sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A origem do desodorante

O suor contém alguns ácidos carboxílicos que apresentam cheiros desagradáveis e é produzido pelas glândulas sudoríparas apócrinas, que, por si só, não tem cheiro ruim. Este cheiro é produzido apenas com a adição de bactérias.

Há muito tempo, o odor do suor já era associado a animalidade que os povos civilizados tentavam eliminar. Durante o Império Romano, os homens após o banho, colocavam nas axilas almofadas contendo substâncias aromáticas.

No início do século XX começou-se a fabricar nos Estados Unidos um produto composto por uma mistura de sulfatos de potássio e alumínio, ao qual deram o nome de desodorante. Após a Segunda Guerra Mundial o uso do desodorante praticamente se espalhou por todo o Ocidente.

Atualmente muitos desodorantes apresentam na sua composição bicarbonato de sódio (NaHCO3) que reage com os ácidos carboxílicos produzindo sais inodoros.

Atualmente, os desodorantes são usados praticamente em todas as partes do corpo, nas axilas, no cabelo, nos pés, nas genitálias, inclusive nas roupas, para aromatizar ambientes e, até em animais domésticos.

As variedades de desodorantes disponíveis no comércio são variadas: aromatizados ou não, com ou sem álcool, com ou sem agentes bactericidas, apresentados sob as formas de creme, spray ou roll-on.

Os desodorantes, denominados "antitranspirantes", ocasionam o fechamento de mais ou menos 50% das glândulas sudoríparas reduzindo a eliminação de toxinas, e podem produzir processos infecciosos nas glândulas tais como furúnculos. Muitos contêm bactericidas para evitar o processo infeccioso.

Fonte: Wikipédia.
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Gripe ou resfriado?

Quando se acorda espirrando, com o nariz entupido, ou se pega um ar frio e em seguida a garganta arranha, fica a dúvida: é gripe ou resfriado?

Infelizmente a gripe não é algo tão simples assim e é uma doença bem pior do que se imagina. Em crianças, idosos e pessoas com problemas imunológicos, ela pode até matar.

Resfriado é uma infecção virótica (os rinovírus são os principais agentes causadores), geralmente sem febre, na qual as principais manifestações clínicas envolvem as vias aéreas superiores, dor de cabeça, secreção nasal (coriza) ou obstrução nasal. Com a exposição ao agente, a infecção pode ser facilitada por fadiga excessiva, distúrbios emocionais ou alérgicos.

A gripe é uma infecção respiratória aguda causada pelo vírus ARN da família Orthomyxoviridae, denominado influenza, que causa febre, prostração, coriza, tosse, dor de cabeça, dor de garganta. O nome influenza vem da língua italiana, e significa "influência" (em latim, influentia).

O vírus influenza apresenta vários sorotipos e sofrem mutações de um ano para outro. Esses vírus caracterizam-se por estarem em eterna mutação e por sofrerem um fenômeno chamado de recombinação genética. Quando ocorre a mutação, surge um vírus parente do anterior e assim nós ainda temos certa defesa contra o novo porque se parece com o antigo. Mas nos casos de recombinação genética, surge um vírus absolutamente novo, contra o qual não temos defesa alguma.

Apesar da influência do frio, detectada pelos antigos, não é bem ele em si que causa a doença. O que ocorre é que as aglomerações que se formam em ambientes fechados quando a temperatura abaixa causam uma maior proximidade entre as pessoas, facilitando assim a transmissão do vírus.

Logo, o frio não é o causador da gripe, apenas cria condições para maior disseminação dos vírus em lugares não arejados onde as pessoas tossem, espirram ou falam muito perto umas das outras.

Existem vacinas que são aplicadas a cada ano, principalmente nos grupos de maior risco (idosos e pacientes com problemas respiratórios crônicos). O que podemos fazer é fortalecer o nosso sistema imunológico, ingerindo regularmente frutas ricas em vitamina C, como a laranja, acerola, limão, etc, em forma de sucos ou “in natura”.

Fonte: wikipédia; http://blogamelias.com.br/
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quinta-feira, 1 de setembro de 2011

O raffles

Foi para São Paulo, de avião. Devia demorar-se, lá, talvez uma semana. Desembarcou, fez seus negócios e, às duas horas da manhã, apanhou o telefone do hotel:

— Eu queria um interurbano.

— Para onde?

— Rio.

