sexta-feira, 10 de setembro de 2010

A Imigração Açoriana

A imigração de casais açorianos para o sul do Brasil começou em 1617. Durante cinco anos, até 1753, deram entrada, no sul do Brasil, 1178 casais açorianos, totalizando 6 492 pessoas. Entre 1748 e 1756, duplicou a escassa população da então Capitania de Santa Catarina.

Esta imigração em massa visava defender e povoar Santa Catarina e Rio Grande do Sul, pois a coroa estava convencida que a melhor maneira de garantir a posse da terra era povoá-la. A Ilha de Santa Catarina recebeu 4.612 pessoas em 1748; 1.666 em 1749; e 500 em 1750 e 1753.

No século XVIII, 30% dos emigrantes idos para Santa Catarina fixaram-se nas freguesias de Nossa Senhora do Rosário, da Enseada de Brito e Nossa Senhora da Conceição da Lagoa. O forte contingente ilhéu, cerca de seis mil, saiu de 72 freguesias dos Açores, distribuídas pelas ilhas do Faial, Graciosa, Pico, S. Jorge, S. Miguel, Santa Maria e Terceira.

Na década de 1911-20, imigraram para o Brasil 2.740 açorianos. Na década de 1921-30, foram 3.401 o número de açorianos emigrados para aquele país. Ainda hoje, nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, há sinais evidentes da presença açoriana, não só na arquitetura, mas também nos usos, costumes e tradições, como as "Reisadas" e as Festas do Espírito Santo, à boa maneira destas ilhas.

Muitos açorianos imigraram para o sul do Brasil porque a miséria grassava no Arquipélago, na era de Setecentos, como resultado do fraco desenvolvimento das ilhas na produção do trigo e do pastel (outrora, a sua maior riqueza), acrescido do excesso demográfico que atingiu um caráter cíclico nas ilhas maiores.

Os açorianos aparecem na história do Brasil em diversas regiões e estão distribuídos pela Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, S. Paulo, Amazonas, Pará, Paraíba, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Atualmente, vivem no Brasil 1 milhão e 200 mil portugueses, sendo a maior parte açorianos e seus descendentes.


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Itajaí - A história do Município até 1962

A 12 de Outubro de 1928, Itajaí recebia a visita do governador Adolfo Konder, que vinha inaugurar o novo abastecimento de água da Ressacada, luz elétrica em Cabeçudas e a Escola Lauro Müller, na Vila Operária.

O nome de nossa cidade deriva-se do rio Itajaí que faz margem. Foram os índios que assim o chamaram. Na verdade, a forma de escrever este nome já experimentou diversas variações, como "Táa-hy", "Tajahug" e "Itajaí". O rio teve muitos nomes. Segundo o Padre Raulino Reitz, pesquisador e fundador do Instituto Herbário Barbosa Rodrigues, a primeira menção que se conhece ao rio Itajaí se encontra num trabalho do século XVII chamado "Costa do Governo do Rio da Prata até o Brasil", feito segundo notícias de Emanuel Figueiredo, português, e Theodoro Reuter, holandês. Nesse trabalho consta que "de uma baía que os portugueses chamam de Enseada das Garoupas"..."até o rio que os índios chamam de Tajahug até o S. Francisco o mesmo navegante conta 27 léguas.."

Ainda segundo o mesmo estudioso, em 1722 num mapa do Paraguai e zonas limítrofes assinala-se o rio Tayabeuy. Carlos da Costa Pereira diz que no Mapa Garaffa de 1637 ou 1641, conforme supõe Rio Branco, menciona-se o rio Tayahuy. Ainda segundo Costa Pereira, o mais antigo documento que se conhece já com a grafia de Itajahy (isto é,começando com "i" e não com "t")data de 1799 e é o requerimento em que Joaquim Francisco de Salles e Mello, governador da Fortaleza de Santo Antônio de Ratones, na Ilha de Santa Catarina, pede uma légua de terras em quadra no rio Itajahy-Merim "para neste lugar construir uma fábrica de açúcar para seu interesse e dos reais dízimos". Esse requerimento é de 30 de agosto de 1799.

