quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Bussunda

Bussunda (Cláudio Besserman Vianna), comediante, nasceu no Rio de Janeiro RJ, em 25/6/1962, e faleceu em Vaterstetten, Alemanha, em 17/6/2006. O apelido teria nascido na adolescência, com a mistura dos nomes Besserman e Sujismundo surgindo "Bessermundo" e mais tarde, "Bussunda". Já o próprio humorista dizia que o apelido era a mistura "das duas coisas que eu mais gosto".

Filho de Luís Guilherme Vianna e Helena Besserman Vianna, era torcedor do Flamengo e, em 1989, casou-se com a apresentadora Angélica Nascimento, de quem teve uma filha, Júlia.

Seu irmão Sérgio Besserman foi presidente do IBGE (por isso às vezes o IBGE era chamado no programa humorístico Casseta & Planeta de "Instituto do Irmão do Bussunda").

Bussunda não tinha interesse pelos estudos. Quando adolescente, chegou a ser reprovado com nota zero em todas as matérias. Ainda assim, no vestibular ficou em penúltimo lugar para o segundo semestre do curso de comunicação social da UFRJ. Como o mesmo disse: "Na faculdade pública meus pais não podiam reclamar que pagavam mensalidade e a faculdade ajudava no meu projeto de vida de não fazer nada. Não me formei, mas foram ótimos anos."

Começou sua carreira trabalhando como redator do jornal humorístico Casseta Popular. Fundado por Beto Silva, Marcelo Madureira e Hélio de la Peña em 1978, o jornal fez sucesso no início da década de 1980 ao combinar o humor escrachado com a crítica política e de comportamento. Na época, ele ainda era estudante de jornalismo na UFRJ. Esse jornal daria origem à revista Casseta Popular e viria a se tornar um dos embriões do Casseta & Planeta.  Além do bom humor, uma de suas fortes características era zombar do próprio fato de ser glutão, o que o levava a imitar personagens com semelhante qualidade.

Nos anos 80 inicia suas participações na TV, primeiro como apresentador do programa adolescente de debates Cabeça Feita (TVE Brasil), mais tarde (1988) contratado como redator do programa TV Pirata, que era exibido na Rede Globo. Ainda em 1988, Bussunda se tornou destaque natural do show Eu vou tirar você desse lugar, início da parceria musical da Casseta Popular com o Planeta Diário (mais tarde, Banda Casseta & Planeta). A parceria se estenderia aos programas Doris para Maiores (1991) e Casseta & Planeta, Urgente! (1992 ).

Desde 1992, era um dos protagonistas do programa humorístico Casseta & Planeta, Urgente!, exibido pela Rede Globo. Mesmo após a criação do programa, Bussunda continuou a atuar como cronista e jornalista independente.

Com os mesmos companheiros de televisão escreveu onze livros, lançou três discos, encenou uma peça de teatro e protagonizou um filme em 2003, A Taça do Mundo é Nossa (e Seus Problemas Acabaram, lançado em 2006 postumamente). Ainda no cinema, fez uma participação especial no filme Como ser solteiro e dublou o personagem principal da animação Shrek.

Faleceu na Alemanha, com apenas 43 anos, enquanto realizava a cobertura da Copa do Mundo de 2006 para o Casseta & Planeta.

Fonte: Biografia baseada na Wikipedia.
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Antônio Fagundes

Antônio Fagundes (Antônio da Silva Fagundes Filho), ator, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 18/04/1949. Um dos mais bem-sucedidos intérpretes de sua geração, transita dos tipos rústicos aos refinados, englobando uma extensa galeria de criações do repertório nacional e internacional. Nasceu no Rio, mas mudou com seus pais para São Paulo aos oito anos de idade e morou lá por mais de 30 anos.

Iniciou no teatro amador e estudantil em 1963, sendo absorvido pelo Teatro de Arena de São Paulo na montagem de Farsa do Cangaceiro, Truco e Padre, de Chico de Assis, pelo Núcleo 2 da companhia, em 1967. 

