quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Bibi Ferreira

Bibi Ferreira (Abigail Izquierdo Ferreira), atriz, cantora, compositora e diretora de teatro, nasceu em Salvador, Bahia, em 10/6/1922. Filha do grande ator de teatro Procópio Ferreira e da bailarina espanhola Aída Izquierdo.

Fez sua estréia no teatro aos 24 dias de vida, na peça Manhãs de Sol, de autoria de Oduvaldo Vianna, substituindo uma boneca que desaparecera pouco antes do início do espetáculo. Logo após os pais se separaram e Bibi passou a viver com a mãe, que foi trabalhar na Companhia Velasco, uma companhia de teatro de revista espanhola.

Seu primeiro idioma, até os quatro anos, foi o espanhol. O idioma português e o grande amor pela ópera ela viria a aprender com o pai.

De volta ao Brasil, tornou-se a atriz mirim mais festejada do Rio de Janeiro. Entrou para o Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde permaneceu por longo tempo, até estrear na companhia do pai. Aos nove anos teve negada a matrícula no Colégio Sion, em Laranjeiras, por ser filha de um ator de teatro. Completou o curso secundário no Colégio Anglo Americano e aperfeiçoou os estudos de balé em Buenos Aires, no Teatro Colón.

Sua estréia profissional nos palcos aconteceu em 1941, quando interpretou Mirandolina, na peça La locandiera. Em 1944, montou sua própria companhia teatral, reunindo alguns dos nomes mais importantes do teatro brasileiro, como Cacilda Becker, Maria Della Costa e a diretora Henriette Morineau. Pouco mais tarde, foi para Portugal, onde dirigiu peças durante quatro anos, com grande sucesso.

Na década de 60, vieram os sucessos dos musicais, como Minha Querida Dama (My Fair Lady), estrelado por Bibi e Paulo Autran. Nessa época atuou também em musicais de teatro e televisão. Em 1960, iniciou a apresentação na TV Excelsior de São Paulo, de Brasil 60 (61, 62, 63, etc, conforme o ano), um programa ao vivo, que durante dois anos levou à televisão os maiores nomes do teatro.

Bibi Ferreira participou, atuando ou dirigindo, de alguns dos grandes espetáculos teatrais e musicais montados no Brasil. Em 1970, dirigiu Brasileiro: Profissão Esperança, de Paulo Pontes (foi numa das versões desse espetáculo que pela primeira vez dirigiu a cantora Maria Bethânia;  na outra versão dirigiu Clara Nunes); em 1972, atuou em O Homem de La Mancha ao lado de Paulo Autran, com tradução de Paulo Pontes e Flávio Rangel, além das versões de Chico Buarque e Ruy Guerra  para as canções; em 1975, participou de Gota d'Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes; em 1976, dirigiu Walmor Chagas, Marília Pêra, Marco Nanini e 50 artistas em Deus lhe Pague, de Joracy Camargo.
[editar] Década de 1980

Na década de 1980, dirigiu de textos comerciais a peças de dramaturgia sofisticada, de musicais de grande porte a dramas intimistas. Em 1980, dirigiu Toalhas Quentes, de Marc Camoletti; em 1981, Um Rubi no Umbigo, de Ferreira Gullar, e Calúnia, de Lillian Hellman. No mesmo ano, com sua produção e direção, estreou O Melhor dos Pecados, de Sérgio Viotti, promovendo a volta aos palcos de Dulcina de Moraes, após vinte anos de ausência.

Em 1983 voltou aos palcos com Piaf, a Vida de uma Estrela da Canção, espetáculo de grande sucesso de público e crítica. Por sua atuação recebeu os prêmios Mambembe e Molière, em 1984 e, no ano seguinte, da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo (APETESP) e Governador do Estado. O espetáculo, que fez muitas viagens, permaneceu seis anos em cartaz e, em quatro anos, atingiu um milhão de espectadores, incluindo uma temporada em Portugal, com atores portugueses no elenco.