A preocupação com a explicação mais acertada do seu significado já atravessa cem anos, envolvendo importantes estudiosos brasileiros e estrangeiros; todos eles trazem sua interpretação que, com poucas variações, tem sido "rio das pedras" ou "rio dos taiás".

Marcos Konder, que foi o primeiro historiador de nossa terra, quando estudou o assunto em sua obra "A Pequena Pátria", deixou assinalada a sua concordância com a explicação "Itajaí - o rio do taiá".

Também é possível associar a origem do nome à presença tão próxima da foz do rio das pedras, da Praia de Cabeçudas. Entretanto, esta elucidação merecia muita pesquisa ainda e, assim, concluiremos que é muito difícil chegar-se a uma certeza, que só os índios poderiam dar. Os desencontros ocorrem, certamente, pelas muitas maneiras com que se escreveu o vocábulo, até se fixar na forma atual - ITAJAÍ -, isto somente após 1799.

Os primeiros homens brancos a chegar às terras do rio Itajaí-Açú foram os preadores de índio e os faiscadores de ouro; quase todos paulistas. De fato, o primeiro posseiro das margens do Itajaí, João de Arzão, transferira-se para Santa Catarina junto com parentes e agregados do vicentista Manoel Lourenço de Andrade, fundador de São Francisco do Sul, donde se passou para cá.

A esta primeira causa do nosso povoamento, juntar-se-ia o interesse manifesto da Metrópole portuguesa em efetivar o domínio e a posse das terras meridionais da sua colônia americana. A decisão de 1748 do Conselho Ultramarino, autorizando o povoamento das costas catarinenses com imigrantes açorianos, visava a esse intento.

Mesmo assim, permaneciam os vazios entre as povoamentos vicentistas e açorianos, esparsos por todo o litoral. Um destes vazios era precisamente as terras da foz e as do Vale do Itajaí. Daí porque se incentivaria, a partir de 1823, a imigração de colonos não-portugueses; principalmente alemães e italianos.

Aliás, o historiador Paulo José Miguel de Brito, entre as sugestões apresentadas para o melhoramento da Capitania, em 1816, faz constar esta: "... povoar e cultivar os terrenos de ambas as margens do rio Tajahi-assu desde a sua foz até à primeira cachoeira; e o Merim desde a sua confluência naquele até onde for navegável, e dali para cima até o campo da Boa-Vista."

Para aqui vieram então: os vicentistas, primeiro; os açorianos; depois; e, afinal, os imigrantes alemães e italianos. Dos elementos de outras etnias, vindos em número variável, destacam-se os africanos, suíços e sírio-libaneses.

O contingente populacional de origem africana de Itajaí é, pela primeira vez referido, em 1840; quando de um total de 1.404 almas contavam-se 163 negros, significando portanto uma percentagem de onze por cento da população.

No entanto, a mais antiga referência a números da população itajaiense se encontra em requerimento datado de 1794, onde se afirma que "... todos fazem o número de quarenta e tantos moradores".

Neste mesmo ano, Matias Dias de Arzão, Silvestre Nunes, José Correa e outros, representando mais de 40 moradores localizados nas margens do Itajaí, enviavam petição ao vice-rei, alegando que as ditas terras eram ocupadas e protestando contra a concessão das mesmas a requerentes que diziam estarem as mesmas "desertas e incultas".

Em 20 de julho de 1811, João Alberto da Silva, casado, morador do Rio de Itajaí alegava "que se achava há muitos anos estabelecido e de posse de 400 braças de terras de frente com 1000 de fundos, correndo a linha leste-oeste no rio de Itajaí-Mirim, onde mede as 400 braças e pelo sul com 1000 braças, estremando com o mesmo rio e com terras de Vicente José de Assunção e pelo leste com o rio Itajaí-Mirim e com Domingos de Souza de Miranda, cujos heréus não prejudica ". A demarcação foi feita por José Coelho Peniche em 14 de maio de 1811.