Permaneceu no Teatro de Arena até sua dissolução, nas montagens de Arena Conta Tiradentes, de Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri, La Moschetta, de Angelo Beolco, e O Círculo de Giz Caucasiano, de Bertolt Brecht, em 1967; Primeira Feira Paulista de Opinião, com textos de Lauro César Muniz, Bráulio Pedroso, Gianfrancesco Guarnieri, Jorge Andrade, Plínio Marcos e Augusto Boal, em 1968, e A Resistível Ascensão de Arturo Ui, também de Bertolt Brecht, em 1970, direções de Augusto Boal.

Em 1969 esteve em Hair, de Gerome Ragni e James Rado, com Ademar Guerra; O Cão Siamês, de Antônio Bivar, ao lado de Yolanda Cardoso e Marta Saré, de Gianfrancesco Guarnieri e Edu Lobo, com Fernanda Montenegro e direção de Fernando Torres. Castro Alves Pede Passagem, texto e direção de Gianfrancesco Guarnieri foi criado em 1971; participando, no ano seguinte, de Pequenos Assassinatos, texto de Jules Feiffer, dirigido por Osmar Rodrigues Cruz. Com o mesmo diretor, em seguida, integrou a montagem de Um Grito de Liberdade, de Sérgio Viotti, produção do Teatro Popular do Sesi - TPS.

Em 1973 protagonizou duas realizações bem-sucedidas: Godspell, um musical da Broadway, e O Evangelho Segundo Zebedeu, de César Vieira, numa direção de Silnei Siqueira para o Teatro da Cidade de Santo André. As criações de Caminho de Volta, texto de Consuelo de Castro, em 1974, e Muro de Arrimo, de Carlos Queiroz Telles, em 1975, ligam-no ao teatro de resistência do período mais conturbado com a Censura.

Nos anos seguintes surgiu em montagens significativas, sempre com muita projeção, como Gata em Telhado de Zinco Quente, de Tennessee Williams, encenação de Paulo José, numa produção da Companhia Tereza Raquel, em 1976; A História é Uma História, de Millôr Fernandes em 1978, e, sobretudo, Sinal de Vida, de Lauro César Muniz, 1979. Associado a Antônio Abujamra empreendeu um projeto de longa duração, ocupando o Teatro Brasileiro de Comédia - TBC, com uma programação voltada ao experimentalismo. Ali, lançou novos autores nacionais, ele próprio escrevendo Pelo Telefone, um dos textos encenados, em 1980.

A bem-sucedida montagem de O Homem Elefante, de Bernard Pomerance, em 1981, impulsionou Fagundes à criação de uma companhia com elenco fixo e uma linha artística de repertório, que no ano seguinte, estreiou Morte Acidental de um Anarquista, de Dario Fo, como Companhia Estável de Repertório - CER. Seguiram-se: Xandu Quaresma, de Chico de Assis, em 1983; e Cyrano de Bergerac, de Edmond Rostand, espetáculo de Flávio Rangel, em 1985; Carmem com Filtro, primeira direção de Gerald Thomas em São Paulo, em 1986, mesmo ano em que criou Nostradamus, de Doc Comparato, direção de Antônio Abujamra.

Nos anos seguintes, a CER buscou um repertório mais experimental, com a ambiciosa adaptação teatral de Fragmentos de um Discurso Amoroso, de Roland Barthes, encenação de Ulysses Cruz, em 1988. Uma associação com artistas franceses resultou na mal-sucedida O País dos Elefantes, de Louis Charles Sirjacq e direção de Alain Millianti, espetáculo que mesclou anseios de liberdade em diversos pontos do planeta, apresentado no Festival de Avignon, França.

Com Ulysses Cruz, participou da montagem de História do Soldado, de Igor Stravinsky e C. F. Ramuz, montagem comemorativa do vigésimo aniversário do Teatro Municipal de Santo André, em 1990; e produziu: Macbeth, de William Shakespeare, em 1992; a comédia Vida Privada, de Mara Carvalho, em 1994; Oleanna, de David Mamet, em 1996. Sob a direção de Jorge Takla, atua em Últimas Luas, de Furio Bordon, em 1999, e com direção de Bibi Ferreira, em Sete Minutos, comédia de sua autoria, 2002.

