A cerveja (do latim
cerevĭsĭa,
que por sua vez vem do gaélico) é uma bebida produzida a partir da
fermentação de cereais, principalmente a cevada maltada, e acredita-se
que tenha sido uma das primeiras bebidas alcoólicas a serem
desenvolvidas pelo ser humano. É qualquer uma das variedades de bebidas
alcoólicas produzidas pela fermentação de matéria com amido, derivada
de cereais ou de outras fontes vegetais.
História
Historicamente, a cerveja era já conhecida pelos sumérios, egípcios e
mesopotâmios, desde pelo menos 4.000 a.C. Como os ingredientes usados
para fazer cerveja diferem de acordo com o local, suas características
(tipo, sabor e cor) variam amplamente.
A notícia mais antiga que se tem dessa bebida vem de 2600 a 2350 a.C. Desta época, arqueólogos encontraram menção no
Hino a Ninkasi,
a deusa da cerveja, de que os sumérios já produziam a bebida. Já na
Babilônia dá-se conta da existência de diferentes tipos de cerveja,
originadas de diversas combinações de plantas e aromas, e o uso de
diferentes quantidades de mel. O
Código de Hamurabi, rei da
Babilônia entre os anos de 1792 e 1750 a.C., incluía várias leis de
comercialização, fabricação e consumo da cerveja, relacionando direitos e
deveres dos clientes das tabernas.
Posteriormente, no antigo Egito, a cerveja, segundo o escritor grego
Ateneu de Náucratis (século III d.C.), teria sido inventada para ajudar a
quem não tinha como pagar o vinho. Inscrições em hieróglifos e obras
artísticas testemunham sobre o gosto deste povo pelo
henket ou
zythum,
apreciada por todas as camadas sociais. Até um dos faraós, Ramsés III
(1184-1153 a.C.), passou a ser conhecido como "faraó-cervejeiro" após
doar aos sacerdotes do Templo de Amon 466.308 ânforas ou aproximadamente
um milhão de litros de cerveja provenientes de suas cervejeiras.
Praticamente qualquer açúcar ou alimento que contenha amido pode,
naturalmente, sofrer fermentação. Assim, bebidas semelhantes à cerveja
foram inventadas de forma independente em diversas sociedades em redor
do mundo. Na Mesopotâmia, a mais antiga evidência referente à cerveja
está numa tábua sumeriana com cerca de 6.000 anos de idade, na qual se
veem pessoas tomando uma bebida através de juncos de uma tigela
comunitária. A cerveja também é mencionada na
Epopéia de Gilgamesh.
Um poema sumeriano de 3.900 anos, homenageando a deusa dos cervejeiros,
Ninkasi, contém a mais antiga receita que sobreviveu, descrevendo a
produção de cerveja de cevada utilizando pão.
A cerveja tornou-se vital para todas as civilizações produtoras de
cereais da antiguidade clássica, especialmente no Egipto e na
Mesopotâmia. O Código Babilônico de Hamurabi dispunha que os taverneiros
que diluíssem ou sobretaxassem a cerveja deveriam ser supliciados.
A cerveja teve alguma importância na vida dos primeiros romanos, mas
durante a República Romana, o vinho destronou a cerveja como a bebida
alcoólica preferida, passando esta a ser considerada uma bebida própria
de bárbaros. Tácito, em seus dias, escreveu depreciativamente acerca da
cerveja preparada pelos povos germânicos.
No idioma eslavo, a cerveja é chamada
piwo (pronuncia-se "pivo"),
do verbo pić(pronuncia-se "pítch"), "beber". Por isso, piwo pode ser
traduzido como "bebida", o que demonstra a importância que lhe é
concedida.
O
Kalevala, poema épico finlandês coligido na forma escrita no
século XIX, mas baseado em tradições orais seculares, contém mais linhas
sobre a origem da fabricação de cerveja do que sobre a origem do homem.
