sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Carmen Miranda, a pequena notável

Carmen Miranda (Maria do Carmo Miranda da Cunha), cantora, atriz e dançarina, nasceu em Marco de Canaveses, Portugal, em 9/2/1909, e faleceu em Beverly Hills, Los Angeles, EUA, em 5/8/1955. Com um ano e meio veio para o Brasil com a mãe, Maria Emília Miranda da Cunha, e Olinda, a irmã mais velha. Seu pai, José Maria Pinto da Cunha, barbeiro, chegara antes.

No Rio de Janeiro RJ nasceriam Amaro, Cecília, Aurora e Oscar. Em 1919 foi matriculada na Escola Santa Teresa, de freiras, que dava instrução gratuita às meninas pobres da Lapa.

Aos 15 anos conseguiu trabalho como balconista de loja de gravatas e depois em loja de chapéus femininos, onde aprendeu a confeccioná-los. A pensão da mãe era freqüentada também por músicos, como Pixinguinha e seu grupo. Vivia cantando e fazendo planos, até ser convidada por Aníbal Duarte, futuro deputado, para participar de um festival de caridade no Instituto Nacional de Música, em 1929.

Cantou então tangos e a canção Chora violão, acompanhada do pianista Julinho de Oliveira, tendo atraído a atenção justamente do autor da canção, Josué de Barros, professor de violão, que se ofereceu para ajudá-la. Depois de algumas apresentações nas Rádios Sociedade e Educadora, foi levada por Josué para gravar na etiqueta Brunswick um disco com Não vá simbora e Se o samba é moda, duas músicas dele, só lançado em janeiro de 1930, ano também de seu segundo disco, pela Victor com Triste Jandaia e Dona Balbina (ambas de Josué de Barros).

O sucesso veio em seu segundo disco Victor, com a marcha de Josué, laiá Ioiô, lançado no Carnaval de 1930. A fama viria no disco seguinte, com Pra você gostar de mim (Ta-hi), marcha do médico Joubert de Carvalho especialmente para ela e que, depois do Carnaval, bateria o recorde nacional de vendas com 36 mil cópias. Ainda em 1930, apenas cantando, atuou na revista musical Vai dar o que falar, no Teatro João Caetano.

Em 1931 gravou sucessos como Carnavá tá ai (Pixinguinha e Josué de Barros), Amor, amor (Joubert de Carvalho) e realizou sua primeira viagem ao exterior, à Argentina, com Francisco Alves, Mário Reis, os músicos Luperce Miranda e Tute e um casal de bailarinos. Em 1932 estreou no cinema, no filme Carnaval cantado de 1932 no Rio, um semidocumentário de média metragem, produzido pelo exibidor Vital Ramos de Castro, no qual canta o samba Bamboleô, de André Filho.

Em 1933 participou do filme Voz do Carnaval, da Cinédia, dirigido por Ademar Gonzaga e Humberto Mauro. Já era chamada A Pequena Notável, slogan criado por César Ladeira. Lançou sucessos como Good bye e Etc (Assis Valente), Moleque indigesto (Lamartine Babo), este junto com o autor, Chegou a hora da fogueira (Lamartine Babo), em dueto com Mário Reis, Inconstitucionalíssimamente (Hervé Cordovil). São destaques de 1934 Alô, alô (André Filho) e Isto é lá com Santo Antônio (Lamartine Babo), ambas em dueto com Mário Reis, Primavera no Rio (João de Barro), Coração (Sinval Silva) e outras.

No início de 1935 aparece no filme Alô, alô Brasil!, da Waldow-Cinédia, no qual cantou Primavera no Rio. Transferiu-se mais tarde para a gravadora Odeon e apareceu no filme Estudantes, da Waldow-Cinédia, único filme brasileiro em que atuou como atriz. Nele cantou a famosa marcha junina Sonho de papel, de Alberto Ribeiro. Lançou pela Odeon, além do citado Sonho de papel, O tic-tac do meu coração (Alcir Pires Vermelho e Valfrido Silva), Adeus batucada (Sinval Silva), Casaquinho de tricô (Paulo Barbosa), entre outros sucessos.

