quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Carvalhinho

Carvalhinho (Rodolfo da Rocha Carvalho), ator e comediante, nasceu em Recife, PE, em 24/05/1927, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro, RJ, em 01/03/2007. Iniciou sua carreira no final da década de 40 no cinema e no teatro, inicialmente como Rodolfo Carvalho.

O Carvalhinho surgiu como seu nome artístico definitivo apenas na década de 60, quando já era conhecido por muitas peças e várias comédias não cinema.

Seus trabalhos mais importantes foram em nenhum cinema: "Dona Xepa" em 1959; "Como ganhar na Loteria Esportiva Sem perder um" em 1971; "O Varão de Ipanema" em 1976, "O Homem de Seis Milhões de Cruzeiros Contras como Panteras" em 1978; "Bububu não Bobobó" em 1980 e "Irma Vap - O Retorno" em 2006, que foi seu último trabalho.

Ao longo de uma carreira de quase 60 anos ele participou de quase 30 filmes e fez inúmeras peças de teatro, além de ter feito parte do Elenco de humorísticos como "Balança Mas Não Cai" e "Zorra Total".

Ele também esteve presente nas novelas "Deus Nos Acuda", "Da Cor do Pecado" e "Torre de Babel", além da minissérie "Agosto", todas produções da Rede Globo.

Não teatro, Carvalhinho fez sucesso em "A Gaiola das Loucas" ao lado de Jorge Dória, espetáculo com o qual viajaram pelo País todo e também se arriscou como autor, Escrevendo uma comédia "O Amante do Meu Marido", montada no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Carvalhinho passou mal em sua casa após o jantar e mesmo levado às pressas para um hospital na Zona Norte do Rio de Janeiro não resistiu a um ataque cardíaco.

Fonte: Famosos que partiram; Dramaturgia Brasileira - In Memoriam.
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A vaca premiada

Não há ser mais pungente e, repito, não há ser mais plangente do que o brasileiro premiado. O inglês, não, nem o francês. Um ou outro recebe qualquer prêmio com modéstia e tédio. Quando deram a Churchill o Nobel de literatura, ele nem foi lá. Mandou a mulher e continuou em Londres, tomando o seu uísque e mamando o seu charuto. O francês ou o alemão também reagiria com o mesmo superior descaro.

E que faria o brasileiro? Sim, o brasileiro que, de repente, recebesse um telegrama assim: — “Ganhaste o prêmio Nobel. Gustavo da Suécia”. Pergunto se algum brasileiro, vivo ou morto, teria a suprema desfaçatez de mandar um representante, como fez o Churchill? Por exemplo: — o meu amigo Otto Lara Resende. Se a Academia Sueca, por unanimidade ou sem unanimidade, por simples maioria, o preferisse.

Semelhante hipótese, que arrisquei ao acaso, já me fascina. O Otto, prêmio Nobel. Que faria ele? Ou que faria o Jorge Amado? Ou o Érico Veríssimo? Eis o que eu queria dizer: — qualquer um de nós iria, a nado, buscar o cheque e a medalha. Nem se pense que faríamos tal esforço natatório por imodéstia. Pelo contrário. Nenhuma imodéstia e só humildade.

A nossa modéstia começa nas vacas. Quando era garoto, fui, certa vez, a uma exposição de gado. E o júri, depois de não sei quantas dúvidas atrozes, chegou a uma conclusão. Vi, transido, quando colocaram no pescoço da vaca a fitinha e a medalha. Claro que a criança tem uma desvairada imaginação óptica. Há coisas que só a criança enxerga. Mas quis-me parecer que o animal teve uma euforia pânica e pingou várias lágrimas da gratidão brasileira e selvagem.

Cabe então a pergunta: — e por que até as vacas brasileiras reagem assim? O mistério me parece bem transparente. Cada um de nós carrega um potencial de santas humilhações hereditárias. Cada geração transmite à seguinte todas as suas frustrações e misérias. No fim de certo tempo, o brasileiro tornou-se um Narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: — não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a auto-estima.