Em 25 de agosto de 1814, Dom Luiz Maurício da Silveira, governador da Ilha de Santa Catarina, concedia ao sargento-mor de milícias reformado Manoel Antônio de Souza Medeiros, um terreno na margem do Itajaí-Açú, no lugar chamado Gaspar, com uma légua de frente por igual medida de fundo, "estremando de um lado com terras de João Orestes Barreto da Fontoura e pelos outros com o rio e com o Patrimônio Régio, para nele ser construído um engenho de açúcar".

E foram tantos os que aqui se fixaram, muitos vindos de Desterro, de São Miguel, de Porto Belo, de Armação do Itapocorói, de São Francisco do Sul, de Paranaguá, que todas as terras das imediações da foz do rio ltajaí-Açú, no começo do século passado, já estavam totalmente ocupadas.

Destes moradores muito pouco se guardou a não ser alguns dos nomes e a vaga localização das suas terras. Alexandre José de Azeredo Leão Coutinho tinha casa e plantações nas terras do bairro da Fazenda; José Coelho da Rocha plantava nas terras do hoje centro da cidade, embora morasse do outro lado do rio; José Correia de Negreiros e Silvestre Nunes Leal Corrêa moravam em Canhanduba e Itaipava; e Matias Dias de Arzão tinha fazenda nas terras da Barra do Rio.

Plantavam-se mandioca, aipim, milho, feijão, cana, batata-doce e arroz; além do algodoeiro, pois com o algodão se fiavam em casa os panos para a vestimenta diária.Também se pescavam muito a guaivira, os bagres, as tainhas e os robalos; a pesca era quase toda no rio, poucos se dispunham a pescar no mar.

Outra atividade que muito ocupava estes primeiros moradores do ltajaí era a construção e o reparo de embarcações; atividade cumprida pelos chamados carpinteiros da ribeira. Além da excelente mão-de-obra que aqui existia, a nossa região era muito conhecida pela boa madeira, apropriada para a construção naval.

No início do século XIX, já eram, portanto, encontrados junto aos sesmeiros que aqui se haviam estabelecido, pequenos lavradores e pescadores vindos de Paranaguá, São Francisco do Sul, Armação do Itapocorói, Porto Belo e Desterro. Entretanto, em 05 de fevereiro de 1820, Antônio Menezes de Vasconcellos Drumond recebeu ordens do Ministro do Rei D. João VI - Tomás Antônio de Villanova, de Portugal - para estabelecer uma colônia em terras da região. Drumond montou um engenho de serrar madeira e um pequeno estaleiro. Iniciou a plantação de milho e feijão, construiu o primeiro barco, a sumaca São Domingos, que levantou ferros oito meses após, em direção ao Rio de Janeiro, levando um carregamento de cereais e taboado.

Em virtude da revolução de 26 de fevereiro de 1821, recebeu Vasconcellos Drumond ordem do almirante Quintetro do Reino, para suspender as obras e regressar para a Corte, vindo a suceder-lhe, por ser o mais graduado da colônia na época, o coronel Agostinho Alves Ramos, que ao final de 1823, estabeleceu-se, em terras do Município, terras estas que organizou e nas quais civilizou o povoado. Estabeleceu um curato - do Santíssimo Sacramento -, providenciou a vinda do religioso Frei Antônio Agote, erigiu a capela e o cemitério. Transformou, após, o curato em freguesia e criou a Cadeira das Primeiras Letras, em 1835.

Em 12 de agosto de 1833, o povoado de Itajaí era elevado a Paróquia, sendo presidente da Província de Santa Catarina Feliciano Nunes Pires. Em março de 1834, com a morte de frei Pedro Antônio Agote, assume a paróquia de Itajaí o seu segundo vigário, Francisco José de Souza.

