terça-feira, 29 de novembro de 2011

Vavá, peito de aço

Ele jamais foi artilheiro isolado de qualquer campeonato, mas deixou seu nome inscrito no panteão dos mais va1orosos artilheiros que o Brasil já conheceu: Vavá. Jogador raçudo e oportunista, não tinha medo de enfiar o pé em divididas, atitude que lhe valeu muitas contusões e inúmeros gols. Daí o apelido de Peito-de-Aço. Foi o centroavante bicampeão do Mundo nas Copas de 1958 e de 1962, marcando gols decisivos nas duas finais. Na Copa da Suécia, entrou machucado para jogar contra a poderosa União Soviética, o que não o impediu de assinalar os dois gols da vitória brasileira. Vestiu 25 vezes a camisa da Seleção, marcando em 15 oportunidades.

Edvaldo Izídio Neto, conhecido por Vavá e depois apelidado de "peito de aço", nasceu em Lagoa dos Gatos, PE, em 12/11/1934. Iniciou sua carreira futebolística jogando nas categorias inferiores do Sport Recife, como meia-armador, sendo campeão junior em 1949. Ao passar para o quadro principal, em 1950, passou a atuar como centroavante e seu faro de gol e suas arrancadas estilo Ademir, logo chegaram aos ouvidos dos dirigentes do Vasco da Gama que se apressaram em contratá-lo.  Inicialmente, no clube cruz-maltino, jogou nos juvenis, sendo imediatamente convocado para a Seleção Brasileira de Amadores que participou das Olimpíadas de Helsinque.

No Vasco da Gama, nos anos 1950.
Sua estréia na seleção brasileira principal foi no dia 13 de novembro de 1955 no estádio Mário Filho, o Maracanã. Noventa e cinco mil pessoas viram o Brasil fazer 3 a 0 no Paraguai, em partida válida pela Taça Oswaldo Cruz. Pelas atuações nas Copas de 58 e 62 recebeu o apelido de "Leão da Copa". Marcou 5 gols na Copa de 58 e 4 na de 62, sendo um dos co-artilheiros da competicão. É o único jogador na história das Copas a marcar gols em duas finais: 58 contra a Suécia (2 gols) e 62 contra a Tchecoslováquia (1 gol). Vestiu a "canarinha" 25 vezes, marcando 15 gols.

Além de jogar na seleção brasileira, no Vasco e no Sport, Vavá passou também pelo Atlético de Madrid (1958 a 1961) da Espanha, Palmeiras (1961 a 1964), América do México (1964 a 1967) e San Diego dos EUA (1967 a 1969).

Em 1981, dirigiu a seleção canarinho no Mundial de Juniores. Continuando sua carreira pelo escrete canarinho após o fim da carreira, foi auxiliar técnico de Telê Santana no time que disputou a Copa do Mundo de 1982, na Espanha.

O grande Vavá morreu aos 67 anos no dia 19 de janeiro de 2002, no Rio de Janeiro, por problemas cardíacos.

Vavá marcando contra a França, na Copa da Suécia, em 1958

Clubes em que jogou

América Futebol Clube do Recife (1948), Íbis Sport Club (1948), Sport Club do Recife (1949-1950), Vasco da Gama-RJ (1951 a 1958), Atlético de Madrid (Espanha) (1958 a 1961), Palmeiras-SP (1961 a 1964), América (México) (1964 a 1965, e 1966 a 1967), Elche (Espanha) (1965 a 1966), Toros Naza (México) (1967 a 1968), San Diego Toros (EUA) (1968 a 1969) e Portuguesa-RJ - (1969 - onde encerrou sua carreira).

História na Seleção Brasileira

Pela Seleção Brasileira: 23 partidas, 19 vitórias, 3 empates, 1 derrota, 14 gols; Contra Seleções Nacionais: 20 partidas, 16 vitórias, 3 empates, 1 derrota, 14 gols; Contra Clubes ou Seleções Estaduais: 3 partidas, 3 vitórias; Seleção Olímpica: 3 partidas, 2 vitórias, 1 derrota, 1 gol; Jogou na Copa do Mundo de 1958 e 1962

Títulos

Copa do Mundo (1958 e 1962) - Seleção Brasileira; Campeonato Carioca (1952, 1956 e 1958) - Vasco da Gama; Torneio de Paris (1957) - Vasco da Gama; Torneio Rio-São Paulo (1958) - Vasco da Gama; Taça Oswaldo Cruz (1958 e 1962) - Seleção Brasileira;   Campeonato Paulista (1963) - Palmeiras.

