quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Baudelaire, o poeta maldito

Baudelaire marcou com sua presença as últimas décadas do século XIX, influenciando a poesia internacional de tendência simbolista. De sua maneira de ser originaram-se na França os poetas "malditos". De sua obra derivaram os procedimentos anticonvencionais de Rimbaud e Lautréamont, a musicalidade de Verlaine, o intelectualismo de Mallarmé, a ironia coloquial de Corbière e Laforgue.

Poeta e crítico francês, Charles-Pierre Baudelaire nasceu em Paris em 9 de abril de 1821. Desavenças com o padrasto forçaram-no a interromper seus estudos, iniciados em Lyon, para uma viagem à Índia, que interrompeu nas ilhas Maurício.

Ao regressar, dissipou seus bens nos meios boêmios de Paris, onde conheceu a atriz Jeanne Duval, uma de suas musas. Outras seriam, depois, Mme. Sabatier e a atriz Marie Daubrun. Endividado, foi submetido a conselho judiciário pela família, que nomeou um tutor para controlar seus gastos. Baudelaire permaneceu sempre em conflito com esse tutor, Ancelle.

Acontecimento capital na vida do poeta é o processo a que foi submetido em 1857, ao publicar Les Fleurs du mal (As flores do mal). Além de condená-lo a uma multa por ultraje à moral e aos bons costumes, a justiça obrigou-o a retirar do volume seis poemas. Só a partir de 1911 apareceram edições completas da obra.

Mal compreendida por seus contemporâneos, apesar de elogiada por Victor Hugo, Teóphile Gautier, Gustave Flaubert e Théodore de Banville, a poesia de Baudelaire está marcada pela contradição. Revela, de um lado, o herdeiro do romantismo negro de Edgar Allan Poe e Gérard de Nerval, e de outro o poeta crítico que se opôs aos excessos sentimentais e retóricos do romantismo francês.

Uma nova estratégia da linguagem

Quase toda a crítica moderna concorda que Baudelaire inventou uma nova estratégia da linguagem. Erich Auerbach observou que sua poesia foi a primeira a incorporar a matéria da realidade grotesca à linguagem sublimada do romantismo. Nesse sentido Baudelaire criou a poesia moderna, concedendo a toda realidade o direito de ser submetida ao tratamento poético.

A atividade de Baudelaire se dividiu entre a poesia, a crítica literária e de arte e a tradução. Seu maior título são Les Fleurs du mal, cujos poemas mais antigos datam de 1841. Além da celeuma judicial, o livro despertou hostilidades na imprensa e foi julgado por muitos como um subproduto degenerado do romantismo.

Tanto Les Fleurs du mal como os Petits poèmes en prose (1868; Pequenos poemas em prosa), depois intitulados Le Spleen de Paris (1869) e publicados em revistas desde 1861, introduziram elementos novos na linguagem poética, fundindo o grotesco ao sublime e explorando as secretas analogias do universo. Para fixar a nova forma do poema em prosa, Baudelaire usou como modelo uma obra de Aloïsius Bertrand, Gaspard de la nuit (1842; Gaspar da noite), se bem tenha ampliado em muito suas possibilidades.

Crítica de arte e traduções

Baudelaire destacou-se desde cedo como crítico de arte. O Salon de 1845 (Salão de 1845) e o Salon de 1846 (Salão de 1846) datam do início de sua carreira. Seus escritos posteriores foram reunidos em dois volumes póstumos, com os títulos de L'Art romantique (1868; A arte romântica) e Curiosités esthétiques (1868; Curiosidades estéticas). Revelam a preocupação de Baudelaire de procurar uma razão determinante para a obra de arte e fundamentam assim um ideário estético coerente, embora fragmentário, e aberto às novas concepções.

Extensão da atividade crítica e criadora de Baudelaire foram suas traduções de Edgar Allan Poe. Dos ensaios críticos de Poe, sobretudo "The Poetic Principle" (1876; "O princípio poético"), Baudelaire tirou as diretrizes básicas de sua poética, voltada contra os excessos retóricos: a exclusão da poesia dos elementos de cunho narrativo; e a relação entre a intensidade e a brevidade das composições.

Ainda um outro Baudelaire é o revelado em suas obras especulativas e confessionais. É o caso de Les Paradis artificiels, (1860; Os paraísos artificiais, ópio e haxixe), especulações sobre as plantas alucinó opium et haschischgenas, parcialmente inspiradas nas Confessions of an English Opium-Eater (1822; Confissões de um comedor de ópio) de Thomas De Quincey; e de Journaux intimes (1909; Diários íntimos) -- que contém "Fusées" (notas escritas por volta de 1851) e "Mon coeur mis a nu" ("Meu coração desnudo") --, cuja primeira edição completa foi publicada em 1909. Tais escritos são o testamento espiritual do poeta, confissões íntimas e reflexões sobre assuntos diversos.

