sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Pacto de pecado e de morte

Quando ele, no telefone, propôs um encontro, Luci quase caiu para trás, dura:

— Você está maluco? Doido?

E ele:

— Por quê? Tem alguma coisa demais? É um encontro numa sorveteria ou onde você quiser. Eu digo o que tenho para dizer, você me escuta e pronto. Só.

Mas Luci protestava ainda. Reagiu ferozmente: “Você se esquece que sou casada? Que tenho marido, filhos?”. Do outro lado da linha, Reginaldo tratava de argumentar:

— O que eu estou pleiteando de ti é apenas um encontro e nada mais. Um simples encontro cordial. Tu estás fazendo um bicho-de-sete-cabeças à toa, sem motivo.

Apavorada, perguntou: “Mas pra quê? Com que finalidade?”.

Respondeu:

— Preciso falar contigo, dizer umas coisas a ti. Te juro o seguinte: será o primeiro e o último encontro. — Toma respiração e suplica: — Tu vais?

Silêncio no telefone. Por fim, quase sem voz, ela admite:

— Irei.

O ENCONTRO

Marcaram o encontro numa confeitaria do Largo da Carioca. Nenhum local mais lírico e inofensivo. Todavia, ela, que se criara num colégio de irmãs e tivera em casa uma educação medieval, tiritava de pavor. E só transigiu, afinal, só condescendeu em ir porque Reginaldo frisara: “Só esta vez e nunca mais”. Há quinze dias que ele, às tardes, ligava para ela. Começava sempre assim: “Sou eu. Te amo, te amo e te amo”. Ora, Luci pertencia a uma dessas famílias em que a fidelidade feminina era um hábito, uma virtude obrigatória e hereditária. Recebeu um impacto medonho. Ameaçava sempre: “Eu desligo. Olha que eu desligo”.

Mas não desligava. Reginaldo era amigo do marido. Desde que começaram os telefonemas, ela experimentava uma sensação atroz de culpa, de mácula. Em todo caso, o telefone não tinha o perigo, a ameaça da presença material. Eis que Reginaldo pedia, pela primeira e última vez, um encontro. Na hora marcada, nervosíssima, Luci entrava; pouco depois, aparecia Reginaldo.

FRAQUEZA

Sentaram-se num canto: ela, no pavor de pessoas conhecidas; e ele, convulso de paixão. Repete: “Sabe que eu te amo muito? Que eu te amo cada vez mais?”. Falava com tanto fervor e, ao mesmo tempo, com tanta humilhação que, sem querer, Luci teve uma fraqueza deliciosa, ou seja: admitiu que também o amava. Logo, porém, sublinhava: “Mas você não vê que esse amor é impossível?”. Reginaldo inclinava-se na mesa, alucinado de esperança: “Por quê? Impossível por quê?”. E a pequena:

— Por quê? Pelo seguinte: eu sou uma criatura que perdoa tudo. Para mim, só uma coisa tem importância: a traição. Compreende? — E continua, com os olhos cheios de lágrimas: — Eu, se traísse uma vez, uma única vez, não poderia olhar nunca mais nem meu marido, nem meus filhos. E teria que morrer, Ouviste? Depois da traição, eu teria nojo da vida!

Reginaldo, porém, estava mais seguro de si mesmo e do próprio sentimento, agora que se sabia amado. Trincou as palavras nos dentes, com uma obstinação de fanático: “Hás de ser minha! Hás de ser minha!”. Ela baixa a voz, espantada:

— Tua? Nunca! — Pausa e prossegue, na violência contida: — Eu seria tua, sim, se me matasse depois. Só assim!

Reginaldo olha em torno. Por cima da mesa, apanha a mão da pequena. Grave e lento, pergunta:

— Queres um pacto de morte? Escuta: tenhamos uma tarde, uma noite de amor, e, em seguida, a morte, compreendes-te? Eu morreria mil vezes para viver uma hora, meia hora contigo! Queres? Seria lindo, não seria?

