quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Welfare, o tanque inglês

O inglês Harry Welfare chegou ao Rio de Janeiro, em 1913, como professor do colégio Anglo-Brasileiro. Mas acabou mesmo foi dando lições de bola. Welfare já havia disputado a Liga inglesa pelo famoso time do Liverpool e, no Brasil, passou a defender a camisa do Fluminense. Nos nove campeonatos cariocas que disputou, construiu a fama de centroavante "tanque", por seu estilo impetuoso, forte e matador. Conquistou cinco vezes a artilharia no futebol carioca (1914 com oito gols; 1915 e 1917, ambos com dezoito; 1919 com 22; e 1922 com oito).

Henry Welfare (chamado carinhosamente de "Harry"), professor, atleta e treinador, nasceu em Liverpool, Inglaterra, em 20/08/1888, e faleceu em Angra dos Reis, RJ, em 01/09/1966. Chegou ao Rio de Janeiro no dia 9 de agosto de 1913 para cumprir um contrato de professor secundário com o Ginásio Anglo-Brasileiro, lecionando Geografia e Matemática. Logo depois foi levado para o Fluminense. Treinou de centro-avante no segundo time e agradou. Outro treino e, desta vez no primeiro time. Agradou mais ainda. Daí por diante foi uma verdadeira máquina de fazer gols.

Obteve a extrordinária média de quase um gol por partida, já que marcou 163 gols em 166 jogos, sendo o jogador que mais gols fez em uma única partida pelo Fluminense, 6 contra o Bangu na goleada por 11 a 1 em 9 de Dezembro de 1917, tendo conquistado o tricampeonato carioca em 1917, 1918 e 1919, fazendo 49 gols nestes três campeonatos.

Em 1920, o Fluminense o fez "Sócio Benemérito", título honroso que lhe deu o direito de ser membro perpétuo do Conselho Deliberativo do clube tricolor.

Welfare encerrou sua carreira após marcar o gol da vitória do Fluminense sobre o Botafogo no Torneio Início de 1924, não jogando a última partida em que o Fluminense ganhou por 1 a 0 do Flamengo, sagrando-se campeão.

Aqui o time do Fluminense em 1914, e Welfare é o primeiro da esquerda para a direita.

Morador do bairro da Gávea se deslocava de bonde ou a pé por mais de uma hora para treinar e jogar no Fluminense, sendo por isto um grande símbolo da época do amadorismo, onde além de não receberem remuneração pelos seus serviços, os jogadores mostravam imensa paixão pelo esporte e pelos seus clubes, com Welfare sendo um dos jogadores que melhor representaram as primeiras décadas do Fluminense. Era raro o dia que nenhum admirador se oferecia para levar a sua maleta.

Não temos dúvidas em afirmar que o professor inglês modificou muito o nosso futebol. Os maiores capítulos do futebol carioca, no tempo do amadorismo, foram escritos com letras ciclópicas por esse extraordinário jogador. Estabeleceu um padrão próprio com seu jogo inteligente, impetuoso, objetivo e realizador. Suas duas características principais eram o "rush" que espalhava terror nas zagas adversárias e o chute violento com qualquer dos pés. Além disso, fazia alarde de um excelente drible baseado no jogo de corpo e no controle de bola. Foi o pioneiro na "tabelinha". Ele dizia para os companheiros – " me dá a bola e corre a frente para receber novamente". Essa jogada foi aperfeiçoada pelos grandes jogadores.

O "Tanque inglês", conforme ficou conhecido posteriormente pelo seu físico privilegiado, pelos seus 1,90 m de altura, além de ser forte e de ter um estilo rompedor, numa época onde a média de altura das pessoas era bem menor. Certa vez, Mário Filho escreveu que "com Welfare o Fluminense usava uma metralhadora, enquanto seus adversários lutavam de espada".

Em 2006, mais de oitenta anos após abandonar os gramados como jogador, Welfare ainda é o maior artilheiro do confronto entre Fluminense e Botafogo, o Clássico Vovô, com 17 gols, à frente de Waldo (Flu) e Heleno de Freitas (Bota), ambos com dezesseis.