Estreou na televisão em 1969, na telenovela Nenhum Homem é Deus, da TV Tupi. Começou na Rede Globo em 1976, na telenovela Saramandaia. Atuou também, por vários anos, como protagonista da série Carga Pesada, de 1979 a 1981, e de 2003 a 2007.

O ator tem quatro filhos: Dinah Abujamra Fagundes, empresária, Antônio Fagundes Neto, publicitário, e Diana Abujamra Fagundes, produtora e radialista, de seu primeiro casamento com a também atriz, bailarina e diretora Clarisse Abujamra com quem foi casado por 15 anos, e Bruno Fagundes, com sua ex-mulher a atriz Mara Carvalho.

Carreira artística

Novelas

* 1968 - Antônio Maria
* 1969 - Nenhum Homem é Deus.... Netinho
* 1972 - A Revolta dos Anjos.... Vítor
* 1973 - Mulheres de Areia.... Alaor
* 1974 - O Machão.... Petruchio
* 1972 - Bel-Ami.... Cadu
* 1976 - Saramandaia.... Lua Viana
* 1977 - Nina - Bruno
* 1978 - Dancin' Days.... Cacá
* 1983 - Champagne.... João Maria
* 1983 - Louco Amor.... Jorge Augusto
* 1984 - Corpo a Corpo.... Osmar
* 1988 - Vale Tudo.... Ivan Meireles
* 1990 - Rainha da Sucata.... Caio Szimanski
* 1991 - O Dono do Mundo.... Felipe Barreto
* 1993 - Renascer.... José Inocêncio
* 1994 - A Viagem.... Otávio César Jordão
* 1995 - A Próxima Vítima.... Astrogildo
* 1996 - O Rei do Gado.... Bruno Mezenga / Antônio Mezenga
* 1997 - Por Amor.... Atílio
* 1999 - Terra Nostra.... Gumercindo
* 2001 - Porto dos Milagres.... Félix Guerrero / Bartolomeu Guerrero
* 2002 - Esperança.... Giuliano
* 2002 - Vale Todo.... Salvador
* 2007 - Duas Caras.... Juvenal Antena
* 2008 - Negócio da China.... Ernesto Dumas
* 2010 - Tempos Modernos - Leal Cordeiro
* 2011 - Insensato Coração - Raul Brandão

Minisséries e Seriados

* 1978 - Caso Especial: Jorge, um Brasileiro.... Jorge
* 1979/1981 - Carga Pesada.... Pedro
* 1981 - Amizade Colorida.... Edu
* 1982 - Avenida Paulista.... Alex Torres
* 1982 - Caso Verdade: Filhos da Esperança.... Jasper Palmer
* 1991 - Mundo da Lua.... Rogério Silva
* 1992 - Você Decide, O Sonho Dourado
* 1995 - Engraçadinha... Seus Amores e Seus Pecados.... Dr.Bergamini
* 1995 - A Comédia da Vida Privada.... Beto
* 1998 - Labirinto.... Ricardo Velasco
* 2002 - Brava Gente.... José
* 2003/2007 - Carga Pesada.... Pedro
* 2005 - Mad Maria.... Ministro J. de Castro
* 2010 - As Cariocas.... Oscar (Cacá)

Programas de auditório

* 1981/1983 - É Proibido Colar ... Apresentador

Outros programas

* 1992 - Você Decide.... Apresentador

No teatro

* 1964 - A ceia dos cardeais
* 1966 - Atlantic’s queen
* Arena canta Tiradentes
* Feira paulista de opinião
* A resistível ascensão de Arturo Ui
* Castro Alves pede passagem
* 1980 - Pelo telefone
* 1985 - Cyrano de Bergerac
* 1986 - Xandu Quaresma
* 1988 - Fragmentos de um discurso amoroso
* 1992 - Macbeth
* 1994 - Vida privada
* 1996 - Oleanna
* 1999 - Últimas luas
* 2002 - Sete minutos
* 2005 - As Mulheres da Minha Vida
* 2008 - Restos

