domingo, 30 de setembro de 2012

Eleanor Parker

Eleanor Parker (Eleanor Jean Parker), atriz, nasceu em Cedarville, Ohio, EUA, em 26/06/1922 e era filha caçula de um professor de matemática. Causou surpresa quando, adolescente, optou pela carreira de atriz, uma vez que, ninguém da família, inclusive suas duas irmãs mais velhas, havia antes escolhido tal carreira.

Como grande parte dos atores americanos, ela começou a atuar em peças escolares.  Aos 15 anos, freqüentou o Rice Summer Theatre, em Massachusettes, durante a temporada de verão, voltando a fazer o mesmo na temporada do ano seguinte. Terminado o curso secundário, Eleanor mudou-se para a California. Uma vez lá, estudou na Pasadena Playhouse.

Certa vez, ao assistir à apresentação de uma peça teatral, um agente da Warner Bros. aproximou-se dela e lhe fez um convite, mas somente um ano depois, ao se sentir preparada, Eleanor assinou um contrato com aquele Estúdio no dia em que completava 19 anos.

Seu primeiro trabalho para a Warner deu-se numa pequena cena do filme "O Intrépido General Custer", de 1941, a qual foi cortada quando dos serviços de edição. A seguir, atuou em alguns filmes "B", antes de ter a oportunidade de conseguir melhores papéis.

Em 1951, foi indicada ao Oscar por sua atuação em "À Margem da Vida", perdendo a estatueta para Judy Holliday por seu trabalho em "Nascida Ontem", de George Cukor. Continuando a fazer sucesso, no ano seguinte, Eleanor voltou a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz por sua atuação em "Chaga de Fogo", ao lado de Kirk Douglas, desta vez perdendo o cobiçado prêmio para Vivien Leigh, por sua magnífica atuação em "Um Bonde Chamado Desejo", de Elia Kazan.

O vale dos reis (1954)
Entre outros sucessos por ela obtidos, acham-se "Scaramouche", de George Sidney, "A Selva Nua", de Byron Haskin, e "Melodia Interrompida", de Curtis Bernhardt, quando voltou a ser indicada ao Oscar de Melhor Atriz.

Ao longo de sua carreira, Eleanor Parker mostrou-se uma atriz versátil. Durante os anos 70, esteve presente na maioria dos filmes feitos para a televisão, com exceção de seu último trabalho para a telona, "A Morte Ronda a Pantera", de Richard Sarafian.

A década de 80 foi marcada apenas por participações em episódios para a TV, sendo seu último trabalho o de Catherine Blake, no filme produzido para a televisão, em 1991, "Dead of the Money", de Mark Cullingham.

Eleanor Parker casou-se quatro vezes: de 21/03/1943 a 05/12/1944, com Fred Losee; de 05/01/1946 a 10/11/1953, com o produtor Bert Friedlob; de 25/11/1954 a 09/03/1965, com Paul Clemens; e, finalmente, com Raymond Hirsch, de 17/04/1966 até o presente. De seu segundo casamento, com Friedlob, ela teve três filhos e de seu terceiro, com Clemens, um.

Filmografia selecionada

1941 - O intrépido general Custer
1942 - Soldiers in White (Documentário)
1942 - Busses Roar
1943 - Mysterious Doctor
1943 - Missão em Moscou
1944 - Um Passo Além da Vida
1944 - Uma Noite Trágica
1944 - The Last Ride
1944 - Pensando Sempre em Você
1944 - Um Sonho em Hollywood
1945 - Uma Luz nas Trevas
1946 - Escravo de uma paixão
1946 - Nunca me Diga Adeus
1947 - Centelha de amor
1948 - A Mulher de Branco
1950 - A morte não é o fim
1950 - À margem da vida
1950 - Três Segredos
1951 - Chaga de fogo
1951 - Rodolfo Valentino
1951 - Quero Um Milionário
1952 - Scaramouche
1952 - Seu nome e sua honra
1953 - A fera do Forte Bravo
1954 - A Selva Nua
1954 - O vale dos reis
1955 - Melodia interrompida
1955 - O homem do braço de ouro
1955 - Sangue aventureiro
1956 - Esse homem é meu
1957 - O sétimo pecado
1957 - Desejos Ocultos
1959 - Os Viúvos Também Sonham
1960 - A herança da carne
1961 - De volta à caldeira do diabo
1962 - Os Propagandistas
1964 - Suave é o Amor
1965 - A noviça rebelde
1966 - Confidências de Hollywood
1966 - Eu Te Verei no Inferno, Querida
1979 - A Morte Ronda a Pantera
1979 - Hans Brinker

Premiações

Indicação ao Oscar de atriz em Caged (“À Margem da Vida”), em 1950.
Indicação ao Oscar de atriz em (“Chaga de Fogo”), em 1951.
Indicação ao Oscar de atriz em Interrupted Melody (“Melodia Interrompida”), em 1955.

Fontes: Wikipédia; 70 Anos de Cinema.

sábado, 29 de setembro de 2012

Mara Rúbia, a vedete imbatível

Mara Rúbia nasceu na Ilha de Marajó, no Pará, em 3/2/1918. Chamava-se Osmarina Lameira Cintra (ela odiava esse nome). Casou-se aos 17 anos, teve três filhos, separou-se do primeiro marido e foi viver no Rio de Janeiro. Depois de algum tempo na Capital Federal, leu que a Companhia de Walter Pinto anunciava: "precisa-se de girls para se apresentarem no Teatro Recreio. Mara não conhecia palavra girl, nem tinha a menor ideia que ofício era esse.

O que lhe interessava era o ordenado: um conto e oitocentos. A diferença de seiscentos mil réis do salário de seu emprego anterior, numa firma de corretagem, lhe permitiria buscar seus dois filhos, Therezinha e Birunga, que haviam ficado com os avós, em Belém. Mara trouxera para o Rio apenas Ronaldo, o primogênito. E foi essa diferença que fez a nortista entrar para o teatro.

Mara Rúbia não começou no teatro de revista como simples bailarina, e sim como soubrette, nome designado às girls que já tinham algum destaque, graças a um número que Geysa Bôscoli havia criado especialmente para ela. Em 1944, estreia na revista Momo na Fila. O próprio Walter Pinto foi quem a batizou com o novo nome artístico e contratou professora de canto, dança e interpretação a fim de prepará-la para o estrelato.

Transformou-se em grande vedete e um dos maiores símbolos sexuais do Brasil, entre os anos de 1940 e 1950.

Em 1946 já estrelou com sucesso a revista Não Sou de Briga, ano em que foi eleita Rainha das Atrizes pela primeira vez. Com Walter Pinto, Mara fez oito espetáculosnesse período. Entre seus enormes e inesquecíveis sucessos estão Bonde da Laite (1945); Canta, Brasil! (1945); Rabo de Foguete (1945); Carnaval da Vitória (1946); Não Sou de Briga (1946) – nestas três últimas, Mara já era a segunda figura do elenco, estrelado por Renata Fronzi – e ainda Nem te Ligo (1946); Vamos pra Cabeça (1949) – quando chegou ao estrelato com o empresário – e Está com Tudo e não Está Prosa (1949) – no auge de sua carreira, quando dividiu o estrelato com Virgínia Lane.

Em 1950 foi eleita, novamente, Rainha das Atrizes. Durante vários anos, Mara Rúbia se instalou como a grande vedete da PraçaTiradentes. Com enorme carisma e espontaneidade, dividiu os palcos cariocas com outras celebridades, entre elas Dercy Gonçalves, Renata Fronzi, Oscarito e Grande Otelo. Em 1950 foi convidada pela grande Bibi Ferreira para dividir o estrelato na peça Escândalos de 1950, feito que se repetiria em Escândalos de 1951.

Um dado interessante na trajetória dessa estrela, é que foi a única vedete do teatro de revista que saiu da PraçaTiradentes para oTeatro Municipal. Em 1947, foi convidada pela inesquecível Dulcina de Moraes a participar de duas peças no Teatro Dramático: A Filha de Iório, de Gabriel Dannunzio, e Já é Manhã no Mar, de Maria Jacynta. E atuou ao longo de sua carreira em outros tantos trabalhos no teatro de comédia.

Mara também fez televisão na década de 1950 (na antiga TV Tupi), além de shows de boates, uma ramificação da revista. Em cinema, participou dos filmes Fantasma por Acaso (1946) e É com Esse que eu Vou (1948), todos com Oscarito; protagonizou a comédia Não é Nada Disso (1950) e o drama policial Brumas da Vida (1952), no qual atuava ao lado de sua filha,Therezinha. Em Os Deuses e os Mortos (1970), ganhou a Coruja de Ouro como melhor coadjuvante.

Descoberta pela turma do cinema, fez diversos filmes como O Casamento (1975); Dona Flor e seus Dois Maridos (1976).  Seu último filme foi Bububu no Bobobó (1980), em que interpretava a si mesma, num enredo que contava a decadência do teatro de revista.

Na Rede Globo, fez as novelas Pulo do Gato; Sinal de Alerta e Feijão Maravilha, todas no final da década de 1970.

As duas maiores Grandes Vedetes do Brasil foram Mara Rúbia e Virgínia Lane. Fizeram juntas, em 1952, Eu Quero é Sassaricá!, o espetáculo antológico considerado como uma das melhores revistas de todos os tempos.

A vedete imbatível nos números de plateia faleceu no Rio de Janeiro, no dia 15 de maio de 1991.

 Fonte:  As Grandes Vedetes do Brasil - de Neyde Veneziano.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Rei, rei, Reinaldo

Pergunte a um torcedor do Atlético Mineiro quem foi melhor: Pelé ou Reinaldo? A resposta é óbvia, mas o atleticano pensará antes de responder. O que seria heresia encontra uma explicação perdoável ao se levar em conta toda a categoria do maior centroavante que Minas Gerais já teve. Extremamente técnico e habilidoso, abria o caminho de gol com dribles curtos e desconcertantes. Tornou-se assim artilheiro máximo do Galo com 288 gols e da história do Campeonato Brasileiro, com 28 gols em 1977. Tamanho talento para a artilharia, entretanto, esbarrou numa série de problemas físicos oriundos do embate com zagueiros violentos.

