Cobertura
e proteção dos pés, os sapatos ou ‘calçados’, são contemporâneos da
Idade do Bronze. Na antigüidade oriental, egípcios, sumérios e hindus
andavam, de preferência, descalços.
Havia sandálias abertas, de uso mais ou menos geral. As dos egípcios
eram feitas de palha, papiro ou folha de palmeira. Os hititas usavam um
tamanco peculiar, cuja forma pode ainda ser vista na Anatólia.
Na Mesopotâmia, sapatos de couro cru, amarrados aos pés por tiras do
mesmo material foram introduzidos no período Kassita: já eram usados
pelos montanheses da fronteira com o Irã.
Os gregos não gostavam de sapatos, a não ser no inverno. Mulheres
calçavam sandálias na rua e sapatos macios, de couro ou pano, dentro de
casa. As tiras das sandálias eram longas e finas e enrolavam-se até
cobrir dois terços da perna. O soco, um calçado com base de madeira, era
um modelo corrente entre os atores: O coturno era um borzeguim de base
elevada, que chegava até a panturrilha, como os coturnos modernos. Era
símbolo de alta posição social.
Em Roma, o sapato indicava a classe social do usuário: os cônsules, por exemplo, usavam sapatos brancos: os senadores tinham sapatos marrons presos às pernas por quatro fitas pretas de couro atadas com dois nós. As mulheres, como as de hoje, combinavam roupas com os sapatos. Os homens usavam o soco grego, uma variedade de sandália.
A cáliga, bota de cano curto, que descobria os dedos, era o calçado tradicional das legiões. Deu nome ao imperador Gaius Cesar, filho de Germânico que fora criado nos acampamentos e só usava esse tipo de calçado: ficou conhecido, na história, como ‘Calígula’.
O calceus, que originou o nome ‘calçado’, sapato fechado, do cidadão romano, não podia ser usado por escravos.
A invasão dos bárbaros foi também a invasão dos sapatos grosseiros de couro mal curtido. Mas no império do oriente perduraram as sandálias romanas, as botas de cor ; e introduziu-se a moda persa dos sapatos e botas macias, de couro fino e tecidos preciosos.
Na Idade Média, o povo calçava sapatos de couro cru, tosco, mas resistentes, e ornados de perfurações — moda que reapareceria, modernamente, nos sapatos ingleses ditos ‘brogue’. A numeração, também é de origem inglesa e data justamente da Idade Média, quando o rei Eduardo I uniformizou as medidas, decretando que uma polegada (1 inch) correspondia a três grãos de cevada postos um atrás do outro. Um sapato, que media 35 grãos, ficou sendo n.º 35.
Sob Eduardo III surgiu a moda dos bicos compridos, que em vão o rei limitou, por lei, a 2 polegadas (6 grãos). Sob Ricardo II, tinham 18 polegadas, ou seja, 54 grãos: 45 cm!!! Ao fim do século XV já a moda cedera lugar à dos sapatos de bico largo, ou bico-de-pato.
Variaram os modelos, apareceram as solas de couro, e os sapatos de veludo, seda e brocado. No século XVII, as botas de uso universal, de cano alto, folgado em cima e dobrado para baixo. Os sapatos de homem eram enfeitados com laços de fita e saltos altos (salto Luís XV). Os sapatos de mulher passaram a ser feitos com o mesmo estofo dos vestidos. Sob Luís XVI, voltou à moda dos saltos baixos e foi lançada a das fivelas, de Ouro e prata.
Do século XVIII data a fabricação em massa de sapatos. O artesanato cedeu lugar à produção industrial. Mas só com a invenção da máquina de costura, no século XIX, o calçado ficou mais barato e acessível a todas as classes.
As polainas cinza eram muito elegantes no início do século XX. Os sapatos de verniz apenas são conservados para acompanhar o smoking. Os calçados informais, inteiriços, de modelo italiano (mocassins), substituíram, na preferência geral, os sapatos ingleses, formais, de cordão. O advento da moda hippie trouxe de volta a sandália como calçado de uso diário. Foram introduzidos, na indústria a napa, a camurça e os materiais sintéticos.
Fonte: Enciclopédia Barsa.
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