Começou 1936 com o filme Alô alô Carnaval, da Waldow-Cinédia, dirigido por Ademar Gonzaga, no qual cantou Querido Adão (Benedito Lacerda e Osvaldo Santiago) e Cantores de Rádio (Alberto Ribeiro, João de Barro e Lamartine Babo), em dupla com Aurora Miranda, ambas de fraque e cartola dourados (foto ao lado), traje criado por Carmen, numa cena clássica. Entre os seus maiores sucessos desse ano estão o citado Querido Adão, Como vaes você e No tabuleiro da baiana (ambas de Ary Barroso) e Polichinelo (Gadé e Almanir Grego).

No final de 1937, voltou para a sua querida Rádio Mayrink Veiga. São desse ano O samba e o tango (Amado Régis), Camisa listrada (Assis Valente), Eu dei (Ary Barroso), Quem é? (Custódio Mesquita e Joraci Camargo) e outros sucessos.

Em 1938, abalada pela morte de seu pai, afastou-se por alguns meses, só voltando para receber mais uma confirmação de ser a maior cantora do Brasil por votação dos leitores da revista Fon-Fon. Em fins de 1938 apresentou-se pela primeira vez vestida de baiana no Cassino da Urca, cantando Na Baixa do Sapateiro, de Ary Barroso. Então conheceu o ator Tyrone Power e sua noiva Annabella, presenteada por ela com uma baiana, traje que estilizou e fixou como típico da mulher brasileira em todo o mundo.

No início de 1939, vestida de baiana, foi a atração do filme Banana da terra, da Sonofilms, dirigido por J. Rui, cantando O que é que a baiana tem?, do estreante Dorival Caymmi, samba gravado em seguida com ele, e Pirulito, marcha de João de Barro e Alberto Ribeiro, que substituíram Na Baixa do Sapateiro e Boneca de piche, porque Ary Barroso, autor das duas músicas, pedira muito alto para cedê-las. Logo depois, acompanhada do Bando da Lua, que até estão colaborava com ela apenas por amizade e quando suas apresentações coincidiam, foi vista no Cassino da Urca pelo grande empresário americano Lee Shubert e pela atriz-patinadora Sonja Henie, que insistiu em sua contratação. Carmen aceitou ir para os EUA mas impôs como condição a ida do Bando da Lua, para garantia do ritmo.

Consagrada na América do Sul e absoluta no Brasil, embarcou em 4/5/1939 com uma multidão na despedida mas chegou a New York completamente desconhecida e sabendo umas poucas palavras em inglês. Foram-lhe reservados apenas seis minutos num dos quadros da revista musical Streets of Paris, que aproveitou para cantar trechos de Mamãe eu quero (Jararaca e Vicente Paiva), Marchinha do grande galo (Lamartine Babo e Paulo Barbosa), Bambo de bambu (Donga, P. Teixeira, Almirante e V. Abreu), Touradas em Madri (João de Barro e Alberto Ribeiro), além da canção South American Way (Al Dubin e Jimmy McHugh) adaptada ao ritmo de samba e cantada em português e inglês. Da noite para o dia seu êxito extraordinário passou para os anais do mundo do espetáculo. Lançou moda, gravou na Decca e fez com que a 20th Century Fox deslocasse sua equipe a New York para filmar seus números da revista, encaixados no filme Serenata tropical (Down Argentine Way, direção de Irving Cummings, 1940). Tornou-se popularíssima como a Brazilian Bombshell.

Voltou ao Brasil em 1940 e teve majestosa recepção popular no cais e na avenida Rio Branco. No Cassino da Urca foi recebida com frieza por uma platéia diferente, de grã-finos, por dizer algumas palavras em inglês e cantar South American Way. Suspendeu a temporada e voltou com músicas em que rebateu as acusações de se ter americanizado, como Disseram que voltei americanizada, Disso é que eu gosto, Voltei pro morro, todas de Vicente Paiva e Luís Peixoto. Seria esse triunfo sua última apresentação pessoal no Brasil, pois fixaria residência em Beverly Hills.

