que foi submetido em 1857, ao publicar Les Fleurs du mal (As flores do mal). Além de condená-lo a uma multa por ultraje à moral e aos bons costumes, a justiça obrigou-o a retirar do volume seis poemas. Só a partir de 1911 apareceram edições completas da obra.

Mal compreendida por seus contemporâneos, apesar de elogiada por Victor Hugo, Teóphile Gautier, Gustave Flaubert e Théodore de Banville, a poesia de Baudelaire está marcada pela contradição. Revela, de um lado, o herdeiro do romantismo negro de Edgar Allan Poe e Gérard de Nerval, e de outro o poeta crítico que se opôs aos excessos sentimentais e retóricos do romantismo francês.

Uma nova estratégia da linguagem

Quase toda a crítica moderna concorda que Baudelaire inventou uma nova estratégia da linguagem. Erich Auerbach observou que sua poesia foi a primeira a incorporar a matéria da realidade grotesca à linguagem sublimada do romantismo. Nesse sentido Baudelaire criou a poesia moderna, concedendo a toda realidade o direito de ser submetida ao tratamento poético.

A atividade de Baudelaire se dividiu entre a poesia, a crítica literária e de arte e a tradução. Seu maior título são Les Fleurs du mal, cujos poemas mais antigos datam de 1841. Além da celeuma judicial, o livro despertou hostilidades na imprensa e foi julgado por muitos como um subproduto degenerado do romantismo.

Tanto Les Fleurs du mal como os Petits poèmes en prose (1868; Pequenos poemas em prosa), depois intitulados Le Spleen de Paris (1869) e publicados em revistas desde 1861, introduziram elementos novos na linguagem poética, fundindo o grotesco ao sublime e explorando as secretas analogias do universo. Para fixar a nova forma do poema em prosa, Baudelaire usou como modelo uma obra de Aloïsius Bertrand, Gaspard de la nuit (1842; Gaspar da noite), se bem tenha ampliado em muito suas possibilidades.

Crítica de arte e traduções

Baudelaire destacou-se desde cedo como crítico de arte. O Salon de 1845 (Salão de 1845) e o Salon de 1846 (Salão de 1846) datam do início de sua carreira. Seus escritos posteriores foram reunidos em dois volumes póstumos, com os títulos de L'Art romantique (1868; A arte romântica) e Curiosités esthétiques (1868; Curiosidades estéticas). Revelam a preocupação de Baudelaire de procurar uma razão determinante para a obra de arte e fundamentam assim um ideário estético coerente, embora fragmentário, e aberto às novas concepções.

Extensão da atividade crítica e criadora de Baudelaire foram suas traduções de Edgar Allan Poe. Dos ensaios críticos de Poe, sobretudo "The Poetic Principle" (1876; "O princípio poético"), Baudelaire tirou as diretrizes básicas de sua poética, voltada contra os excessos retóricos: a exclusão da poesia dos elementos de cunho narrativo; e a relação entre a intensidade e a brevidade das composições.

Ainda um outro Baudelaire é o revelado em suas obras especulativas e confessionais. É o caso de Les Paradis artificiels, (1860; Os paraísos artificiais, ópio e haxixe), especulações sobre as plantas alucinó opium et haschischgenas, parcialmente inspiradas nas Confessions of an English Opium-Eater (1822; Confissões de um comedor de ópio) de Thomas De Quincey; e de Journaux intimes (1909; Diários íntimos) -- que contém "Fusées" (notas escritas por volta de 1851) e "Mon coeur mis a nu" ("Meu coração desnudo") --, cuja primeira edição completa foi publicada em 1909. Tais escritos são o testamento espiritual do poeta, confissões íntimas e reflexões sobre assuntos diversos.

Quer pelo interesse inerente a sua grande poesia, quer pelos vislumbres que essas confissões propiciam, Baudelaire se destaca entre os poetas franceses mais estudados por ensaístas e críticos. Jean-Paul Sartre situou-o como protótipo de uma escolha existencial que teria repercussões no século XX, enquanto a crítica centrada nas relações históricas, como a de Walter Benjamin, dedicou-se a examinar sua consciência secreta de uma relação impossível com o mundo social.

Após uma existência das mais atribuladas, Baudelaire morreu de paralisia geral em Paris em 31 de agosto de 1867, quando mal começava a ser reconhecida sua influência duradoura sobre a evolução da poesia.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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terça-feira, 16 de agosto de 2011

Cascudo e o Folclore Brasileiro

"Queria saber a história de todas as cousas do campo e da cidade. Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar das Estrelas, dos morros silenciosos. Assombrações. Mistérios. Jamais abandonei o caminho que leva ao encantamento do passado. Pesquisas. Indagações. Confidências que hoje não têm preço." Câmara Cascudo recriou a atmosfera da sua meninice, revelando os interesses que desde então o levariam a se tomar dos mais respeitáveis pesquisadores do folclore e da etnografia de nosso país.
Luís da Câmara Cascudo, folclorista, escritor e professor, nasceu em Natal, RN, em 30/12/1898, e faleceu na mesma cidade, em 30/7/1986. Filho único do coronel Francisco Cascudo, da Guarda Nacional, em 1918 iniciou-se no jornalismo, publicando ensaios e crônicas no jornal A Imprensa, mantido por seu pai, em Natal.
No mesmo ano transferiu-se para Salvador BA, onde fez o curso de medicina até o 4° ano. Desistindo da carreira de médico, resolveu estudar direito em Recife PE, formando-se em 1928. Ainda nesse ano iniciou-se no magistério, começando como professor de história do Brasil no Ateneu Norte-Rio-Grandense, em Natal, cidade onde sempre residiu.

Dedicando-se ao estudo das tradições populares e do folclore nacional, produziu uma obra copiosa, com imensa atividade em seu Estado, tendo criado (e participado de) diversas instituições culturais.

À frente de um grupo de intelectuais, foi o responsável pela primeira apresentação de uma chegança-de-mouros numa casa de espetáculos, realizada no Teatro Alberto Maranhão, de Natal, em 1926. Pesquisou e reabilitou folguedos populares brasileiros, lutando junto a órgãos oficiais para que protegessem essas tradições.

Fundador da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras em 1936, no mesmo ano orientou, juntamente com Valdemar de Almeida, o lançamento da revista Som. Designado “historiador da cidade de Natal” em 1948, por decreto do então prefeito Sílvio Pedrosa, no mesmo ano foi um dos responsáveis pela criação do curso de violão no Instituto de Música do Rio Grande do Norte, instituição de que foi (1960) nomeado presidente de honra.

Em 1951, com a criação da Faculdade de Direito, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, foi nomeado professor da cadeira de direito internacional público. Aposentando-se em 1966, recebeu o título de professor emérito dessa universidade, cujo Instituto de Antropologia recebeu o seu nome. Foi secretário do Tribunal de Justiça, aposentando-se em 1959 como consultor jurídico do Estado.

Em 1970 recebeu o prêmio Brasília de literatura, pelo conjunto de sua obra, concedido pela Fundação Cultural do Distrito Federal. Tradutor e anotador de obras fundamentais para o conhecimento da formação brasileira, realizou viagens de estudos à África, Europa e quase todo o Brasil.

Pertenceu a diversas entidades culturais do país, entre as quais o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, a Academia Nacional de Filologia, a Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro e a Sociedade Brasileira de Antropologia e Etnologia, tendo recebido condecorações e títulos honoríficos de várias instituições, tanto no Brasil como no exterior.

Autor de mais de 160 livros e de inúmeros estudos sobre a cultura brasileira, sua enorme atividade intelectual foi bibliografada por Zila Mamede (Luís da Câmara Cascudo: 50 anos de vida intelectual. 1918-1968. Bibliografia anotada, 2 volumes em 3, Natal, 1970).

Principais obras

Viajando o sertão, Natal, 1934: Vaqueiros e cantadores, Porto Alegre, 1939; Antologia do folclore brasileiro, São Paulo, 1944 (2a. ed., São Paulo, s.d.; 3a. ed. aumentada, 2 volumes, São Paulo, 1965; 4 ed., São Paulo, 1971); Informação de história e etnografia, Recife, 1944; Contos tradicionais do Brasil, Rio de Janeiro, 1946 (2a. ed. revista e aumentada, Salvador, 1955); Geografia dos mitos brasileiros, Rio de Janeiro, 1947; História da cidade de Natal, Natal, 1947; Consultando São João, Natal, 1949; Anúbis e outros ensaios, Rio de Janeiro, 1951; Meleagro, Rio de Janeiro, 1951; História da imperatriz Porcina, Lisboa, 1952; Literatura oral, Rio de Janeiro, 1952; Cinco livros do povo, Rio de Janeiro, 1953; Contos de encantamento, Salvador, 1954; Contos exemplares, Salvador, 1954; Dicionário do folclore brasileiro, Rio de Janeiro, 1954 (2a ed. revista e aumentada, 2 volumes, Rio de Janeiro, 1954; 3a ed., Rio de Janeiro, s.d.; 3a ed. revista e aumentada (na verdade é a 4a ed.), 2 volumes, Rio de Janeiro, 1972); No tempo em que os bichos falavam, Salvador, 1954; História do Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, 1955; Trinta “estórias” brasileiras, Lisboa, 1955; Geografia do Brasil holandês, Rio de Janeiro, 1956; Tradições populares da pecuária nordestina, Rio de Janeiro, 1956; Jangada — Uma pesquisa etnográ fica, Rio de Janeiro, 1957; Jangadeiros, Rio de Janeiro, 1957; Superstições e costumes, Rio de Janeiro, 1958; Rede de dormir, Rio de Janeiro, 1959; Dante Alighieri e a tradição popular no Brasil, Porto Alegre, 1963; Motivos da literatura oral da França no Brasil, Recife, 1964; Made in Africa, Rio de Janeiro, 1965; Flor de romances trágicos, Rio de Janeiro, 1966; A vaquejada nordestina e sua origem, Recife, 1966; Voz de Nessus, João Pessoa, 1966; Folclore do Brasil, Rio de Janeiro, 1967; História da alimentação no Brasil, 2 volumes, São Paulo, 1967; Mouros, franceses e judeus, Rio de Janeiro, 1967; Calendário das festas, Rio de Janeiro, 1968; Coisas que o povo diz, Rio de Janeiro, 1968; Nomes da terra, Natal, 1968; Locuções tradicionais do Brasil, Recife, 1970; Prelúdio da cachaça, Rio de Janeiro, s.d. 