José Reinaldo de Lima nasceu em 11/01/1957, em Ponte Nova, MG. Surgiu aos 15 anos, ao participar de um treino no Atlético, jogando no ataque reserva contra a defesa titular que ganhara o Brasileirão poucos meses antes, em 1971. Reinaldo foi um dos melhores em campo naquele dia, chamando a atenção de todos. Em 28 de Janeiro de 1973, aos 16 anos, estreou pelo time profissional do Atlético, em partida contra o Valério. No ano seguinte, em partida contra o Ceará, ao pisar em um buraco, torceu o joelho. Ainda nessa época, teve de extrair ambos os meniscos depois de uma entrada de um zagueiro de seu próprio time em um treinamento. As lesões no joelho acompanharam-no por toda a carreira.

Conquistou seu primeiro título ao ganhar de forma invicta o Campeonato Mineiro de 1976 e, dois anos depois, daria início ao hexacampeonato que o Atlético conquistou, entre 1978 e 1983. É o artilheiro com maior média de gols em um único Campeonato Brasileiro (28 gols em 18 partidas, ou 1,55 por jogo, em 1977), apesar de nunca ter conquistado o título nacional. Nesse mesmo ano, seu time terminou o campeonato sem perder um jogo, mas apenas com o vice-campeonato, perdendo a final nos pênaltis para o São Paulo, que terminou a competição com 12 pontos a menos em um tempo que as vitórias valiam apenas 2 pontos. Também foi vice-campeão brasileiro em 1980.

Ao longo de sua carreira pelo Atlético-MG, Reinaldo participou de 475 jogos, marcou 255 gols, obteve 289 vitórias, 113 empates e 73 derrotas. recebeu num total 17 cartões vermelhos. Já pelas categorias de base, são 54 gols em 44 jogos, totalizando 309 gols, o que faz dele o maior artilheiro da história do futebol de Minas Gerais, o maior artilheiro do Atlético, e possuidor da maior média de gols do campeonato brasileiro, 1,55 por partida. Foi também o maior artilheiro do campeonato brasileiro no período de 1977 à 2002, com 28 gols marcados em 18 jogos. Foi superado em 1997 por Edmundo, que atuando pelo Vasco marcou 29 gols em 28 jogos. Guilherme, com 28 gols em 29 jogos, atuando também pelo Atlético, em 1999, conseguiu igualar sua marca. Dimba, que atuava pelo Goiás com 31 gols marcados em 46 jogos, no ano de 2003, e Washington em 2004, que atuando pelo Atlético Paranaense marcou 34 gols em 46 jogos. Vale lembrar que mesmo assim, nenhum desses conseguiu atingir ou superar sua média.

Pela Seleção Brasileira, Reinaldo jogou 37 partidas, marcando 14 gols, indo à Copa do Mundo de 1978, na Argentina. Nessa, marcou um gol, o primeiro do Brasil, contra a Suécia.

Depois de várias outras operações no joelho, deixou o Atlético em 1985, indo para o Palmeiras, onde ficou apenas três meses e não marcou nenhum gol. Em 1986, passou ainda por Rio Negro e Cruzeiro, por onde disputou apenas 2 partidas no Mineirão pelo Campeonato Brasileiro de 1986, com dois empates de 0x0 contra o Rio Branco/ES e contra o Bahia.

Sempre caçado em campo pelos zagueiros adversários, teve que abandonar prematuramente a carreira, em 1988, aos 31 anos, em decorrência de inúmeras lesões no joelho. Nessa época, defendia o Telstar, um time da segunda divisão holandesa, após uma passagem pelo BK Häcken, da Suécia.[4] Sua última partida pelo Atlético foi contra o Ajax da Holanda, na data de 11 de Agosto de 1985. O resultado final dessa partida foi Ajax 4 x 1 Atlético.

No final da década de 1990 fundou, com sede no Estádio do Rei em Nova Lima, o Belo Horizonte Futebol e Cultura, que chegou a disputar o Campeonato Mineiro da segunda divisão.

Após deixar o futebol, chegou a ser eleito deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores. Em 2004, foi eleito vereador em Belo Horizonte. Em 1996, teve um envolvimento com traficantes de drogas e admitiu ter usado cocaína, sendo condenado a quatro anos de prisão por tráfico, mas absolvido em segunda instância.

Hoje trabalha na TV Alterosa como comentarista esportivo em off. Lançou em 2008 candidatura para se tornar mais uma vez vereador em Belo Horizonte.

Fontes: Revista Placar; Wikipédia.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Peça “D. Maria, A Louca” chega a Itajaí

Encenada pela grande atriz Maria do Céu Guerra, a peça que já é sucesso internacional, desembarca na cidade nesta sexta-feira.  

Um encontro entre o texto catarinense de maior repercussão dentro e fora do Brasil com a grande estrela do teatro português, a atriz Maria do Céu Guerra. Nesta sexta-feira (28/9), o Teatro Municipal de Itajaí será palco para o espetáculo “D. Maria, a Louca”, com apresentação única e entrada franca, a partir das 20h30.

Com texto do dramaturgo de Florianópolis Antônio Cunha, a peça ficcciona sobre bases históricas, as memórias da rainha portuguesa D. Maria I em sua chegada ao Brasil, depois de fugir da invasão napoleônica no início do século XIX. As apresentações, sempre com casa cheia e aplausos do público e da crítica, estrearam em Lisboa no ano passado com produção do Grupo A Barraca e permanecem em cartaz até o momento em várias cidades portuguesas. Tanto é, que a interpretação memorável da atriz e diretora da peça, Maria do Céu Guerra, deu a ela o importante Prêmio Nacional de Teatro Bernardo Santareno.

Agora, sob o comando da Esfera Produções Artísticas de Florianópolis, a obra está em turnê em Santa Catarina este mês, com patrocínio do Floripa Teatro, da Caixa Econômica Federal, da Federação dos Trabalhadores no Comécio no Estado – Fecesc e da Eletrosul.

Depois de abrir o 19º Festival Nacional de Teatro de Florianópolis Isnard Azevedo e passar por Lages, Jaraguá do Sul e Joinville, a peça à Itajaí e ainda passa por Criciúma no domingo. Depois do espetáculo, haverá um debate entre o público e a equipe.

Sinopse


É fevereiro de 1808. No Rio de Janeiro, atraca na Baía de Guanabara, parte da frota conduzindo a corte portuguesa, que veio fugida da invasão das tropas napoleônicas que dominavam o abatido reino. Depois de uma longa viagem, iniciada na manhã de novembro de 1807, aportava em águas calmas, a velha rainha D. Maria I. Já debilitada física e mentalmente, por ordens do príncipe regente Dom João, ela é mantida ainda por dois dias no interior da nau Príncipe Real.

O monólogo apresenta Dona Maria I, apelidada no Brasil como “a louca”, nos dois intermináveis dias dentro da nau, acompanhada de sua aia Joaninha. Dona Maria resgata os fatos marcantes da sua vida, que se confundem com a impactante fase do fim da monarquia despótica portuguesa, entrelaçando-os com o seu particular momento diante do “fim de mundo”, do qual é, paradoxalmente, prisioneira e senhora. Do alto de sua “insanidade”, a protagonista assim define o seu tormento: “A loucura não é uma porta que se nos fecha, mas muitas janelas que se nos abrem, só que todas ao mesmo tempo”.

Fonte:  Liana Gualberto - Assessora de Imprensa (Espetáculo D. Maria, A Louca - 48 8469.5658)

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Peça "Marido, Matriz e Filial"

O espetáculo teatral “Marido, Matriz e Filial”, escrito pelo renomado jornalista Sérgio Jockymann e encenado pela Cia Insaio de Teatro, estará em pauta no Teatro Municipal de Itajaí.

Com direção de Regina Bastos, a peça representa com bom humor os conflitos de um casal no momento em que a esposa descobre que está sendo traída. A terceira pessoa da relação entra na discussão, enquanto fatos inusitados surgem para o casal. O triângulo amoroso é interpretado pelos atores Braz Pereira, Vilma Fernandes e Thaís Paul.

O trabalho é uma releitura do texto da década de 1960 feita pelo grupo paranaense. Após sete anos casado com Ana, Luiz conhece Flavia, com quem começa a ter um relacionamento extraconjugal. O marido, para não perder a mulher e a amante, tenta manter a passividade e calma nos momentos de crise. A esposa arquiteta planos para tirar a amante da jogada que, por sua vez, trabalha de todas as maneiras para conseguir ficar com o marido da outra.

No elenco: Vilma Fernandes, Braz Pereira e Flávia Campos.
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: Livre

Serviço:
MARIDO, MATRIZ E FILIAL
Teatro Municipal de Itajaí
Rua Gregório Chaves, 110 – Fazenda – Itajaí – SC
Dia 06 de outubro de 2012
Sábado às 20:00 horas

Ingressos:
R$ 40 – Inteira
R$ 20 – Meia (mediante comprovação).

Fontes: clickcamboriu; clicrbs.

domingo, 23 de setembro de 2012

Cadê tu, político honesto?

Político "ficha limpa" tá difícil. "Voto limpo" tá mais difícil ainda: muito candidato(a) por aqui querendo "mamar" que até o Patrão Véio do Céu duvida, tchê! (foto: Av. Brasil, B. Camboriú-SC).



Dois políticos analisam uma proposta de negociata em Brasília. São muito milhões em jogo. Um deles pergunta:

— Quanto nos dariam por isso?

— Num país sério, nos dariam uns quinze anos, eu acho.

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Um dos políticos da primeira piada ia andando pela rua, passou em frente a um banco e lembrou-se de que precisava de algum dinheiro. Entrou no banco e viu que estava sem a carteira, sem o cartão do banco, sem cheques e sem documentos. Mesmo assim foi falar com o gerente para ver se ele quebrava o galho.

