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sábado, 25 de março de 2006

Tempos difíceis

Já gozei de boa vida
tinha até meu bangalô
cobertor, comida,
roupa lavada,
vida veio e me levou.
(O Velho Francisco - Chico Buarque)

Ontem tivemos no bar uma cena constrangedora.

Cheguei atrasado, e esqueci de fechar a caixa do violão e encostá-la à parede, como costumo fazer. Numa mesa próxima ao pequeno tablado - o qual chamamos, meio com ternura, meio com ironia, de palco - estavam sentados alguns homens de meia-idade, todos engravatados. O bar fica numa área de muitos escritórios, e é comum aparecerem estes grupos por lá. Chegam para o happy hour e sentem-se meio deslocados. Fazem muito barulho e são os que ignoram os músicos mais ostensivamente.

Pois então, estavam lá os homens de negócio com sua bablbúrdia habitual e eu tocando Samurai, do Djavan. Ao terminar a música, o mais bêbado deles veio cambaleando e jogou uma nota de cinco reais na caixa do violão. Fiquei sem reação nenhuma: Não sabia se era alguma brincadeira besta ou se ele acreditava mesmo que era para isso que a caixa estava ali. O silêncio que se seguiu - denso e incômodo - foi quebrado pela voz do Preto Velho:

- Toca Rosa, filho.

O Preto Velho aparece todas as sextas-feiras. Vem sempre de terno branco e chapéu, pede uma cerveja que leva uma eternidade para terminar e pede sempre alguma música da velha guarda. Eu atendo na medida do possível, já que canções assim não são muito freqüentes em meu repertório, embora as aprecie. E quando eu toco a música pedida, ele acompanha apenas movendo os lábios, de olhos fechados. Uma ou duas vezes eu acho que o vi chorando.

Não sei nada sobre ele, e nem sei se quero saber. O olhar dele quando termino uma de suas músicas é melhor que qualquer aplauso. E agora devo mais essa a ele, me fez até esquecer do acinte que foi o dinheiro jogado a mim, como se eu fosse uma foca amestrada ou coisa assim.

Mas confesso que depois de tocar, parte de mim ficou esperando que o homem viesse me trazer outra nota. Não me censurem, são tempos difíceis.

Fonte: Chicote Verbal
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sábado, 11 de março de 2006

Por que você não morre?

Acordou com a sensação vaga de que tinha sonhado novamente com ele. Merda. Dessa vez um sonho daqueles que não se consegue lembrar nada, fica só um gosto estranho na boca, uma ressaca amanhecida, um anexo indecifrável de memória ao corpo que pesa como reboque. Foi ao banheiro escovar os dentes e a presença dele parecia vesti-la no lugar do roupão, uma tatuagem em alto relevo que lhe ardia a pele.

Me faz um favor? Por que você não morre?

Tomou café na frente do computador abrindo os mails. Lá nem tão no fundo, a esperança de que entre os remetentes, na caixa de entrada repleta, estivesse o nome dele. Um convite. Um oi. Uma mensagem qualquer encaminhada. Uma corrente de felicidade - ele não era disso. Mas não.

Me faz um favor? Por que você não morre?

Terminou de se arrumar, maquiagem, cabelo, um casaco caso esfrie, os papéis pro escritório, o livro que Margareth pediu emprestado e o olhar na estante procura o livro que ele lhe deu. Ganas de abrir e olhar a dedicatória, o formato da letra absolutamente lindo, perfeito, a frase que tinha lhe escrito meses antes e que não era uma declaração de amor, mas era muito mais do que ela imaginaria ver escrito por ele. Resistiu.

Me faz um favor? Por que você não morre?

Antes de sair, uma passada no banheiro para espirrar perfume. O mesmo que ele lhe dera dois anos antes e cujo frasco, já vazio, morava no fundo da prateleira. Pensou em jogar fora.

Me faz um favor? Por que você não morre?

No escritório, as horas voaram, mas o pager ficou aberto. Vez que outra, ela espiava para ver se por acaso o ícone que o representa não mudava de Off para Online. Mas não. Também não chegou nenhum mail dele. Raios de esperança renitente.

Me faz um favor? Por que você não morre?

Foi almoçar sozinha. Na dúvida sobre a que restaurante iria, seus passos a levaram refém ao Bistrô da praça. Sentou-se e o prato do dia era filé recheado de tomates secos. O mesmo que dividiram na vez que almoçaram ali. Ele tão elegante no terno verde escuro. A briga pelos pães do couvert. Ele encantador falando de boca cheia. A mão sobre a dela num lugar público.

Me faz um favor? Por que você não morre?

Na volta ao escritório, passou por alguém com o mesmo perfume dele. O cheiro dele. Entre a tontura e o arremesso de volta ao aconchego do seu peito, a boca se enche de saliva. Nunca havia salivado ao sentir o cheiro de ninguém, a não ser o dele. E agora, ali, no meio da rua, alguém com o mesmo perfume.

Me faz um favor? Por que você não morre?

Saiu mais cedo e passou no supermercado. Frutas, pão, café, queijo, iogurte. Ele costumava abrir a geladeira da casa dela para ver o que tinha. Sempre fazia um inventário em voz alta, comentava o inusitado de algumas coisas, como sua geladeira era bem fornida. Bem fornida, aliás, era expressão dele. Suas ancas eram bem fornidas. Pegou quase sem pensar a cerveja da sua marca preferida.

Me faz um favor? Por que você não morre?