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha.
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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Bram Stoker, o criador de Drácula

Mundialmente conhecido como o autor do livro Drácula, Abraham "Bram" Stoker nasceu Dublin, Irlanda, em 1847. Aos 16 anos ele ingressou no Trinity College da Universidade de Dublin e filiou-se na Sociedade Filosófica, onde escreveu seu primeiro ensaio, "Sensationalism in Fiction and Society".

Tornou-se, mais tarde, presidente desta sociedade e auditor da Sociedade Histórica. Graduou-se em bacharel, com honras, em 1870, indo trabalhar, assim como seu pai havia feito, como funcionário público no Castelo de Dublin, mas continuou estudando meio-período para desenvolver seu mestrado, defendido em 1875.

Stoker era fascinado pelo mundo do teatro (ele ficou impressionado com o ator Henry Irving, que futuramente seria uma figura decisiva na sua vida) e ofereceu-se, sem remuneração, para ser crítico de teatro do jornal Dublin Evening Mail. Suas críticas começaram a aparecer em vários jornais, fazendo com que Stoker fosse bem-recebido nos círculos sociais de Dublin (ele chegaria a conhecer os pais de Oscar Wilde).

Em 1873 foi oferecido a ele a editoração do novo jornal Irish Echo, mais tarde rebatizado como Halfpenny Press, por meio-período e sem remuneração. O fracasso comercial deste jornal o faria pedir demissão em 1874 e, então, ele mergulharia no mundo do teatro, começando a escrever suas primeiras peças de ficção, contos e seriados, que eram publicados nos jornais locais. Seu primeiro texto na linha do terror foi "The Chain of Destiny", apresentado como seriado no periódico Shamrock, em 1875.

Neste momento, a figura de Henry Irving entra definitivamente na vida de Stoker. Irving assumiu a direção do Lyceum, em Londres, e convidou Stoker para ser o gerente do teatro. Muitos estudiosos acreditam que a forte figura de Irving, praticamente "sugando" tudo de Stoker, pode ter sido a inspiração para a criação da imagem forte e dominadora do personagem Drácula. A amizade/sociedade entre Stoker e Irving duraria até a morte deste último, em 1905.

Outra figura que pode ter inspirado diretamente o texto de Drácula foi sua esposa, Florence Stoker. Ela era uma das mais lindas e disputadas mulheres de Dublin, tendo sido, inclusive, prometida pelos seus pais para ser a esposa de Oscar Wilde.

Florence escolheu Stoker por causa da segurança do emprego público dele, situação que se alteraria quando ele foi para Londres dirigir o Lyceum. A bela e dominante Florence estava longe de ser a típica esposa dos padrões ingleses da época, ou seja, submissa ao marido: ela se impunha na relação, situação que deixava Stoker constrangido. O domínio de Drácula sobre as mulheres era uma crítica à sua própria vida doméstica.

Durante seus primeiros anos em Londres, Stoker escreveu seu primeiro livro de ficção, uma coletânea de histórias para crianças (Under the Sunset), publicada em 1882. Seu trabalho no Lyceum o obrigava a escrever, sendo que seu primeiro romance publicado, The People, em 1889, nasceu como um seriado para o teatro e foi transformado em livro em 1890.

Os estudiosos não chegaram a uma conclusão das reais razões de Bram Stoker escrever uma obra como Drácula. Podemos notar uma mudança de estilo e temáticas a partir de 1890, pois seus textos ficaram mais ricos e o sobrenatural e o terror ganharam um espaço maior, em particular no conto "The Squaw".

Aparentemente, Stoker tomou sua decisão de escrever sobre vampirismo depois de um pesadelo na qual ele viu um vampiro se levantando do túmulo. Ele tinha referências literárias, pois tinha lido Carmilla (1872), de Sheridan Le Fanu, e o conto "The Vampyre" (1819), de John Polidori, além de tomar conhecimento de discussões sobre o sobrenatural, discussões estas comuns no final do século XIX na Inglaterra.

Mas a inspiração final surgiu nas suas pesquisas sobre um nobre do século XV que viveu na região da Transilvânia, localizada na Romênia, que impediu a penetração dos turcos na Europa, conhecido como Vlad, o Empalador (ou Vlad Tepes), pois este empalava (perfurava com uma madeira pontuda) seus inimigos. O nome Drácula foi tirado do pai deste nobre, chamado Vlad Dracul (este último termo significava diabo ou dragão). E a forma de contar a história através de personagens diferentes em diferentes documentos (diários, cartas, recortes de jornal, etc.) foi inspirada no livro The Moonstone, de Wilkie Collins.

Muitas características da vida de Stoker e da Inglaterra do final do século XIX foram retratadas em Drácula. Já citamos a forte presença de Henry Irving e as dificuldades de Stoker em conviver com Florence - Drácula tinha uma presença poderosa e dominava as mulheres; a presença de um grande número de estrangeiros na Inglaterra, resultado da imigração que ocorreu no período, assustava o homem inglês - não coincidentemente Drácula era estrangeiro, trazendo doenças e desgraças para a "limpa" vida inglesa; sexo e sangue são temas presentes no livro - as doenças venéreas eram o grande temor do homem inglês da época, pois tanto a gonorréia quanto a sifílis eram contraídas através de relações sexuais e contato com sangue, além de não existir cura para ambas; a ciência era fascinante na época - e o confronto entre o sobrenatural Drácula e o mundo científico de Van Helsing deu a vitória a este último.

Publicado em 1897, Drácula recebeu uma acolhida dividida entre a crítica da época, com alguns elogiando a obra como uma poderosa peça de fascinação lúgubre e outros criticando-a pela estranheza da temática e de certa crueza na abordagem. A mãe de Stoker elogiou a obra vigorosamente, comparando-a ao livro de Mary Shelley, Frankenstein. Na época do lançamento do livro, Stoker realizou uma leitura do texto em quatro horas no Lyceum, sendo que o evento foi apresentado completo, inclusive com anúncios, como Dracula, ou The Un-Dead, para proteger a trama e o diálogo de furto literário. Foi a única apresentação dramática de Drácula durante a vida de Stoker.

Nunca mais Stoker escreveria uma obra tão importante como Drácula. Aliás, sua carreira literária entraria em decadência, apesar de ter produzido um grande número de textos na virada dos séculos XIX e XX. Um incêndio no Lyceum destruiu a maior parte do guarda-roupa, adereços e equipamentos, deixando as condições do teatro precárias. A saúde de Henry Irving, já em declínio, piorou. O teatro seria transferido para um sindicato, fechando de vez em 1902.

Irving morreria em 1905. A partir daí, Stoker teria grandes dificuldades para escrever, pois sua saúde também piorara: ainda em 1905 ele teve um derrame e, em seguida, contraiu a doença de Bright, que afeta os rins. Sua saúde foi declinando cada vez mais até sua morte, em sua casa, ocorrida em 12 de abril de 1912.

Florence Stoker herdou os copyrights do marido e deu permissão para o teatrólogo Hamilton Deane transformar Drácula em peça de teatro, o que daria grande fama ao texto de Stoker, precedendo seu futuro sucesso nas telas do cinema - meio este que transformou Drácula num dos mais famosos e conhecidos personagens do século XX.

Por: Orivaldo Leme Biagi, Doutor em História pela UNICAMP, Professor das Faculdades Atibaia (FAAT) e Membro da Academia Literária Atibaiense (ALA).
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Bernardo Guimarães

Bernardo Joaquim da Silva Guimarães, romancista e poeta da segunda geração romântica, nasceu em 1825 e morreu em 1884. Como ficcionista, a capacidade incomum para retratar os costumes regionais o levou à adoção de uma linguagem atravessada por saborosas expressões do interior e, mais do que isso, pelo próprio pitoresco da oralidade provinciana.

Assim, uma de suas contribuições mais importantes foi a de minar o excesso declamatório vigente na época em que viveu. Com Escrava Isaura, romance de denúncia antiescravocrata, o escritor se tornou popular até nossos dias.