Pela lei provincial n ° 9, de 15 de abril de 1835 , foi criada a primeira escola pública de Itajaí, com a dotação anual de 180$000 para pagar o respectivo professor. No mesmo ano Itajaí elege Agostinho Alves Ramos como seu primeiro deputado à Assembléia Provincial.

Em 1837 foi nomeado o primeiro professor primário de Itajaí, Francisco José das Neves, que já em 28 de maio do mesmo ano é substituído interinamente por Antonio Joaquim Ferreira. Em 1843, assume a direção da Paróquia do Santíssimo Sacramento o padre espanhol Francisco Hernández.

Em 26 de janeiro de 1850 falecia em Itajaí, D. Ana Ramos; natural de Peniche, Portugal, esposa de Agostinho Alves Ramos, organizador do povoado de Itajaí. No mesmo ano a igreja de Itajaí ruiu e as imagens foram recolhidas à casa do coronel. Sabe-se que em 1859 a reconstituição da antiga igreja ainda não estava concluída.

Em 16 de julho de 1853, falece em Itajaí Agostinho Alves Ramos. Pela lei n.° 464, de 4 de abril de 1859, a paróquia do Santíssimo Sacramento de Itajaí era elevada à categoria de Vila. No ano seguinte, em 15 de junho, Itajaí é elevada à categoria de município, desmembrando-se do de Porto Belo.

Por portaria de 28 de setembro de 1864, da Presidência da Província de Santa Catarina, o prático da barra de Itajaí, Jacinto José dos Santos, tinha o seu ordenado mensal elevado de 20$000 para 30$000, "por ter que pagar às suas custas dois homens que o auxiliavam no serviço". Nesse ano e em 1865 foi construída a primeira estrada ligando a Colônia Blumenau à Barra do Rio Itajaí, seguindo o mesmo traçado da atual Rodovia Jorge Lacerda.

Em 1865 falece no Rio de Janeiro Antônio Menezes Vasconcellos Drumond. Pela lei n.° 603, de 13 de abril de 1868 é criada a comarca de Itajaí, sendo seu primeiro juiz o dr. Joaquim da Silva Ramalho. Em 1 ° de maio de 1876 Itajaí é elevada à categoria de cidade.

1880 - Uma das maiores enchentes de que se tem registro assolou o município de Itajaí, causando grandes prejuízos à sua população. Em 2 de fevereiro do mesmo ano é suprimida a comarca de Itajaí, cujos assuntos judiciais voltaram à jurisdição de S. Francisco. No ano seguinte, em 30 de março, a comarca é restabelecida.

Em 05 de janeiro de 1882 nascia em Itajaí Marcos Konder. Em 1884 circulava o primeiro jornal deste município, o "Itajahy" dirigido pelo professor João da Cruz e Silva. Deste semanário editaram-se apenas 3 números. Em 1886 foi editado o segundo jornal de Itajaí, "A Idéia", dirigido por Eduardo Miranda e Tranqüilo da Silva. Teve muito pouca duração.

Em 3 de janeiro de 1887 era inaugurado o Hospital S. Beatriz (mais tarde sanatório para doenças pulmonares). O nome foi uma homenagem à esposa do então presidente da Província de Santa Catarina, Francisco José da Rocha, apelidado de Bacalhau. Era seu provedor Nicolau Malburg, o Velho, e a renda para a sua construção proveio de uma taxa de 100 réis por dúzia da madeira exportada.

Em 28 de abril de 1895 fundava-se a Sociedade Atiradores (atual Vasconcelos Drummond). Em 21 de março de 1897 era fundada a Sociedade Guarani. No mesmo, em 15 de junho, era inaugurado o primeiro serviço de abastecimento de água da cidade, sendo prefeito o Dr. Pedro Ferreira e Silva. No ano seguinte, em 30 de maio, falecia na Alemanha, para onde fora em tratamento de saúde, o Sr. Marcos Konder Sênior, que, em 24 de julho de 1877, contraíra matrimônio em Itajaí com Adelaide Flores, filha de José Henrique Flores, grande latifundiário no Vale do Itajaí.