Foi para casa, jantou, ouviu músicas. Resolveu não resistir mais aos pensamentos insistentes e ouviu todas as músicas que faziam referência direta a ele. Todas. Uma por uma. Chorou alto como um criança. Um choro de machucado, de ferimento, um choro que pede um colo negado. Sentou-se no chão, braços ao redor do corpo buscando um abraço de si mesma e embalou-se para se consolar. Lágrimas grossas escorriam pelo rosto cada vez mais inchado, cada vez mais quente. Dormiu sem forças e com a cabeça latejante.

O telefone toca no fundo do fundo do fundo da madrugada de sono quase uma sirene um alarme uma buzina e outra e outra e outra e outra vez alguém voz conhecida talvez uma ex-colega de faculdade talvez talvez lhe diz que ele está morto morto ele morto morto como acidente de carro um acidente horrível horrível diz a voz metálica hoje velório agora ela ouve um choro de criança ao fundo uma criança chorando quer vê-lo precisa vê-lo morto noite muito escura uma madrugada de breu e ruas que se enlaçam se dividem sobem e descem e o portão da capela do cemitério está encostado nem fechado nem aberto ela entra sem pernas e sem pés e não vê o rosto de ninguém não sabe se é vista ou se sabem que ela está ali quem é porque veio o caixão no meio da sala escura é grande e escuro e nele dentro dele terno verde escuro ele morto de terno verde escuro ela aproxima-se devagar lenta cuidadosa como se obedecesse a um ritual as pessoas de dentro da sala conversam entre si em voz baixa mas não têm olhos nem bocas ela chega perto o suficiente e sente seu perfume o mesmo perfume de sempre o perfume do homem que passou na rua e saliva quer beijá-lo não pode ele ali deitado morto não parece morto não pode beijá-lo em público morreu onde estariam a mulher e o filho a mulher e o filho onde estavam eles agora que ele estava morto ela teme que eles a vejam sobre o corpo dele e desconfiem do que ela era do que foram lhe ocorre uma piada de mau gosto vergonha culpa uma dor lhe mói os ossos.

No outro dia não foi trabalhar. Ligou para a empresa e avisou que não passava bem. Tomou um calmante e dormiu, e assim a sexta-feira emendou com um final de semana onde a chave da porta do apartamento não foi girada nenhuma vez. Comeu pouco, tomou muitos analgésicos para dor de cabeça. Chorou litro e litros. Não atendeu telefone. Não tomou banho. Era um animal lambendo feridas. Teve vontade de morrer, de sumir, de dormir para sempre.

Na manhã da segunda-feira, levantou-se e decidiu viver. Os colegas comentaram seu aspecto bem ruim. Não viram nada. Viveria um dia de cada vez a partir de hoje, e assim passaram-se muitas segundas e terças, muitas quartas e quintas, muitas sextas, sábados e domingos até que ela o encontrasse na rua com a mulher e o filho, já bem crescido e parecido com ele. Cumprimentaram-se. Ele perguntou como ela ia. Ela respondeu que muito bem. Parabenizou pelo filho, lindo. A mulher afastou-se por um instante para pegar o menino que ia mexer em qualquer coisa suja. Ele disse que tentara ligar, mas o número tinha mudado. Ela olhou para ele um instante e disse:

- Me faz um favor? Porque você não morre?

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terça-feira, 7 de março de 2006

Memórias de um não folião

Eu abomino carnaval. A minha idéia de inferno? Ter que assistir eternamente a desfiles de escolas de samba na avenida. Se alguém quiser me torturar e arrancar meus segredos mais íntimos, é fácil. Basta me amarrar e me fazer ouvir por alguns minutos um CD de samba enredo. Depois de umas três daquelas músicas repetitivas e insuportáveis, eu confesso minha participação no esquema do mensalão, reconheço minha culpa na conspiração para matar Kennedy e admito que ajudei nos atentados de 11 de setembro.

Minha aversão pelo carnaval começa pelos carros alegóricos. Onde os comentaristas da Globo vêem beleza e criatividade, eu enxergo apenas mau gosto e breguice. Nada mais kitsch do que a águia da Portela.

Os temas escolhidos pelos carnavalescos são sempre originais e imprevisíveis. Quantas vezes você já viu alguma escola de samba mostrando o sofrimento dos negros no Brasil? As belezas naturais do país também estão sempre lá, assim como homenagens constrangedoras a personagens históricos. Neste ano, duas escolas falam de Santos Dumont. Mas há também as que preferem ousar. Uma escola de São Paulo, por exemplo, decidiu tratar dos 250 anos de nascimento do Mozart. Pobre Wolfgang. Nem Salieri pensaria numa vingança tão horrível. (…)

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Escrivã da delegacia da mulher

O único requisito era teclar rápido e ser mulher. Ninguém disse nada sobre discrição, mas eu era. A vítima podia narrar o que fosse, eu não me abalava. Ia teclando.

A história sempre começava bem:

- Ele tentou me matar.

Daí, caía no choro. Eu digitava: "choro" e cruzava os braços. Quando a vítima voltava a falar, eu voltava. Vinham os detalhes. A história padrão era homem bêbado que chega em casa nervoso e bate sem motivo. "Mais choro".

Até aí era sempre igual. Eu cruzava os braços, abria uma revista e esperava. Então vinha o motivo. Variavam entre: "ele acha que sou vagabunda", "ele acha que escondo dinheiro dele", "ele acha que vou fugir com as crianças".

A delegada pressionava mais um pouco e então sim, eu vibrava a cada toque. "Esperei ele dormir na rede, peguei linha e agulha e costurei ele lá dentro. Daí peguei a faca de cozinha e fui embalando o Zé. Conforme a rede vinha eu mexia a faca um pouquinho pra cá ou pra lá."

Quarenta e nove facadas. Deixava o expediente deprimida. Como escritora, jamais seria capaz de imaginar algo assim.