Se não me entenderam, paciência. E tudo nos assombra. Um simples “bom-dia” já nos gratifica. Nunca me esqueço de minha iniciação jornalística. Trabalhei num jornal que não pagava. Mas o diretor, um escroque perfumadíssimo e, insisto, mais cheiroso do que uma cocote, era o gênio do cumprimento. Não passava por um funcionário sem lhe apertar a mão, e sem lhe sorrir, e sem lhe piscar o olho. E o cumprimento do chefe era, para o repórter ou para o faxineiro, a própria remuneração.

Fiz as divagações acima porque assisti, no último sábado, à entrega dos prêmios do Museu da Imagem e do Som. A cerimônia ia ser televisada. Disse de mim para mim: — “Vamos ver se o brasileiro mudou“.

Fiz, preliminarmente, uma breve autocrítica. Eis o que me perguntei: — “Será que estou frustrado, ressentido, humilhado, de não ser um deles?”. Há vinte anos, quando comecei minha carreira, queria ter o meu nome no jornal de qualquer maneira e a qualquer preço. Ah, quantas vezes escrevi sobre mim mesmo. Assinava com um nome inventado e mandava publicar. E, depois, vinha perguntar cá fora: —“Conhece esse sujeito? Escreveu sobre mim. Não sei quem é”.

Pois bem: — e comecei a entrar em todos os concursos de peças, de reportagens, de contos, crônicas, o diabo. Todo mundo era premiado, menos eu. No primeiro ano, segundo, terceiro, eu estrebuchava de humilhação. Por fim, veio um doce e compassivo fatalismo. Repito: — “não ser premiado” é o meu hábito de vinte e tantos anos. (Minto. Outro dia, recebi no Chacrinha o prêmio de melhor cronista esportivo de jornal. E a verdade é que reagi como brasileiro. Escolhi o meu melhor terno, a minha melhor gravata, o meu melhor sapato.

Meia hora antes estava na televisão. Lá encontrei o João Saldanha, também contemplado. Vagando pelos corredores da TV Globo, à espera da nossa convocação, tínhamos, os dois, um ar indubitável de prêmio Nobel).

Volto ao sábado. Sala Cecília Meireles. Como o governo da Guanabara estava ligado aos prêmios, compareceu o governador Negrão de Lima. Ele, em pessoa, faria a entrega. E, para maior ênfase do acontecimento, puseram lá uma banda de música. Um dos premiados era Oscar Niemeyer.

Outro: Glauber Rocha; outro ainda: Pelé.

Dirá alguém que eram prêmios modestos. Não importa.

A vaca já citada recebeu muito menos, ou seja, uma fitinha com uma medalha, e nasceu nos seus dentes toda uma espuma; a gratidão escorria-lhe em forma de baba elástica.

Eis o que me perguntava: — como reagiria Oscar Niemeyer?

(Bato estas notas e sou perseguido por uma obsessão pueril e terrível. Não me sai da cabeça a seguinte cena: — o Otto indo buscar, a nado, o prêmio Nobel). E, de repente, o ator Sérgio Cardoso diz o nome de Oscar Niemeyer. A platéia quase veio abaixo. O nome de Pelé foi muito menos aplaudido. E, no entanto, para o gosto popular, as botinadas estão muito mais próximas do sublime do que a arquitetura.

Na minha casa, eu adulava a minha úlcera com pires de leite. E não entendia mais nada. Por que esse amor súbito e ululante por um arquiteto? Desde quando a arquitetura teve, no Brasil, um Frank Sinatra? Estava vendo a hora em que os presentes, de pé, iam berrar como nos comícios do Brigadeiro: — “Já ganhou! Já ganhou!”. Mas por que essa ovação de Cauby Peixoto? Era a pergunta que continuava sem resposta.

E, súbito, percebo toda a verdade. Não era o arquiteto, era o gênio. O povo não gosta das invenções plásticas de Oscar Niemeyer. Abomina. O que o povo adora é aquele prédio do elixir de Nogueira, ali na Glória, perto do Relógio. O homem comum entende que a casa feita por Oscar Niemeyer não serve para dormir, amar, morrer ou simplesmente estar. Não importa. É gênio.