Nos anos 90, Bibi Ferreira reviveu seus maiores sucessos, remontando Brasileiro, profissão: Esperança e fazendo um espetáculo em que cantava canções e contava histórias de Piaf. Em Bibi in Concert, comemorou 50 anos de carreira e, depois de anos de temporada, fez o Bibi in Concert 2.

Em 1996 recebeu o Prêmio Sharp de Teatro. Encenou Roque Santeiro, de Dias Gomes, em versão musical. Em 1999, dirigiu pela primeira vez uma ópera, Carmen de Georges Bizet.

No ano de 2001, Bibi estréia no Rio de Janeiro o espetáculo Bibi vive Amália, no qual contava e cantava a vida da grande fadista portuguesa Amália Rodrigues. No ano de 2003 foi homenageada pela escola de samba carioca Viradouro

Em 2003 dirigiu Antônio Fagundes em Sete Minutos. Em 2004, lançou CD e DVD do show Bibi Canta Piaf, em que a artista interpretava a cantora francesa Edith Piaf. Em outubro de 2005, Bibi Ferreira estreou o show Bibi in Concert III - Pop, em São Paulo.

Em 2007 Bibi voltou ao teatro de prosa em Às favas com os escrúpulos, de autoria de Juca de Oliveira e dirigida por Jô Soares.

Em 2009, em pleno Ano da França no Brasil, voltou ao palco do Maison de France para uma curtíssima temporada de Bibi canta e conta Piaf, do alto dos 87 anos, quando cantou Piaf e La Marseillaise, além do Chant des partisans.

Fonte: Wiklipedia.
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Cacilda Becker

Cacilda Becker (Cacilda Becker Yáconis), atriz, nasceu em Pirassununga SP, em 6/4/1921, e faleceu em São Paulo SP, em 14/6/1969. Protagonista de vários espetáculos do Teatro Brasileiro de Comédia, fundadora da companhia que leva o seu nome.

Cacilda interpreta personagens antagônicos, como o moleque de Pega Fogo, a velha de Jornada de um Longo Dia para Dentro da Noite, a devassa de Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?, a rainha de Maria Stuart, o clown de Esperando Godot. Indo da farsa à tragédia, do clássico ao moderno, é considerada, por alguns teóricos, a maior atriz do teatro brasileiro.

Ainda menina, estuda dança e trabalha para manter a casa. Aos 20 anos, atua no Teatro do Estudante do Brasil - TEB, em 3.200 Metros de Altitude, de Julien Luchaire, e Dias Felizes, de Claude-Andre Puget, tendo como ensaiadora Esther Leão, em 1941. Ainda nesse ano, une-se à Companhia de Comédias Íntimas, de Raul Roulien, participando de uma série de espetáculos, entre eles, Trio em Lá Menor, de Raimundo Magalhães Junior, sob a direção de cena de Sadi Cabral. 

Faz rádio-teatro. Em 1943, ingressa no grupo criado por Décio de Almeida Prado, Grupo Universitário de Teatro - GUT, no qual participa de três espetáculos: Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente; Os Irmãos das Almas, de Martins Pena; e Pequenos Serviços em Casa de Casal, de Mário Neme. 

Trabalha, em 1944, na Companhia de Comédias de Bibi Ferreira. Em 1945, volta ao GUT, atuando em Farsa de Inês Pereira e do Escudeiro, de Gil Vicente, direção de Décio de Almeida Prado. Colabora com Os Comediantes na remontagem de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, no papel de Lúcia, a irmã da protagonista, em 1947. Ainda nesse ano, sob o mesmo conjunto, participa também de Era Uma Vez um Preso, de Jean Anouilh, com direção de Ziembinski; Terras do Sem Fim, adaptação de Graça Mello do livro de Jorge Amado, dirigido por Zigmunt Turkov; e Não Sou Eu..., de Edgard da Rocha Miranda, mais uma encenação de Ziembinski.