Aventurou-se, também, como José de Alencar, pelo romance histórico, folclórico-lendário, indianista e psicológico, mas, contrariamente àquele, com sua poesia, realizou paródias do indianismo com o intuito de, ridicularizando-o, deixá-lo para trás.

Poemas satíricos, obscenos e bestialógicos, filiando-o à corrente satânica do ultra-romantismo, consolidaram o lado boêmio do escritor.

Afastando-se de um lirismo açucarado de muitos poetas de então, ele emprega todo um vocabulário de práticas sexuais explícitas que choca a moralidade conservadora reinante.

Fonte: http://contosassombrosos.blogspot.com/2008/11/bernardo-guimares.html
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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Arthur Conan Doyle

"O mundo está cheio de coisas óbvias, que ninguém, em momento algum, observa!"  (Conan Doyle)

Todo livro é uma onda sonar. A comparação pode parecer esdrúxula, mas não existe analogia mais exata. O escritor cria sua onda no mundo; ela se choca em vários lugares e produz novas ondas que retornam ao escritor. Nunca se tem controle — o mínimo que seja — sobre esse retorno, e o fato dele existir é o que torna escrever, ao menos para mim, uma atividade tão interessante.

No caso de Conan Doyle, essa onda tornou-se um vagalhão totalmente incontrolável — e até indesejável! — pelo escritor. Já dura 120 anos e prova que uma personagem pode extravasar seu criador e torná-lo escravo de suas vontades.

Doyle nasceu na Escócia, mais precisamente na cidade de Edimburgo, no dia 22 de maio de 1859. Era filho de um pintor, Charles Doyle, e de Mary Foley Doyle, ambos de descendência irlandesa.

Entrou na Universidade de Edimburgo em 1876, visando formar-se em medicina. Lá conheceu o Dr. Joseph Bell, cirurgião, cujos métodos de diagnóstico serviram de espelho para que Doyle criasse o detetive mais famoso do mundo. Em sua autobiografia, o escritor narra um episódio dessa peculiar figura:

"Bell era um homem excepcional, tanto no intelecto quanto no físico. Era magro, rijo, moreno, com um rosto comprido e nariz reto, penetrantes olhos cinzentos, ombros angulosos e um jeito desengonçado de caminhar. Tinha uma voz aguda e dissonante. Cirurgião de grande habilidade, seu ponto forte, entretanto, era o diagnóstico - não só da doença, mas da ocupação de índole do paciente. Por algum motivo que nunca atinei, selecionou-me, num grupo de estudantes que freqüentava a sua clínica, e fez de mim o secretário da ala, o que significa que eu tinha que classificar os seus pacientes, fazer anotações simples sobre cada caso e conduzi-los, um de cada vez, para a ampla sala onde Bell ficava sentado, rodeado de enfermeiros e alunos. Tive então muitas oportunidades de estudar os seus métodos e de verificar que, com freqüência, bastavam-lhe umas poucas olhadelas para saber mais, sobre o paciente, do que eu descobria com minhas perguntas. Vez por outra, os resultados chegavam a impressionar, embora em uma ou outra ocasião ele se enganasse. Um de seus casos mais notáveis foi quando ele se dirigiu a um paciente vestido à paisana:

"Quer dizer, meu amigo, que você serviu o exército?"
"Sim, senhor."
"E não faz muito tempo que deu baixa?"
"Não senhor."
"Um regimento de Highlands?"
"Sim, senhor."
"Acantonado em Barbados?"
"Sim, senhor."

"Como podem ver, cavalheiros", explicou-nos, "embora se trate de um homem respeitador...ele não tirou o chapéu. Não se tira, no exército. Entretanto, se ele tivesse dado baixa há muito tempo, teria assimilado hábitos de civil. Ele tem um ar de autoridade, e é, evidentemente, um escocês. Quanto a Barbados, o problema dele é elefantíase - doença das Índias Ocidentais, e nem um pouco britânica". Para sua platéia de Watsons, tudo pareceu milagroso, até a explicação, quando então tornou-se muito simples. Não é de admirar que, após ter observado um personagem desses, eu tenha usado e ampliado seus métodos mais tarde, quando me propus a criar um detetive científico, que resolvia os casos devido ao seu mérito próprio, e não à estupidez do criminoso. Bell interessava-se vivamente por essas histórias de detetive, e até dava sugestões - as quais devo dizer, não eram muito práticas.”

Graças aos comentários elogiosos dos amigos sobre suas cartas, Conan Doyle achou que poderia perceber algum dinheiro com literatura e se animou a escrever seu primeiro conto: “O Mistério de Sassassa Valley”. Ele foi publicado anonimamente pela miserável quantia de três guinéus no Chamber’s Journal, em 1879. O texto já continha a idéia do escritor sobre a aparição de uma “besta demoníaca”, tema usada na mais célebre história de Sherlock Holmes, “ O cão dos Baskervilles”. Sobre a publicação desse primeiro conto, afirmou Doyle:

“Para minha imensa alegria e surpresa, ela foi aceita pelo Chamber's Journal, e recebi 3 guinéus. Pouco me importou o fracasso de outras tentativas. Eu havia vencido uma vez, e consolava-me pensar que venceria de novo. Anos se passaram até que eu chegasse de novo ao Chamber's, mas em 1879 publiquei um conto, A História do Americano (The American's Tale), na London Society, recebendo por ele módico cheque...".

Nos anos de 1880 e 1881, o escritor trabalhou em um navio de caça a baleia e em um outro, como médico de bordo. Viajou pelo Ártico e pela costa ocidental da África, angariando valores um pouco menos insignificantes para ajudar a família.

Ao retornar instalou um pequeno consultório em Portsmouth, onde, devido a escassez de Conan Doyle e Houdineclientes, passou a dedicar seu tempo livre à literatura. Mas precisava de bons personagem, e assim nasceu Sherlock Holmes, que por pouco não seria Sherringford Holmes, e o coadjuvante mais famoso da história, doutor Watson: “Que nome dar ao personagem? Ainda possuo a folha de caderno onde anotei várias alternativas. Rebelei-me contra o artifício de colocar nos nomes insinuações sobre o caráter, com personagens chamados Sharp (Agudo) ou Ferret (Furão). Primeiro, foi Sherringford Holmes; depois Sherlock Holmes. Ele não poderia contar as próprias proezas, de forma que era preciso dar-lhe um companheiro banal - um homem culto e ativo, capaz tanto de acompanhá-lo em suas aventuras, quanto narrá-las. Um nome simples e banal para esse homem modesto. Watson serviria. Foi assim que surgiram os meus fantoches e escrevi Um Estudo em Vermelho (A Study in Scarlet)"

No entanto, Um Estudo em Vermelho perambulou de editora em editora, tendo as constantes recusas deixado o autor “magoado, pois tinha certeza de que merecia sorte melhor”. Somente em 1886, a Ward, Lock & Co. mandou-lhe uma pequena nota:

Primeira edição de "Um Estudo em vermelho""Prezado Senhor,

Seu conto foi lido por nós e nos agradou. Não podemos publicá-lo este ano, uma vez que o mercado se encontra saturado de ficção barata, mas, se o senhor não fizer nenhuma objeção a que ele saia no próximo ano, podemos pagar £25 pelos direitos de autor.
Atenciosamente,
Ward, Lock & Co.

30 de out. de 1886.”

Doyle quase não aceitou a proposta (eu também ficaria MUITO reticente, depois da ficção barata), não tanto pelo valor quase irrisório, mas pela demora, pois achava que o livro poderia lhe abrir caminhos. Entretanto, em vista da série de negativas, resolveu garantir a publicação. O livro foi lançado no ano de 1987 e, não obstante as constantes reedições em todo o globo, doyle só ganhou os tais £25 por ele.

O sucesso do livro (principalmente nos Estados Unidos, pois na Inglaterra não se saiu tão bem) abriu as portas para o escritor, sem no entanto lhe permitir abandonar o consultório, mesmo com os pacientes correndo na direção contrária. Em contrapartida, tinha tempo para escrever, e diversos contos de Holmes foram publicados em uma revista londrina.

Nesse ponto de sua vida é que Doyle nos mostra quão pouco os escritores têm controle sobre o que escrevem: após duas séries do detetive, ele resolveu buscar outros ares, e por fim as suas histórias. Aproveitou a catarata de Reichenbach, a qual havia conhecido durante umas férias na Suíça, e a transformou no túmulo de Sherlock no livro "O Problema Final", publicado em 1893. O alarido de desgosto dos leitores foi tão surpreendente quanto poderoso, sendo organizado até passeata pelas ruas de Londres.

Mesmo assim, o autor foi reticente por dez anos, até que as propostas se tornaram financeiramente irrecusáveis. Em 1903 surge "A Aventura da Casa Vazia", no qual o detetive reaparece, sob o escopo de uma escapada fantástica.

Nesse interlúdio, Doyle auxiliou seu país no conflito com a África do Sul, supervisionando um hospital estabelecido na África e escrevendo artigos defendendo os interesses da Inglaterra. Por esses atos recebeu, em 1902, o título de Sir.

