segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Casal de três

Nelson Rodrigues
O sogro era um santo e patusco cidadão. Assim que o viu arremessou-se, de braços abertos:

- Como vai essa figura? Bem?

Filadelfo abraçou e deixou-se abraçar. E rosnou, lúgubre:

- Essa figura vai mal.

Espanto do sogro:

- Por que, carambolas? - E insistia: - Vai mal por quê?

Caminhando pela calçada, lado a lado com o velho bom e barrigudo, Filadelfo foi enumerando as suas provações, só comparáveis às de Job:

- É o gênio de sua filha. Sou desacatado, a três por dois Qualquer dia apanho na cara!

Dr. Magarão assentiu, grave e consternado:

- Compreendo, compreendo. - Suspira, admitindo: - Puxou á mãe. Gênio igualzinho. A mãe também é assim!

Súbito Filadelfo estaca. Põe a mão no ombro do outro; interpela-o:

- Quero que o senhor me responda o seguinte: isso está certo? É direito?

O velho engasga:

- Bem. Direito, propriamente, não sei. - Medita e pergunta: - Você quer uma opinião sincera? Batata? Quer?

- Quero.

E o sogro:

- Então, vamos tomar qualquer coisa ali adiante. Vou te dizer umas coisas que todo homem casado devia saber.

TEORIA

Entram num pequeno bar, ocupam uma mesa discreta. Enquanto o garçon vai e vem, com uma cerveja e dois copos, dr.Magarão comenta:

- Você sabe que eu sou casado, claro. Muito bem. E, além da minha experiência, vejo a dos outros. Descobri que toda mulher honesta é assim mesmo.

Espanto de Filadelfo:

- Assim como?

O gordo continua:

- Como minha filha. Sem tirar, nem pôr. Você, meu caro, desconfie da esposa amável, da esposa cordial, gentil. A virtude é triste azeda e neurastênica.

Filadelfo recua na cadeira:

- Tem dó! Essa não! - E repetia, de olhos esbugalhados, lambendo a espuma da cerveja: - Essa, não!

Mas o sogro insistiu. Pergunta:

- Sabe qual foi a esposa mais amável que eu já vi na minha vida? Sabe? Foi uma que traia o marido com a metade do Rio de Janeiro, inclusive comigo! - Espalmou a mão no próprio peito, numa feroz satisfação retrospectiva: - Também comigo! E tratava o marido assim, na palma da mão!

Uma hora depois, saiam os dois do pequeno bar. Dr. Magarão, com sua barriga de ópera-bufa e bêbado, trovejava:

- Você deve se dar por muito satisfeito! Deve lamber os dedos! Dar graças a Deus!

O genro, com as pernas bambas, o olho injetado, resmunga:

- Vou tratar disso!

O DESGRAÇADO

Não mentira ao sogro. Sua vida conjugal era, de fato, de uma melancolia tremenda. Descontado o período da lua-de-mel, que ele estimava em oito dias, nunca mais fora bem tratado. Sofria as mais graves desconsiderações, inclusive na frente de visitas. E, certa vez, durante um jantar com outras pessoas, ela o fulmina, com a seguinte observação, em voz altíssima:

- Vê se pára de mastigar a dentadura, sim?

Houve um constrangimento universal. O pobre do marido, assim desfeiteado, só faltou atirar-se pela janela mais próxima. Após três anos de experiência matrimonial, eleja não esperava mais nada da mulher, senão outros desacatos. E só não compreendia que Jupira, amabilíssima com todo mundo, fizesse uma exceção para ele, que era, justamente, o marido. Depois de Ter deixado o sogro, voltou para casa desesperado.

Chega, abre a porta, sobe a escada e quando entra no quarto recebe a intimação:

- Não acende a luz!

Obedeceu. Tirou a roupa no escuro e, depois, andou caçando o pijama, como um cego. E quando, afinal, pôde deitar-se, fez uma reflexão melancólica: há dez meses ou mesmo um ano que o beijo na boca fora suprimido entre os dois. O máximo que ele, intimidado, se permitia, era roçar com os lábios a face da esposa. Se queria ser carinhoso demais, ela o desiludia: "Na boca não! Não quero!". Outra coisa que o amargurava era o seguinte: a negligência da mulher no lar. Não se enfeitava, não se perfumava. Deitado ao seu lado, ele pensava agora, lembrando-se da teoria do sogro: -"Será que a esposa honesta também precisa cheirar mal?".