Por um momento, Luci deixa quase de respirar, como se a dupla sugestão do amor e da morte a arrebatasse. Foi um breve e violento delírio: amar e morrer,.. Pensa que os defuntos não têm memória, nem culpa, como se a morte levasse tudo. Abre os olhos, diz, baixinho, para si mesma: “Meu marido, meus filhos...”. Mas a voz interior responde que uma morta não tem marido, não tem filhos, nada. Olharam-se em silêncio, enamo¬radíssimos. Dir-se-ia que a idéia de morrer os unia mais. E, então, sem desfitá-la, pergunta:

— Queres morrer comigo? Deve ser fabuloso morrer contigo!

Ela responde, fascinada:

— Quero sim. Quero...

Baixa a cabeça, deliciada.

E Reginaldo:

— Amanhã.

AMOR E MORTE

Ali mesmo combinaram tudo. No dia seguinte, às quatro horas, ela iria ao apartamento dele em Copacabana. Quando a pequena chegasse, estariam, em cima da mesinha-de-cabeceira, dois copos. Luci quer saber: “Veneno?”. Ele fez que sim com a cabeça. Despediram-se, felicíssimos. E o que a fascinava, acima de tudo, é a impunibilidade que a morte dá às criaturas.

Nessa noite, quando o marido quis beijá-la, Luci fugiu com o rosto e usou uma desculpa inesperada e lógica: “Estou com muita dor de cabeça, meu bem. Não consigo nem ficar de pé, nem olhar para as paredes de tanta dor”. Na verdade, queria preservar-se para o pecado e para a morte.

O PECADO

À tarde, às quatro horas, como estava marcado, ela bate na porta do apartamento. Estava ali, sem saudade nenhuma do marido, dos filhos, da casa ou do mundo. Entra e, depois que Reginaldo fecha a porta, Luci, de pé, fecha os olhos e pede:

— Me beija, me beija!

E, de fato, houve um primeiro beijo, com uma violência e um desespero de quem vai morrer. Quando se desprenderam, Luci, crispada, balbucia: “Estás vendo?”. Eram os dois copos, cheios, em cima da mesinha. Três horas depois, já caíra a noite. Ela está com a cabeça pousada no seu peito. E ele, brincando com os cabelos da moça, fala: “Agora podemos morrer”. Do fundo do seu sonho, Luci parece espantada:

— Morrer?

E ele, com a boca encostada no seu ouvido:

— Quero morrer contigo.

Sem uma palavra, Luci levanta-se. Com os pés frescos e nus, vai apanhar os dois copos, e, antes que o rapaz pudesse prever o gesto, corre até a janela, que se abre para a noite, e despeja, lá do alto, do décimo segundo andar, todo o veneno. Depois deixa cair um e, depois, o outro copo. Sem compreender, ele quer segurá-la, mas ela se desprende com violência:

— Agora que me ensinaste o amor, não quero morrer, nunca mais!

E, com efeito, por um momento, eles se sentiram eternos.
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A coroa de orquídeas e outros contos de A vida como ela é... / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
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quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O poder de cura do limão

Estudos constataram que o uso do limão estimula a produção do carbonato de potássio no organismo, promovendo a neutralização da acidez do meio humoral, pois o ácido cítrico presente no limão é transformado durante a digestão e comporta-se como um alcalinizante, ou seja, um neutralizante da acidez interna. Além disso, os diversos sais do limão se convertem em carbonatos e bicarbonatos de cálcio, potássio, entre outros, que aumentam a alcalinidade do sangue.

Quando tomado pela manhã em jejum, descongestiona e desintoxica o organismo. É útil no combate às diversas patologias reumáticas e artríticas, além de aumentar a excreção de ácido úrico, uréia e ácido fosfórico. Regenera os tecidos inflamados das mucosas, estimulando o funcionamento normal de todos os órgãos do aparelho digestivo.

Nas afecções gastrintestinais, os ácidos do limão destroem os germes e as bactérias nocivas que se libertam e contribuem para gerar ulcerações. Ainda combate as fermentações e os gases. É amigo do pâncreas, expurga e tonifica o fígado e a vesícula.

Relativamente ao aparelho geniturinário, bem como ao sistema cardiovascular, é igualmente um poderosíssimo eliminador de toxinas e um tônico privilegiado. Tem, assim, ação que impede e neutraliza a proliferação das tão temidas afecções arterioscleróticas.