Fonte: 73 Subempregos
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Sócrates e a fofoca

Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar-lhe algo sobre alguém. Sócrates ergueu os olhos do livro (1) que estava lendo e perguntou:

- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?

- Três peneiras? - indagou o rapaz.

- Sim! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar? Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?

Arremata Sócrates:

- Se passou pelas três peneiras, conte! Tanto eu, como você e seu irmão irão nos beneficiar. Caso contrário esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do planeta.

Fonte: Textos legais

(1) : Sócrates não poderia estar lendo um livro. Não existiam livros na Grécia Antiga. Os chineses é que inventaram isso! ... na Internet tem cada bobagem!

A história ou “estória” parece iguais a aquelas mensagens que todo mundo que tem e-mail recebe pela rede. Se esta conversa aconteceu ou não, não importa. Mas o fato é que a “fofoca” realmente pode destruir relacionamentos, acabar com uma vida... É uma m...! Perdão, caros leitores... Mas é isso mesmo.

Um pouquinho do nosso filósofo: Sócrates viveu em Atenas, 400 anos a.C. mais ou menos e num momento da sua vida terá começado a interessar-se sobre o conhecimento de si e do homem em geral. Á sua volta começam a formar-se um grupo de discípulos e amigos, entre os quais se destacam Platão, Alcibíades, Xenofonte, Antístenes, Critias, Aristipo, Euclides de Megara e Fédon. Depois de uma vida inteira dedicada a interrogar os seus concidadãos, em obediência a uma voz interior (daimon) é acusado de corromper os jovens contra a religião e as leis da cidade. Condenado por um tribunal popular a beber cicuta morre numa prisão, rodeado de amigos e discípulos.
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

A mensagem da águia

A história sobre a renovação da águia não diz qual tipo de ave de rapina da ordem dos falconiformes teria o suposto comportamento descrito. Na verdade, nenhuma delas apresenta esse comportamento. A mensagem com traços de auto-ajuda circula em mensagens, está presente em várias páginas da web e também possui uma versão em pps:

A renovação da águia(Na decisão de uma ave, um ensinamento para nós)

“A águia, a ave que possui a maior longevidade da espécie, chega a viver a 70 anos. Mas, para chegar a essa idade, aos 40 anos ela tem que tomar uma séria decisão. Aos 40 anos, está com as unhas compridas e flexíveis, não consegue mais agarrar as suas presas das quais se alimenta. O bico alongado e pontiagudo se curva, apontando contra o peito. As asas estão envelhecidas e pesadas em função da grossura das penas, e voar já é tão difícil! Então, a águia só tem duas alternativas: morrer... ou ... enfrentar um dolorido processo de renovação que irá durar 150 dias.

Esse processo consiste em voar para o alto de uma montanha e se recolher em um ninho próximo a um paredão onde ela não necessite voar. Então, após encontrar esse lugar, a águia começa a bater com o bico em uma parede até conseguir arrancá-lo, sem contar a dor que terá que suportar.

Após arrancá-lo, espera nascer um novo bico, com o qual vai depois arrancar suas velhas unhas. Quando as novas unhas começam a nascer, ela passa a arrancar as velhas penas. E só após cinco meses sai para o famoso vôo de renovação e para viver então, mais 30 anos.

Em nossa vida, muitas vezes temos de nos resguardar por algum tempo e começar um processo de renovação. Para que continuemos a voar um vôo de vitória, devemos nos desprender de lembranças, costumes, e outras tradições que nos causam dor. Somente livres do peso do passado, poderemos aproveitar o resultado valioso que uma renovação sempre traz. Pense nisso!” (Autor Desconhecido)

É verdade que, depois de certa idade, elas não mais conseguem segurar as presas nem voar com a mesma desenvoltura. No entanto, esse processo de automutilação para o prolongamento da vida não existe, jamais foi constatado pelos ornitólogos.

A automutilação em animais ocorre em casos de doença e em situações de estresse principalmente quando mantidos em cativeiro. Não há registros dessa ocorrência fantasiosa fruto da imaginação fértil de algum denotado criador de parábolas exemplares.

Tudo não passa de uma fantasia grotesca, pois a automutilação em animais só aparece como condição patológica, como situações de estresse, doenças de pele, etc. A autodestruição não é uma situação normal em homens ou em animais, e de jeito nenhum pode ser tomada como símbolo de renovação. Quem diz uma bobagem dessas não entende nada de natureza nem de símbolos.

Numa das versões foi acrescentado um detalhe: para explicar de que jeito a ave sobrevive nos 150 dias de retiro, explica-se, candidamente, que "as outras aves do bando a alimentam, nesse período". Isso é impossível: a águia é um animal solitário, não vive em bandos. É preciso lembrar que as escolas têm como meta usar a Internet na educação de crianças e adolescentes. Não deveríamos ensinar-lhes também a discernir entre verdade e mentira grosseira? Entre realidade e fantasia absurda?

Assim com as histórias de George Turklebaum e de Mel Gibson essa mensagem aparece em sítios religiosos como exemplo a ser seguido pelos humanos. Pelos humanos? Sim. É o que sugerem a historinha e os sítios. (Um dos sítios diz: Seja uma nova criatura em Cristo e voe alto!).

Ainda que o fato descrito fosse verdadeiro, como é que um comportamento animal pode servir como exemplo a ser seguido por seres humanos? É uma parábola? O texto usa uma linguagem cifrada? Seja como for, fica a impressão de que o autor dessa pérola teria conhecimentos de ornitologia, o que não é verdade.