Pela Fox filmou Uma noite no Rio (That Night in Rio, de Irving Cummings, 1941). Nesse ano imprimiu mãos e sapatos de plataforma (para compensar seus 1,53 m de altura) na calçada do Teatro Chinês, primeira e única sul-americana a receber tal honraria. Depois filmou Aconteceu em Havana (Weekend in Havana, de Walter Lang, 1941), Minha secretária brasileira (Springtime in the Rockies, de Irving Cummings, 1942), Entre a loura e a morena (The Gang`s All Here, de Busby Berkeley, 1943), Quatro moças num jeep (Four Jills in a Jeep, de William A. Seiter 1944), Serenata boêmia (Greenwich Village, de Walter Lang, 1944), Alegria rapazes (Something for the boys, de Lewis Seiler, 1944), Sonhos de estrela (Doll Face, de Lewis Seiler, 1945).

Requisitada pelo cinema, rádio, gravações, cassinos e casas noturnas tornou-se a mais bem paga mulher em 1945 considerados todos os ramos de atividade. Em 1946, fez seu último filme na Fox, Se eu fosse feliz (If I'm Lucky, de Lewis Seiler). No ano seguinte, casou-se com o americano David Sebastian e estrelou, com Groucho Marx, Copacabana (de Alfred E. Green). A convite do produtor Joe Pasternak, da MGM, atuou no filme O príncipe encantado (A Date With Judy, de Richard Thorpe, 1948), contracenando com Wallace Beery Jane Powell e a jovem Elizabeth Taylor.

Foi das primeiras artistas a atuar na televisão. Em 1950, mais um filme na Metro, Romance carioca (Nancy Goes to Rio, de Robert Z. Leonard). Em 1953 foi lançado seu último filme, Morrendo de medo (Scared Stiff; de George Marshall), ao lado de Dean Martin e Jerry Lewis.

No final de 1954, depois de 14 anos fora, voltou ao Brasil para tratamento de esgotamento nervoso. Restabeleceu-se mas teve de voltar aos EUA. Quatro meses mais tarde o Brasil foi paralisado com a notícia de seu falecimento por colapso cardíaco em sua casa em Beverly Hills, depois de filmar com Jimmy Durante um programa de televisão em Los Angeles. No dia 12 seu corpo embalsamado chegou ao Rio de Janeiro, foi velado na Câmara dos Vereadores e sepultado no dia seguinte no Cemitério de São João Batista, com mais de um milhão de pessoas, quase a metade da população carioca.

Em 1995 Helena Solberg fez o filme Bananas is my business, documentário-ficção elogiado pelos jornais The New York Times e Village Voice. No mesmo ano, o Lincoln Center, de New York, promoveu espetáculo em lembrança do 40° aniversário de sua morte, com direção de Nelson Mota e participações de Bebel Gilberto, Aurora Miranda, Eduardo Dusek, Maria Alcina, Marília Pêra e outros. Deixou sua voz e personalidade em 281 gravações brasileiras e 32 americanas. Lançou internacionalmente a moda dos turbantes, colares, brincos, balangandãs e sapatos de sola alta, contraponto de uma gesticulação peculiar das mãos em compasso com olhos irrequietos.

O "mirandismo", mais de 40 anos depois, mantém aura que ainda fascina a juventude, justificando a afirmação de que ela é um dos ícones mundiais do séc. XX.

Algumas letras e cifras:


Fonte: Blog MPB Cifrantiga.
Leia mais...

Charles Dickens

Um dos mais célebres romancistas ingleses, Dickens é também o mais típico da Inglaterra vitoriana. Criou uma prosa original, rica de símbolos, e viu-se cercado da fama de reformador por ter narrado os horrores dos asilos, escolas e prisões da época.