Gargarejos do seu suco fresco são benéficos para todos os tipos de afecções do trato nasofaríngeo, bem como para laringites e gengivites. Inalado (puro ou diluído), é um bom desinfetante nas rinites e sinusites.

Indicações de uso interno

Asma, enfisema (paralelamente com a terapia do limão, deve-se reduzir o consumo de proteínas).

Infecções pulmonares, tuberculose pulmonar e óssea, bronquite crônica, constipação e gripe.

Afecções cardiovasculares, varizes e flebites.

Fragilidade capilar, dermatites, prurido, eczema e despigmentação.

Doenças infecciosas (coadjuvante no tratamento de mononucleoses, leucocitoses, blenorragias, sífilis, etc.).

Febre (infusão de folhas de limoeiro e/ou cascas do fruto, podendo juntar-se o suco).

Gastrite, dispepsias e aerofagias (também se podem mastigar finas lascas da casca).

Úlceras de estômago e do duodeno, esofagite de refluxo.

Insuficiência hepática e pancreática, icterícia e congestão hepática (utilização e quantidade adaptadas a cada caso).

Disenteria, diarréia, febre tifóide e hemorróidas.

Colite, meteorismo e parasitas intestinais (ralar a casca do limão e fervê-la em água, com ou sem açúcar).

Fortalecimento da visão, glaucoma e hipertensão ocular.

Hemorragias, hemofilia e escorbuto.

Astenia, anemias e desmineralização (aumenta a capacidade imunológica).

Amamentação, obesidade e disfunções metabólicas (reequilibrante).

Hipertensão arterial, hipotensão arterial (regulador da pressão).

Afecções do sistema nervoso (fortalece e equilibra. As flores do limoeiro são também muito benéficas).

Diabetes, leucemia (preventivo), cancro (preventivo), enfarte (preventivo), trombose, embolia (preventivo).

Esclerose, arteriosclerose, doenças reumáticas e artrite.

Descalcificação, linfatismo e ascites.

Retenções urinárias e litíase urinária e biliar.

Indicações de uso externo

Cefaléias (colocar compressas embebidas em sumo na fronte e nas têmporas).

Febre do feno, sinusites e anginas.

Hemorragias nasais e otite.

Estomatite, glossite, afta e sifílides bucais.

Blefarites, terçóis e herpes.

Dermatoses (erupções, furúnculos, etc.), feridas infectadas e picadas de inseto.

Verrugas, seborréia facial.

Unhas quebradiças e pés sensíveis (friccionar com sumo ou polpa).

Queda do cabelo (fazer lavagens e fricções do couro cabeludo com o sumo puro).

Tonificante corporal (juntar suco de limão espremido à água do banho).

Fontes: http://www.ahau.org/curalimao.0.html; http://curapelanatureza.blogspot.com/2008/02/o-poder-de-cura-do-limo.html
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O vinho e o sedentarismo

O exercício pode ser servido em uma garrafa... de vinho. Um antioxidante presente em altas quantidades nas uvas e no vinho tinto, o resveratrol, evita os efeitos negativos de uma vida sedentária no organismo, segundo uma pesquisa americanae publicada pela revista FASEB Journal.

Os cientistas realizaram os estudos submetendo um grupo de ratos a um ambiente sedentário, que limitasse o movimento. A um grupo forneceram resveratrol.

Os roedores, de maneira natural, começaram a sofrer diminuição de massa e força muscular e geraram resistência à insulina. Também apresentaram uma baixa de minerais e debilidade nos ossos. No entanto, os roedores que tomaram resveratrol, apesar do pouco movimento físico, não desenvolveram consequências negativas.

- "Existem dados e informações de como o corpo humano precisa de atividade física, mas, para alguns de nós, ter essa atividade não é tão simples assim", explica Gerald Weissmann, editor chefe da revista, fazendo referência aos astronautas submetidos a falta de gravidade, ou a pessoas doentes obrigadas a não se moverem na cama durante sua convalescença e inclusive a trabalhadores que passam muitas mais horas que o recomendado sentados no escritório.

- "O resveratrol não é um substituto do exercício, mas pode diminuir o processo de deterioração até que o indivíduo possa voltar a se movimentar", acrescenta Weissmann.

Fonte: Eureka Alert/NDIG
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