Fontes: Wikipedia; Revista Placar.
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Friese, a marreta germânica

Hermann Friese - circa 1904
O primeiro artilheiro a causar sensação no futebol brasileiro foi o jovem alemão Hermann Friese, que chegou a São Paulo em 1903. Alto, corpulento e forte, Friese jogava em qualquer posição e "valia um time inteiro", como diziam os jornais da época. Na verdade, o alemão era um verdadeiro atleta. Na Europa, já havia se sagrado campeão nas corridas de curta (100 e 200 m) e média distância (1500 e 3000 m). Mas o que mais o destacava era sua capacidade de marcar gols. Foi artilheiro por três temporadas em São Paulo, em 1905 com catorze tentos, e em 1906 e 1907, ambas com seis. 

Georg Paul Hermann Friese, futebolista e atleta teuto-brasileiro, nasceu em Hamburgo, Alemanha, em 30/05/1882, e faleceu na cidade de São Paulo, SP, em outubro de 1945. Foi ao lado de Charles Miller e Hans Nobiling um dos mais importantes pioneiros de nosso futebol, sendo reconhecido como o primeiro craque a jogar no Brasil.

Em 1903 emigrou com 21 anos de idade da Alemanha para o Brasil e se afiliou ao Sport Club Germânia, equipe da colônia alemã radicada em São Paulo, fundada por Hans Nobiling. Como também tinha Friese e Nobiling o SC Germania 1887, antecedente do Hamburger SV, que mais tarde inspiraria o nome e as cores do uniforme do time brasileiro.

O alemão foi o artilheiro do Campeonato Paulista de Futebol de 1905 com 14 gols e campeão paulista pelo  Germânia em 1906 e 1915. A Crônica de O Estado de São Paulo, em 1903 lhe chamou de o "sensacional futebolistas de todos os tempos".  Deve-se ainda a Friese a introdução da jogada de corpo, chamada então de marreta, lance que provocou muitos protestos dos adversários.

Hermann foi também treinador da equipe em que surgiu em torno de 1909 o futebolista Arthur Friedenreich. O rapaz, que seria o primeiro gênio do futebol brasileiro, era filho de um imigrante e comerciante de Hamburgo e uma negra brasileira, e sendo mulato era proibido de fazer parte do clube. Foi graças à intervenção de Friese que se revogou tais proibições racistas.

Friese foi também árbitro de futebol chegando a conduzir finais do Campeoanto Paulista.

Já na Europa tinha Friese fama como atleta e em 1902 venceu os 1500 metros no campeonato alemão de atletismo. Em maio de 1907 ele foi o único atleta brasileiro em uma competição internacional no Uruguai e venceu em uma única noite corridas de 1500 metros e 800 metros, ficando em segundo na prova dos 400 metros.

Fontes: Wikipedia; Revista Placar.
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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

O Mata-mosquitos

Quando Oswaldo Cruz prometeu, em 1902, acabar com a febre amarela no Rio de Janeiro em três anos, o combate à doença era feito com o isolamento dos doentes e a queima de colchões, roupas e objetos por eles usados. Acreditava-se que o contágio se desse pelo contato direto.

Oswaldo Cruz mudou tudo: causando uma grande agitação, mandou acabar com os focos de mosquitos, para ele os verdadeiros transmissores da doença.

Foi uma gritaria geral: protestos, manifestações em praça pública, levantes militares contra o governo. Inquieto, o presidente Rodrigues Alves insinuou a Oswaldo Cruz:

— Para acalmar a situação, o senhor não poderia mandar queimar alguns colchões e pelas de roupa, enquanto mata os mosquitos?

O cientista foi claro:

— Se fizer isso, quanto o combate aos mosquitos acabar com a febre vão dizer que foi aquela medida que produziu resultados, e não esta.

Saiu do gabinete e ainda ouviu Rodrigues Alves comentar:

— É impossível que esse moço não tenha razão.

Ainda bem que pelo menos ele confiou: três anos depois não havia mais febre amarela no Rio de Janeiro.

Fonte: Seção Dito e Feito. In: Superinteressante. nº 5. São Paulo: Editora Abril, Fevereiro de 1988. p. 37.
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