Sua obra, impregnada de mistério, é aparentada com o romance gótico e constitui um vasto painel melodramático da Londres industrial de 1830-1850.

Charles John Huffam Dickens nasceu em Portsmouth, Hampshire, em 7 de fevereiro de 1812. Seguiu para Londres com a família, que em 1823 se instalou no bairro popular de Camden Town e passou por grandes dificuldades financeiras. O pai foi preso por dívidas e Charles teve de se empregar aos 12 anos numa fábrica.

Uma herança inesperada permitiu-lhe prosseguir os estudos. Depois de trabalhar como escrevente de cartório, dedicou-se ao jornalismo. Como repórter, aprofundou seu conhecimento da cidade e entrou em contato com a vida dos tribunais e do Parlamento. Desde 1833 publicou crônicas humorísticas, em diferentes periódicos, sob o pseudônimo de Boz.

Em 1836 casou-se com Catherine Hogarth, com quem teve dez filhos. De início, lançou seus romances em fascículos, com os quais obteve grande sucesso. Viajou pelos Estados Unidos, Itália, França e outros países. Foi editor de vários periódicos e, em 1846, fundou o Daily News. Ligou-se à atriz Ellen Ternan (1857), com quem passou a viver, e a partir de 1858 dedicou-se a leituras públicas de suas obras, já então internacionalmente famosas.

As primeiras crônicas humorísticas de Dickens, com cenas da vida cotidiana, foram reunidas no volume Sketches by Boz (1836; Esboços feitos por Boz). O sucesso valeu-lhe a encomenda dos Pickwick Papers (1836-1837; Documentos de Pickwick), romance burlesco sobre as peripécias de um grupo de esportistas amadores, cuja trama lhe serviu de pretexto para satirizar o sistema judiciário inglês.

Inspirado na Londres de sua infância, escreveu a seguir Oliver Twist (1838), história de um menino, vítima das condições sociais, que em meio à corrupção preserva sua pureza. Nicholas Nickleby (1839) descreve os horrores do internato, as perseguições sofridas pelas crianças e os abusos de mestres ignorantes e perversos.

Em The Old Curiosity Shop (1840-1841; Loja de antiguidades), Dickens examina os efeitos do jogo sobre o caráter, mas o livro tornou-se célebre pelo episódio da morte lenta e sofrida de Little Nell. Em Dombey and Son (1846-1848; Dombey e filho) é Little Paul quem enternece os leitores. A obra parte de um problema pessoal -- o orgulho -- para examinar o mundo do comércio na sociedade da época.

Romances históricos

Situado na época dos distúrbios anticatólicos de 1780, Barnaby Rudge (1841) enaltece a pureza e a simplicidade do povo e denuncia os políticos e a depravação dos grandes. É a única obra de Dickens que narra os movimentos sociais revolucionários de seu próprio tempo. A obra está cheia de reminiscências autobiográficas e revela influências da filosofia socializante de Carlyle. A Tale of Two Cities (1859; História de duas cidades), tido como o romance mais sentimental sobre a revolução francesa, alcançou enorme sucesso de público.

A postura essencialmente sentimental de Dickens expressou-se com muita nitidez em seus contos de Natal. Christmas Carol (1843; Canto de Natal), que é quase um conto de fadas, tornou-se parte integrante da mitologia natalina anglo-saxônica. Outros textos de Dickens sobre a mesma temática são The Chimes (O carrilhão) e The Cricket on the Hearth (O grilo na lareira), ambos publicados em 1845.

Outros títulos célebres

David Copperfield (1849-1850) é considerado por muitos a obra-prima de Dickens. Trata-se de um romance semi-autobiográfico, com incidentes e personagens exagerados. David tem muito em comum com Charles menino, mas, como na maioria dos romances de Dickens, a realidade é deformada para aumentar o efeito dramático e cômico. O imprevidente e bonachão Mr. Micawber parece inspirado na figura de seu pai. O enredo é intrincado e coincidências fantásticas resolvem os problemas na hora exata. David é um anjo incompreendido, como todos os heróis infantis de Dickens.