Doyle criou ainda o famoso Professor Challenger, de “O Mundo Perdido”, além de ter escrito vários artigos e livros sobre a doutrina espírita, religião que abraçou.

Morreu aos 71 anos, em 1930, devido a complicações de um ataque cardíaco. Os livros de Sherlock Holmes, apesar do atrito entre o criador e a criatura, o imortalizaram, angariando uma legião de fãs em todo mundo. Uma prova disso é que até hoje os correios londrinos recebem cartas endereçadas a 221-B Baker Street, endereço do escritório do perspicaz detetive.

Romances de Sherlock Holmes

Um Estudo em Vermelho (1887), O signo do quatro (1890), O Cão dos Baskervilles (1902), O Vale do Medo (1915)

Coletânea de contos Holmes:

As Aventuras de Sherlock Holmes (1892), As Memórias de Sherlock Holmes (1894), A Volta de Sherlock Holmes (1905), Seu Último Adeus (1917), O livro de casos de Sherlock Holmes (1927), Coleção completa de histórias de Sherlock Holmes (1928).

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Apuleio

A crise ideológica de Roma no século dos Antoninos, quando o ceticismo cortesão se entrelaçou ao crescente influxo dos cultos orientais, serviu de pano de fundo à elaboração da obra de Apuleio, notável figura da literatura, da retórica e da filosofia platônica de sua época.

Lúcio Apuleio nasceu em Madaura, na Numídia (moderna Argélia), por volta do ano 124. Educado em Cartago e Atenas, viajou pelo Mediterrâneo, interessando-se por ritos de iniciação como os associados ao culto da deusa egípcia Ísis.

Versátil e familiarizado com os autores gregos e latinos, ensinou retórica em Roma antes de regressar à África para casar-se com uma rica viúva, cuja família o acusou de ter recorrido à magia a fim de conquistar seu afeto. Para defender-se de tal acusação escreveu a Apologia (173), obra da qual emanam as informações disponíveis sobre sua vida.

Escreveu ainda diversos poemas e tratados, entre os quais Florida, coletânea de trabalhos de eloqüência, mas a obra que lhe deu fama foi a narrativa em prosa em 11 livros a que chamou Metamorfoses e se tornou conhecida como O asno de ouro. São aí relatadas as aventuras do jovem Lúcio, que é transformado por magia em burro e só recupera a forma humana graças à intervenção de Ísis, a cujo serviço se consagra.

O episódio mais destacado dessa obra-prima de Apuleio -- o único romance da antiguidade a chegar completo aos nossos dias -- é a bela fábula de "Amor e Psiquê", que pode ser interpretada como narração puramente estética ou, então, como alegoria da união mística. O episódio, aliás, destoa do estilo do romance em geral, pois este relaciona cenas grotescas, terrificantes, obscenas e, em parte, deliberadamente absurdas.

O tema de "Amor e Psiquê" foi retomado por muitos escritores, entre os quais, no século XIX, os poetas ingleses William Morris e Robert Bridges. Outras passagens de O asno de ouro reapareceram no Decameron, de Giovanni Bocaccio, no Don Quixote, de Miguel de Cervantes, e no Gil Blas de Alain Le Sage. Apuleio morreu em Cartago, provavelmente após o ano 170.

Fonte:Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Anatole France

Com um estilo fluente, cético e sarcástico, Anatole France foi um dos literatos mais característicos de sua época, acerbo na crítica aos costumes e instituições.

Jacques-Anatole-François Thibault, que optou pelo pseudônimo de Anatole France, nasceu em Paris em 16 de abril de 1844. Filho de um livreiro, desde cedo recebeu sólida formação humanística e estreou com os versos parnasianos de Poèmes dorés (1873; Poemas dourados).

Seu ceticismo tomou forma com os primeiros romances: Le Crime de Sylvestre Bonnard (1881; O crime de Sylvestre Bonnard), sobre um filólogo perplexo ante a vida cotidiana; La Rôtisserie de la reine Pédauque (1893; A rotisseria da rainha Pédauque), que zomba do ocultismo; e Les Opinions de Jérôme Coignard (1893; As opiniões de Jérôme Coignard), crítica das instituições do estado.

Sua ligação com Madame Arman de Caillavet inspiraram-lhe os romances históricos Thaïs (1890), ambientado no antigo Egito, e Le Lys rouge (1894; O lírio vermelho), que se passa em Florença.

Uma profunda mudança na obra de Anatole manifestou-se nos quatro volumes de L'Histoire contemporaine (1897-1901). As intrigas da vida provinciana são descritas nos três primeiros: L'Orme du mail (1897; O olmo do passeio público), Le Mannequin d'osier (1897; O manequim de vime) e L'Anneau d'améthyste (1899; O anel de ametista). O último volume, Monsieur Bergeret à Paris (1901; Monsieur Bergeret em Paris) é a história do próprio Anatole, que assumira a defesa de Alfred Dreyfus.

As preocupações sociais, a partir de 1900, transparecem nas obras de Anatole. A comédia Crainquebille (1903) proclama a hostilidade à ordem burguesa, que o levaria a aderir ao socialismo e a revelar simpatia pelo comunismo. Contudo, L'Île des pingouins (1908; A ilha dos pingüins) e Les Dieux ont soif (1912; Os deuses têm sede) não demonstram muita convicção no advento de uma sociedade fraterna, enquanto La Révolte des anges (1914; A revolta dos anjos) imagina uma campanha dos anjos caídos contra o paraíso.

A primeira guerra mundial reforçou o pessimismo do autor, levando-o a buscar refúgio em reminiscências da infância. Eleito para a Académie Française em 1896, Anatole France recebeu o Prêmio Nobel de literatura em 1921 e morreu em sua casa de campo La Béchellerie, em Saint-Cyr-sur-Loire, em 12 de outubro de 1924.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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domingo, 7 de agosto de 2011

O humor satírico de Ambrose Bierce

Ambrose Bierce nasceu em Ohio, EUA, a 24 Junho de 1842. Depois da Guerra Civil Americana, em que participou do lado da União, Bierce partiu para a Califórnia, onde se tornou jornalista.

Na Inglaterra a partir de 1872, trabalhou para revistas humorísticas como a «Figaro» e a «Fun». Regressou aos Estados Unidos em 1875, iniciando um longo período de colaboração com vários jornais.

Tornar-se-ia um dos jornalistas e escritores mais conhecidos do seu tempo, não deixando ninguém indiferente ao seu sentido acutilantemente crítico e satírico da humanidade. Com humor insolente, atacou todos os quadrantes da sociedade: as religiões, a política, a economia, o sentimentalismo...

Em 1913, aos setenta e um anos, Bierce partiu ao encontro da Revolução Mexicana, sem deixar rastro. A sua morte permanece um mistério, mas acredita-se que possa ter acontecido durante a Batalha de Ojinaga, em Janeiro de 1914.

Algumas de suas obras

Dicionário do Diabo (publicado num jornal, entre 1881 e 1906), Um Incêndio Imperfeito, O Dedo Médio do Pé Direito.

Seu humor satírico

"O que vale a pena fazer vale a pena o trabalho de pedir a alguém para o fazer".

"Dever: aquilo que nos impele inexorávelmente, através do nosso desejo, na direção do lucro".

"Anistia é a generosidade do governo para com os condenados cujo castigo se tornaria demasiado caro".

"Uma insanidade passageira, curável pelo casamento".

"Crítico: Pessoa que se vangloria de ser de satisfação difícil, porque ninguém lhe tenta agradar".

"O egoísta é um sujeito mais interessado em si próprio do que em mim".

"O conhecimento é a pequena porção da ignorância que arrumamos e classificamos".

"Economia: aquisição do barril de uísque de que não precisamos pelo preço da carne de vaca que não nos podemos dar ao luxo de comprar".

"O saber é um gênero da ignorância humana que distingue o homem estudioso".

"Hospitalidade: virtude que nos obriga a alimentarmos e alojarmos certas pessoas que não precisam de alimentos nem de alojamento".

"Cristão: Alguém que acredita que o Novo Testamento seja um livro inspirado por Deus, admiravelmente adaptado às necessidades espirituais do seu próximo".

"O casamento é uma cerimônia em que dois se tornam um, um se torna nada e nada se torna suportável".

"A eloquência é a arte de persuadir oralmente os tolos de que o branco é a cor que parece ser. Inclui o dom de fazer qualquer cor parecer branca".

"A morte não é o fim. Resta sempre a luta pelo espólio".

"Paciência: uma forma menor de desespero, mascarada de virtude".

"Ousadia: Uma das qualidades mais notáveis de um homem em segurança".

"Epitáfio é uma inscrição num túmulo que mostra que as virtudes adquiridas pela morte têm efeito retroativo".

"Riso: uma convulsão interior, que produz uma distorção da expressão facial e que é acompanhada por sons desarticulados. É contagioso e, embora intermitente, incurável"
(Dicionário do Diabo).

"O pessimismo é uma filosofia imposta às convicções do observador pelo desalentador predomínio do otimista".

"Casamento: estado ou condição de uma comunidade formada por um senhor, uma senhora, e dois escravos, totalizando dois".