— Bem, — disse o gerente — é difícil atender o seu pedido. Eu não conheço o senhor, o senhor não tem documentos. Agora, se o senhor provar quem é, talvez eu possa fazer alguma coisa.

— O que é que você está querendo dizer? Eu sou um deputado muito importante — falou o político com a peculiar arrogância.

— É o seguinte: um dia desses entrou aqui no banco o cantor Alceu Valença. Ele não tinha documentos, mas cantou um trecho de "Morena Tropicana". Com isto, ele comprovou a identidade dele e eu autorizei o saque. Outro dia, isso aconteceu com o Romário. Ele não tinha documentos, mas comprovou a identidade dele dando um show de bola. Entendeu?

— Ah, entendi.

O político pensou um pouco e falou:

— Mas eu não sei fazer nada, só faço trampolinagens, maracutaias, safadezas, essas coisas...

— Quanto é mesmo que o senhor quer sacar? O senhor quer em notas de cinquenta ou de cem reais?

Senta Berger

Senta Berger, atriz, nasceu em Viena, Áustria, em 13 de maio de 1941 tornando-se conhecida, principalmente, nos filmes "Major Dundee", "A Sombra de um Gigante", "Diabolicamente Tua" e "Cruz de Ferro".

Filha de uma professora e um músico, Senta começou nos palcos aos quatro anos, com incentivo dos pais e no ano seguinte começou a ter aulas de balé e piano. Aos 16 anos, teve seu primeiro pequeno papel num filme e se inscreveu no Max-Reinhardt-Seminar, famosa escola de atores em Viena.

Depois de de alguns filmes em seu país e na Alemanha, foi para Hollywood e lá começou uma carreira internacional, filmando com grandes nomes como Charlton Heston, Richard Widmark e Yul Brynner, que a tornaria um dos sex symbols europeus dos anos 60 e 70.

Entre outros filmes, no período, ela participou de "A Sombra de um Gigante", com Kirk Douglas, "Major Dundee", com Heston, "A Morte Não Manda Aviso", com Alec Guiness e "Cruz de Ferro", com James Coburn.

Na Europa, estrelou dezenas de filmes alemães, franceses e italianos de comédia erótica e suspense, atuando ao lado de Monica Vitti, Giuliano Gemma e Alain Delon.

Berger voltou para a Alemanha nos anos 80, para trabalhar no teatro e na televisão alemã, onde estrelou séries de grande popularidade no país. Presença constante no Festival de Berlim, desde 2003, é a presidente da Academia do Cinema Alemão.

Filmografia


1959     The Journey (Serving Girl)    
1961     The Secret Ways (Elsa)    
1961     The Miracle of Father Malachia   
1963     The Victors (Trudi)    
1964     The Spy with My Face (Serena)    
1964     See How They Run     
1965     Major Dundee (Teresa Santiago)
1965     The Glory Guys (Lou Woddard)    
1966     Cast a Giant Shadow (Magda)    
1966     Our Man in Marrakesh (Kyra)    
1966     The Quiller Memorandum (Inge)    
1967     The Ambushers (Francesca)    
1969     De Sade (Anne de Montreuil)    
1970     When Women Had Tails (Filli)    
1973     Bisturi la mafia bianca)    
1973     The Scarlet Letter (Hester Prynne)    
1977     Cross of Iron (Eva)    
1985     The Two Lives of Mattia Pascal     
1990     Tre colonne in cronaca)    
1998     Bin ich schön? (Unna)    
2009     Ob ihr wollt oder nicht! (Dorothea)    
2010     Satte Farben vor Schwarz (Anita)

Fonte: Wikipédia.

sábado, 22 de setembro de 2012

Sol, muito sol



Hoje o balneário mais famoso estava com muito sol (bem... na verdade o astro-rei é um só) e consequentemente, um céu de azul puro (estou poético...). Quando isso acontece em pleno sábado pegamos nossas cadeirinhas e caminhamos para a Avenida Atlântica. Fotos tomadas na parte norte da praia.







Elizabeth Taylor dos olhos violeta

Elizabeth Taylor (Elizabeth Rosemond Taylor), atriz, conhecida como Liz Taylor, nasceu em Londres, Inglaterra, em 27/02/1932, e faleceu em Los Angeles, California, EUA, em 23/03/2011. Filha dos americanos Francis Leen Taylor (1897–1968) e Sara Viola Rosemond Warmbrodt (1895–1994), que se mudaram para os Estados Unidos em 1939. Começou a carreira cinematográfica aos 10 anos, quando foi pela Universal Pictures, filmando "There's One Born Every Minute". Estreiou na série infanto-juvenil “Lassie”. A partir de então, apaixonou-se pela profissão e assim concretizou o seu maior sonho.

Evoluindo como atriz talentosa e respeitada pela crítica, nos anos 50 filmaria dramas, como "Um lugar ao Sol", com o ator Montgomery Clift; "Assim Caminha a Humanidade", com Rock Hudson, ambos atores homossexuais e dos quais se tornou grande amiga. Nessa década faria ainda "A Última Vez Que Vi Paris", ao lado de Van Johnson e Donna Reed.

Liz, como foi mais conhecida, foi reverenciada como uma das mulheres mais bonitas de todos os tempos; a marca registrada são os traços delicados de seu rosto e seus olhos de cor azul-violeta, uma cor difícil de achar, emoldurados por sobrancelhas desenhadas e espessas, de cor negra. Compulsiva colecionadora de jóias, adorava o brilho de brincos, colares, anéis e pulseiras, além de amar maquiagens, sapatos de grife, bolsas da moda e vestidos caros, mas mesmo sem tudo isso, em trajes simples e sem pintura, ainda assim era considerada de uma beleza muito rara. Os críticos da moda consideravam sua simetria de rosto e corpo ideais, os dois se encaixavam perfeitamente.

Ficou famosa também por ser uma hábil casamenteira, oito ao todo: Seu primeiro casamento foi com Conrad Nicholson Hilton em 1950, mas durou apenas um ano.

O mais famoso casamento foi com o ator britânico Richard Burton, seu 5º marido, notório pelo alcoolismo, com quem se casou duas vezes: De 1964 a 1974; e de 1975 a 1976. Fez duplas com ele em vários filmes nos anos 60, como o antológico "Cleópatra", o dramático "Quem tem medo de Virgínia Woolf?", em que ela ganhou o segundo Oscar, "Os Farsantes" e "A Megera Domada". Vencedora duas vezes do Oscar da Academia para Melhor Atriz, o primeiro em 1960 pelo papel da call-girl de "Disque Butterfield 8". Nessa década, com o reconhecimento do prêmio máximo do cinema mundial, consagrou-se como a mais bem paga atriz do mundo.


Com Michael Wilding, seu segundo marido, com quem foi casada de 1952 a 1957, teve dois filhos: Michael Howard Taylor Wilding, nascido em 1953, e Christopher Edward Taylor Wilding, nascido em 1955.

Com Michael Todd, seu terceiro marido, tendo sido casada com ele por 1 ano, teve uma filha em 1957, chamada Eliza Frances Todd, mas conhecida como Liza. Elizabeth Taylor ficou viúva em 1958, tendo de criar a filha sozinha, o que a fez sofrer pela perda de seu companheiro.

Liz Taylor em "Cleopatra" (1963).
Em 1959 se casou com o melhor amigo de seu marido, Eddie Fisher, com quem viveu até 1964, mas se envolveu com Richard Burton e o casamento terminou. Em 1964 casou-se com Richard e o casal resolveu adotar uma menina alemã, a quem batizaram de Maria Taylor Jenkins.

O casamento com Richard era muito conturbado, cheio de brigas e ciúmes, com indas e vindas, chegando a ficar separados por mais de seis meses. Nos anos 70, assumiu um relacionamento com o embaixador iraniano nos EUA, Ardeshir Zahedi, se divorciando de Burton, com quem já não era mais feliz, já que ele era agressivo, ciumento e bebia demais.

Sentindo que o que viveu com esse embaixador não passou de encontros sem importância para ele, que o próprio não queria ter nada sério, Liz resolveu separar-se dele. Sozinha e desiludida em encontrar um grande amor conheceu um novo homem, John Warner, um político. Foi casada com ele de 1976 a 1982.

Elizabeth Taylor - Janeiro de 1950.
Os anos passaram e ela não quis mais se casar, apenas namorar alguns homens e viver pequenas aventuras, até que conheceu Larry Fortensky. Apaixonou-se pelo caminhoneiro, e o casamento dos dois ocorreu em 1991 e foi realizado no Rancho Neverland, propriedade de seu amigo e cantor Michael Jackson. A separação ocorreu em 1996, por diferenças que ela classificava como irreconciliáveis. Ele foi seu último marido.

Em 1997, a atriz passou por uma delicada cirurgia para remover um tumor do cérebro.

Foi pioneira no desenvolvimento de ações filantrópicas, levantando fundos para as campanhas contra a AIDS a partir dos anos 80, logo após a morte de Rock Hudson. A despeito de ter nascido fora dos EUA, em 2001 recebeu do presidente Bill Clinton a segunda mais importante medalha de reconhecimento a um cidadão norte-americano: a “Presidential Citizens Medal”, oferecida pelos seus vários trabalhos filantrópicos. Nessa época se agravaram seus problemas de saúde, ganhando peso e sendo levada a internações recorrentes em hospitais.

Em 2009, foi submetida a uma cirurgia para substituir uma válvula defeituosa no coração. Ela usava uma cadeira de rodas havia mais de cinco anos para lidar com sua dor crônica na região cardíaca.

Em fevereiro de 2011, apareceram novos sintomas relacionados à sua insuficiência cardíaca. Não agüentando a dor no peito e a falta de ar, foi internada no Centro Médico Cedars-Sinai, em Los Angeles para fazer uma cirurgia emergencial, mas não resistiu, e veio a falecer de parada cardíaca.

Liz morreu na manhã do dia 23 de março, aos 79 anos de idade.