Existem muitos relatos de automutilação em seres humanos por razões de ordem religiosa. Através desses atos, pessoas esperam obter o perdão para os seus pecados e assegurar um lugar confortável no céu dos justos. Além desse tipo de mutilação, existe, há milhares de anos, a automutilação ou a mutilação consentida em seres humanos. O uso de piercings, para não falar dos brincos, é coisa comum. E a circuncisão, por motivos religiosos.

Uma ornitóloga australiana busca informações sobre casos de automutilação em pássaros da família dos psitacídeos. Ela alerta para não se confundir automutilação com doenças como a que ocasiona o crescimento anormal de penas e bicos. (Veja mais em birding-aus Self-mutilation in wild birds).

Conclusão: essa história não passa de uma lenda. Não há casos registrados de automutilação em aves com a finalidade de uma suposta "renovação".

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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2006

Padre Pinto solta a franga

Corre na internet a notícia maldosa: “Pânico no galinheiro: o padre Pinto soltou a franga!” Pode ser engraçado, mas a galera internauta gostou tanto da atuação do padre dançarino que até criou uma comunidade no Orkut chamada “Nós amamos o padre Pinto”.

O padre José Pinto, de 58 anos, cometeu o que, para a Igreja Católica, é um pecado: fez performances nada convencionais nas missas, nas quais apresentava-se maquiado e vestido com fantasias de baiana, Oxum e índio. Por causa de suas extravagâncias, foi afastado de algumas celebrações e corre o risco de ter que deixar a Igreja da Lapinha, uma das mais tradicionais de Salvador.

Para enfrentar o período de turbulência, o polêmico padre Pinto - que é artista plástico - tem pintado bastante e ouvido música clássica. E diz que não vê problemas em ser como é:

- Sempre fui uma pessoa muito obediente. Não estou louco. Eu retirei a couraça que matava a mim mesmo e estou vivendo o eu.

EXTRA: O senhor vai sair da igreja?

PADRE PINTO: Não obedeci à ordem de três dias para tirar minhas coisas da igreja da Lapinha. Só quando o superior da Itália no Brasil voltar que meu futuro vai ser decidido. Mas estou tranqüilo, até porque já nasci inquieto.

EXTRA: Não teme pelo seu futuro?

PADRE PINTO: Não quero é deixar de ser padre, apesar de querer, por outro lado, que me aceitem como eu sou. Não quero que me imponham ser hipócrita. O cardeal me disse para eu dizer que quero sair, mas falei a ele que não vou dizer isso ao povo. Ficarei muito triste se tiver que largar a batina. Mas, mesmo assim, vou celebrar em praças públicas, vou dar o jeitinho brasileiro.

EXTRA: Com todo respeito, o senhor é gay?

PADRE PINTO: Isso é de foro íntimo.

EXTRA: Já teve alguma relação homossexual?

PADRE PINTO: Sou aberto a este tipo de coisa, mas não na prática. Sempre respeitei o celibato, muito embora eu ache que já é hora de a igreja repensar esse papo de celibato para os padre diocesanos.

EXTRA: É vaidoso?

PADRE PINTO: As meninas da televisão me chamam de "meu padre cheiroso". Uso perfume importado, quando há viagem peço para trazerem para mim.

EXTRA: O senhor acha que é um atraso da igreja não aceitar um padre como o senhor?

PADRE PINTO: É um postura um tanto hipócrita. Muitas coisas acontecem e são encobertas. Essas situações de pedofilia me fazem sofrer muito, mas graças a Deus não é o meu caso. O meu caso foi assumir uma postura diferenciada de viver o sacerdócio.

EXTRA: Quando o senhor começou a se maquiar?

PADRE PINTO: Eu nunca deixei de me maquiar. Em 33 anos como padre, nunca desci para celebrar uma missa sem me maquiar. Faço uma maquiagem básica: um batonzinho levíssimo, um blush levíssimo, um pouco de rímel natural. Sempre curti e ninguém nunca havia feito olho grosso, só agora que fiz uma maquiagem mais forte. Estava num aeroporto em São Paulo e dois jovens se aproximaram e disseram para eu continuar usando maquiagem porque é uma coisa normal o homem querer. E eu falei: "E eu que vou ter que levantar esta bandeira?'. E eles: 'Sim, porque você pode".

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sábado, 11 de fevereiro de 2006

Galland e os Contos árabes

Alguém já teve uma boa tia que cuidando da gente, nós naquela época com sete ou oito anos (devia ser o ano de 1967 ou 1968), contasse histórias fantásticas, de aventuras mirabolantes, de aves gigantes, príncipes, sultões, reinos, ciclopes ou gênios enquanto nossos pais iam para a noite? Muita criança deve ter tido essa sorte e nós, eu e meu mano, também tivemos.

A tia Lea nos contagiou com o “extraordinário” e jamais esqueceremos aquelas noites felizes. Ela simplesmente nos contou todas as “As mil e uma noites”: quatro volumes traduzidos pelo francês Galland do árabe. “As nove viagens e aventuras do marinheiro Simbad”, “Ali Babá e os quarenta ladrões”, “Aladim e a lâmpada maravilhosa” é só um pouquinho do vasto conteúdo da obra que contagiou a minha imaginação infantil.

A obra, na verdade, parece ser mais antiga, narrativas que os árabes herdaram dos antigos persas, de cultura diferente, e que sincretizaram. Nas aventuras desses contos árabes é comum o califa Harun-Al-Rashid, grande comendador dos crentes (Bagdad, ano 840 d.C.) se disfarçar, junto com seu grão-vizir, de gente comum e sair pela cidade para descobrir as quantas andava sua popularidade. Isso não é propaganda para vender livro! Por favor! É só uma nostalgia que me acomete...