Fontes: Edições tinta-da-china - Autores; Ambrose Bierce - Pensador.
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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Álvares de Azevedo

Álvares de Azevedo (Manuel Antônio Álvares de Azevedo), poeta, contista e ensaísta, nasceu em São Paulo em 12 de setembro de 1831, e faleceu o Rio de Janeiro, RJ, em 25 de abril de 1852. Patrono da Cadeira n. 2 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Coelho Neto.

Era filho do então estudante de Direito Inácio Manuel Álvares de Azevedo e de Maria Luísa Mota Azevedo, ambos de famílias ilustres. Segundo afirmação de seus biógrafos, teria nascido na sala da biblioteca da Faculdade de Direito de São Paulo; averiguou-se, porém, ter sido na casa do avô materno, Severo Mota.

Em 1833, em companhia dos pais, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 40, ingressou no colégio Stoll, onde consta ter sido excelente aluno. Em 44, retornou a São Paulo em companhia de seu tio. Regressa, novamente ao Rio de Janeiro no ano seguinte, entrando para o internato do Colégio Pedro II.

Em 1848 matriculou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, onde foi estudante aplicadíssimo e de cuja intensa vida literária participou ativamente, fundando, inclusive, a Revista Mensal da Sociedade Ensaio Filosófico Paulistano.

Entre seus contemporâneos, encontravam-se José Bonifácio (o Moço), Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães estes dois últimos suas maiores amizades em São Paulo, com os quais constituiu uma república de estudantes na Chácara dos Ingleses.

O meio literário paulistano, impregnado de afetação byroniana, teria favorecido em Álvares de Azevedo componentes de melancolia, sobretudo a previsão da morte, que parece tê-lo acompanhado como demônio familiar.

Imitador da escola de Byron, Musset e Heine, tinha sempre à sua cabeceira os poemas desse trio de românticos por excelência, e ainda de Shakespeare, Dante e Goethe.

Proferiu as orações fúnebres por ocasião dos enterros de dois companheiros de escola, cujas mortes teriam enchido de presságios o seu espírito. Era de pouca vitalidade e de compleição delicada; o desconforto das "repúblicas" e o esforço intelectual minaram-lhe a saúde.

Nas férias de 1851-52 manifestou-se a tuberculose pulmonar, agravada por tumor na fossa ilíaca, ocasionado por uma queda de cavalo, um mês antes. A dolorosa operação a que se submeteu não fez efeito. Faleceu às 17 horas do dia 25 de abril de 1852, domingo da Ressurreição.

Como quem anunciasse a própria morte, no mês anterior escrevera a última poesia sob o título "Se eu morresse amanhã", que foi lida, no dia do seu enterro, por Joaquim Manuel de Macedo.

Entre 1848 e 1851, publicou alguns poemas, artigos e discursos. Depois da sua morte surgiram as Poesias (1853 e 1855), a cujas edições sucessivas se foram juntando outros escritos, alguns dos quais publicados antes em separado.

As obras completas, como as conhecemos hoje, compreendem: Lira dos vinte anos; Poesias diversas, O poema do frade e O conde Lopo, poemas narrativos; Macário, "tentativa dramática"; A noite na taverna, contos fantásticos; a terceira parte do romance O livro de Fra Gondicário; os estudos críticos sobre Literatura e civilização em Portugal, Lucano, George Sand, Jacques Rolla, além de artigos, discursos e 69 cartas.

Preparada para integrar As três liras, projeto de livro conjunto de Álvares de Azevedo, Aureliano Lessa e Bernardo Guimarães, a Lira dos vinte anos é a única obra de Álvares de Azevedo cuja edição foi preparada pelo poeta. Vários poemas foram acrescentados depois da primeira edição (póstuma), à medida que iam sendo descobertos.

Fonte: Academia Brasileira de Letras www.academia.org.br
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domingo, 31 de julho de 2011

Luis Fernando Veríssimo


Luis Fernando Verissimo, escritor e jornalista, nasceu em Porto Alegre, RS, em 26/09/1936. Mais conhecido por suas crônicas e textos de humor, mais precisamente de sátiras de costumes, publicados diariamente em vários jornais brasileiros,

Verissimo é também cartunista e tradutor, além de roteirista de televisão, autor de teatro e romancista bissexto. Já foi publicitário e copy desk de jornal. É ainda músico, tendo tocado saxofone em alguns conjuntos. Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos.

Viveu parte de sua infância e adolescência nos Estados Unidos, com a família, em função de compromissos profissionais assumidos por seu pai - professor na Universidade de Berkeley (1943-1945) e diretor cultural da União Pan-americana em Washington (1953-1956). Como consequência disso, cursou parte do primário em San Francisco e Los Angeles, e concluiu o secundário na Roosevelt High School, de Washington.

Aos 14 anos produziu, com a irmã Clarissa e um primo, um jornal periódico com notícias da família, que era pendurado no banheiro de casa e se chamava "O Patentino" (patente é como é conhecida a privada no Rio Grande do Sul).

No período em que viveu em Washington, Verissimo desenvolveu sua paixão pelo jazz, tendo começado a estudar saxofone e, em frequentes viagens a Nova York, assistido a espetáculos dos maiores músicos da época, inclusive Charlie Parker e Dizzy Gillespie.

De volta a Porto Alegre em 1956, começou a trabalhar no departamento de arte da Editora Globo. A partir de 1960, fez parte do grupo musical Renato e seu Sexteto, que se apresentava profissionalmente em bailes na capital gaúcha, e que era conhecido como "o maior sexteto do mundo", porque tinha 9 integrantes.

Entre 1962 e 1966, viveu no Rio de Janeiro, onde trabalhou como tradutor e redator publicitário, e onde conheceu e se casou (1963) com a carioca Lúcia Helena Massa, sua companheira até hoje e mãe de seus três filhos (Fernanda, 1964; Mariana, 1967; e Pedro, 1970).

Em 1967, de novo em sua cidade natal, começou a trabalhar no jornal Zero Hora, a princípio como revisor de textos (copy-desk). Em 1969, depois de cobrir as férias do colunista Sérgio Jockymann e poder mostrar a qualidade e agilidade de seu texto, passou a assinar sua própria coluna diária no jornal. Suas primeiras colunas foram sobre futebol, abordando a fundação do Estádio Beira-Rio e os jogos do Internacional, seu clube do coração. No mesmo ano, tornou-se redator da agência de publicidade MPM Propaganda.

Em 1970 transferiu-se para o jornal Folha da Manhã, onde manteve sua coluna diária até 1975, escrevendo sobre esporte, cinema, literatura, música, gastronomia, política e comportamento, sempre com ironia e ideias pessoais, além de pequenos contos de humor que ilustram seus pontos de vista.

Em 1971 criou, com um grupo de amigos da imprensa e da publicidade porto-alegrense, o semanário alternativo O Pato Macho, com textos de humor, cartuns, crônicas e entrevistas, e que vai circular durante todo o ano na cidade.

Em 1973 lançou, pela Editora José Olympio, seu primeiro livro, O Popular, com o subtítulo "crônicas, ou coisa parecida", uma coletânea de textos já veiculados na imprensa, o que seria o formato da grande maioria de suas publicações até hoje. O livro de estreia de Verissimo recebeu elogios do importante crítico literário Wilson Martins, em O Estado de São Paulo.

Em 1975, voltou ao jornal Zero Hora, onde permanece até hoje, e passou a escrever semanalmente também no Jornal do Brasil, tornando-se nacionalmente conhecido. Publicou seu segundo livro de crônicas, A Grande Mulher Nua e começou a desenhar a série As Cobras, que no mesmo ano já rendeu uma primeira publicação de cartuns.

Em 1979, publicou seu quinto livro de crônicas, Ed Mort e Outras Histórias, o primeiro pela Editora L&PM, com a qual trabalharia durante 20 anos. O título do livro refere-se àquele que viria a ser um dos mais populares personagens de Luis Fernando Verissimo. Uma sátira dos policiais noir, imortalizados pela literatura de Raymond Chandler e Dashiell Hammett e por filmes interpretados por Humphrey Bogart, Ed Mort é um detetive particular carioca, de língua afiada, coração mole e sem um tostão no bolso, que passou a protagonizar uma tira de quadrinhos desenhada por Miguel Paiva e publicada em centenas de jornais diários, gerou uma série de cinco álbuns de quadrinhos (1985-1990) e ainda um filme com Paulo Betti no papel-título.

Entre 1980 e 1981, Verissimo viveu com a família por 6 meses em Nova York, o que mais tarde renderia o livro Traçando Nova York, primeiro de uma série de seis livros de viagem escritos em parceira com o ilustrador Joaquim da Fonseca e publicados pela Editora Artes e Ofícios.

Em 1981, o livro O Analista de Bagé, lançado na Feira do Livro de Porto Alegre, esgotou sua primeira edição em dois dias, tornando-se fenômeno de vendas em todo o país. O personagem, criado (mas não aproveitado) para um programa humorístico de televisão com Jô Soares, é um psicanalista de formação freudiana ortodoxa, mas com o sotaque, o linguajar e os costumes típicos da fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai e a Argentina. A contradição entre a sofisticação da psicanálise e a "grossura" caricatural do gaúcho da fronteira gerou situações engraçadíssimas, que Verissimo soube explorar com talento em dois livros de contos, um de quadrinhos (com desenhos de Edgar Vasques) e uma antologia.