Fontes: Revista Placar; Wikipédia; Super Vasco.
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Adivinha, adivinhão

Era uma vez um homem muito sabido mas infeliz nos negócios. Já estava ficando velho e continuava pobre como Jó. Pensou muito em melhorar sua vida e resolveu sair pelo mundo dizendo-se adivinhão. Dito e feito. Arranjou uma trouxa com a roupa e largou-se.

Depois de muito andar chegou ao palácio de um rei e pediu licença para dormir. Quando estava ceando o rei lhe disse que o palácio estava cheio de ladrões astuciosos. Vai o homem e se oferece para descobrir tudo, ficando um mês naquela beleza. O rei aceitou.

No outro dia, o homem passou do bom e do melhor e não descobriu coisa alguma. Na hora de cear, quando o criado trazia o café, o adivinho exclamou, referindo-se ao dia que passara:

— Um está visto!

O criado ficou branco de medo porque era justamente um dos larápios. No dia seguinte veio outro criado ao anoitecer e o adivinhão repetiu:

— O segundo está aqui!

O criado, também gatuno, empalideceu e atirou-se de joelhos, confessando tudo e dando o nome do terceiro cúmplice. Foram presos e o rei ficou satisfeito com as habilidades do adivinho.

Dias depois roubaram a coroa do rei e este prometeu uma riqueza a quem adivinhasse o ladrão. O adivinho reuniu todos os criados numa sala e cobriu um galo com uma toalha. Depois explicou que todos deviam passar a mão nas costas do galo. O adivinho, cada vez que alguém ia meter o braço debaixo da toalha, fazia piruetas e dizia alto:

— Adivinha, adivinhão. A mão do ladrão!

Todos acabaram de fazer o serviço e o adivinho mandou que mostrassem a palma da mão. Dois homens estavam com as mãos limpas e os demais sujos de fuligem.

— Prendam estes dois que são os ladrões da coroa!

Os homens foram presos e eram eles mesmos. A coroa foi achada. O adivinho explicou a manobra. O galo estava coberto de tisna de panela, emporcalhando a mão de quem lhe tocasse nas costas. Os dois ladrões não quiseram arriscar a sorte e por isso fingiram apenas que o faziam, ficando com as mãos limpas.

O rei deu muito dinheiro ao adivinhão e este voltou rico para sua terra.

(Versão registrada por Luís da Câmara Cascudo, informada por Benvenuta de Araújo, em Natal, RN).
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Fonte: Brandão, Téo. Seis contos populares do Brasil. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Folclore; Maceió, Universidade Federal de Alagoas, 1982, p.46-47.
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Amansando a mulher

Um rapaz enamorou-se de uma menina muito bonita e prendada, mas foi avisado pelos amigos de que ela possuía um grave defeito: teimava sem que ninguém a convencesse.

O rapaz, que estava gostando muito da moça, decidiu-se a pedir-lhe a mão em casamento, apesar das informações.

O futuro sogro chamou-o para uma conversa reservada e disse-lhe a mesma coisa. A filha era boa dona de casa, honesta, econômica e séria, mas teimava como jumento.

— Não se preocupe com isso — respondeu o noivo — deixe por minha conta!

Casaram-se. Foram levados para a residência preparada e todos foram embora. Os recém-casados conversaram muito e, pela meia-noite, um galo começou a cantar. O marido resmungou:

— Eu pedi ao galo que deixasse a cantiga para mais tarde.

Continuaram conversando e, de novo, o galo os interrompeu.

— Galo teimoso! Merece um castigo. Se ele cantar novamente...

O galo voltou a cantar. O rapaz segurou a espada, desembainhou-a e saiu. Voltou com o galo atravessado na lâmina da arma. Espetou-a num canto do quarto e disse para sua assombrada esposa:

— Para quem é teimoso, tenho ponta de espada!

A mulher encolheu-se toda, tremendo de medo. Nunca se atreveu a teimar. Viveram como Deus com os anjos.

O velho sogro é que ficou espantado com a obediência da filha e tanto perguntou ao genro o segredo que este lho confiou. Deliberou o velho empregar o mesmo processo e, durante a noite, assim que o galo cantou, ele deixou a cama e voltou com o pobre bicho espetado numa faca. E disse, muito sério:

— Para quem é teimoso, tenho ponta de faca!

A velha, sem se alterar, respondeu:

— Perdeu seu tempo! Mata-se o galo na primeira noite, seu bobo.
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Fonte: Jangada Brasil (Em Cascudo, Luís da Câmara. Literatura oral no Brasil. 3ª ed. Belo Horizonte / São Paulo, Editora Itatiaia / Editora da Universidade de São Paulo, 1984. Reconquista do Brasil - nova série, v. 84, p.307-308).
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