MUDANÇA

Um mês depois, ele chega em casa, do trabalho, e acontece uma coisa sem precedentes: a mulher, pintada, perfumada, se atira nos seus braços. Foi uma surpresa tão violenta que Filadelfo perde o equilíbrio e quase cai. Em seguida, ela aperta entre as mãos o seu rosto e o beija na boca, num arrebatamento de namorada, de noiva ou de esposa em lua-de-mel. Ele apanha o jornal, que deixara cair. Maravilhado, pergunta:

- Mas que é isso? Que foi que houve?

Jupira responde com outra pergunta:

- Não gostou?

Ele senta confuso.

- Gostar, gostei, mas... - Ri: - Você não é assim, você não me beija nunca.

Jupira tem um gesto de uma petulância que o delícia: vem sentar-se no seu colo, encosta o rosto no dele. Filadelfo é acariciado. Acaba perguntando:

- Explica este mistério. Aconteceu alguma coisa. Aconteceu?

Ela suspira:

- Mudei ora!

SOFRIMENTO

A princípio, Filadelfo conjeturou: "É hoje só". No dia seguinte, porém, houve a mesma coisa. Ele coçava a cabeça: "Aqui há dente de coelho!". Coincidiu que, por essa ocasião, os seus sogros aparecessem para jantar. Dr.Magarão, enquanto a mulher conversava com a filha, levou o genro para a janela: "Como é? Como vai o negócio aqui?"

Filadelfo exclama: - Estou besta! Estou com a minha cara no chão!

O velho empina a barriga de ópera-bufa: - Por quê?

E o genro: - Tivemos aquela conversa. Pois bem. Jupira mudou. Está uma seda; e me trata que só o senhor vendo!

Ao lado, mascando o charuto apagado, o velho balança a cabeça: - Ótimo!

- O negócio está tão bom, tão gostoso, que eu já começo a desconfiar!

O sogro põe-lhe as duas mãos nos ombros:

- Queres um conselho? De mãe pra filho? Não desconfia de nada, rapaz. Te custa ser cego? Olha! O marido não deve ser o úlrimo a saber, compreendeu? O marido não deve saber nunca!

LUA DE MEL

Seguindo a sugestão do sogro, não quis investigar as causas da mudança da esposa. Tratou de extrair o máximo possível da situação, tanto mais que passara a viver num regime de lua-de-mel.

Dias depois, porém, recebe uma minuciosíssima carta anônima, com dados, nomes, endereços, duma imensa verossimilhança. O missivista desconhecido começava assim: "Tua mulher e o Cunha...". O Cunha era, talvez, o seu maior amigo e jantava três vezes por semana ou, no mínimo, duas, com o casal. A carta anônima dava até o número do edifício e o andar do apartamento em Copacabana onde os amantes se encontravam.

Filadelfo lê aquilo, relê e rasga, em mil pedacinhos, o papel indecoroso. Pensa no Cunha, que é solteiro, simpático, quase bonito e tem bons dentes. Uma conclusão se impõe: sua felicidade conjugal, na última fase, é feita á base do Cunha. Filadelfo continuou sua vida, sem se dar por achado, tanto mais que Jupira revivia, agora, os momentos áureos da lua-de-mel.

Certa vez jantavam os três, quando cai o guardanapo de Filadelfo. Este abaixa-se para apanhar e vê, insofismavelmente, debaixo da mesa, os pés da mulher e do Cunha, numa fusão nupcial, uns por cima dos outros.

Passa-se o tempo e Filadelfo recebe a noticia: o Cunha ficara noivo! Vai para casa, preocupadissimo. E, lá, encontra a mulher de bruços, na cama, aos soluços. Num desespero obtuso, ela diz e repete:

- Eu quero morrer! Eu quero morrer!

Filadelfo olhou só: não fez nenhum comentário. Vai numa gaveta, apanha o revólver e sai á procura do outro. Quando o encontra, cria o dilema:

- Ou você desmancha esse noivado ou dou-lhe um tiro na boca, seu cachorro!