Filmografia

1988 - Il Giovane Toscanini
1987 - Poker Alice (filme feito para a TV)
1986 - Cenas de Mulher (filme feito para a TV)
1985 - Malice in Wonderland (filme feito para a TV)
1983 - Between Friends (filme feito para a TV)
1980 - A Maldição do Espelho
1979 - Winter Kills
1977 - A Little Night Music
1976 - Victory at Entebbe (filme feito para a TV)
1976 - The Blue Bird
Queen of Light/Mother/Witch/Maternal Love
1974 - O Ocaso de uma Vida
1973 - Ash Wednesday
1973 - Night Watch
1973 - Divorce His - Divorce Hers (filme feito para a TV)
1972 - Hammersmith Is Out
1972 - Under Milk Wood
1972 - X, Y e Z
1970 - Jogo de Paixões
1969 - Ana dos Mil Dias
1968 - Secret Ceremony
1968 - O Homem que Veio de Longe
1967 - The Comedians
1967 - O Pecado de Todos Nós
1967 - Doctor Faustus
1967 - A Megera Domada
1966 - Quem Tem Medo de Virginia Woolf?
1965 - Adeus às Ilusões
1963 - Gente Muito Importante
1963 - Cleópatra
1960 - Disque Butterfield 8
1960 - Scent of Mystery
1959 - De Repente, No Último Verão
1958 - Gata em Teto de Zinco Quente
1957 - A Árvore da Vida
1956 - Assim Caminha a Humanidade
1954 - A Última vez que vi Paris
1954 - Beau Brummell
1954 - No Caminho dos Elefantes
1954 - Rapsódia
1953 - The Girl Who Had Everything
1952 - Ivanhoé, o Vingador do Rei
1952 - Love Is Better Than Ever
1951 - Quo Vadis
1951 - Um Lugar ao Sol
1951 - O Netinho do Papai
1950 - O Pai da Noiva
1950 - The Big Hangover
1949 - Traidor
1949 - Quatro Destinos
1948 - Julia Misbehaves
1948 - A Date with Judy
1947 - Cynthia
1947 - Nossa Vida com Papai
1946 - Courage of Lassie
1944 - A Mocidade é Assim Mesmo
1944 - The White Cliffs of Dover
1943 - Jane Eyre
1943 - Lassie Come Home
1942 - There's One Born Every Minute

Fonte: biografia baseada na Wikipédia.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Sócrates, o calcanhar mágico

Doutor Sócrates
Tinha todos os defeitos para não vingar no futebol: fumava, bebia cerveja, treinava pouco, não suportava concentrações, tinha o pé pequeno (41) em relação à altura (1,91 m) e estudava Medicina. No entanto, tinha também as qualidades que forjavam os grandes craques. Frieza dentro da área, passes e toques perfeitos, excelente visão de jogo e vocação para marcar gols.

Tanta categoria de um médico só poderia render o apelido de "Doutor". Para compensar a lentidão ao se virar, se valia do toque de calcanhar com uma eficiência nunca alcançada no futebol mundial. "Ele joga melhor de costas do que a maioria de frente", chegou a declarar Pelé. Inteligente e engajado, articulou o movimento que passou à história como “Democracia Corinthiana”, conquistando o Paulistão em 1979, 82 e 83.

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira (Belém, PA, 19/02/1954 – São Paulo, SP, 04/12/2011), mais conhecido como Sócrates e também referido como Doutor Sócrates, Doutor ou Magrão, recebeu esse nome porque seu pai, que era apaixonado por literatura, estava lendo “A República de Platão” na época de seu nascimento. A família, originária de Messejana, Ceará, vivia em Belém do Pará, mudou-se para Ribeirão Preto, SP, quando o pai, funcionário público federal, foi transferido.

Em Ribeirão Preto, ingressou no colégio dos Irmãos Maristas, onde começa a prática esportiva e se apaixona pelo futebol. Na época torcia pelo Santos. Quando completou doze anos, sua numerosa família já estava completa, com seus cinco irmãos - Sóstenes, Sófocles, Raimundo filho, Raimar e Raí, então com um ano de idade.

Aos dezesseis jogava no time juvenil do Botafogo Futebol Clube de sua cidade. Aos dezessete, ingressou na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, continuava jogando pelo Botafogo. No final de 1973, decide profissionalizar-se como jogador, sem abandonar o curso de medicina, que conclui em 1977, sem interromper sua carreira no futebol.

No Botafogo de Ribeirão Preto foi considerado um fenômeno desde o início, pois quase não treinava em função de frequentar o curso de medicina na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP). No ano de 1977 o Botafogo Futebol Clube contratou o treinador Jorge Vieira, que chegou ao clube dando o recado: "jogador que não treina, não joga". Sócrates achou que não jogaria mais futebol, porém Jorge Vieira, reconhecendo o talento de Sócrates, deu tratamento diferenciado ao jogador. Naquele ano Sócrates foi campeão da Taça Cidade de São Paulo 1977, disputando o título com o São Paulo no Morumbi e artilheiro do campeonato. Ainda pelo Botafogo, também se destacou no Campeonato Brasileiro, marcando um célebre gol de calcanhar contra o Santos na Vila Belmiro. Em 1978, deixou o Botafogo e transferindo-se para o Corinthians.

Sócrates se firmaria no Corinthians em 1978, refazendo a dupla com seu ex-companheiro no Botafogo Geraldão. Mas seus grandes companheiros de ataque nesse time seriam Palhinha e o amigo Casagrande. Sócrates passou a se dedicar mais ao futebol depois que se formou em medicina (1977). Na Seleção Brasileira estrearia em 1979 em um amistoso contra o Paraguai.

Foi uma das estrelas de times famosos em nível nacional e mundial: a Seleção Brasileira de Futebol da Copa do mundo de 1982 e do Corinthians da década de 1980, celebrizado pelo movimento da Democracia Corintiana. Na Copa de 1982 marcou dois gols contra as respeitadas equipes da URSS e Itália, mas isso não bastou para o Brasil se sagrar campeão. Também teve excelente atuação na Copa América de 1983, onde a seleção brasileira foi vice-campeã. Aos 30 anos faz uma rápida e decepcionante passagem pelo Fiorentina da Itália, entre 1984 e 1985.

Na Copa do Mundo de 1986 estaria novamente em ação, mas já fora de forma ideal. Ficaria ainda marcado pelo pênalti desperdiçado contra a França, na decisão que desclassificou o Brasil. Antes de encerrar a carreira (1989), ainda atuaria no Flamengo, no Santos e no Botafogo de Ribeirão Preto.

Logo após encerrar a carreira de jogador, tornou-se técnico do Botafogo. Em 1996, foi também técnico da equipe equatoriana LDU, mas demitiu-se alegando falta de profissionalismo dos jogadores.

Em 1999, atendendo a um convite de um antigo companheiro de seleção, Leandro, foi técnico da equipe carioca Cabofriense.

Fora do futebol, Sócrates sempre manteve uma ativa participação política, tanto em assuntos relacionados ao bem-estar dos jogadores quanto aos temas correntes do país. Na década de 1980, participou da campanha Diretas Já (1983- 1984) e foi um dos principais idealizadores do movimento Democracia Corintiana (1982- 1984), que reivindicava para os jogadores mais liberdade e mais influência nas decisões administrativas do clube. Era articulista da revista "Carta Capital" e do jornal "Agora São Paulo" e comentarista esportivo do programa "Cartão Verde" da TV Cultura.

Em agosto de 2011, foi internado na UTI do Hospital Albert Einstein devido a uma hemorragia digestiva alta causada por hipertensão portal. Após essa primeira internação, admitiu que tinha problemas de alcoolismo.

Após uma segunda internação em setembro, em dezembro de 2011, seria internado mais uma vez devido a uma suposta intoxicação alimentar, que acabou por se transformar em um grave quadro de choque séptico em razão de sua condição de saúde já debilitada. Sócrates faleceu às 4:30 da manhã de 4 de dezembro de 2011, em decorrência do choque séptico.

Sócrates foi sepultado no dia 4 de dezembro de 2011, no cemitério Bom Pastor, na cidade de Ribeirão Preto que, logo após o falecimento, decretou luto oficial.

Fontes: Revista Placar; Wikipédia.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O calabar de batina

Gravura holandesa mostrando o cerco a Olinda de Pernambuco em 1630.

Foi o Brasil, no mundo colonial ibérico, a única região onde repercutiram as lutas religiosas travadas na Europa da segunda parte do século 16 à primeira do século 17. É esse um dos aspectos mais importantes das tentativas de fixação de franceses, ingleses e holandeses em vários pontos de nosso país. Pontos ainda não estudados convenientemente.

Até hoje, a nossos historiadores, preocupados tão-somente com as razões políticas ou com os fatores econômicos da pirataria e conquista daqueles povos contra os domínios ultramarinos dos portugueses, escapou aquela feição, nitidamente definida de alargamento também da esfera de influência protestante no universo.

A reforma luterana determinara, na Europa, a famosa guerra dos Trinta Anos, a que pôs termo, provisoriamente, a paz de Vestfália, celebrada em Münster, cujo tratado adrede feito nada mais foi que a sementeira de agitações e lutas que vieram até o tempo da revolução francesa, por sua vez preparadora doutras lutas e doutras agitações. Depois de Lutero, Calvino formou partidários na Suíça, Flandres e França. A nova seita protestante dividiu a catolicíssima nação em huguenotes e papistas.

A Espanha imperial e católica assumiu a liderança da contra-reforma. Daí suas intervenções na política francesa desde o século 16, suas guerras em Países Baixos contra os gueux calvinistas e seu longo duelo marítimo com a Inglaterra. Como nação também fundamentalmente católica, Portugal teve de sofrer ataques que se intensificaram em suas colônias da África, América e Ásia, sobretudo após sua queda sob o domínio espanhol.

A heresia calvinista procurou firmar pé no Brasil com o estabelecimento de Villegaignon na baía de Guanabara. Os fundamentos religiosos dessa tentativa são evidentes, pois discussões violentas em matéria de crença separaram os colonizadores da França Antártica, e o episódio de João de Bolés nos demonstra a tentativa de propaganda protestante entre os silvícolas, com destruição conseqüente da catequese jesuítica.