A maior parte das cervejas, até tempos relativamente recentes, eram do tipo que agora chamamos de
ales. As
lagers
foram descobertas por acidente no século XVI, quando a cerveja era
estocada em frias cavernas por longos períodos; desde então elas
ultrapassaram largamente as cervejas tipo
ale em volume (veja abaixo a distinção).
O uso de lúpulo para dar o gosto amargo e preservar é uma invenção
medieval, atribuída aos monges do Mosteiro de San Gallo, na Suíça. O
lúpulo é cultivado na França desde o século IX. O mais antigo escrito
remanescente a registrar o uso do lúpulo na cerveja data de 1067 pela
Abadessa Hildegarda de Bingen: "Se alguém pretender fazer cerveja da
aveia, deve prepará-la com lúpulo."
No século XV, na Inglaterra, a fermentação sem lúpulo podia dar origem a uma bebida tipo
ale
- o uso do lúpulo torná-la-ia uma cerveja. A cerveja com lúpulo era
importada para a Inglaterra (a partir dos Países Baixos) desde cerca de
1400, em Winchester. O lúpulo passou a ser cultivado na ilha a partir de
1428. A Companhia dos Fabricantes de Cerveja de Londres foi longe a
ponto de especificar que "nenhum lúpulo, ervas, ou coisa semelhante será
colocada dentro de nenhuma
ale ou bebida alcoólica enquanto a
ale estiver sendo feita - mas somente um licor (água), malte e uma
levedura". Contudo, por volta do século XVI, "ale" veio a referir-se a
qualquer cerveja forte, e todas as ales e cervejas continham lúpulo.
Preparação
Via de regra, as cervejas são feitas com água, cevada maltada e lúpulo,
fermentados por levedura. A adição de outros condimentos ou fontes de
açúcar não é incomum. A cerveja é resultado da fermentação alcoólica
preparada de mosto de algum cereal maltado, sendo o melhor e mais
popular a cevada.
A água corresponde a aproximadamente 90% na composição da cerveja. Mas
não importa de qual localidade ela venha, pois a água utilizada nas
atuais cervejarias passa por um processo de “preparação”, que a
transforma em água cervejeira. Essa tecnologia, aliada a rígidos
controles de qualidade, fazem com que o líquido usado em qualquer
fábrica seja igual. Antigamente, a origem dessa água e as suas
características tinham um efeito importante na qualidade da cerveja,
influenciando, por exemplo, o seu sabor. Muitos estilos de cerveja foram
influenciados ou até mesmo determinados pelas características da água
da região.
Dentre os maltes, o de cevada é o mais frequente e largamente usado
devido ao seu alto conteúdo de enzimas, mas outros cereais maltados ou
não maltados são igualmente usados, inclusive: trigo, arroz, milho,
aveia e centeio.
A introdução do lúpulo foi relativamente recente na sua composição.
Acredita-se que tenha sido introduzido apenas há umas poucas centenas de
anos atrás. Usa-se a flor do lúpulo para acrescentar um gosto amargo
que equilibra a doçura do malte e possui um efeito antibiótico moderado
que favorece a atividade da levedura de cerveja em relação a organismos
menos desejados durante a fermentação como os frequentemente encontrados
em corpos em decomposição ou fezes de animais. As leveduras, nesse
processo, metabolizam os açúcares extraídos dos cereais, produzindo
muitos compostos, incluindo o álcool e dióxido de carbono. Dezenas de
estirpes de fermentos naturais ou cultivados são usados pelos
cervejeiros, sendo, de um modo geral, sortidos por três gêneros: ale ou
de fermentação alta, lager ou de baixa fermentação, e leveduras
selvagens.
As cervejas costumam ter entre 4 a 5% de teor alcoólico, ainda que este
possa variar consideravelmente conforme o estilo e o cervejeiro. De
fato, existem cervejas com teores alcoólicos desde 2% até mais de 20%.
Tipos de cerveja
Há muitos tipos diferentes de cerveja. Uma descrição detalhada dos
estilos de cerveja pode ser encontrada na página de Internet da Beer
Judge Certification Program (Programa de Licenciamento dos Avaliadores
de Cerveja).