Em 1982 passou a publicar uma página semanal de humor na revista Veja, que manteria até 1989.

Em 1983, em seu décimo volume de crônicas inéditas, lançou um novo personagem que também faria grande sucesso, a Velhinha de Taubaté, definida como "a única pessoa que ainda acredita no governo". O ingênuo personagem, que dera a seu gato de estimação o nome do porta-voz do Presidente-General Figueiredo, marcava a decadência do governo militar brasileiro, que já estava quase completando 20 anos. Mas, anos depois, em plena democracia, Verissimo faria reviver a Velhinha de Taubaté, ironizando a credibilidade dos presidentes civis, especialmente Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso.

Em toda a década de 1980, Verissimo consolidou-se como um fenômeno de popularidade raro entre escritores brasileiros, mantendo colunas semanais em vários jornais e lançando pelo menos um livro por ano, sempre nas listas dos mais vendidos, além de escrever para programas de humor da TV Globo.

Em 1986, morou seis meses com a família em Roma, e cobriu a Copa do Mundo para a revista Playboy. Em 1988, sob encomenda da MPM Propaganda, escreveu seu primeiro romance, O Jardim do Diabo.

Em 1989, começou a escrever uma página dominical para o jornal O Estado de São Paulo, mantida até hoje, e para a qual criou o grupo de personagens da Família Brasil. No mesmo ano, estreou no Rio de Janeiro seu primeiro texto escrito especialmente para teatro, "Brasileiras e Brasileiros". E ainda recebeu o Prêmio Direitos Humanos da OAB.

Em 1990, passou 10 meses com a família em Paris e cobriu a Copa da Itália para os jornais Zero Hora, Jornal do Brasil e O Estado de São Paulo, o que voltaria a fazer em 1994, 1998, 2002 e 2006.

Em 1991 publicou uma antologia de crônicas para crianças (O Santinho, com ilustrações de Edgar Vasques) e outra para adolescentes (Pai não Entende Nada).

Em 1994, a antologia de contos de humor "Comédias da Vida Privada" foi lançada com grande sucesso, vindo a tornar-se um especial da TV Globo (1994) e depois uma série de 21 programas (1995-1997), com roteiros de Jorge Furtado e direção de Guel Arraes. Veríssimo publicaria ainda uma nova antologia de contos, Novas Comédias da Vida Privada (1996) e, por contraste, uma série de crônicas políticas até então inéditas em livro, Comédias da Vida Pública (1995).

Em 1995, intelectuais brasileiros convidados pelo caderno "Ideias" do Jornal do Brasil elegeram Luis Fernando Verissimo o Homem de Idéias do ano. A esta seguiram-se outras homenagens: em 1996, "Medalha de Resistência Chico Mendes" da ONG Tortura Nunca Mais, "Medalha do Mérito Pedro Ernesto" da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e "Prêmio Formador de Opinião" da Associação Brasileira de Empresas de Relações Públicas; culminando, em 1997, com o "Prêmio Juca Pato", da União Brasileira de Escritores como o Intelectual do ano. Em 1999, recebeu ainda o Prêmio Multicultural Estadão.

Ainda em 1995, por iniciativa do contrabaixista Jorge Gerhardt, foi criado o grupo Jazz 6, este certamente "o menor sexteto do mundo", com apenas 5 integrantes: além de Verissimo no saxofone e Gerhardt no contrabaixo, fazem parte do grupo Luiz Fernando Rocha (trompete e flugelhorn), Adão Pinheiro (piano) e Gilberto Lima (bateria).

Sendo Gerhardt, Rocha, Pinheiro e Lima "músicos em tempo integral", o grupo depende da agenda de Verissimo para se apresentar, mas já tem 13 anos de estrada e 4 CDs lançados: Agora é a Hora (1997), Speak Low (2000), A Bossa do Jazz (2003) e Four (2006).

Em 1999, Verissimo deixou de desenhar as tiras de As Cobras e mudou de editora, trocando a L&PM pela Objetiva, que passou a republicar toda a sua obra. Uma destas antologias, As Mentiras que os Homens Contam (2000), já vendeu mais de 350 mil exemplares.

Em 2003, resolveu reduzir seu volume de trabalho na imprensa, passando de seis para apenas duas colunas semanais, agora publicadas em Zero Hora, O Globo e O Estado de São Paulo.

A partir de solicitações geradas pelas editoras, Verissimo deixou de ser o "grande escritor de textos curtos" e emendou uma série de novelas e romances: Gula - O Clube dos Anjos (1998) coleção Plenos Pecados da Objetiva; Borges e os Orangotangos Eternos (2000), para a coleção Literatura ou Morte da Cia das Letras; O Opositor (2004) para a coleção Cinco Dedos de Prosa da Objetiva; A Décima Segunda Noite (2006), para a coleção Devorando Shakespeare da Objetiva; e ainda Sport Club Internacional, Autobiografia de uma Paixão (2004), para a coleção Camisa 13 da Ediouro.

Em 2003, uma reportagem de capa da revista Veja destacou Verissimo como "o escritor que mais vende livros no Brasil". Ao mesmo tempo, a versão em inglês de Clube dos Anjos ("The Club of Angels") é escolhida pela New York Public Library como um dos 25 melhores livros do ano.

Em 2004, na França, recebeu o Prix Deux Oceans do Festival de Culturas Latinas de Biarritz.

Em 2006, Verissimo chegou aos 70 anos de idade consagrado como um dos maiores escritores brasileiros contemporâneos, tendo vendido ao todo mais de 5 milhões de exemplares de seus livros. Em 2008, sua filha Fernanda deu-lhe a primeira neta, Lucinda, nascida no dia do aniversário do Sport Club Internacional, 4 de abril.

Personagens

* Ed Mort
* Velhinha de Taubaté
* Analista de Bagé
* As Cobras
* Família Brasil
* Dorinha (Verissimo)

Livros publicados

Crônicas e contos (inéditos)

* O Popular (1973, ed. José Olympio)
* A Grande Mulher Nua (1975, ed. José Olympio)
* Amor Brasileiro (1977, ed. José Olympio)
* O Rei do Rock (1978, ed. Globo)
* Ed Mort e Outras Histórias (1979, ed. L&PM)
* Sexo na Cabeça (1980, ed. L&PM)
* O Analista de Bagé (1981, ed. L&PM)
* A Mesa Voadora (1982, ed. Globo)
* Outras do Analista de Bagé (1982, ed. L&PM)
* A Velhinha de Taubaté (1983, ed. L&PM)
* A Mulher do Silva (1984, ed. L&PM)
* A Mãe de Freud (1985, ed. L&PM)
* O Marido do Doutor Pompeu (1987, ed. L&PM)
* Zoeira (1987, ed. L&PM)
* Noites do Bogart (1988)
* Orgias (1989, ed. L± relançado em 2005 pela Objetiva)
* Pai Não Entende Nada (1990, ed. L&PM)
* Peças Íntimas (1990, ed. L&PM)
* O Santinho (1991, ed. L&PM)
* O Suicida e o Computador (1992, ed. L&PM)
* Comédias da Vida Pública (1995, ed. L&PM)
* A Versão dos Afogados - Novas Comédias da Vida Pública (1997, ed. L&PM)
* A Mancha (2004, ed. Cia das Letras, coleção Vozes do Golpe)

Crônicas e contos (antologias e reedições)

* O Gigolô das Palavras (1982, ed. L&PM)
* Comédias da Vida Privada (1994, ed. L&PM)
* Novas Comédias da Vida Privada (1996, ed. L&PM)
* Ed Mort, Todas as Histórias (1997, ed. L&PM)
* Aquele Estranho Dia que Nunca Chega (1999, Editora Objetiva)
* A Eterna Privação do Zagueiro Absoluto (1999, Editora Objetiva)
* Histórias Brasileiras de Verão (1999, Editora Objetiva)
* As Noivas do Grajaú (1999, ed. Mercado Aberto)
* Todas as Comédias (1999, ed. L&PM)
* Festa de Criança (2000, ed. Atica)
* Comédias para se Ler na Escola (2000, Editora Objetiva)
* As Mentiras que os Homens Contam (2000, Editora Objetiva)
* Todas as Histórias do Analista de Bagé (2002, Editora Objetiva)
* Banquete Com os Deuses (2002, Editora Objetiva)
* O Nariz e Outras Crônicas (2003, ed. Ática)
* O Melhor das Comédias da Vida Privada (2004, Editora Objetiva)
* Mais comédias para ler na escola (2008, Editora Objetiva)

Novelas e romances

* Pega pra Kapput (1978, ed. L± com Moacyr Scliar, Josué Guimarães e Edgar Vasques)
* O Jardim do Diabo (1987, ed. L&PM)
* Gula - O Clube dos Anjos (1998, Editora Objetiva, coleção Plenos Pecados)
* Borges e os Orangotangos Eternos (2000, ed. Cia das Letras, coleção Literatura ou Morte)
* O Opositor (2004, Editora Objetiva, coleção Cinco Dedos de Prosa)
* A Décima Segunda Noite (2006, Editora Objetiva, coleção Devorando Shakespeare)
* Os Espiões (2009, Editora Objetiva)