Na conquista de Pernambuco e terras adjacentes pelos holandeses, quase um século depois, é também claro o elemento religioso. Os hereges perseguiram os católicos em Recife e alhures, os passam a fio de espada como no engenho Cunhaú ou tentaram a propaganda calvinista no seio da indiada, além de serem apoiados sempre pela numerosa judiaria daquele tempo em terra brasileiras.

No bastidor dessa luta de religião no Brasil, há episódios interessantíssimos, que nos dão informes curiosos sobre caracteres e ações de indivíduos nela participantes, bem como até onde podia ir, na época, o sentido religioso da vida. O do jesuíta Manuel ou Francisco Morais, pois se não sabe bem seu nome de batismo, é dos mais elucidativos. No auto-de-fé realizado a 7 de abril de 1642, em Lisboa, pela Santa Inquisição, foi queimado em efígie.

O que teria feito o padre pra tão dura pena, embora fosse sacerdos in aeternum? Passou do lado dos pernambucanos, que defendiam o Brasil luso-católico ao dos holandeses, que representavam a conquista herege. E, como se isso não bastasse, sem trepidar, lançando a batina às urtigas, abjurou o catolicismo, se declarando calvinista e se casou com uma holandesa sectária desse credo. Grande e grave foi esse escândalo em nossa vida colonial.

Tão, grande e tão grave que repercutiu na própria existência, em nossas plagas, da ordem Inaciana, pois que o invocaram pra justificar a falta de confiança na mesma que alegavam todos quantos tinham interesse na escravização dos índios, que ela tenazmente combatia, a fim da pôr fora de seus arraiais. Não esqueçamos de que, um século e pico antes do marquês de Pombal, deste lado do Atlântico, especialmente no Maranhão e em São Paulo, se propugnou e efetuou a expulsão dos jesuítas. Em São Luís contra eles tenazmente lutou Manuel Bequimão.

No volume 1, páginas 684 e 685, de Cronologia paulista, de J. J. Ribeiro, se encontra, firmado por 124 homens bons de São Paulo, entre os quais Amador Bueno da Ribeira, o Aclamado, o que não quis ser rei, Domingos Jorge Velho, governador do gentio de cabelo corrido, herói de Palmares, um dos grandes generais do sertão, e todos os procuradores das vilas das capitanias de São Vicente e Santo Amaro, notável documento que declara ter sido a expulsão dos jesuítas de São Vicente, no mesmo ano, baseada no grande crime de padre Morais, da capitania de Pernambuco.

Leiamos nesse papel o trecho que mais nos importa:" ...e juntamente constando que um padre de sua mesma ordem, religioso professor, sacerdote e pregador, que governavam as aldeias dos índios de Pernambuco, por nome padre Francisco Morais, ao qual constituíram capitão e governo dos mesmos índios na guerra de Pernambuco contra os holandeses, se rebelou e lançou com o inimigo levantando guerra contra os nossos, assim ele com os mesmos índios, nos fazendo notável dano e morte, de que procedeu a total ruína de Pernambuco por serem os índios muitos em quantidade, e por remate se fez apóstata e foi casar em Holanda, e tem os ditos reverendos padres tanta mão com estes índios que se pode temer o risco de nossas vidas...".

Aqui os escravizadores da bugrada se sangraram em saúde, aproveitando a negregada traição e apostasia de padre Morais pra lançar caluniosa e vil suspeita sobre toda a companhia de Jesus, apontada sibilinamente como capaz de usar os índios contra os colonizadores lusos, como o fizera o infeliz sacerdote. Pra isso exageram a importância de seu ato injustificável, lhe atribuindo a total ruína de Pernambuco. Na opinião desses caçadores de escravo de São Paulo, fora padre Morais um verdadeiro Calabar de batina.

Grande e negra a traição, gravíssima a apostasia, mas nem uma nem outra de molde a causar essa total ruína ou a transformar em flamengo-herege o Brasil luso-católico. Na verdade, como chefe de várias aldeias de índios mansos ou em vias de redução, adotar o calvinismo e levar todos esses íncolas ao grêmio calvinista foi obra tão maléfica que custa a crer a tenha praticado um jesuíta. 

É o caso de recordar a lição camoniana de que, mesmo entre os portugueses, alguns traidores houve algumas vezes. Também entre os jesuítas. Não foi esse, infelizmente, o primeiro e único exemplo. Outros, embora raríssimos e distanciadíssimos, lhe sucederiam na viagem do tempo.

À gravidade do crime do Calabar de batina correspondeu a pena inquisitorial: Morte da fogueira do auto da fé lisboeta, em efígie, porque o novo calvinista se refugiara em Países Baixos, fora do alcance da justiça que o perseguia.

Gustavo Barroso
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Fonte: "Segredos e revelações da história do Brasil", Gustavo Barroso - Edições O Cruzeiro - 2ª edição - Agosto de 1961.

Fibras previnem dustúrbios intestinais

A dieta vegetariana é a mais indicada para impedir a doença diverticular. O baixo consumo de fibras é o principal responsável pelo surgimento desse distúrbio que atinge o intestino e os sintomas são cólicas abdominais, inchaço, gases, diarreia.
 
Estudos recentes publicados no British Medical Journal revelam que a dieta vegetariana é a ideal para prevenir o mal.

Depois de estudar mais de 40 mil voluntários durante 11 anos, os que seguiam uma dieta vegetariana tinham menos riscos de desenvolver a diverticulite. As pessoas que ingeriam altas quantidades de fibras corriam menos riscos de morrer da doença.

As fibras são fartamente encontradas em alface lisa, chuchu cozido picado, acelga, tomate, abobrinha cozida, couve-flor, vagem, cenoura crua e espinafre. Os pesquisadores alertam, no entanto, altas doses de fibras pode interferir na absorção de minerais, especialmente o cálcio e o zinco.

Fonte: Bem Estar

Colírios: não abuse

"Uso indiscriminado de colírios pode levar à cegueira": o alerta é do Ministério da Saúde que recomenda a orientação de um especialista para seu uso.

O uso indiscriminado de colírio nos olhos, mesmo os menos nocivos como os lubrificantes oculares, podem provocar irritações, intoxicação, alergias e até mesmo a cegueira. O alerta é do Ministério da Saúde.

O colírio usado para clarear os olhos também coloca em risco a saúde do usuário, alerta o Ministério. Isso porque os produtos que contém corticóides podem aumentar a pressão ocular e favorecer o aparecimento de doenças e infecções oculares, como a catarata e a conjuntivite.

Em casos mais graves o colírio pode até provocar uma úlcera de córnea ou de perfuração ocular que, no caso, podem levar à cegueira.

Os efeitos nocivos do uso indiscriminado deste tipo de medicamento não atingem somente os olhos.

Estudos apontam prejuízos também para outras parte do corpo. Uma vez aplicado nos olhos, o colírio segue em direção ao nariz e acaba sendo absorvido pelo organismo. Isso pode provocar reações adversas em todo o corpo.

Fonte: Bem Estar

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O cafajeste não viaja

Qualquer um pode viajar, menos o brasileiro. O inglês pode ir para a China e jamais será mandarim. Do mesmo modo, a inglesa. Uma inglesa, em Tóquio, não será jamais uma madame Butterfly. E assim o francês, ou o alemão, ou a alemã. Ao passo que o brasileiro, a partir do Méier, começa a usar os sotaques do seu itinerário turístico. E, por vezes, não é preciso nem a viagem. Basta um telegrama.

Recentemente, os estudantes franceses fizeram uma singular revolução francesa. Tudo consistia em arrancar paralelepípedos e virar carros. Foi talvez a primeira revolução feita sem uma única idéia. Os jovens arrancavam os paralelepípedos, viravam os carros e nada mais. Exatamente: — nada mais.

E houve um momento em que o poder ficou vago. A história pensou: — "Vem por aí um novo De Gaulle". E o velho De Gaulle não moveu uma palha, não tirou uma cadeira do lugar. O poder estava lá, nas alegres barbas da "jovem revolução" e repito: — o poder oferecia-se como um fruto maduro, próximo e indefeso. Bastava o simples gesto de colhê-lo. E ninguém fez esse gesto. Nem estudantes, nem socialistas, nem comunistas, nem intelectuais, nem operários. Ninguém.

Um conhecido meu abria os braços e perguntava: — "Mas como? Uma potência espiritual, como a França, não tinha ninguém?". Era a humilhante verdade: — ninguém. Ou por outra: — tinha o velho De Gaulle e só De Gaulle. E, portanto, foi o Herói que, com o seu tédio sardônico, ficou com o poder não possuído por ninguém.

Mas não era isso que eu queria dizer. O que eu queria dizer é que os nossos jovens se embebiam das notícias de Paris. Vejam vocês: — é possível, pelo telégrafo, mudar as nossas idéias, sentimentos, valores.

E, então, começou aqui uma efervescência feroz. Também carros virados. Ninguém arrancou os paralelepípedos, porque somos uma cidade asfaltada.

Fez-se uma "jovem revolução" liderada por telegramas. Pode-se dizer que tudo era apócrifo. Aqui, ninguém teve um gesto próprio, uma fúria autêntica, um palavrão original e profundo.

Imaginem agora o brasileiro que sai de sua rua, de sua paisagem, de sua cidade e de seu idioma. Como reagirá ele, em Paris, Londres, Berlim ou Nova York? Está lá submetido a pressões insuportáveis.

Bem me lembro do meu amigo Otto Lara Resende. Passou dois anos na Europa. E, quando voltou, era outro Otto. Fomos passear em Ipanema. Diante do poente do Leblon, inaugurou ele uma de suas frases máximas: — "Paisagem é verba!".

Insinuei que o nosso poente não faz vergonha. Mas ele insistiu: — "Poente é verba!".

E, mais uma vez, verifiquei que raríssimos brasileiros podem viajar além de Bangu.