Lager
As
lagers (em especial as claras) são, provavelmente, o tipo mais
comum de cerveja consumida. Elas são originárias da Europa Central
(provavelmente da atual Alemanha), tirando seu nome da palavra germânica
lagern ("armazenar"). De baixa fermentação, são tradicionalmente
armazenadas em baixa temperatura por semanas ou meses, clareando,
amadurecendo e ganhando maior quantidade de dióxido de carbono.
Atualmente, com o aperfeiçoamento do controle de fermentação, muitas
cervejarias de lagers usam períodos consideravelmente menores para
armazenamento a frio (de 1 a 3 semanas).
Embora existam muitos estilos de lagers, a maioria delas é clara na cor,
com alto teor de gás carbônico, de sabor moderadamente amargo e
conteúdo alcoólico entre 3-6% por amostra. Os estilos de lager incluem:
Bock, Heineken, Doppelbock, Eisbock, Munchner Helles, Munchner Dunkel,
Maibock, Dry Beer, Export, Märzen (feita somente para a Oktoberfest
bávara), Pilsener e Schwarzbier (cerveja preta).
[editar] Malzbier
Malzbier
Malzbier é um tipo de cerveja, doce e com baixo teor alcoólico
(geralmente entre 0 - 1%), de cor escura, que é fermentada com uma
cerveja normal, porém com a fermentação de levedo por volta do 0 °C. O
CO2 e o açúcar é adicionado depois. A Malzbier é geralmente usada como
uma bebida energética.
Ale
Cervejas de fermentação alta, especialmente populares na Grã-Bretanha e Irlanda, incluindo as
mild (meio-amargas),
bitter (amargas),
pale ale (ale clara),
porter (cerveja escura muito apreciada por estivadores) e
stout (cerveja preta forte).
As cervejas de fermentação alta tendem a ser mais saborosas, incluindo
uma variedade de sabores de cereais e ésteres produzidos durante a
fermentação que lhe conferem aroma frutado; são também de baixo teor de
gás carbônico, fermentadas e servidas idealmente numa temperatura mais
elevada do que as lagers. Diferenças de estilo entre cervejas de
fermentação alta são muito maiores do que aquelas encontradas entre as
cervejas de baixa fermentação e muitos estilos são difíceis de
categorizar. A cerveja comum da Califórnia, por exemplo, é produzida
usando o fermento para lagers em temperaturas para ales. As cervejas à
base de trigo são geralmente produzidas usando um fermento para ales e
então armazenadas, às vezes com um fermento para lagers. A cerveja belga
Lambic é produzida com fermentos selvagens e bactérias, nativos da
região do vale do rio Zenne (Pajottenland), perto de Bruxelas. Ale
verdadeira é um termo para as cervejas produzidas usando métodos
tradicionais e sem pasteurização.
Porter
Cerveja do tipo
ale produzida originalmente na Inglaterra, a
porter é fabricada a partir do processo de fermentação alta, assim
chamada porque ela ocorre a uma temperatura elevada, entre 15 °C e 20
°C, fato que leva as leveduras a subirem à superfície, resultando em uma
cerveja forte e encorpada.
Pilsen
Cerveja do tipo
lager, amarga, de coloração dourada e bastante
transparente. É o gênero de cerveja mais consumido em todo o mundo,
pertencem a este gênero cervejas como Carlsberg, Brahma, Quilmes,
Budweiser... (basicamente todas as cervejas mais consumidas do planeta).
O nome pilsen é derivado de Pilsen, nome alemão da atual cidade de
Plzeň, localizada na República Checa, onde este estilo de cerveja foi
originalmente produzido.
Cerveja sem álcool
Durante o processo de fabricação da cerveja é possível interferir na
produção durante a fermentação, em que, alterando o tempo, a temperatura
e a pressão, é possível produzir tradicional e naturalmente a cerveja
sem álcool. Atualmente é também utilizado outro processo, em que através
de um tipo de microfiltragem é possível retirar o álcool da cerveja.
Fontes: Wikipédia