Seguiram-se Bleak House (1852; Casa desolada), sobre a corrupção nos tribunais e a exploração das crianças trabalhadoras, com descrições inesquecíveis de Londres sob o fog (nevoeiro), e Hard Times (1854; Tempos difíceis), a obra mais bem construída de Dickens, na qual manifesta hostilidade aos sindicatos operários, mostrando que o suposto defensor do povo era antitrabalhista. Little Dorrit (1857; A pequena Dorrit) denuncia a letargia burocrática e o sistema de prisão por dívidas.

Em 1861 Dickens publicou o mais equilibrado de seus romances: Great Expectations (Grandes esperanças). Acreditava, como todo inglês médio da época, na imutabilidade da hierarquia social e condensou no destino de Pip sua própria experiência: os perigos de uma ascensão social demasiado rápida. Em Our Mutual Friend (1864; Nosso amigo comum) tratou da nova plutocracia que surgia entre os ruídos ininterruptos e sinistros do porto de Londres.

Deixou inacabado o romance policial The Mistery of Edwin Drood (O mistério de Edwin Drood), que revela influência de seu amigo e discípulo Wilkie Collins. Charles Dickens morreu em Gad's Hill, perto de Chatham, Kent, em 9 de junho de 1870.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
Leia mais...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Suplício chinês

Era um hotelzinho pacato e que só recebia hós­pedes durante o verão. Clima de montanha, boa comida e muito sossego. Enfim, essas bossas.

Durante a maior parte do ano os cozinheiros ficavam dando peitada um no outro. Não tinham mesmo nada pra fazer!!! Cidade pequena, sabe como é? Igual a Cachoeirinha, onde nasceu Primo Altamirando. Diz ele que a popu­lação da cidade não aumenta porque sempre que nasce um filho... foge um pai.

Mas voltando ao hotelzinho: o velho escrivão do car­tório local, um cara solteiro e doido por mulher, morava lá e sua constante reclamação era justamente a falta de hospedagem feminina, para que ele pudesse praticar o salutar esporte da paquera.

Por longo tempo foi assim. O escrivão sendo o mora­dor mais antigo e fiel, ocupava o melhor quarto (o quarto nupcial, que hotelzinho mixa também tem dessas bestei­ras) e era tarado como um Pelé em Santos. Até que — um dia — um coronel político foi ao hotel e pediu um quarto para a filha. A mocinha — que era o que havia de mais redondinho e cor-de-rosa na região — ia casar e passaria a lua-de-mel ali.

Então foi feita a troca. O dono do hotel conseguiu convencer o escrivão de mudar de quarto e o pilantra topou logo, desde que ficasse num quarto ao lado. Lua-de-mel era o que mais incomodava o serventuário da justiça, porque ele ficava olhando o casalzinho na hora do jantar e, de noite, não tinha jeito de dormir: ficava acordado, imaginando coisas.

No dia do casamento o escrivão fechou o cartório mais cedo, mandou a justiça para o inferno e chegou no hotel antes da hora. Não quis conversa com ninguém e, quando não viu o casal na sala de jantar achou que os dois tinham comido no quarto. Alvoroçado que só bode no cercado das cabritas, subiu para seus aposentos provisó­rios e só reapareceu no saguão no dia seguinte, mais páli­do que o Conde Drácula.

— Mas o senhor não dormiu bem no outro quarto? O vizinho fez muito barulho? — perguntou o solícito gerente.

— Pois é... sabe como são essas coisas. Casal em lua-de-mel no quarto ao lado, sempre incomoda, né? A gente fica pensando besteira — insinuou o escrivão.

— Mas... — o gerente estava boquiaberto: — o casal não veio. O quarto estava vazio. Apareceu aqui um chinês com dor de dente. Eu botei o chinês lá — e acrescentou: Coitado do chinês, gemeu a noite toda.
______________________________________________________

  Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.
Leia mais...