Quer pelo interesse inerente a sua grande poesia, quer pelos vislumbres que essas confissões propiciam, Baudelaire se destaca entre os poetas franceses mais estudados por ensaístas e críticos. Jean-Paul Sartre situou-o como protótipo de uma escolha existencial que teria repercussões no século XX, enquanto a crítica centrada nas relações históricas, como a de Walter Benjamin, dedicou-se a examinar sua consciência secreta de uma relação impossível com o mundo social.

Após uma existência das mais atribuladas, Baudelaire morreu de paralisia geral em Paris em 31 de agosto de 1867, quando mal começava a ser reconhecida sua influência duradoura sobre a evolução da poesia.

Fonte: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
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Oliver Reed

Oliver Reed (Robert Oliver Reed), ator, nasceu em Londres, Inglaterra, em 13/02/1938, e faleceu em Valetta, Malta, em 02/05/1999. Participou de 53 filmes, entre os quais o musical "Oliver", de Carol Reed, Tommy, de Ken Russell e "As Aventuras do Barão de Munchausen", de Terry Gilliam.

Sobrinho do diretor de cinema Sir Carol Reed, e neto do ator Sir Herbert Beerbohm Tree. Era supostamente descendente (ilegítimo) do czar Pedro, o Grande, da Rússia. Após um período servindo no Exército Britânico, Reed iniciou sua carreira de ator dramático como extra em filmes da década de 1950. Não tinha nenhuma experiência teatral.

Oliver Reed apareceu num clássico de Norman Wisdom "The Square Peg", em 1958, e novamente em "The Bulldog Breed" também de Norman Wisdom em 1960, onde desempenhou o líder de uma gangue. Reed conseguiu seu primeiro papel importante num filme da Hammer Films, "Sword of Sherwood Forest" (1960). Tornou-se famoso com seu desempenho no filme "Mulheres Apaixonadas" (1969), onde há uma cena em que ele luta com Alan Bates frente de uma lareira e ambos estão nus.

Reed participava das filmagens de "O Gladiador", dirigido por Ridley Scott. Mas, em 2 de maio de 1999, três dias antes da data prevista para encerrar sua participação no filme, Reed, conhecido por seus excessos com a bebida, morria aos 61 anos num pub da ilha de Malta, após uma tarde regada a uísque e quedas de braço de ferro com os marinheiros locais.

Filmografia

1960: Robin Hood, o Invencível (Sword of Sherwood Forest)
1960: O Monstro de Duas Caras (The Two Faces of Dr. Jekyll/House of Fright)
1961: A Noite do Lobisomem (Curse of the Werewolf)
1961: O Suplício de Tua Ausência (No Love for Johnnie)
1961: Momentos de Angústia (The Angry Silence)
1962: Criaturas da Noite (Captain Clegg)
1962: Piratas do Rio Sangrento (The Pirates of Blood River)
1963: Malditos (The Damned)
1963: Paranóico (Paronoiac)
1964: O Cavaleiro Audaz (The Crimson Blade)
1965: O Bandido de Kandahar (The Brigand of Kandahar)
1966: O Golpe do Século (The Jokers)
1966: A Morte Ronda a Floresta (The Trap)
1967: Depois que tudo Terminou (I'll Never Forget What's 'is Name)
1968: Herdeiro do Medo (The Shuttered Room)
1968: Oliver (Oliver!).....Mais informações
1968: O Sindicato do Crime (The Assassination Bureau)
1969: Mulheres Apaixonadas (Women in Love)
1969: Os Destemidos Não Caem (Hannibal Brooks)
1970: A Garota no Automóvel, com Óculos e um Rifle (The Lady in the Car with Glasses and a Gun)
1971: Caçada Sádica/Violência no Oeste (The Hunting Party)
1972: ZPG A Humanidade em Perigo (Zero Population Growth)
1972: Sábado Infernal (Mordi e Fuggi)
1973: Trágica Decisão (The Triple Echo)
1973: Os Três Mosqueteiros (The Three Musketeers)
1973: Um Verão Russo (One Russian Summer)
1975: O Heróico Covarde (Royal Flash)
1975: Tommy (idem).....Mais informações
1975: A Vingança de Milady (The Four Musketeers)
1975: O Heróico Covarde (Royal Flash)
1975: O Caso dos Dez Negrinhos (Ten Little Indians)
1976: A Última Cartada (Crossover)
1976: No Oeste Muito Louco (The Great Scout and Cathouse Thursday)
1977: Mansão Macabra (Burnt Offerings).....Mais informações
1977: Resgate (The Ransom)
1978: O Príncipe e o Mendigo (The Prince and the Pauper: Crossed Swords)
1978: A Arte de Matar (The Big Sleep).....Mais informações
1978: O Amanhã Não Virá (Tomorrow Never Comes)
1979: Os Filhos do Medo (The Brood)
1980: O Leão do Deserto (Lion of the Desert)
1981: Condorman, o Homem Pássaro (Condorman)
1983: Embalos a Dois (Two of a Kind)
1983: Golpe de Mestre - 2ª Parte (The Sting II)
1985: Cristóvão Colombo (Christopher Columbus)
1987: Comando de Resgate (Skeleton Coast)
1987: Rodas do Terror (The Misfit Brigade)
1988: St. Joseph - A Ilha do Tesouro Perdido (Master of Dragonard Hill)
1988: Tráfico da Morte (Fair Trade/Captive Rage)
1989: Nascido das Trevas (The House of Usher)
1989: As Aventuras do Barão de Munchausen (The Adventures of Baron M.)
1989: As Aventuras na Ilha do Tesouro (Treasure Island)
1989: A Volta dos Mosqueteiros (The Return of the Musketeers)
1990: Comando Ryan (Hired to Kill)
1991: Prisioneiros da Honra (Prisoner of Honor)
1992: Laços Sangrentos (Severed Ties)
1992: O Poço e o Pêndulo (The Pit and the Pendulum)
1993: Os Pistoleiros do Oeste 2 (Return to Lonesome Dove)
1995: Rir É Viver (Funny Bones)
1996: O Povo Contra Larry Flynt (The People Vs. Larry Flynt)
1998: Jeremias (Jeremiah)
2000: Gladiador (Gladiator) 