O outro caso. Há três ou quatro meses, o meu amigo Carlos Heitor Cony bateu-me o telefone:

— "Nelson, vim me despedir". Como seu tom era meio lúgubre, ainda brinquei: — "Vais te matar?". Respondeu: — "Ainda não. Vou viajar". Protestei: — "Não faça isso".

Conversamos uma meia hora. Insistia eu: — "O brasileiro que viaja volta mais burro". Jurei: — "Não conheço um brasileiro que não voltasse mais burro". Ele resistiu até o fim: — "Você exagera. Não é nada disso". Quanta coisa ouviu o Cony de mim! Cheguei a dizer-lhe que ele precisava ser o cafajeste total. Não exagerava. De fato, um maravilhoso cafajeste está inserido nele, está enterrado nele como um sapo de macumba. E o cafajeste não viaja.

O pior é que a viagem ia ser imensa. Passaria por Berlim, Paris, Moscou, Londres e, até, Pólo Norte. Imaginei que voltaria um ex-Cony, um anti-Cony. E me preocupava também o destino do seu riso. O meu amigo tem uma gargalhada absurda. Sim, ele ri como os antigos sátiros vadios. Imaginei que a viagem pudesse emudecer-lhe o riso.

E o Cony partiu. Três meses de ausência densa, cruel, desesperadora como a morte.

Outro dia, paro num sinal fechado. Estou em cima do meio-fio, esperando, quando um automóvel encosta e alguém anuncia: — "O Cony chegou! O Cony chegou!".

Pouco depois, entro na redação e ligo para o amigo. Ia perguntar-lhe: — "Como é? Ficaste mais burro?". Mas não estava. Deixei o meu nome. E esperei em vão que me telefonasse. Nada. No dia seguinte, ligo outra vez. Também não estava. Liguei outras vezes. Nunca estava. Ele, aqui, a dois passos, parecia longínquo como se ainda existisse entre nós dois a distância que vai de Ipanema ao Pólo, do Castelinho a Cingapura.

Sou um pessimista e logo imaginei: — "É outro Hélio Pellegrino".

Já falei do abismo ideológico que se cavou entre mim e o Hélio. Tenho escrito sobre passeatas, d. Hélder e dr. Alceu. Em confissões sucessivas, acusei as esquerdas de uma alienação monstruosa etc. etc. O Hélio não gostou. Dizia-me com a sua bela voz de Paul Robeson branco: — "Não é o momento! Não é o momento!". Enquanto o Hélio falava assim, em arroubos, eu pensava nos meus mortos e nos meus vivos; sofri demais por uns e por outros. Ferido como estou, não ouso trapacear comigo mesmo e com os demais. Digo o que sinto e o que penso. Apenas.

Todavia, na véspera dos meus anos, o Hélio ligou para mim. Ninguém mais doce: — "Pode dizer nos seus artigos que você é dos meus amigos fundamentais". Dias antes, de público, eu o desafiara a jantar comigo no meu aniversário. E o Hélio explicava: — "Mas não posso jantar contigo amanhã, porque vou sair do Rio". Era o décimo encontro que ele adiava. Jurou, porém: — "Janto contigo na semana que vem". Isso foi no dia seguinte. Não me concedeu um mísero telefonema. Se eu fosse esperar por ele, e seu prodigioso jantar, estaria morto de fome.

E já me parecia que, como o bom Hélio Pellegrino, o Cony fugisse de mim. Não queria, decerto, conspurcar-se com o meu "oba" ou com o meu aperto de mão. Pois bem. Até que há o temido encontro.

A coisa ocorreu no Museu da Imagem e do Som. Ele ia depor sobre a figura e a obra de Mário Filho. Assim que o vi, e ele me viu, houve o suspense de um ou dois segundos. Em seguida, veio o abraço desesperado, o riso violento e recíproco e a certeza de que éramos amigos para sempre. Disse-me Cony: — "Recebi o teu recado. Mas não telefonei, de propósito. Não queria ver ninguém. Por enquanto, não".

Foi aí que eu reparei: — era um outro Cony que estava na minha frente, talvez mais atormentado e talvez mais puro. Sim, um Cony trabalhado pela solidão, um Cony de uma outra densidade. Perguntei, aflito: — "E a viagem? E a viagem?". Varara o mundo e fora até ao Pólo Norte. E eu: — "Que tal? Que tal?".

Respondeu sério, cruel: — "Tudo a mesma coisa! Tudo a mesma coisa!". Vira a Vênus de Milo: — "Tem erisipela". E da Gioconda: — "Tem mau hálito". "O Louvre, uma impostura." Estava triste e exausto de tudo o que vira. Passara na Rússia, na França, na Inglaterra, na Tchecoslováquia.

E, por fim, fez um resumo desesperado de tudo: — "O homem fracassou".

[18/9/1968]
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A Cabra Vadia: novas confissões / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

Os dois namorados

Há coisas que um grã-fino só confessa num terreno baldio, à luz de archotes, e na presença apenas de uma cabra vadia.

Lembro-me de uma festa na casa não sei de quem (só sei que era grã-fino). Na altura das três da manhã, o dono da casa põe mais gelo no uísque e diz: — "Na minha casa só as criadas vêem televisão". Os circunstantes concordaram em que a televisão é uma ignomínia.

E, no entanto, vejam vocês: — o anfitrião estava bêbedo da cabeça aos sapatos. Mas o grã-fino preserva, ainda no pileque, uma série de poses fundamentais. Uma delas é o falso desprezo pela TV e seus programas. Disse eu que o grã-fino só diz certas coisas num terreno baldio etc. etc. Já retifico. Nem no terreno baldio. Ele só dirá que gosta de televisão ao médium, depois de morto.

É, repito, uma pose. Na verdade, o meu anfitrião não perdia uma da Dercy, uma do Chacrinha, uma do Raul Longras. Quanto a mim, sou franco: — não preciso do terreno baldio, nem do médium. O fato de ser apenas um pequeno-burguês, sem nenhum laivo de grã-finismo, dá-me descaro bastante para confessar, aos quatro ventos: — vejo televisão e, pior, gosto de televisão.

Dirá um intelectual ou um grã-fino: — "Mas, e o nível? O nível?".

Ao que eu responderia, com a mais límpida e casta objetividade, que o tal nível, que se atribui às nossas TVs, é muito relativo. Acusamos o nível das emissoras e ninguém fala do nosso. Há uma reciprocidade de níveis. A televisão é assim porque o telespectador também o é. Uma coisa depende da outra e as duas se justificam e se absolvem.

Muitos abominam o Chacrinha e adoram d. Hélder. E há coisas que d. Hélder faz e que o Chacrinha jamais ousou.

Por exemplo: — um dia, abro O Jornal e vejo na seção "Eles disseram" algumas declarações do grande arcebispo. Dizia ele, em resumo, que era perfeitamente legítima a "missa ao som de cuíca, tamborim, reco-reco", etc. etc. Um católico e, ainda mais, um sacerdote propunha a "missa de gafieira". Portanto, é lícito dizer-se que certas posições de d. Hélder estão abaixo do nível do Chacrinha. Mas falo, falo, e esqueci o meu assunto.

Vou falar, hoje, do padre Ávila. (Se não me engano, é da PUC). Mas, vejam vocês: — o nosso Ávila, além de ser padre, é sociólogo. Há um ano, um ano e pouco, estava eu assistindo a um programa de TV. E eis que aparece quem? Justamente o padre-sociólogo.

É um sociólogo que está radiante de o ser. E ele não diz um "oba" sem lhe pingar sociologia. No programa referido discorreu, exatamente, sobre o jovem. Que dizia o padre e que dizia o sociólogo? Não me lembro textualmente de suas palavras. Mas o padre Ávila começou dizendo, se não me engano, que "os tempos estão duros".

Até aí concordei. De fato, acontecem coisas, em nossa época, que desafiam toda a nossa experiência e todo o nosso raciocínio. E, a propósito do jovem, ele referiu um episódio muito curioso. Certo rapaz cometeu, contra um amigo, um ato de extrema vileza. Pouco depois, o padre Ávila conversou com o culpado. Perguntou-lhe: — "Você não acha que foi uma deslealdade com o seu amigo?". O rapaz, mascando goma, saiu-se com esta: — "E é preciso ser leal?".

O padre não se espantou. Um sociólogo não se espanta. Se lhe servirem, no jantar, um ensopadinho de abóbora com ratazana, ele não concederá ao fato um único e reles ponto de exclamação.

Pois bem. Até aquele momento não entendera o gesto do jovem. E transmitiu ao telespectador a sua perplexidade. Nem o entrevistado, nem o público perceberam o óbvio ululante. Quem se escondia, ou por outra, quem não se escondia por trás do ato vil era um velho conhecido nosso — o pulha.

Mas, pergunto: — por que o nosso Ávila não reconheceu a vileza como tal?

É sacerdote e, ao mesmo tempo, um sábio e, ao mesmo tempo, um professor e, ao mesmo tempo, um sociólogo. E não sabe que a infâmia é infâmia, que a indignidade é indignidade, que o cinismo é cinismo. Diante da evidência espetacular, faz-se de cego. E o padre Ávila não será o único.

Há milhares, há milhões de ávilas. Por toda parte, e a começar na família, só esbarramos e só tropeçamos em ávilas de ambos os sexos. Os pais são ávilas, as mães são ávilas, e as tias, e as cunhadas. Todos são ávilas sem batina, sem sociologia etc. etc. Também nas escolas, nas universidades, nos escritórios, nas redações os ávilas são a maioria, quase a unanimidade.

O dr. Alceu fala, sem rebuços, na razão da idade. É um ávila. E como existem alceus e ávilas em todos os idiomas, ninguém julga o jovem, Não ocorre a ninguém que o jovem pode ser um santo, um herói, um justo e, também, um canalha. É um crime dar-lhe uma razão absoluta, isto é, dar razão a quem não a tem. E assim se criou uma figura sinistra, difusa, irresponsável, que ninguém ousaria julgar.

Realmente, o jovem está diante de nós sagrado, intangível.