No dia seguinte, o apavorado Cunha escreve uma carta ao futuro sogro, dando o dito por não dito. Á noite, comparecia, escabreado, para jantar com o casal. E, então, à mesa, Filadelfo vira-se para o amigo e decide:

- Você, agora, vem jantar aqui todas as noites!

Quando o Cunha saiu, passada a meia-noite, Jupira atira-se nos braços do marido:

- Você é um amor!
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A nacionalidade de Jesus

Chefes de vários países se encontraram. Todos defendiam que Jesus tinha nascido em seus respectivos países e indicavam as seguintes provas:

Três provas de que Jesus era judeu: – assumiu os negócios do pai – viveu em casa até os 33 anos; – tinha certeza de que a mãe era virgem e a mãe tinha certeza de que ele era Deus.

Três provas de que Jesus era irlandês: – nunca foi casado; – nunca teve emprego fixo; – o último pedido dele foi uma bebida.

Três provas de que Jesus era porto-riquenho: – o nome dele era Jesus – sempre teve problemas com a lei; – a mãe dele não sabia quem era seu pai.

Três provas de que Jesus era italiano: – falava com as mãos; – tomava vinho em todas as refeições – trabalhou no comércio.

Três provas de que Jesus era californiano: – nunca cortou o cabelo; – andava descalço – inventou uma nova religião.

Três provas de que Jesus era francês: – nunca trocava de roupa; – não lavava os pés; – não falava inglês.

Três provas de que Jesus era brasileiro: – nunca tinha dinheiro; – vivia fazendo milagres; – se “ferrou” na mão do governo.

Não foi possível chegar a um consenso sobre a nacionalidade de Jesus, mas todos concordaram com uma coisa:

Judas, com certeza era argentino…

Fonte: http://canaldoadolescente.blogspot.com/2011/07/descubra-nacionalidade-de-jesus.html
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Churrasco de rico e o de pobre

Um churrasco é sempre bom, independente do local e da companhia. Tendo carne, cerveja e música, tá tudo certo. Porém, é evidente que alguns churrascos serão melhores que outros. Isso vai depender muito da carne que será servida, do tempero que será utilizado e de uma outra infinidade de fatores que influenciarão na comilança.

O traje feminino rico: calça capri de cor clara da Zara ou outra grife importada; Bolsas L..Vuitton, Prada. Camisetinha básica branca da Club Chocolate ou Doc Dog, óculos Chanel, Valentino, sandalinha rasteira da Lenny. Ela sempre chega sozinha, dirigindo o seu próprio carro.

Pobre: mini-saia curtíssima, blusinha da C&A estampada, tamanco de madeira de salto altíssimo, óculos coloridos, piercing e anel no dedo do pé. Muitas usam biquíni por baixo, na esperança de tomar um banho de piscina ou de mangueira.

O traje masculino rico: bermuda Hugo Boss ou Richard, camisa esporte Siberian ou Brooksfield, óculos Armani e aquela caminhonete importada maravilhosa.

Pobre: chinelo Rider, bermuda florida ou feita de uma calça jeans cortada com a barriga aparecendo, agasalho ou camisa do time do coração e óculos de camelô na testa. Chegam de Monza ou de carona com mais oito pessoas.

A comida rico: normalmente eles não comem, quando comem é um pouquinho de cada coisa. Arroz com brócolis ou açafrão, farofa com frutas, filé de cordeiro, picanha argentina, muzzarella de búfalo. Sendo que cada coisa a seu tempo e, pausadamente.

Pobre: vinagrete, farofa com muita cebola, maionese, muita asa de frango, ‘xauxixão’, lingüiça com pão, costela e a tradicional bola da pá (que eles juram ser mais macia que a picanha!).

A bebida rico: os homens, Chopp, Cerveja Bohemia ou Heineken geladíssima. As mulheres, ice, red label, tônica Schweppes Citrus ou Envian, e Coca-Cola Light ou Zero.

Pobre: cerveja Itaipava, Schin ou Kaiser, geladas no tanque de lavar roupa cheio de gelo. Quem fica tonto mais rápido, bebe, intercalado, água da torneira. Muita caipirinha com Caninha da Roça, Baré Cola e Guaraná Sarandi.