Deu o número e o nome. Estava no quarto, que era no décimo andar, e estava morto de saudades. Casado há três anos, era doido pela esposa. Confessava mesmo, com certo heroísmo: “Se eu perdesse minha mulher, deixaria de ser homem”. Exagero, como se vê. Mas era incontestável a paixão de Eusebiozinho. Diga-se de passagem que a mulher merecia, fisicamente, essa paixão. Com vinte e três anos, podia ser considerada uma das pequenas mais bonitas do Rio. E, em casa, na rua, no ônibus, em toda a parte, viviam num agarramento de namorados ou amantes. Uma vez, foi até interessante. Foram a um cinema e, em dado momento, o vagalume apareceu e fulminou aquele casal suspeito e inconveniente. Eusebiozinho foi tomar satisfações com o funcionário do cinema. Enfiando o dedo na cara do outro, berrou: “Pois fique sabendo que é minha esposa!”. Os amigos, quando os viam, naquela felicidade inalterável e irritante, saudavam:

— O único casal feliz do mundo!

O LADRÃO

Enfim, foi completada a ligação. Eusebiozinho, sôfrego, no telefone, desmanchava-se: “Como vai essa coisinha louca?”. Perguntava: “Tu aceitas um beijo nessa boquinha?”. Eram dengues de namorado, que ele preservava ao longo dos dias e meses. Ela respondia qualquer coisa, que ele não escutava muito bem. O telefone estava péssimo. E o rapaz, na sua avidez de apaixonado, não queria perder uma sílaba. De repente, julgou captar a palavra ladrão. Insistiu:

— O quê? Fala mais alto, meu anjinho, fala com a boca encostada no fone! Agora repete!

Ela repetiu, quase soletrando:

— Entrou ladrão, hoje, aqui em casa!

— Ladrão?

— Pois é!

Atônito, apavorado, berrava, agarrado ao telefone.

— Mas que negócio é esse? Fala mais alto, meu amor! Não estou ouvindo tostão!

— Alô! Alô!...

A voz da mulher fugiu de todo. Histérico, bateu no gancho:

— Telefonista! Telefonista!

Nada. Acabou desligando. Estava fora de si. Pensou nesse ladrão que invadira sua casa. E o pior é que Luciana estava só e, em conseqüência, indefesa. Pôs-se a pensar nas possibilidades que contém um assalto. Digamos que o miserável, vendo Luciana, linda e solitária, em pleno sono, numa de suas camisolas diáfanas e decotadas, perdesse a cabeça. Foi a hipótese de não sei que ultrajes que o inspirou naquele momento. Meia hora depois estava no aeroporto e se instalava no avião de regresso. Deixava interesses importantíssimos em São Paulo, negócios muito sérios que exigiam sua presença lá. Mas tomou a resolução na seguinte base: “Primeiro, Luciana. O resto que vá para o diabo que o carregue!”.

O ASSALTO

Moravam numa ruazinha tranqüila e idílica da Tijuca. Todos os moradores se conheciam e se davam como se fossem uma família só, numerosa e solidária. Quando Eusebiozinho reapareceu, esbaforido, metade da vizinhança se concentrou na sua casa. Luciana se atirou nos seus braços. E, depois dos primeiros beijos, ela teve o desabafo:

— Ainda bem que você voltou! Graças a Deus!

E ele, sentando-se, afrouxando a gravata:

— Não te deixo mais, nunca mais, nem que o mundo venha abaixo. Mas, meu anjo, como foi o negócio? Entrou ladrão, foi?

— Imagina o perigo, meu filho! E sabe quem foi que viu o ladrão? Dona Tereza!

Eusebiozinho virou-se para a indigitada, que confirmou. E veio, então, a minuciosa reconstituição. A pobre Luciana, sem desconfiar de nada, fora se deitar às dez horas, depois de conversar no portão com algumas vizinhas. Como tinha um dormir muito fácil, pegou logo no sono. E não vira nada, não tivera a mínima noção do perigo. O marido, pálido, tomava-se de um furor impotente, ao pensar nesse desconhecido, nesse homem, que entrara no quarto de sua mulher. Ocorria-lhe que as camisolas de Luciana eram sumárias. E, no mais íntimo de si mesmo, teve ciúmes do gatuno. Luciana, porém, continuava a história. Cerca de onze e meia, d. Tereza, ali presente, estando com muito calor e consumida de insônia, viera para a janela. Trazia uma revista, com que se abanava. E foi então que, de repente, vê na casa de Eusebiozinho um vulto mais do que suspeito. Estando o dono da casa em São Paulo, uma coisa era óbvia: aquele vulto, evidentemente masculino, tinha que ser, logicamente, ladrão. Os presentes foram unânimes:

— Claro!

D. Tereza tratou de recuar, de espiar por detrás das cortinas. O ladrão, colado à parede, ainda espichou o pescoço, num reconhecimento do ambiente. Não vendo ninguém, encheu-se de ânimo. Correu e, para não perder tempo, pulou o pequeno portão e, então, a vizinha pôde vê-lo melhor. Eusebiozinho bufou:

— Cachorro!