Um coroinha julga o papa. O padre de passeata condena 2 mil anos de cristianismo. Todos os valores são questionados, refutados. Só ao jovem tudo é permitido. Há coisas, porém, que justificam a nossa desesperada meditação. Quero falar de um fato concreto.

Para evitar que se identifiquem as vítimas, não direi nem quando, nem onde ocorreu. Foi numa universidade que o leitor não saberá se daqui, de São Paulo, Brasília ou Belo Horizonte. Imaginem um casal de namorados de menos de vinte anos, estudantes e católicos. Um dia, o rapaz e a menina são cercados por um bando de colegas marxistas (digamos, marxistas de galinheiro). O que estes exigem dos namorados é um atestado de ideologia.

Para não tomar o tempo do leitor, direi que o primeiro a ser agredido, por uns oito ou dez, foi o rapaz. A namorada, na sua desesperada fragilidade, quis socorrê-lo. Foi logo agarrada, imobilizada. Apanhou na boca. E quase mataram o namorado, a socos, pontapés, chutes. Já sem sentidos, levou o último pé na cara. Mas não foi tudo. Lá estava o rapaz, quase morto. E, então, os outros arrastaram a menina. Também a socos, a patadas. Ah, eu sei que tudo se publica.

Mas o que fizeram com a adolescente não pode ser impresso em idioma nenhum. Muito tempo depois, alguém descobriu os namorados, ainda desmaiados. Uma ambulância, ou táxi, sei lá, os levou. O crime não mereceu nenhuma imprensa e explico: — os bandidos tinham a razão da idade. O jovem estupro, por ser jovem, está acima do bem e do mal.

Mas há de chegar um dia em que a juventude será julgada.
[19/9/1968]
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A Cabra Vadia: novas confissões / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

O abacate tira a barriga

O abacate é rico em gordura e, consequentemente, tem muitas calorias (160 em 100 gramas). Por isso nem pense em exagerar. Você deve, sim, incluí-lo no cardápio com frequência e em doses moderadas, sozinho ou em receitas leves. Esse é o segredo para ajudar a secar a barriga - poder que vem (adivinha!) da gordura, segundo estudo da faculdade de medicina da Universidade Harvard.

Formada basicamente de ácido oleico (a mesma substância anti-inflamatória do azeite de oliva), a gordura do abacate reduz o risco de síndrome metabólica - desordem no metabolismo capaz de desencadear diabetes e ganho de peso.

Redutor de cortisol

Outro componente da fruta que favorece o emagrecimento é a glutationa. "Essa substância, presente naturalmente no organismo, é reforçada pelo o abacate. Resultado: maior controle nos níveis de cortisol, o hormônio do stress que, em excesso no organismo, dificulta a perda de peso", explica Daniela Jobst, nutricionista da Nutrijobst, em São Paulo.

Pior: faz você acumular gordura especialmente na barriga. A glutationa ainda tem ação detox - ou seja, contribui com o fígado na eliminação das toxinas.

Bloqueador de inflamação

Mais uma substância do fruto do abacateiro, o beta-sitosterol age como um anti-inflamatório, fazendo com que as células do organismo exerçam melhor suas funções. Isso não só facilita a dieta como diminui o aparecimento de rugas precoces e celulite. A pele também fica mais bonita porque o abacate tem substâncias antioxidantes como as vitaminas A, C e E.

Inibidor de apetite

A gordura da fruta ainda aumenta a sensação de saciedade e adia a fome. Para obter esse efeito (lembre-se!), basta uma porção moderada - uma fatia fina na salada, por exemplo. Quando você acrescenta o abacate na refeição tem mais uma vantagem: aumenta a absorção do licopeno, famoso antioxidante presente principalmente no tomate. E quanto mais suprir seu organismo dessas substâncias, mais fácil aparece o resultado da dieta - e mais chapada fica a barriga!

Fonte: Boa Forma/ M de Mulher (Texto: Marcia Di Domenico, Nádia Tamanaha e Eliane Contreras).

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O tacape de Tibiriçá

Entre os chefes indígenas que no amanhecer do Brasil, ao se iniciar nossa colonização, fizeram causa comum com os portugueses, o mais ilustre foi, sem dúvida, aquele à sombra de cuja fiel amizade devemos o estabelecimento de Piratininga, berço da metrópole paulistana de nossos dias.

Foi o famoso Tibiriçá, sogro do misterioso e discutido João Ramalho, e aliado de Martim Afonso de Souza, cujos nomes tomara ao ser batizado pelos jesuítas. O genro, no entanto, foi acérrimo inimigo destes, sobretudo devido à questão da escravização dos índios, índios que os padres cristãmente defendiam.

Graças à proteção de Tibiriçá, ao calor de seu prestígio pessoal no meio da indiada, se produziram as primeiras mestiçagens, nasceram os primeiros rebentos daquela destemida raça de mamelucos paulistas que haveria de unir por suas impávidas bandeiras os mais afastados rincões de nosso imenso país.

O nome indígena Tibiriçá significa príncipe da Terra. É quase um título honorífico. Esse chefe dos guaianás de Piratininga se deixara converter à fé cristã pelos padres José de Anchieta e Leonardo Nunes.

Graças a Tibiriçá, puderam os padres da companhia de Jesus permanecer no planalto piratininguense e fundar ali seu primeiro povoado missioneiro, Santo André da Borda do Campo. Enviados, pra esse fim, de São Vicente por padre Manuel da Nóbrega, escalaram, vencendo mil dificuldades, a serra de Cubatão e atingiram o platô treze sacerdotes chefiados por Manuel de Paiva. No grupo, figurava como mestre-escola o grande José de Anchieta. Na defesa de nossa missão jesuítica, Tibiriçá combateu em 1562 até contra seu próprio irmão, o tuxaua Arari.

O grande historiador Southey pintou admiravelmente, em poucas palavras, como viviam esses heróicos civilizadores do gentio: Dormiam em rede e nem tinham roupa de cama: De porta lhes servia uma esteira pendurada à entrada. As roupas também foram calculadas à região menos vizinha do céu, pois eram de algodão as poucas que tinham, e andavam sem calça nem sandália. Mesa lhes eram folhas de bananeira...

Nessa grande pobreza, diz o próprio Anchieta que se podiam dispensar os guardanapos, visto como nada havia que comer. De fato, se alimentavam apenas do que lhes davam os índios, o que não podia ser muito nem escolhido. As vezes, de esmola, recebiam alguma cuia de farinha de mandioca. Noutras, mais raras, algum peixe de córrego ou alguma caça da selva. E as frutas do mato.

A subida da serra do Cubatão, donde se avistava o mar, a Paranapiacaba dos tupis, fora verdadeira epopéia, segundo nos conta o historiador da companhia, padre Simão de Vasconcelos. Tinham escalado a pé, rompendo a mataria, íngremes perambeiras, se pendurando de raízes e cipós, as mãos e os pés escalavrados, em sangue, o corpo e o rosto banhados pelos espinhos, se arriscando a encontro de feras e sobretudo de cobras venenosas. Ad majorem Dei gloriam! Venceram tudo isso pra maior glória de Deus. E dessas misérias e lutas brotariam, no futuro, a grandeza e a fortuna de São Paulo.

Testemunha e personagem das principais, nessa época de fé e elevação moral, o morubixaba Tibiriçá foi, na verdade, o laço que unia, no mesmo instintivo desejo de progresso, no mesmo informe anseio de futuro, o índio bravio e o aventureiro civilizado, sob os braços acolhedores, pacificadores e luminosos da Cruz.

Esses primitivos tempos da gloriosa Paulicéia são recordados em nossos tumultuosos dias por uma relíquia preciosíssima: O tacape de guerra do chefe indígena Martim Afonso Tibiriçá, ivirapeme de madeira duríssima, o pau-ferro, talhada conicamente em forma de moca ou maça, bastante pesada, porém fácil de manejar por um homem adestrado e robusto. Lhe levou o tempo o trançado de palha do punho, que evitava escorregasse da mão que a brandia. Lhe levou, também, os ornatos de penas multicores. Todavia, embora nua e negra, essa arma de choque evoca, em nosso espírito, a rude época em que zunia em golpes terríveis, rompendo ossos e crânios de inimigos, nas bárbaras refregas da indiada.

A autenticidade dessa peça requer uma documentação comprobatória. O tacape de Tibiriçá pertenceu, durante longo tempo, ao imperador dom Pedro II. Sua majestade o ofereceu, quando visitou São Paulo, ao grande estudioso de nossos selvagens, general Couto de Magalhães. Nenhum presente agradaria mais ao notável indianista, um dos fundadores de nosso folclore. Das mãos dos descendentes daquele general passou, em São Paulo, às de doutor João Vieira da Costa Valente.

Durante muito tempo teve o tacape colado a sua face um retângulo de papel com a declaração autografada de Couto de Magalhães o haver recebido de dom Pedro II, que lhe afirmara ser o mesmo do grande Tibiriçá. O tempo infelizmente destruiu essa etiqueta. Há, porém, declarações escritas e autenticadas de pessoa da família sobre o assunto.

Martim Afonso Tibiriçá faleceu em São Paulo, cercado de seus inúmeros descendentes e do respeito geral, em 25 de dezembro do ano da graça de 1562. Escrevendo ao reino em 10 de abril do ano seguinte, 1563, dizia Anchieta com saudade: Morreu nosso principal, grande amigo e protetor. Então, João Ramalho, livre da influência do sogro, pôde guerrear à vontade aos padres da companhia.


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Fonte: "Segredos e revelações da história do Brasil", Gustavo Barroso - Edições O Cruzeiro - 2ª edição - Agosto de 1961.

O padrão de São Vicente

Marco padrão, construído em 1932
sobre a pequena ilha Pedra do Mato
Esse padrão (foto) encimado pela cruz templária da ordem de Cristo, esguio e solitário, de pedra amorenada pelo sol e alisada pelo vento, se projetando ao céu e refletido na água assinala o terceiro passo da civilização luso-cristã em terra brasileira. O primeiro marco foi levantado por Pedro Álvares Cabral na areia de Porto Seguro. Cristóvão Jaques ergueu o segundo em Itamaracá. Martim Afonso de Souza cravou o terceiro perto dum ilhéu rochoso e agreste do litoral paulista.