O prato rico: Normalmente beliscam uma picanha servida num enorme prato branco liso de porcelana, taças adequadas a cada tipo de bebida: água, chopp, refrigerante.

Pobre: o prato principal é o filé miau nos tradicionais pratinhos de alumínio ou papelão. As bebidas são servidas em copinhos plásticos de 200ml. (compra-se a quantidade exata do número de convidados) ou servem naqueles de requeijão ou geléia para os convidados mais chegados: familiares, algum cabo da PM, Corpo de Bombeiros, Escrivão da Polícia, etc (OS VIPS).

A música rico: Jack Johnson, Maria Rita, música instrumental, Lounge Music e Jazz. Pode ser que contratem um grupo que toca chorinho, mas com músicos formados pela escola de Música da UFRGS.

Pobre: aquele pagodão de pingar suor, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Revelação. Só CD’s piratas (4 por 10,00) mídia azul. Não pode faltar o de Samba Enredo do ano. O importante é tirar a galera do chão, depois de umas 2 horas de churrasco, todos já estão dançando, independente das idades ou credos. Também rola uma batucada improvisada com panelas, tampas ou qualquer objeto disponível que emita um som (cantam de Almir Guineto à Alcione). A mulherada tira a sandália, porque não está acostumada, e bota a poeira pra subir com sua toalinha branca encardida de tanto suor e com o conjuntinho de laycra ou jersey florido para ficar mas a vontade.

O churrasqueiro rico: contratado de uma churrascaria famosa. Trabalha com um uniforme impecável e traz consigo toda equipe necessária para atender todos os convidados.

Pobre: amigo de um conhecido que adora fazer churrasco, e cada hora um fica um pouquinho pra revezar. Normalmente é um cara barrigudo que fica suando com uma toalhinha na mão (ele usa para enxugar o suor, limpar as mãos e o que mais precisar!). Adora ficar jogando cerveja na brasa para mostrar fartura!

O local rico: área coberta com piso de granito, tem mesinhas, ombrelones e bancos da Indonésia, num lindo jardim com piscina, mas ninguém se anima dar um mergulho.

Pobre: normalmente na laje, com sol quente na cabeça ou chuva para acalmar o fogo (então é improvisada uma lona de caminhão como cobertura, mas só para proteger a churrasqueira), cadeiras só para quem chegar mais cedo (esses cedem o lugar para as grávidas que sempre chegam às pencas), os demais ficam em pé, esbarrando uns nos outros e pisando no seu pé, mas não tem problema porque a maioria tá descalça. Sem esquecer o tradicional banho de chuveiro, onde os bêbados começam com a brincadeira de querer molhar todo mundo. E as mulheres gritando sai daí Giscleyson, vai se machucar!; vem pra cá Uóchitu já tem farofa de linguiça meu filho, vem logo, antes que seus primos venham e terminem tudo; Dayany pega teu irmão e leva lá pra drento e limpa a boca dele de Biscoito maizena, a boca chega a tá branca nos cantos; Cryslaine limpa o nariz do teu irmão que tá verde de tanto catarro; Cristyan Jeferson tem asa de galinha meu filho aproveita, Krystóferson vem comer carne meu filho, ta sangrando, Mayquol Djéquyson para de correr meu filho e chama sua irmã para vir comer!

O final rico: em no máximo 4 horas, cada pessoa sai em seu próprio carro. Mas saem em momentos diferentes, para que o dono do churrasco possa fazer os agradecimentos a cada um com atenção.

Pobre: dura no mínimo 8 horas e depois que todos já estão bêbados, o dono da casa diz que tem que trabalhar cedo no dia seguinte, mas o pessoal ainda quer fazer vaquinha para comprar mais uma caixa de cerveja. Quem não tem carro pede carona ou vai de buzão mesmo (isso sem falar nos que precisam curar o porre, estabacados no sofá ou no tapete, antes de pensar em ir embora!). O pessoal que tem carro, liga o som bem alto (pagode claro!) e sai buzinando, sorrindo e gritando: Valeu maluco! Amanhã tô aí pro enterro dos ossos!

Fonte: Recebi por E-mail.
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