Entendo agora o porquê de eu gostar tanto da obra "Cem anos de Solidão": García Marquez usa muito dessa magia de tapetes voadores, ciganos, adivinhos, etc. Adoro mesmo essa tia Lea, até desconfio que ela fosse Sheerazade, a princesa que contava histórias toda noite, nunca as terminava, porque senão morreria... (este blogueiro saudoso)

"Não há necessidade de preveni-los sobre o mérito e a beleza dos contos incluídos nesta obra. Eles próprios se recomendam: basta lê-los para se concordar que, em tal gênero, jamais se viu coisa tão linda até agora noutra língua. Com efeito, haverá algo mais engenhoso do que se ter feito um todo de uma prodigiosa quantidade de contos, cuja variedade é tão surpreendente e cuja concate nação é tão admirável que parece haver sido escritos para compor a ampla coletânea donde estes foram extraídos? Digo ampla coletânea, pois o original árabe, intitulado “As Mil e Uma Noites”, possui trinta e seis partes; e não é senão a tradução da primeira que hoje damos a lume.

Ignora-se o nome do autor de tão grande obra, mas provavelmente ela não pertence a um único homem, porque, como se pode crer que um único homem tenha tido imaginação suficiente para tanta ficção? Se os contos dessa espécie são agradáveis e divertidos pelo maravilhoso que neles reina, estes devem superar quantos hajam aparecido, por estarem repletos de fatos que surpreendem e seduzem o espírito, e fazerem ver como ultrapassam os árabes as demais nações em tal gênero de composição” (Prefácio de Galland sobre a sua tradução de ‘Contos árabes’).

Antoine Galland nasceu em 1646 de pais pobres, fixados numa aldeiazinha da Picardia. Tinha apenas quatro anos, e era o sétimo filho, quando seu pai faleceu. Sua mãe, não sabendo que destino dar-lhe, e reduzida ela própria a viver do trabalho, tanto fez que conseguisse colocá-lo no colégio de Noyon, onde o principal e um cônego da catedral dividiram os cuidados e o custo da sua educação. Ali ficou até os treze anos, quando perdeu ao mesmo tempo os dois protetores, o que o obrigou a voltar para sua mãe com um pouco de latim, grego e até hebraico. Sua mãe decidiu, então, que ele devia aprender um oficio. Antoine obedeceu e, apesar da sua aversão, permaneceu um ano com um mestre.

Certo dia, porém, abandonou o serviço e tomou o caminho de Paris, sem outros recursos que o endereço de uma velha parente e o de um bom eclesiástico que vira, às vezes, em casa do cônego de Noyon. A tentativa logrou êxito que ultrapassou as suas esperanças. No colégio du Plessis, continuou os seus estudos; em seguida, com Petitpied, doutor da Sorbona, aprofundou- se no conhecimento do hebraico e outras línguas orientais, e preparou um catálogo dos manuscritos orientais da biblioteca de Sorbone.

Transferiu-se, depois, para o colégio Mazarino; um professor, Godoum, reunindo certo número de meninos de três ou quatro anos de idade somente, entre os quais o duque de la Meiileraye, pro pusera-se ensinar-lhes latim fácil e rapidamente, colocando-os ao lado de pessoas que não falassem outra língua. Galland, associado a tal trabalho, não teve tempo de ver o resultado.

Nointel, nomeado para a embaixada de Constantinopla levou-o consigo, para obter certas provas sobre artigos de fé que constituíam motivo de disputa entre Arnaud e o ministro Claude. Galland, chegado a Constantinopla, adquiriu em pouco tempo o uso do grego vulgar, e acompanhou Nointel a Jerusalém e demais lugares da Terra Santa, onde se pôs a pesquisar, anunciando ao embaixador as curiosidades descobertas; copiou inscrições, desenhou da melhor maneira possível outros monumentos, removendo-os também às vezes, e é a ele que devemos, entre outros, os singulares mármores hoje no gabinete de Baudelot. Galland não julgou oportuno acompanhar a Constantinopla Nointel, preferindo voltar para Paris, onde chegou em 1675. Ali travou conhecimento com Vaillant, Carcavy e Giraud. Estes o enviaram de novo ao Oriente, donde ele trouxe, no ano seguinte, numerosos medalhões.

Em 1679, Galland empreendeu terceira viagem, por conta da companhia das Índias Orientais. As mudanças sobrevindas na companhia interromperam os estudos, dezoito meses depois: mas Colbert, informado, empregou-o por conta própria; após a sua morte, o marquês de Louvois fez com que Galland continuasse ainda por algum tempo as suas pesquisas, com o título de antiquário do rei. Durante a sua longa permanência, Galland aprendeu a fundo o árabe, o turco e o persa.

Em Esmirna, quase morreu num espantoso tremor de terra. Na sua volta a Paris, auxiliou Thévenot, guarda do biblioteca do rei, até que este faleceu. Empregou-o em seguida Herbelot. Mas este também morreu em breve, deixando incompleto o seu trabalho. Continuou-o Galland, tal qual o temos, e escreveu o prefácio da obra, que passou a chamar-se Biblioteca Oriental. Participou da edição do Menagiana, aparecida então. Julga-se até que foi êle que forneceu o material do primeiro volume.