Uma vez na calçada, o ladrão corria procurando não pisar forte, por causa do barulho. Foi depois disso que, caindo em si, d. Tereza pusera a boca no mundo. Num instante, a rua inteira estava em polvorosa. A pobre da Luciana acordara com o alarido. Eusebiozinho, enxugando o suor da testa, queria saber: “Como era ele?”. D. Tereza deu a primeira informação: “Bem vestido, alinhado, simpático”. Eusebiozinho abriu a boca e d. Tereza confirmou:

— Nem parecia! Bonitão mesmo!

O RAFFLES

Era um desses casos que excitam as imaginações pelo novelesco. O fato de ser um gatuno bonito já era excepcional. E, além do mais, havia uma circunstância: não desaparecera nada, absolutamente nada. Eusebiozinho coçava a cabeça:

— Mas não desapareceu nada? Tem certeza? Vê lá!

E a mulher:

— Nada.

Para o rapaz, que tinha ciúmes até dos móveis, o episódio assumia aspectos cada vez mais desagradáveis. Estaria disposto a admitir um larápio maltrapilho, imundo e boçal. Mas aquele gatuno elegante ou, segundo o detestável termo de d. Tereza, “bonitão”, enchia-o de despeito e de cólera homicida. Pediu um revólver emprestado: “Meto uma bala nesse desgraçado!”. A mulher protestava: “Pra que matar, meu filho?”. Ele, atirando patadas no chão, confirmava os propósitos homicidas:

— Mato sim! Mato esse cão!

E, de fato, já não dormia direito. Qualquer rumor o fazia saltar da cama, de revólver em punho. Luciana tratava de apaziguá-lo: “Isso já é mania, Eusébio! Vem deitar, vem, meu filho!”. Afinal ele vinha. Todas as tardes, ao voltar do emprego, parava na porta de d. Tereza. Fazia e repetia as perguntas: “A senhora o reconheceria se o visse?”. Ela afirmava:

— Claro! Sou muito boa fisionomista, graças a Deus!

O aspecto que mais deslumbrava a santa senhora, no caso, era a analogia entre o gatuno da Tijuca e o Raffles dos livros. Ela jamais imaginara encontrar, na vida real, um criminoso grã-fino. Fantasiava: “No mínimo, ele freqüenta bailes, usa casaca”.

O ENCONTRO

Uma noite, houve um baile grã-fino, na Gávea. E, por coincidência, d. Tereza também foi. No automóvel, Eusebiozinho ia conversando com a vizinha. Na sua idéia fixa, fez a confissão: — “A única coisa que não topo é ladrão!”. E exagerou mesmo: — “Devia-se matar os ladrões a pauladas no meio da rua!”. D. Tereza, assustada com essa ferocidade, ponderou:

— Mas você não pode se queixar. Arranjou um ladrão ultracamarada, que não roubou nada!

Enfim, chegaram na festa. Luciana ia muito linda e o próprio marido, apesar desta condição, olhava para o decote ousado e revelador. Fez, para si mesmo, uma reflexão melancólica: “Mulher bonita demais é espeto!”. E a verdade, a aterradora verdade, é que Luciana era bonita demais. Suspirando, com um princípio de tormento, Eusebiozinho rendeu à gorda d. Tereza uma homenagem convencional: convidou-a para uma primeira dança. Iam os dois pela sala, nas evoluções do fox, quando d. Tereza estaca. Esbugalha os olhos e cutuca seu par: — “O ladrão!”. Eusebiozinho empalideceu: — “Onde?”. E ela: — “Ali!”. Sim, lá estava ele, o miserável, num smoking impecável, quase belo, cercado de moças. A pura e simples verdade é que ele as fascinava e elas pareciam magnetizadas, Assombrado, Eusebiozinho interpelava a vizinha: — “Tem certeza?”. Ela foi definitiva:

— Pela luz que me alumia!

Então, o rapaz não perdeu mais tempo. Foi direto à dona da casa e dramatizou, indicando o Raffles: “Há um ladrão entre seus convidados”. Quando a dona da casa viu o suspeito, até achou graça: “Mas aquele é o doutor fulano, engenheiro, milionário, tem vários Cadillacs!”. Ele, desconcertado, foi obrigado a admitir o engano, o mal-entendido. Eram duas horas quando voltaram, os três. D. Tereza, apavorada e num constrangimento evidente, admitia que se enganara. De vez em quando, olhava para Luciana, suspirando. Eusebiozinho não abriu a boca, e Luciana parecia feliz.

Podia ser mal-entendido, gafe, o diabo. Mas o fato é que, no quarto, ainda de smoking, deixou-se possuir de uma certeza mortal. A mulher, diante do espelho, tirava os brincos. Ele apanhou o revólver. E, muito calmo, disse:

— Não tenho coragem de te matar.

Luciana viu, através do espelho, quando o marido encostou o cano do revólver na própria fronte e apertou o gatilho.
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A coroa de orquídeas e outros contos de A vida como ela é... / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
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