Fontes: Wikipedia; Memorial da Fama.
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A bolsa ou o elefante

Começou a história com a senhora prometen­do ao filhinho que o levava para ver o elefante. Prometi­do é devido, a senhora foi para o Jardim Zoológico da Quinta da Boa Vista e parou diante do elefante. O garotinho achou o máximo e não resta dúvida que, pelo menos dessa vez, o explorado adjetivo estava bem empregado. Mas sabem como é criança, nem com o máximo se conforma:

— Mãe, eu quero ver o elefante de cima.

Taí um troço difícil: ver o elefante de cima. Mas se criança é criança, mãe é mãe. A senhora levantou o filho nos braços, na esperança de que ele se contentasse. Foi quando se deu o fato principal da história. A bolsa da se­nhora caiu perto da grade e o elefante, com a calma paquidérmica que deu cartaz ao Feola, botou a tromba pra fora da jaula, apanhou a bolsa e comeu.

E agora? Tava tudo dentro da bolsa: chave do carro, dinheiro, carteira de identidade, maquiagem, enfim, es­sas coisas que as senhoras levam na bolsa. A senhora fi­cou muito chateada, principalmente porque não podia ficar ali assim... como direi?... ficar esperando que o ele­fante devolvesse por outras vias a bolsa que engolira. Era uma senhora ponderada, do contrário, na sua raiva teria gritado:

- Prendam este elefante!

Pedido, de resto, inútil, porque o elefante já estava preso. Mas, isso tudo ocorreu numa segunda-feira. Dias depois ela telefonou para o diretor do Jardim Zoológico, na esperança de que o elefante já tivesse completado o chamado ciclo alimentar.

Não tinha. Pelo menos em relação à bolsa, não tinha. O diretor é que estava com a bronca armada:

— O que é que a senhora tinha na bolsa? O elefante está passando mal, — disse o diretor.

E a senhora começou a imaginar uma dor de barriga de elefante. É fogo... lá deviam estar diversos faxineiros de plantão.

— Se o elefante morrer teremos grande prejuízo — garantia o diretor — não só com a morte do animal como também com o féretro. A senhora já imaginou o quanto está custando enterro de elefante?

A senhora imaginou, porque tinha contribuído para o enterramento de uma tia velha, dias antes. E a tia até que era mirradinha.

Deu-se então o inverso. Já não era ela que reclamava a bolsa, era o diretor que reclamava pela temeridade da refeição improvisada. Para que ele ficasse mais calmo, a dona da bolsa falou:

- Olha, na bolsa tinha um tubo de "Librium”, que é um tranqüilizante.

Até agora o diretor não sabe (pois ela desligou) se a senhora falou no tranqüilizante para explicar que não era preciso temer pela saúde do elefante, ou se era para ele tomar, quando a bolsa reaparecesse.
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  Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.
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