Pouco antes, dera a lume uma Relação da morte do sultão Osmã, e da coroação do sultão Mustafá, traduzida do turco, e uma Coletânea de máximas e ditos, tirados das obras dos orientais. Após a morte de Herbelot, apegou-se Galland a Bignon, primeiro presidente do grande conselho, que, por gosto hereditário, queria ter sempre ao seu lado um homem de letras. Bignon morreu no ano seguinte. Parecia ser destino de Galland perder sempre tão úteis proteções. Mas a proteção do digno magistrado ultrapassou os limites comuns, tanto que lhe deixou uma pensão. Além disso, Foucault, conselheiro de Estado, intendente naquela ocasião na Baixa Normandia, chamou-o ao seu lado. No suave lazer de tão tranqüila posição, no meio de uma ampla biblioteca, Galland compôs várias obras menores.

Foi aí que começou a imensa tradução dos Contos Árabes, tão conhecidos pelo nome de Mil e Uma Noites. Galland foi admitido pelo rei à academia das Inscrições. E imediatamente empreendeu para ela um Dicionário numismático, contendo a explicação dos nomes das dignidades, dos títulos de honra, e em geral de todos os termos singulares encontráveis nas medalhas antigas, gregas e romanas. Regressou, finalmente, para Paris em 1706.

Em 1709 foi nomeado professor de língua árabe no colégio real. Há outras obras escritas por Galland: Uma Relação das suas viagens, uma descrição particular da cidade de Constantinopla, adendas à Biblioteca Oriental de Herbelot, um catálogo dos historiadores turcos, árabes e persas, uma história geral dos imperadores turcos, uma tradução do Corão, com notas histórico-críticas, uma continuação da tradução das Mil e uma Noites.

Galland trabalhava sem cessar, fossem quais fossem as suas condições, pouca atenção dando às necessidades, e nenhuma ao conforto. Só tinha em mente a exatidão. Simples nos hábitos e nas maneiras como nas obras, teria ensinado por toda a vida a crianças os primeiros elementos de gramática com o mesmo prazer com o qual demonstrava a sua erudição em diferentes matérias.

Morreu em 17 de fevereiro de 1715, aos 69 anos.O amor das letras foi a última coisa que nele se extinguiu. Pouco antes da morte, julgou que as suas obras, o único bem por ele deixado, poderiam perder-se, pelo que deixou disposições, fielmente executadas, a fim de que os manuscritos orientais passassem para a biblioteca do rei, o Dicionário numismático para a Academia, e a sua tradução do Corão para o padre Bignon, como penhor da sua estima e do seu reconhecimento.
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2006

Duvidando da existência de Deus

Um homem foi cortar o cabelo e a barba. Como sempre acontece, ele e o barbeiro ficaram conversando sobre várias coisas, até que - por causa de uma notícia de jornal sobre meninos abandonados - o barbeiro afirmou:
- Como o senhor pode ver, esta tragédia mostra que Deus não existe.
- Como?
- O senhor não lê jornais? Temos tanta gente sofrendo, crianças abandonadas, crimes de todo tipo. Se Deus existisse, não haveria sofrimento.

O cliente ficou pensando, mas o corte estava quase no final, e resolveu não prolongar a conversa. Voltaram a discutir temas mais amenos, o serviço foi terminado, o cliente pagou, e saiu. Entretanto, a primeira coisa que viu foi um mendigo, com barba de muitos dias, e longos cabelos desgrenhados. Imediatamente, voltou para a barbearia, e falou para a pessoa que o atendera:

- Sabe de uma coisa? Os barbeiros não existem.
- Como não existem? Eu estou aqui, e sou barbeiro.
- Não existem! - insistiu o homem.
- Porque se existissem, não haveria pessoas com barba tão grande, e cabelo tão desgrenhado como o que acabo de ver na esquina.
- Posso garantir que os barbeiros existem. Acontece que este homem nunca veio até aqui.
- Exatamente! Então, para responder sua pergunta, Deus também existe. O que passa é que as pessoas não vão até ele. Se o buscassem, seriam mais solidários, e não haveria tanta miséria no mundo.

2180Maktub
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terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Dormir também emagrece

Dormir faz bem à saúde e até emagrece. O corpo humano gasta 63 calorias por hora enquanto dorme. Em 8 horas de sono, gasta-se em calorias o equivalente a quase duas horas de uma boa caminhada, ou quase uma hora correndo. (Fonte de pesquisa: O GUIA DOS CURIOSOS, de Marcelo Duarte.Editora Companhia das Letras. São Paulo, SP, 1996)
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A parábola do cavalo

Um fazendeiro, que lutava com muitas dificuldades, possuía alguns cavalos para ajudar nos trabalhos em sua pequena fazenda. Um dia, seu capataz veio trazer a notícia de que um dos cavalos havia caído num velho poço abandonado. O poço era muito profundo e seria extremamente difícil tirar ocavalo de lá.

O fazendeiro foi rapidamente até o local do acidente, avaliou a situação, certificando-se que o animal não se havia machucado. Mas, pela dificuldade e alto custo para retirá-lo do fundo do poço, achou que não valia a pena investir na operação de resgate.

Tomou, então, a difícil decisão: Determinou ao capataz que sacrificasse o animal jogando terra no poço até enterrá-lo, ali mesmo. E assim foi feito: Os empregados, comandados pelo capataz, começaram a lançar terra para dentro do buraco de forma a cobrir o cavalo.

Mas, à medida que a terra caía em seu dorso, o animal a sacudia e ela ia se acumulando no fundo, possibilitando ao cavalo ir subindo. Logo os homens perceberam que o cavalo não se deixava enterrar, mas, ao contrário, estava subindo à medida que a terra enchia o poço, até que, finalmente, conseguiu sair!

Moral da História: Se você estiver "lá embaixo", sentindo-se pouco valorizado, quando, certos de seu "desaparecimento", os outros jogarem sobre você a terra da incompreensão, da falta de oportunidade e de apoio, lembre-se do cavalo desta história. Não aceite a terra que jogaram sobre você, sacuda-a e suba sobre ela. E quanto mais jogarem, mais você vai subindo, subindo, subindo...
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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2006

O problema de Camões

Vestibular da Universidade da Bahia cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de poema de Camões:

"Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, dor que desatina sem doer".

Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação:

"Ah! Camões, se vivesses hoje em dia, tomavas uns antipiréticos, uns quantos analgésicos e Prozac para a depressão. Compravas um computador, consultavas a internet e descobririas que essas dores que sentias, esses calores que te abrasavam, essas mudanças de humor repentinas, esses desatinos sem nexo, não eram feridas de amor, mas somente falta de sexo!"

Ganhou nota dez. Foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era mulher...

Game: Ajude o Oscar

zZzZzZzZzZzZzZzZz: Ajude o Oscar a ficar acordado no trabalho depois de passar a madrugada em claro para aproveitar a tarifa telefônica!



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sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Origens de alguns vocábulos - Parte 01

Confira as origens de alguns vocábulos da Língua Portuguêsa:

Adidas - O criador da marca chamava-se Adolf Dassler. O apelido de Adolfo é Adis, que ele juntou com a 1.ª sílaba de seu sobrenome.

Araruta - Conta-se que os estivadores do cais, ao descarregarem sacos da farinha, ouviam o nome inglês arrow root (raiz de arco), que lhes soava como "araruta", que acabou prevalecendo.

Arranca-rabo - Uma prova de valentia, nas brigas, era arrancar o rabo do cavalo do inimigo.

Babaca - Uma variante de boboca.

Baderna - Baderna vem do nome da bailarina italiana Marietta Baderna. Ela contribuia financeiramente com os revoltosos italianos do séc. XIX que lutavam pela unificação e contra a ocupação do Norte da Itália pela Áustria.

Biquíni - O criador das duas peças, o francês Louis Réard, usou o nome da minúscula ilha do Pacífico.

Boicote - Boicote (origem do verbo boicotar) vem de Charles Cunningham Boycott, homem intratável com quem os irlandeses se recusaram a fazer qualquer tipo de transação?

Brechó - Na boca do povo, o nome do criador deste tipo de loja, senhor Belchior, ficou assim transformado.

Camarada - O soldado que partilhava a câmara (= quarto) com o outro.

Candidato - Vem de cândido (= sem mancha), porque os candidatos tinham que apresentar uma vida imaculada.

Canibal - Vem de caribe (= selvagem), acrescentado do sufixo -al. Quem leu a carta de Colombo confundiu a letra “r” com a letra “n”.

Caratê - Cara (= vazia) + tê (= mão).

Carrasco - Vem do nome do mais famoso torturador de Lisboa: Sebastião Nunes Carrasco.

Catupiry - Queijo mole criado na estância hidromineral, para geriátricos de Lambari, em Minas Gerais.

Chiqueiro - Lugar de "chicos" ("porcos", para os portugueses).

Chope - Do alemão "schoppen” (= caneca).

Contrabando - Vem do italiano, em que "bando" significa "decreto" (= contra o decreto).

Contradança - Origina-se da expressão inglesa country-dance (dança rural).

Forró - Embora autores considerem-na forma reduzida de "forrobodó" (baile popular, confusão), outros atribuem sua origem à pronúncia inglesa "for all", designação de antigos bailes populares promovidos por empresários estrangeiros no Nordeste do Brasil.

Os meses - Janeiro: em homenagem a Janus, o deus que guarda as portas, no caso, a porta de um novo ano. Fevereiro: em homenagem a februa, uma festa de expiação dos pecados. Março: em homenagem a Marte, o deus da guerra para os romanos antigos. Abril: em homenagem a Afrodite, deusa da mitologia clássica. Maio: em homenagem a Maia, deusa da primavera. Junho: em homenagem a Juno, protetora das mulheres. Julho: em homenagem a Júlio , Imperador romano. Agosto: em homenagem a Augusto, também Imperador. Setembro: como o ano começava em março, este era o 7º mês. Outubro: 8º mês. Novembro: 9º mês. Dezembro: 10º mês.

Porca - Porca (parceira do parafuso). Tendo a oportunidade de morar em sítio e presenciar uma cópula de porcos pode-se verificar que o pênis do porco é muito parecido com um parafuso. Conta-se que essa é a razão pela qual chamamos de porca a peça na qual se atarracha o parafuso.

Presidente e presídio - Ironia das ironias - são palavras com origem comum. Presidente vem do latim praesidere, formado por prae (antes) e sidere (sentar-se, estabelecer-se). Praesidere por sua vez originou praesidiu, a força encarregada de proteger uma fortaleza. Mais adiante praesidiu passou a designar a própria fortaleza e, por extensão, cárcere. Que um candidato, ao almejar a primeira das palavras de raiz comum, não venha a acabar merecedor da segunda.

Fontes: Zarinha Centro de Cultura ; Você sabia? História da Língua Portuguesa; Casa da Mãe Joana, A (Reinaldo Pimenta) - Ed. Campus, Jornal dos Amigos; Por trás das Letras.
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domingo, 22 de janeiro de 2006

Eu sei escrever

Combater o "analfabetismo virtual". Este é o objetivo da campanha "Eu sei escrever", apoiada pela Press Delete, HostNet e a comunidade tecnológica Fórum PCS, que pretende reduzir a quantidade de erros propositais em suas 65 áreas de discussão, onde já foram publicadas mais de um milhão de mensagens nos três anos de existência do site.