Relatos de viagens

* Traçando New York (1991, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
* Traçando Paris (1992, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
* Traçando Porto Alegre (1993, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
* Traçando Roma (1993, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
* América (1994, ed. Artes e Ofícios)
* Traçando Japão (1995, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)
* Traçando Madrid (1997, ed. Artes e Ofícios; com Joaquim da Fonseca)

Cartuns e quadrinhos

* As Cobras (1975, ed. Milha)
* As Cobras e Outros Bichos (1977, ed. L&PM)
* As Cobras do Verissimo (1978, ed. Codecri)
* O Analista de Bagé em Quadrinhos (1983, ed. L± com Edgar Vasques)
* Aventuras da Família Brasil (1985, ed. L&PM)
* Ed Mort em Procurando o Silva (1985, ed. L± com Miguel Paiva)
* As Cobras, vols I, II e III (1987, ed. Salamandra)
* Ed Mort em Disneyworld Blues (1987, ed. L± com Miguel Paiva)
* Ed Mort em Com a Mão no Milhão (1988, ed. L± com Miguel Paiva)
* Ed Mort em Conexão Nazista (1989, ed. L± com Miguel Paiva)
* Ed Mort em O Sequestro do Zagueiro Central (1990, ed. L± com Miguel Paiva)
* A Família Brasil (1993, ed. L&PM)
* As Cobras em Se Deus existe que eu seja atingido por um raio (1997, ed. L&PM)
* Pof (2000, ed. Projeto)
* Aventuras da Família Brasil (reedição - 2005, Editora Objetiva)

Outros

* O Arteiro e o Tempo (infantil; ed. Berlendis & Vertecchia; ilustrada por Glauco Rodrigues)
* Poesia Numa Hora Dessas?! (poemas; 2002, Editora Objetiva)
* Internacional, Autobiografia de uma Paixão (2004, ed. Ediouro).

Fontes: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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O tricolor Nelson Rodrigues

"Sou um menino que vê o amor pelo buraco da fechadura. Nunca fui outra coisa. Nasci menino, hei de morrer menino. E o buraco da fechadura é, realmente, a minha ótica de ficcionista. Sou (e sempre fui) um anjo pornográfico(desde menino)." — Nelson Rodrigues

Nelson Rodrigues (Nelson Falcão Rodrigues), dramaturgo, jornalista e escritor, nasceu na cidade do Recife, PE, em 23/08/1912, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 21/12/1980). Oriundo da capital pernambucana e quinto de quatorze irmãos, Nelson Rodrigues mudou-se para o Rio de Janeiro ainda criança, onde viveria por toda sua vida.

Seu pai, o ex-deputado federal e jornalista Mário Rodrigues, perseguido politicamente, resolveu estabelecer-se na então capital federal em julho de 1916, empregando-se no jornal Correio da Manhã, de propriedade de Edmundo Bittencourt.

Segundo o próprio Nelson em suas Memórias, seu grande laboratório e inspiração foi a infância vivida na Zona Norte da cidade. Dos anos passados numa casa simples na rua Alegre, 135 (atual rua Almirante João Cândido Brasil), no bairro de Aldeia Campista, saíram para suas crônicas e peças teatrais as situações provocadas pela moral vigente na classe média dos primeiros anos do século XX e suas tensões morais e materiais.

Sua infância foi marcada por este clima e pela personalidade do garoto Nelson. Retraído, era um leitor compulsivo de livros românticos do século XIX. Nesta época ocorreu também para Nelson a descoberta do futebol, uma paixão que conservaria por toda a vida e que lhe marcaria o estilo literário.

Na década de 1920, Mário Rodrigues fundou o jornal A Manhã, após romper com Edmundo Bittencourt. Seria no jornal do pai que Nelson começaria sua carreira jornalística, na seção de polícia, com apenas treze anos de idade. Os relatos de crimes passionais e pactos de morte entre casais apaixonados incendiavam a imaginação do adolescente romântico, que utilizaria muitas das histórias reais que cobria em suas crônicas futuras. Neste período a família Rodrigues conseguiria atingir uma situação financeira confortável, mudando-se para o bairro de Copacabana, então um arrabalde luxuoso da orla carioca.

Apesar da bonança, Mário Rodrigues perderia o controle acionário de A Manhã para o sócio. Mas, em 1928, com o providencial auxílio financeiro do vice-presidente Fernando de Melo Viana, Mário fundou o diário Crítica.

Como cronista esportivo, Nelson escreveu textos antológicos sobre o Fluminense Football Club, clube para o qual torcia fervorosamente. A maioria dos textos eram publicados no Jornal dos Sports. Junto com seu irmão, o jornalista Mário Filho, Nelson foi fundamental para que os Fla-Flus tivessem conquistado o prestígio que conquistaram e se tornassem grandes clássicos do futebol brasileiro. Nelson Rodrigues criou e evocava personagens fictícios como Gravatinha e Sobrenatural de Almeida para elaborar textos a respeito dos acontecimentos esportivos relacionados ao clube do coração.

Nelson seguiu os seus irmãos Mílton, Mário Filho e Roberto integrando a redação do novo jornal. Ali continuou a escrever na página de polícia, enquanto Mário Filho cuidava dos esportes e Roberto, um talentoso desenhista, fazia as ilustrações. Crítica era um sucesso de vendas, misturando uma cobertura política apaixonada com o relato sensacionalista de crimes. Mas o jornal existiria por pouco tempo. Em 26 de dezembro de 1929, a primeira página de Crítica trouxe o relato da separação do casal Sylvia Serafim e João Thibau, Jr. Ilustrada por Roberto e assinada pelo repórter Orestes Barbosa, a matéria provocou uma tragédia. Sylvia, a esposa que se desquitara do marido e cujo nome fora exposto na reportagem invadiu a redação de Crítica e atirou em Roberto com uma arma comprada naquele dia. Nelson testemunhou o crime e a agonia do irmão, que morreu dias depois.

Mário Rodrigues, deprimido com a perda do filho, faleceu poucos meses depois. Sylvia, apoiada pelas sufragistas e por boa parte da imprensa concorrente de Crítica, foi absolvida do crime. Finalmente, durante a Revolução de 30, a gráfica e a redação de Crítica são empastelados e o jornal deixa de existir. Sem seu chefe e sem fonte de sustento, a família Rodrigues mergulha em decadência financeira.

Foram anos de fome e dificuldades para todos. Pouco afinados com o novo regime, os Rodrigues demorariam anos para se recuperarem dos prejuízos causados pela tuberculose.

Ajudado por Mário Filho, amigo de Roberto Marinho, Nelson passa a trabalhar no jornal O Globo, sem salário. Apenas em 1932 é que seria efetivado como repórter no jornal. Pouco tempo depois, descobriu-se tuberculoso. Para tratar-se, retira-se do Rio de Janeiro e passa longas temporadas em um sanatório na cidade de Campos do Jordão. Seu tratamento é custeado por Marinho, que conquistou a gratidão de Nelson pelo resto de sua vida. Recuperado, volta ao Rio e assume a seção cultural de O Globo, fazendo a crítica de ópera.

No O Globo, foi editor do suplemento O Globo Juvenil, além de editar Nelson roteirizou algumas história em quadrinhos para o suplemento, dentre elas uma versão de O fantasma de Canterville de Oscar Wilde.
Em 1940 casou-se com Elza Bretanha, sua colega de redação.

A partir da década de 1940, Nelson divide-se entre o emprego em O Globo e a elaboração de peças teatrais. Em 1941 escreve A mulher sem pecado, que estreou sem sucesso. Pouco tempo depois assina a revolucionária Vestido de noiva, peça dirigida por Zbigniew Ziembiński e que estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro com estrondoso sucesso.

O teatrólogo Nelson Rodrigues seria o criador de uma sintaxe toda particular e inédita nos palcos brasileiros. Suas personagens trouxeram para a ribalta expressões tipicamente cariocas e gírias da época, como "batata!" e "você é cacete, mesmo!". Vestido de noiva é considerada até hoje como o marco inicial do moderno teatro brasileiro.

Em 1945 abandona O Globo e passa a trabalhar nos Diários Associados. Em O Jornal, um dos veículos de propriedade de Assis Chateaubriand, começa a escrever seu primeiro folhetim, Meu destino é pecar, assinado pelo pseudônimo "Susana Flag". O sucesso do folhetim alavancou as vendas de O Jornal e estimulou Nelson a escrever sua terceira peça, Álbum de família.

Em fevereiro de 1946, o texto da peça foi submetido à Censura Federal e proibido. Álbum de família só seria liberada em 1965. Em abril de 1948 estreou Anjo negro, peça que possibilitou a Nelson adquirir uma casa no bairro do Andaraí e em 1949 Nelson lançou Doroteia.

Em 1950 passa a trabalhar no jornal de Samuel Wainer, a Última Hora. No jornal, Nelson começa a escrever as crônicas de A vida como ela é, seu maior sucesso jornalístico. Na década seguinte, passa a trabalhar na recém-fundada TV Globo, participando da bancada da Grande Resenha Esportiva Facit, a primeira "mesa-redonda" sobre futebol da televisão brasileira e, em 1967, passa a publicar suas memórias no mesmo jornal Correio da Manhã onde seu pai trabalhou cinquenta anos antes.