Em 1948, protagoniza A Mulher do Próximo, texto e direção de Abílio Pereira de Almeida, um dos espetáculos inaugurais do Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, em sua fase amadora. É a primeira profissional a ser contratada pela companhia. Está presente em quase todas as montagens do conjunto entre 1949 e 1955, com destaque para Nick Bar...Álcool, Brinquedos, Ambições, de William Saroyan e Arsênico e Alfazema, de Joseph Kesselring, ambos dirigidos por Adolfo Celi em 1949. Em 1950, participa de A Ronda dos Malandros, de John Gay, espetáculo polêmico de Ruggero Jacobbi.

No Teatro das Segundas-Feiras, acontece a sua primeira consagração. Pega Fogo, de Jules Renard, inicialmente formando um programa triplo ao lado de outros dois textos, torna-se um grande sucesso, entrando em carreira no horário nobre do teatro e permanecendo em cartaz por muito tempo. Sua interpretação do moleque Poil de Carotte lhe vale um artigo apaixonado de Michel Simon, quando o espetáculo se apresenta no Teatro das Nações, em Paris. O crítico compara a atriz a Charlie Chaplin e Jean Louis Barrault, e, depois de dizer que ela rompera sua pretensa frieza de especialista fazendo-o chorar, procura a origem da emoção no "rosto emaciado", no "olhar em vírgula (como nos desenhos de Poulbot)", nos "gestos pletóricos de garoto infeliz e arrogante" e afirma: "Poil de Carotte não pode ter mais, para mim e para muitos outros, de agora em diante, outro rosto senão o seu".

Atua em Seis Personagens à Procura de Um Autor, de Luigi Pirandello, novamente dirigida por Celi, e A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho, encenação de Luciano Salce, ambos em 1951. No ano seguinte, está em Antígone, de Sófocles (1º ato) e de Jean Anouilh (2º ato). Em 1955, é antagonista de sua irmã, Cleyde Yáconis, em Maria Stuart, de Schiller, novamente com o diretor Ziembinski.

Despede-se do TBC em 1957 e funda um ano depois, com Walmor Chagas, Ziembinski, Cleyde Yáconis e Fredi Kleemann, o Teatro Cacilda Becker - TCB, no qual desempenha sua carreira durante 22 anos. Em 1958, está em Jornada de um Longo Dia para Dentro da Noite, de Eugene O'Neil, representando Mary Tyrone, personagem vinte anos mais velha do que ela; protagoniza A Visita da Velha Senhora, de Dürrenmatt, 1962; é premiada com medalha de ouro da Associação Brasileira de Críticos Teatrais - ABCT, como melhor atriz de 1965, pelas peças A Noite do Iguana, de Tennessee Williams, e O Preço de um Homem, de Steve Passeur.

Sob a direção de Maurice Vaneau, interpreta a protagonista de Quem Tem Medo de Virgínia Woolf?, de Edward Albee, também em 1965. O crítico Décio de Almeida Prado relembra: "A prolongada sessão de terapia pela bebida, pela flagelação e autoflagelação que é Quem Tem Medo de Virgínia Woolf? deu-lhe ensejo para uma de suas maiores criações. À medida que a sua voz e a sua dicção se tornavam pastosas, que as insinuações sexuais, deliberadamente vulgares, se explicitavam, aumentava a alucinante fusão estabelecida entre intérprete e personagem. Uma senhora, dias depois de assistir ao espetáculo, não se conteve quando lhe falaram em Cacilda Becker, "Bêbada", murmurou indignada. Cacilda se queixou, aliás, de espectadores que, terminada a peça, na hora dos agradecimentos, avançavam para o palco e a insultavam baixinho".

Os efeitos da ditadura militar sobre a atividade teatral fazem surgir uma Cacilda Becker militante das causas de sua classe. Demitida da TV Bandeirantes, sob a alegação de que suas interpretações são subversivas. A atriz assume a presidência da Comissão Estadual de Teatro de São Paulo, lugar que enfrenta a repressão em defesa dos direitos dos artistas e produtores. Quando, em 1968, o espetáculo Primeira Feira Paulista de Opinião sofre 71 cortes de censura no dia do lançamento, a atriz surge no proscênio e se responsabiliza pela apresentação do texto na íntegra, em um ato de rebeldia e desobediência civil. Sua convicção faz com que os censores e agentes federais presentes no teatro acatem sua decisão e assistam ao espetáculo.