A matéria foi veiculada pelo Jornal Estado de São Paulo de 08/06/2005 e segundo Paulo Couto, colunista do Fórum PCs, dizia conviver com esse problema de comunicação há bastante tempo e começou a perceber que no fórum o uso desse “idioma” estava ultrapassando o limite do tolerável. E assim, com outro colega, colocou em prática aquilo que iria se tornar o embrião da campanha “Eu sei escrever".
Já faz 6 meses e os internautas continuam a escrever em "internetês". E o fazem bem. E alguém ainda se lembra dessa campanha? Essa história de preservação da língua já vem do tempo da Roma Antiga. Alguém ainda fala o latim? O latim vulgar evoluiu para o galaico-português e este evoluiu para o português de Portugal que veio para o Brasil e transformou-se no Português-BR. E ainda está evoluindo.

Há alguns anos um deputado federal tentou aprovar um projeto proibindo "anglicanismos" no português. Não dá! Stop, my friend! A língua viva não pára no tempo, ela evolui, sofre influências externas de um país superior cultural e tecnologicamente, sofre influências internas com gírias, etc. Vamos escrever corretamente quando se tratar de uma carta de recomendação, um ofício, um contrato, etc. Mas na web vamos tc do jeito que quisermos. Se o outro entende o que teclo e não é 9dade pra ele então está tudo bem...

http://www.estadao.com.br/rss/tecnologia/2005/jun/08/41.htm
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quarta-feira, 18 de janeiro de 2006

hPG vai detonar o CIFRANTIGA

Provavelmente o meu site de músicas cifradas, o "cifrantiga", será deletado pelo servidor hPG dia 22 de janeiro. Motivo: ultrapassei a cota de 1 MB. O cifrantiga ficou hospedado no hPG durante mais de 5 anos com mais de 150 MBs de arquivos que algum tempo atrás eram acessados por mais de 500 internautas diariamente.

Hoje a média é de 200 pessoas diárias. Escrevi para o servidor e o e-mail voltou. Fico um pouco chateado, por mim e pelas pessoas que utilizam o meu site. Dinheiro, sempre o dim-dim! Eis a lambança do hPG: Este email é automático. Por favor não responda, pois ela não será lida. Não foi possível entregar a sua mensagem. O destinatário não recebeu a sua mensagem.

Veja a seguir a descrição do motivo:

De: ig-relacionamento@ig.com.br: A caixa postal do destinatário excedeu o limite de capacidade de armazenamento.

De: ever@estadao.com.br: Vocês devem estar brincando, né? O limite é um 1 mb? Durante 4 anos meu site ficou hospedado gratuitamente no hPG com mais de 150 Mbs e vocês me vem com isso agora? Olhem as estatísticas! Querem perder esse público? Tudo bem.. já vejo que tenho que mudar de hospedagem.... Um abraço! Everaldo

De: ig-relacionamento@ig.com.br Enviada em: segunda-feira, 16 de janeiro de 2006 22:01 Para: ever@estadao.com.br. Assunto: Comunicado Importante! Prezado cliente,Você ultrapassou o limite de 1 MB permitido para a hospedagem no hpG. Seu login de acesso ao hpG é: cifrantiga. Os sites com conteúdo excedente serão bloqueados em 22/01/06. Confira a oferta especial para você que precisa de mais espaço: Essa promoção só ficará disponível até o final do mês de janeiro!
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sexta-feira, 13 de janeiro de 2006

Matéria-prima para construir um país

Acabei de receber um texto interessante de meu amigo Bortolotto publicado no Jornal de Domingo com o título "Precisa-se de matéria-prima para construir um País" (João Ubaldo Ribeiro):

"A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula. O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a "ESPERTEZA" é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é,pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as "EMPRESAS PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu "puxar" a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas fazem "gatos" para roubar luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros. Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso atual Presidente, que recentemente falou que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica. Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco e beneficiar só a alguns.

Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser "comprados", sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre. Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem "molhei" a mão de um guarda de trânsito para não ser multado.

Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "Matéria Prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA" congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte... Me entristeço. Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria primadefeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serveLula, nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados.... igualmente sacaneados! É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento comoNação, aí a coisa muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias. Nós temos que mudar, um novo governador com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada. Está muito claro...... Somos nós os que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo: desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido. Sim, decidi procurar oresponsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NOESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!"
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Sexta-Feira 13

Hoje é Sexta Feira 13 e me lembrei daquela série de filmes de terror da década de 80 em que o Jason nunca morria (neles os adolescentes mais ingênuos que Hollywood produziu, mas que virou cult embora trash).

Essa data é considerada popularmente como um dia de azar e a superstição teve origem no dia 13 de Outubro de 1307, sexta-feira, quando a Ordem dos Templários foi declarada ilegal pelo rei Filipe IV de França; os seus membros foram presos simultaneamente em todo o país, e alguns torturados e, mais tarde, executados, por heresia.

Essa data foi fatal para os templários, e lembrado supersticiosamente ainda nos nossos dias como a azarenta ‘Sexta-feira 13’. Ao fim da tarde, agentes do rei Filipe IV atacaram. Num assalto fulminante, acusaram e prenderam templários por toda a França. A data tinha sido escolhida pela coincidência da visita à França de vários líderes Templários, incluíndo o próprio Grande Mestre Jacques de Molay.

Mas quando os agentes entraram no templo em Paris, sede dos templários, descobriram que todos os documentos e, mais importante ainda para Filipe, o tesouro tinha sido removido. Os agentes também tentaram capturar a frota templária, a maior da Europa, que estava atracada em La Rochelle.

Mas uma vez mais se fustrou a intenção — a frota tinha já partido. Até hoje a vasta riqueza dos Templários nunca foi encontrada. Nem tão pouco foi descoberto para que porto a frota seguiu — ou onde atracou.
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