Pouco depois chegou a vez de Glauber. Outra ovação formidável. O grande público não gosta dos seus filmes, não entende seus filmes. Mas é outro gênio. Chamam-no de maluco. A figura que tenha essa lenda de insânia fascina o povo. Lembro-me de um conhecido que foi ver Terra em transe e veio-me dizer, deslumbrado: — “Não entendi nada”.

Estava gratíssimo ao filme e ao seu autor. O povo desconfia do que entende, desconfia do que gosta. E Glauber Rocha, ao surgir na sala, era uma figura. A cabeleira mais selvagem do que as cerdas bravas do javali. Subiu a escadinha do palco com um passo ágil, elástico, quase alado. Mas nem Glauber, nem Oscar Niemeyer fizeram a concessão de um sorriso. A cara do Niemeyer estava fechada, inescrutável, como certas máscaras cesarianas. (Ah, como o brasileiro precisa ter um gênio à mão. Sim, para apalpá-lo, farejá-lo. A simples existência de um gênio patrício já nos permite um mínimo de auto-estima).

E, por fim, o Luís Carlos Barreto, o formidável animador do Cinema Novo, foi receber o seu. Subindo, disse, à queima-roupa, ao governador: — “O dinheiro já saiu”. E aí, nessa voracidade jucunda, estava todo o Brasil.
[23/1/1968]
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A Cabra Vadia: novas confissões / Nelson Rodrigues; seleção de Ruy Castro. — São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
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Stephen King

Em muitos cantos do mundo, a mera menção do nome dispensa apresentações. Nascido em Portland, no estado americano do Maine, a 21 de Setembro de 1947, Stephen Edwin King foi o segundo filho de Donald e Nellie Ruth King.

Frequentou o Lisbon High School, em Lisbon Falls, e daí seguiu para a University of Maine, onde se viria a formar em 1970, obtendo o título de Bachelor of Science em Inglês.

Quase de imediato, foi chamado à inspeção militar e considerado inapto, sendo os motivos invocados "elevada tensão arterial, visão limitada, pés chatos e tímpanos perfurados." Tabitha Spruce, poeta e escritora, pareceu não se importar, pois casou-se com King no ano seguinte.

Trabalhando como professor de inglês e escrevendo à noite e nos fins-de-semana, King vendeu contos de ficção a variadas revistas. Só em 1973 viria a encontrar um comprador para o seu primeiro romance, Carrie, a história de uma adolescente infeliz com habilidades psíquicas que não pode controlar. O sucesso do livro - no ano seguinte tornado filme com o título de Carrie, A Estranha por um "desconhecido" Brian de Palma - permitiu-lhe finalmente abandonar o ensino para se dedicar à escrita a tempo inteiro. O resto, como se costuma dizer, é história.

A Carrie seguiu-se Jerusalem's Lot, seguido por The Shining (O Iluminado) - transportado para o cinema por Stanley Kubrik - , seguido por The Stand, seguido por mais de duas dezenas de romances que não decepcionaram nem leitores nem livreiros.

Várias das obras conseguiram mesmo reunir a aprovação quase unânime dos críticos literários. Entre 1977 e 1984, publicou ainda cinco romances sob o pseudônimo de Richard Bachman, antes de a sua identidade secreta ser revelada.

Hoje, Stephen King é, talvez, o escritor de Língua Inglesa mais lido em todo o mundo. O mais bem pago do planeta é, de certeza. Detém também o recorde de maior número de obras adaptadas para o cinema ou televisão.

São poucos os seus contos, novelas ou romances que não foram ainda transferidos para a tela. A maior parte não é sequer digna de nota, mas há algumas jóias que se destacam como: Carrie, The Shining (O Iluminado), Misery, Os Condenados de Shawshank e Eclipse Total (Dolores Clairborne, no original), incluindo também Green Mile - À Espera De Um Milagre, com Tom Hanks no principal papel.

O trabalho de King insere-se principalmente no gênero do Horror, ao qual King tem alargado os horizontes. Alguns consideram-no mesmo responsável pela grande expansão que o gênero sofreu, em termos de mercado, após finais da década de 70.

(Adaptado da biografia de Stephen king escrita por Ricardo Madeira)

Fonte: Biografia de Stephen King
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