Durante uma sessão de Esperando Godot, de Samuel Beckett, com direção de Flávio Rangel, 1969, a atriz sofre um derrame cerebral e morre 38 dias depois. Ao se completar 10 anos de sua morte, Yan Michalski escreve em artigo para o jornal: "... não temos até hoje outra atriz-fenômeno como Cacilda, com a mesma generosidade de entrega, a mesma capacidade de mergulhar até o fundo em cada personagem, a mesma inquietação, tenacidade, a mesma coragem na composição, pedra por pedra, de um repertório coerente. [...] Uma pessoa com este carisma, com esta capacidade de falar legitimamente em nome de todo o teatro brasileiro, e sempre disposta a fazê-lo com firmeza e serenidade, talvez seja o que mais nos faz falta desde que Cacilda desapareceu [...]".

Fontes: Wikipedia; Enciclopédia Itaú Cultural - Teatro.
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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ariano Suassuna

Ariano Suassuna - Dramaturgo e romancista paraibano. É um dos principais expoentes do movimento Armorial, voltado para a recuperação das raízes históricas do Nordeste.

Ariano Vilar Suassuna (16/6/1927-) nasce na cidade de João Pessoa. Estuda literatura, mas forma-se pela Faculdade de Direito do Recife em 1946.

Nomeado professor da Universidade Federal de Pernambuco, dá aulas de estética e história do teatro e ajuda a fundar o Teatro do Estudante de Pernambuco. 

Escreve a primeira peça, Uma Mulher Vestida de Sol, ainda em 1947, demonstrando clara inspiração popular combinada à convicção cristã. Em seus trabalhos seguintes recupera o auto religioso medieval em peças como Auto de São João da Cruz (1950) e O Arco Desolado (1952).

O reconhecimento nacional chega em 1955, com Auto da Compadecida, com forte influência do dramaturgo Gil Vicente e da tradição folclórica luso-brasileira. Em A Pena e a Lei (1959), peça premiada no Festival Latino-Americano de Teatro, utiliza elementos típicos do teatro de marionetes, como as máscaras e a mecanização dos movimentos.

No ano seguinte funda o Teatro Popular do Nordeste, no qual apresenta A Farsa da Boa Preguiça e A Caseira e a Catarina. No final da década de 60 interrompe a carreira de dramaturgo para dedicar-se à prosa de ficção e ao trabalho de animador cultural do movimento Armorial.

O Auto da Boa Preguiça fala de uma terra de pobres, mas rica no aspecto pitoresco-humano: coronéis, vaqueiros e frades. Suassuna desfila seus tipos nordestinos fazendo críticas aos problemas sociais (a seca e a fome) e ao poder da igreja e dos coronéis (política). A eterna luta do bem e do mal.
Entre seus livros mais conhecidos estão Romance da Pedra do Reino e O Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta (1971) e História do Rei Degolado nas Caatingas do Sertão ao Sol da Onça Caetana (1976). 

Em 1989 é eleito para a Academia Brasileira de Letras.Secretário de Cultura de Pernambuco, cargo que ocupa até o início de 1999, prepara mais um livro, no qual fará um balanço de sua obra. Além de escrever, produz iluminogravuras, conforme denomina suas gravuras coloridas á mão.

Em 1999, estréia o filme O Auto da Compadecida baseado em sua obra de mesmo nome com a atriz Fernanda Montenegro e o ator Selton Melo no elenco. A obra, noentanto, já ganhou outras duas versões anteriores para o cinema, uma com Regina Duarte e Antônio Fagundes nos anos 60 e outra com os Trapalhões nos 80.

Sua obra foi escolhida como tema da escola de samba Império Serrano, para o Carnaval de 2002.

Fontes: Almanaque Abril; Casa do Teatro - O Auto da Boa Preguiça.
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