Nos anos 70, consagrado como jornalista e teatrólogo, a saúde de Nélson começa a decair, por causa de problemas gastroenteorológicos e cardíacos de que era portador. O período coincide com os anos da ditadura militar, que Nelson sempre apoiou. Entretanto, seu filho Nelson Rodrigues Filho torna-se guerrilheiro e se passa para a clandestinidade. Neste período também aconteceu o fim de seu casamento com Elza e o início do relacionamento com Lúcia Cruz Lima, com quem teria uma filha, Daniela, nascida com problemas mentais. Depois do término do relacionamento com Lúcia, Nelson ainda manteria um rápido casamento com sua secretária Helena Maria, antes de reatar seu casamento com Elza.

Nelson faleceu numa manhã de domingo, em 1980, aos 68 anos de idade, de complicações cardíacas e respiratórias. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, em Botafogo. No fim da tarde daquele mesmo dia ele faria treze pontos na Loteria Esportiva, num "bolão" com seu irmão Augusto e alguns amigos de O Globo. Dois meses depois, Elza atendia ao pedido do marido — de, ainda em vida, gravar o seu nome ao lado do dele na lápide de seu túmulo, sob a inscrição: "Unidos para além da vida e da morte. E é só".

 Obras

O teatro entrou na vida de Nelson Rodrigues por acaso. Uma vez que se encontrava em dificuldades financeiras, achou no teatro uma possibilidade de sair da situação difícil em que estava. Assim, escreveu A mulher sem pecado…, sua primeira peça. Segundo algumas fontes, Nelson tinha o romance como gênero literário predileto, e suas peças seguiram essa predileção, pois as mesmas são como romances em forma de texto teatral. Nelson é um originalíssimo realista. Não é à toa que foi considerado um novo Eça. De fato, a prosa de Nelson era realista e, tal como os realistas do século XIX, ele criticou a sociedade e suas instituições, sobretudo o casamento.

Sendo esteticamente realista em pleno Modernismo, Nelson não deixou de inovar tal como fizeram os modernos. O autor transpôs a tragédia grega para o sociedade carioca do início do século XX, e dessa transposição surgiu a "tragédia carioca", com as mesmas regras daquela, mas com um tom contemporâneo. O erotismo está muito presente na obra de Nelson Rodrigues, o que lhe garante o título de realista. Nelson não hesitou em denunciar a sordidez da sociedade tal como o fez Eça de Queirós em suas obras. Esse erotismo realista de Nelson teve sua gênese em obras do século XIX, como O Primo Basílio, e se desenvolveu grandemente na obra do autor pernambucano. Em síntese, Nelson foi um grande escritor, dramaturgo e cronista, e está imortalizado na literatura brasileira.

Acervo

O Centro de Documentação da Funarte (Cedoc) possui amplo acervo sobre o dramaturgo, como fotos de peças, programas das produções teatrais, resenhas e comentários sobre espetáculos teatrais, entre eles Vestido de Noiva, encenado pela primeira vez para um Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Boa parte dos registros fotográficos de peças do dramaturgo existentes no Cedoc foram feitos pelo Estúdio Foto Carlos, que, nas décadas de 40, 50, 60, 70 e 80 e foram digitalizadas graças ao projeto Brasil Memória das Artes, incluindo registros de raridades, como uma participação de Nelson Rodrigues como ator. No Portal da Funarte ainda é possível ver vídeos produzidos sobre o dramaturgo e sua obra.

Teatro

Nélson Rodrigues escreveu dezessete peças teatrais. Sua edição completa abrange quatro volumes, divididos segundo critérios do crítico Sábato Magaldi, que agrupou as obras de acordo com suas características, dividindo-as em três grupos: Peças psicológicas, Peças míticas e Tragédias cariocas. Assim, as peças seguem o plano de publicação:

Peças psicológicas

* A mulher sem pecado
* Vestido de noiva
* Valsa nº 6
* Viúva, porém honesta
* Anti-Nélson Rodrigues

Peças míticas

* Álbum de família
* Anjo negro
* Senhora dos Afogados
* Doroteia

Tragédias Cariocas I

* A falecida
* Perdoa-me por me traíres
* Os Sete Gatinhos
* Boca de ouro

Tragédias Cariocas II

* O beijo no asfalto
* Bonitinha, mas ordinária ou Otto Lara Rezende
* Toda Nudez Será Castigada
* A serpente

Estreias das peças (todas no Rio de Janeiro)

* A mulher sem pecado - 1941 - Direção: Rodolfo Mayer
* Vestido de noiva - 1943 - Direção: Zbigniew Ziembiński
* Álbum de família - 1946 - Direção: Kleber Santos
* Anjo negro - 1947 - Direção: Zbigniew Ziembiński
* Senhora dos Afogados - 1947 - Direção: Bibi Ferreira
* Doroteia - 1949 - Direção: Zbigniew Ziembiński
* Valsa nº 6 - 1951 - Direção: Milton Rodrigues
* A falecida - 1953 - Direção: José Maria Monteiro
* Perdoa-me por me traíres - 1957 - Direção: Léo Júsi
* Viúva, porém honesta - 1957 - Direção: Willy Keller
* Os sete gatinhos - 1958 - Direção: Willy Keller
* Boca de ouro - 1959 - Direção: José Renato
* O beijo no asfalto - 1960 - Direção: Fernando Torres
* Bonitinha, mas ordinária - 1962 - Direção Martim Gonçalves
* Toda nudez será castigada - 1965 - Direção: Zbigniew Ziembiński
* Anti-Nélson Rodrigues - 1974 - Direção: Paulo César Pereio
* A serpente - 1978 - Direção: Marcos Flaksman

Romances

* Meu destino é pecar - 1944
* Escravas do amor - 1944
* Minha vida - 1944
* Núpcias de fogo - 1948
* A mulher que amou demais - 1949
* O homem proibido - 1959
* A mentira - 1953
* Asfalto selvagem - 1959 (ou Engraçadinha)
* O casamento - 1966

Contos

* Cem contos escolhidos - A vida como ela é... - 1972
* Elas gostam de apanhar - 1974
* A vida como ela é — O homem fiel e outros contos - 1992
* A dama do lotação e outros contos e crônicas - 1992
* A coroa de orquídeas - 1992

Crônicas

* Memórias de Nélson Rodrigues - 1967
* O óbvio ululante: primeiras confissões - 1968
* A cabra vadia - 1970
* O reacionário: memórias e confissões - 1977
* Fla-Flu...e as multidões despertaram - 1987
* O remador de Ben-Hur - 1992
* A cabra vadia - Novas confissões - 1992
* A pátria sem chuteiras - Novas Crônicas de Futebol - 1992
* A menina sem estrela - memórias - 1992
* À sombra das chuteiras imortais - Crônicas de Futebol - 1992
* A mulher do próximo - 1992
* Nélson Rodrigues, o Profeta Tricolor - 2002
* O Berro impresso nas Manchetes - 2007

Telenovelas baseadas nas obras

* A morta sem espelho - TV Rio - 1963
* Sonho de amor - TV Rio - 1964
* O desconhecido - TV Rio - 1964
* O homem proibido - TV Globo - 1982
* Meu Destino É Pecar - TV Globo - 1984
* Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados - TV Globo - 1995
* A Vida Como Ela É - TV Globo - 1996

Filmes baseados em suas obras

* Somos dois - 1950 - Direção: Milton Rodrigues
* Meu destino é pecar - 1952 - Direção: Manuel Pelufo
* Mulheres e milhões - 1961 - Direção: Jorge Ileli
* Boca de ouro - 1963 - Direção: Nelson Pereira dos Santos
* Meu nome é Pelé - 1963 - Direção: Carlos Hugo Christensen
* Bonitinha mas ordinária - 1963 - Direção: J.P. de Carvalho
* Asfalto selvagem - 1964 - Direção: J.B. Tanko
* A falecida - 1965 - Direção: Leon Hirzman
* O beijo - 1966 - Direção: Flávio Tambellini
* Engraçadinha depois dos trinta - 1966 - Direção: J.B. Tanko
* Toda nudez será castigada - 1973 - Direção: Arnaldo Jabor
* O casamento - 1975 - Direção: Arnaldo Jabor
* A dama do lotação - 1978 - Direção: Neville d'Almeida
* Os sete gatinhos - 1980 - Direção: Neville d'Almeida
* O beijo no asfalto - 1980 - Direção: Bruno Barreto
* Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Rezende - 1981 - Direção: Braz Chediak
* Álbum de família - 1981 - Direção: Braz Chediak
* Engraçadinha - 1981 - Direção: Haroldo Marinho Barbosa
* Perdoa-me por me traíres - 1983 - Direção: Braz Chediak
* Boca de ouro - 1990 - Direção: Walter Avancini
* Traição - 1998 - Direcão: Arthur Fontes, Cláudio Torres e José Henrique Fonseca
* Gêmeas - 1999 - Direção: Andrucha Waddington
* Vestido de noiva - 2006 - Direção de Joffre Rodrigues
* Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Rezende - 2009

Fontes: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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