O inglês Harry Welfare chegou ao Rio de Janeiro, em 1913, como professor do colégio Anglo-Brasileiro. Mas acabou mesmo foi dando lições de bola. Welfare já havia disputado a Liga inglesa pelo famoso time do Liverpool e, no Brasil, passou a defender a camisa do Fluminense. Nos nove campeonatos cariocas que disputou, construiu a fama de centroavante "tanque", por seu estilo impetuoso, forte e matador. Conquistou cinco vezes a artilharia no futebol carioca (1914 com oito gols; 1915 e 1917, ambos com dezoito; 1919 com 22; e 1922 com oito).
Henry Welfare (chamado carinhosamente de "Harry"), professor, atleta e treinador, nasceu em Liverpool, Inglaterra, em 20/08/1888, e faleceu em Angra dos Reis, RJ, em 01/09/1966. Chegou ao Rio de Janeiro no dia 9 de agosto de 1913 para cumprir um contrato de professor secundário com o Ginásio Anglo-Brasileiro, lecionando Geografia e Matemática. Logo depois foi levado para o Fluminense. Treinou de centro-avante no segundo time e agradou. Outro treino e, desta vez no primeiro time. Agradou mais ainda. Daí por diante foi uma verdadeira máquina de fazer gols.
Obteve a extrordinária média de quase um gol por partida, já que marcou 163 gols em 166 jogos, sendo o jogador que mais gols fez em uma única partida pelo Fluminense, 6 contra o Bangu na goleada por 11 a 1 em 9 de Dezembro de 1917, tendo conquistado o tricampeonato carioca em 1917, 1918 e 1919, fazendo 49 gols nestes três campeonatos.
Em 1920, o Fluminense o fez "Sócio Benemérito", título honroso que lhe deu o direito de ser membro perpétuo do Conselho Deliberativo do clube tricolor.
Welfare encerrou sua carreira após marcar o gol da vitória do Fluminense sobre o Botafogo no Torneio Início de 1924, não jogando a última partida em que o Fluminense ganhou por 1 a 0 do Flamengo, sagrando-se campeão.
Aqui o time do Fluminense em 1914, e Welfare é o primeiro da esquerda para a direita. |
Morador do bairro da Gávea se deslocava de bonde ou a pé por mais de uma hora para treinar e jogar no Fluminense, sendo por isto um grande símbolo da época do amadorismo, onde além de não receberem remuneração pelos seus serviços, os jogadores mostravam imensa paixão pelo esporte e pelos seus clubes, com Welfare sendo um dos jogadores que melhor representaram as primeiras décadas do Fluminense. Era raro o dia que nenhum admirador se oferecia para levar a sua maleta.
Não temos dúvidas em afirmar que o professor inglês modificou muito o nosso futebol. Os maiores capítulos do futebol carioca, no tempo do amadorismo, foram escritos com letras ciclópicas por esse extraordinário jogador. Estabeleceu um padrão próprio com seu jogo inteligente, impetuoso, objetivo e realizador. Suas duas características principais eram o "rush" que espalhava terror nas zagas adversárias e o chute violento com qualquer dos pés. Além disso, fazia alarde de um excelente drible baseado no jogo de corpo e no controle de bola. Foi o pioneiro na "tabelinha". Ele dizia para os companheiros – " me dá a bola e corre a frente para receber novamente". Essa jogada foi aperfeiçoada pelos grandes jogadores.
O "Tanque inglês", conforme ficou conhecido posteriormente pelo seu físico privilegiado, pelos seus 1,90 m de altura, além de ser forte e de ter um estilo rompedor, numa época onde a média de altura das pessoas era bem menor. Certa vez, Mário Filho escreveu que "com Welfare o Fluminense usava uma metralhadora, enquanto seus adversários lutavam de espada".
Em 2006, mais de oitenta anos após abandonar os gramados como jogador, Welfare ainda é o maior artilheiro do confronto entre Fluminense e Botafogo, o Clássico Vovô, com 17 gols, à frente de Waldo (Flu) e Heleno de Freitas (Bota), ambos com dezesseis.
Fontes: Wikipedia; Revista Placar.
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