Em 1910, inaugurava-se a iluminação elétrica na cidade, da qual era concessionário Max Puetter, embora a firma proprietária da empresa pertencesse a Félix Busso Assebürg.

1911 - Uma das maiores enchentes de todos os tempos assola o município. Os prejuízos foram parcialmente cobertos por verbas federais e municipais e, por subscrições públicas, das quais participou, inclusive, o jornal "O Estado de S. Paulo". No mesmo ano, em 24 de junho, fundava-se em Itajaí a Loja Maçônica "Acácia Itajaiense". Foram seus fundadores: Adolfo Walter da Silva Schiefler, Alcibiades Rotoli, Américo da Silveira Nunes, Alexandre Justino Régis, Alois Fleischmann, Antônio Lopes de Mesquita, Castor Casares Arias, José Felipe Geraldo, João Mariano Ferreira Júnior e Max José Schirmann. Em 17 de dezembro de 1912, deu-se o nome de Navegantes ao povoado do outro lado do Rio, até então conhecido por Santo Amaro.

Em 15 de março de 1913, com um capital de 250:000$000, fundava-se a Cia. Fábrica de Papel Itajaí, a maior indústria da época, sendo os seguintes os seus acionistas fundadores: Fides Deeke, Bruno Hering, Hermann Hering, Herman Stoltz & Cia., Max Hering, Gotlieb Reif, Carl Rischbieter, José Deeke, Curt Hering, Hermann Mueller e Paul Hering. Em 4 de dezembro, inaugurava-se o Grupo Escolar Vítor Meireles, construído no governo Vidal Ramos, sendo prefeito de Itajaí o Sr. Carlos Tzaschel. Na sessão de 17 de dezembro, a Câmara Municipal de Itajaí abriu concorrência para a instalação de uma linha de bondes puxados por tração animal. Ninguém se interessou pela instalação desse serviço.

Em 1 de janeiro de 1917, na administração do prefeito Marcos Konder, inaugurava-se o mercado público da cidade. Em 5 de maio do mesmo ano, também na administração Marcos Konder, era aprovada a lei municipal n° 72 , tornando obrigatório o ensino primário neste município, para crianças de 7 a 12 anos. Em 22 de novembro de 1925, foi inaugurado o prédio da Prefeitura Municipal, que sediou o Poder Executivo até 14 de julho de 1972.

Em 30 de junho de 1926, falece Lauro Müller, no Rio de Janeiro, aos 63 anos de idade. Em 5 de agosto de 1928 chega a Itajaí, viajando num hidroavião, o Ministro da Viação do governo Washington Luiz, Vitor Konder. A 12 de outubro daquele ano, Itajaí recebia a visita oficial do governador Adolfo Konder, que vinha inaugurar o novo abastecimento de água da Ressacada, a instalação de luz elétrica em Cabeçudas e a Escola "Lauro Müller", na Vila Operária. Em 9 de novembro, a Prefeitura Municipal celebrou contrato com a Companhia Telefônica Catarinense para instalação dos serviços telefônicos na cidade e nos distritos.

Em 10 de agosto de 1930 foi inaugurada a ponte sobre o Itajaí-Mirim, na Barra do Rio, (antiga ponte Marcos Konder, ainda hoje existente ao lado da nova, que manteve a mesma denominação). Em 30 de outubro de 1935 circulava o primeiro número do "Jornal do Povo". Na madrugada de primeiro de dezembro de 1936, a população de Itajaí foi para as ruas ver a passagem do dirigível alemão "Hindenburg", que fazia um vôo pelo sul do Brasil.