O segundo foi semente de Olinda–Recife–Pernambuco. Foi o terceiro semente de Piratininga–São Paulo, a marcha ao sul e ao oeste, o recuo do meridiano, em 1494 firmado teoricamente pela convenção de Tordesilhas. E, entre esses pontos extremos a que então chegaram os lusos, batendo a imensa costa, Tomé de Souza alicerçaria, mais tarde, os muros de taipa da cidade de Salvador, primeira cabeça do estado do Brasil.

Do ciclo das navegações costeiras, entre 1501 e 1530, do qual participaram os portugueses, muitos franceses e alguns espanhóis, resultaram, esparsos no litoral, desterrados, desertores e náufragos, que se uniram às índias. Era o povoamento por mestiçagem que começava. Ao transpor a frota de Martim Afonso de Souza a barra de São Vicente e ao fundear entre suas pequenas ilhas, a indiada se aglomerou nas praias.

Desembarcou o capitão-mor no porto chamado de Tumiaru e ali encontrou, vivendo entre os selvagens, com mulher e filhos, o português Antônio Rodrigues, companheiro de João Ramalho, que galgara a serra do Mar e, casando com a filha do chefe Tibiriçá, povoara, na planície de Piratininga, a aldeia de Inhapuambuçu, depois Santo André da Borda do Campo. Em Itararé, curta praia existente entre a ilha do Sol, crismada agora em Porchat, e a ponta do morro de Santo Antônio, antigo Tumiaru, se lançou o fundamento da primeira vila de São Vicente, a primeira também do Brasil, com o apoio dos morubixabas guaianás do planalto: Tibiriçá e Caiubi.

Os índios litorâneos chefiados por Piquerobi, apesar da filha deste ser mulher de Antônio Rodrigues, preferiram se retirar ao sertão a se aliarem aos portugueses. Doze anos após a fundação, em 1544, o mar, avançando sobre a terra, a inundou e submergiu a sempre a Vila de Martim Afonso de Souza, que renasceu em 1555 ao redor da Igreja de Nossa Senhora da Assunção, que se salvara, ao pé do morro de Santo Antônio, local onde perdura.

A expedição de Martim Afonso de Souza, que encerrou o ciclo da exploração costeira em nossa história, foi a maior tentativa até aquela data realizada pelo governo de Portugal pra resolver o problema da colonização do vastíssimo país encontrado pela armada cabralina, nele fundando um império que se baseasse em mais sólidas riquezas do que a extração do pau-brasil, apropriada tão-somente a monopólios comerciais sem espírito civilizador ou à aventura mercantil de interlopes isolados. Seu plano incluía uma amplitude que faltou à ação de seus predecessores, simples exploradores da linha costeira ou guardas costeiros contra os franceses.

Martim Afonso de Souza partiu de Lisboa no dia 3 de dezembro de 1530, trazendo em seus quatro navios, a este lado do Atlântico, os elementos básicos, humanos e materiais duma civilização rudimentar: Homens de arma, de saber e de arte mecânica, utensílios, ferramentas e sementes. Compunham essa armada matriarca, que conduzia o embrião social do Brasil, como escreveu a propósito Carlos Malheiro Dias, a nau São Miguel, o galeão São Vicente, as caravelas Princesa e Rosa, sob o comando de experimentados capitães: Heitor de Souza, Pero Lobo Pinheiro, Baltasar Gonçalves e Diogo Leite. E ao capitão-mor, mandado a colonizar tão longínquas regiões, dera o rei, por antecipação, o título de governador. Foi, assim, o fundador de São Vicente o primeiro governador do Brasil.

A armada transpôs a água das Canárias, costeou a África e, na altura do arquipélago de Cabo Verde, investiu o oceano, rompendo destemidamente os temporais, até avistar, no último dia de janeiro seguinte, a terra do Brasil, ao longo de cujo litoral deu caça aos navios franceses: Diogo Leite se apoderou duma nau nesse mesmo dia, abarrotada de brasil. Ao sul do cabo de Santo Agostinho tomou a esquadra outra carregada de brasil. Dias depois conquistou uma terceira, de abordagem, no fim de 36 horas de fogo de artilharia.

Em 17 de fevereiro de 1531 refrescou a frota em Pernambuco. Havia dois meses que a nau francesa La Pelérine saqueara e destruíra a feitoria de Itamaracá. Dali, Diogo Leite, com as caravelas, seguiu ao Norte, a descobrir o rio Maranham. João de Souza regressou ao reino com notícias e pau-brasil, numa das suas naus tomadas dos franceses. A outra, crismada em Nossa Senhora das Candeias, se incorporou à frota sob o comando do irmão do capitão-mor governador, Pero Lopes de Souza, cujo Diário de navegação é a crônica viva da epopéia.

Na baía de Todos os Santos, em março de 1531, Martim Afonso de Souza encontrou o patriarca da miscigenação luso-tupi, Diogo Álvares, o Caramuru, que ali se encontrava desde 1519. Já a gente da terra era toda alva, diz Pero Lopes, os homens muito bem dispostos e as mulheres muito formosas. Ali ficaram dois homens com sementes pra fazerem experiência do que a terra dava. E ainda os cativos duma caravela, que arribava de Sofala e fora agregada à frota. Porventura os primeiros negros que tomaram pé no Brasil.

Meses demorou a expedição no remanso da Guanabara, onde consertou os navios e construiu dois bergantins destinados à conquista do Rio da Prata, fim último a que se destinava. Tempo foi suficiente pra quatro homens, mandados pelo capitão-mor governador, penetrarem as terras e voltarem com notícia e um chefe de tribo que recebeu muitos presentes. A primeira bandeira que explorou o interior. E prosseguiu a viagem ao sul. Em Cananéia, estavam esperando os navegadores dois dos primeiros povoadores da costa: Francisco Chaves e um bacharel degredado.

À indiada, que ocorria, alvoroçada, à praia, falou, em sua própria língua, o abanheenga,10 o piloto Pedro Ames. No lagamar de Santos, balizado no fundo pela muralha azul-verde de Paranapiacaba, por a todos parecer tão bem a terra, o capitão determinou a povoar, dando a todos os homens terra pra fazer fazenda. E dali seguiram ao sertão ignoto, cuja largura se desconhecia, buscando o império dos Incas, donde manavam a prata e o ouro, os oitenta besteiros e arcabuzeiros da grande bandeira organizada por Martim Afonso de Souza e comandada por Pero Lobo e Francisco de Chaves, que os carijó chacinaram na margem do Iguaçu.

De Pernambuco Martim Afonso de Souza enviara duas caravelas ao norte. Em março de 1531 entravam na baía de São José, em abril na de São Marcos e em junho na de São João. Atingiram, afinal, a foz do rio Gurupi, que se chamou Abra de Diogo Leite, segundo consta do mapa de Gaspar Viegas, de 1534. Ao sul foi mandado, de Santos, Pero Lopes de Souza ao rio da Prata, que devia explorar e colonizar. Lhe foram, porém, os fados adversos. Na altura do arroio Chuí, predestinado a definitivo limite entre a América portuguesa e a espanhola no rumo meridional, o mar em fúria fez naufragarem a nau-capitânia e um dos bergantins, se perdendo sete homens, arma, mantimento, utensílio, tudo o que se destinava à obra colonizadora. Reunindo o conselho dos capitães e pilotos, se decidiu, na dura contingência, renunciar àquela empresa, se encarregando Pero Lopes com o bergantim restante e 30 homens de erguer no estuário platino os padrões de posse da coroa portuguesa. A caravela de Sofala, Santa Maria do Cabo, recolheu os náufragos na costa sulina e ainda trouxe a São Vicente outros náufragos, esses espanhóis, em número de 15, relíquias da expedição malograda de Juan Días de Solis ao rio da Prata, que se encontravam no porto de Patos, em Santa Catarina.

Em data incerta do primeiro semestre de 1533 Martim Afonso de Souza partiu de São Vicente, ali ficando, como seu lugar-tenente no cargo de capitão-mor e governador da capitania, Gonçalo Monteiro. Deixava no Brasil os primeiros materiais duma civilização: A igreja, o município, o estaleiro, o tombo das sesmarias, o pelourinho, emblema da justiça. Enquanto não partiu à Índia, o donatário se ocupou da longínqua capitania brasileira, cuja doação o bei lhe comunicara em carta trazida por João de Souza a São Vicente. Até lá expediu colonos, animais domésticos e sementes, contratando agricultores e mecânicos habilitados na cultura e fabricação do açúcar.

No regresso de São Vicente a Portugal, Pero Lopes de Souza retomou dos franceses o forte de Itamaracá e os mandou executar como exemplo, pra castigo de sua felonia.

Martim Afonso de Souza, primeiro colonizador e primeiro donatário do Brasil, primeiro capitão-mor governador, recebeu do rei dom João III os títulos pomposos de governador da Índia e capitão-mor dos Mares do Oriente. Com eles, à testa duma armada de 5 navios, partiu do Tejo em 12 de março de 1534. Arribou à Bahia e os franciscanos que levava a bordo ali batizaram os filhos legítimos e os naturais de Diogo Álvares, Caramuru, o patriarca que, usando duma poligamia bíblica, começava com outros do mesmo feitio a povoar estes Brasis. E essa obra povoadora continuava com a casamento de duas de suas filhas bastardas, uma com Afonso Rodrigues, natural de Óbidos, outra com o fidalgo genovês Paulo Dias Adorno, aventureiros fugidos de São Vicente, onde cometeram um crime. Assim, começou o Brasil a nascer.

E é tudo isso o que recorda o fuste de pedra do blasonado padrão que aponta o céu e se contempla no mar...
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Fonte: "Segredos e revelações da história do Brasil", Gustavo Barroso - Edições O Cruzeiro - 2ª edição - Agosto de 1961.