Em 19 de março de 1938, instalava-se um posto de saúde, na Rua Pedro Ferreira, dirigido pelo Dr. Ivo Stein Ferreira. Na foto tomada no dia da inauguração aparecem: 1) Dr. Felipe Batista de Alencastro; 2) Dr. Ivo Stein Ferreira; 3) Dr. Amílcar Barca Pelon; 4) Dr. Joaquim Madeira Neves; 5) Dr. Argemiro Noronha; 6) D. Ana Schneider; 7) Manoel Coelho; 8) Manoel José dos Santos; 9) guarda sanitário Eugênio; 10); 11) guarda sanitário Heil; 12) Félix Gaia; 13) Antonio Martins. Em 12 de junho daquele ano era inaugurado na Praça Vidal Ramos o busto de Lauro Müller. Em setembro de 1949 eram instalados os primeiros telefones automáticos em Itajaí.

Em 17 de julho de 1960, com aparelho trazido de Curitiba, realizava-se a primeira tentativa de captar televisão nesta cidade, utilizando-se uma torre de energia elétrica instalada onde hoje é a Avenida Marcos Konder, em frente ao Laboratório de Análises do Dr. Nogara. (Conseguiu-se captar apenas o som de uma emissora paulista). Em 5 de julho de 1962 falece em Itajaí Marcos Konder.


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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Como entrou no Céu o primeiro advogado

Logo que Santo Ivo morreu, encaminhou-se ao Céu e bateu à porta, que São Pedro não se atreveu a abrir, subestimando as razões do bom santo.

— Faço o que quiseres — repetia o porteiro do Céu —, mas não acho que deva permitir a entrada a um advogado, não só porque nem um tem assento entre os santos, mas também porque; muito ao contrário, juraria que se encontram no inferno todos os de tua profissão.

Santo Ivo não se desconcertou; antes, como bom advogado, teve tão convincentes razões para rebater as de São Pedro que este lhe permitiu finalmente entrar no Céu, mas com a condição de permanecer junto à porta.

O hóspede entrou calmamente, sentou-se no lugar indicado por São Pedro, que foi participar a Nosso Senhor o sucedido...

— Fizeste mal! Muito mal, Pedro! — respondeu Deus, quando acabou de escutá-lo. — Havia resolvido que nenhum advogado entraria no Céu, e tinha cá minhas razões para isso. Mas já que está, deixa ficar; sem embargo, não deixes que ele se misture com os outros santos, pois do contrário acabarão no Céu a paz e a boa harmonia. Não o deixes passar além da porta.

Aborrecido e cabisbaixo, voltou São Pedro aonde estava Santo Ivo e comunicou-lhe as ordens dadas pelo Senhor. O Santo advogado encolheu os ombros e, à guisa de passatempo, começou a entabular conversa com São Pedro.

— Que posto ocupas aqui no Céu?

— Não sabes? Sou o porteiro.

— Por quanto tempo?...

— Para todo o sempre.

— Deixa disso. Só se tiveres algum contrato firmado...

— Não há contrato nem coisa que o valha, e para dizer a verdade não há necessidade disso.

— Como assim? Então não estás vendo, grande ingênuo, que qualquer dia Deus pode ter a idéia de te destituir, sem mais nem menos, do cargo que com zelo vens desempenhando há tanto tempo, sem que possas fazer valer teus direitos?

São Pedro coçou a orelha, e, mais amofinado que antes, foi novamente falar com Deus.

— Vamos lá, que é que pensas?

— Preciso de um contrato em que se declare que sou o porteiro do Céu para todo o sempre. Até hoje temos deixado as coisas andar à vontade; mas se vos der na idéia, qualquer dia me destituís do cargo que com tanto zelo...

— Não te dizia eu? Tudo isso são trapaças daquele advogadozinho que tens na porta e que soube encher-te a cabeça.

E ajuntou depois, tomando uma resolução:

— Anda, Pedro, corre e manda-o entrar imediatamente, pois prefiro tê-lo perto de mim a vê-lo junto à porta.

Eis como entrou no Céu o primeiro advogado.

Extraído do livro “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”, Editora Record – Rio de Janeiro, 1985, pág. 178, organização de Afonso Félix de Souza.
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