No cinema

* 1967 - Sandra, Sandra
* 1969 - A Compadecida
* 1971 - Eterna Esperança
* 1975 - A Noite das Fêmeas
* 1975 - Eu faço... Elas Sentem
* 1976 - Elas São do Baralho
* 1977 - Vida Vida
* 1978 - A Noite dos Duros
* 1978 - Doramundo
* 1979 - O Menino Arco-Íris
* 1979 - Gaijin – Os Caminhos da Liberdade
* 1980 - Os Sete Gatinhos
* 1981 - Pra Frente, Brasil
* 1982 - Tchau, amor
* 1982 - As Aventuras de Mário Fofoca
* 1982 - Das Tripas Coração
* 1982 - Carícias Eróticas
* 1983 - A Próxima Vítima
* 1983 - O Menino Arco-Íris
* 1985 - Jogo duro
* 1986 - Besame mucho
* 1986 - Anjos da noite
* 1987 - Eternamente Pagu
* 1987 - A Dama do Cine Shanghai
* 1987 - Leila Diniz
* 1988 - Barbosa
* 1989 - O Corpo
* 1992 - Beijo 2348/72
* 1993 - Era Uma Vez no Tibet
* 1996 - Doces Poderes
* 1998 - Fica Comigo
* 1999 - No Coração dos Deuses
* 1999 - O Tronco
* 1999 - Paixão Perdida
* 2000 - O Grinch (dublagem)
* 2000 - Bossa nova
* 2000 - Villa-Lobos - Uma Vida de Paixão
* 2003 - Sete Minutos
* 2003 - Deus É Brasileiro
* 2004 - A Dona da História
* 2005 - A Marcha dos Pinguins (dublagem)
* 2005 - Achados e perdidos

Discografia

* 1999 - Tributo a João Pacífico

Prêmios

* 1985 - Prêmio Molière, melhor ator de teatro por Cyrano de Bergerac.
* 1988 - Rio Cine Festival, melhor ator (cinema) por A Dama do Cine Shanghai
* 1988 - Prêmio Molière, melhor ator de teatro por Fragmentos de um Discurso Amoroso.
* 1991 - Troféu Imprensa, melhor ator de televisão por O Dono do Mundo.
* 1992 - Festival Internacional del Cine (Cartagena de las Indias), melhor ator de cinema por O Corpo.
* 1993 - Troféu APCA, melhor ator de televisão por Renascer.
* 1993 - Troféu Imprensa, melhor ator de televisão por Renascer.
* 1997 - Prêmio Contigo! - melhor ator de televisão por Por Amor'.
* 1999 - Prêmio da Casa da Cultura de Roma, teatro
* 1999 - Prêmio Qualidade Brasil, melhor ator de teatro e televisão pelo conjunto de trabalhos.
* 1999 - Troféu APCA, melhor ator de teatro por Últimas Luas.
* 2000 - Troféu Super Cap de Ouro, televisão por Terra Nostra.
* 2001 - Prêmio Qualidade Brasil, RJ - melhor ator de televisão por Porto dos Milagres.
* 2001 - Prêmio Qualidade Brasil, SP - melhor ator de televisão por Porto dos Milagres.
* 2001 - Melhores do Ano, Domingão do Faustão - melhor ator de televisão por Porto dos Milagres.
* 2001 - Prêmio Contigo! - melhor ator de televisão por Porto dos Milagres.
* 2008 - Prêmio Qualidade Brasil - melhor ator de televisão por Duas Caras.
* 2008 - Troféu Super Cap de Ouro, televisão por Duas Caras.

Fontes: Wikipédia; Enciclopédia Itaú Cultural - Teatro.
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O cemitério

Pelas ruas de túmulos, fomos calados. Eu olhava vagamente aquela multidão de sepulturas, que trepavam, tocavam-se, lutavam por espaço, na estreiteza da vaga e nas encostas das colinas aos lados. Algumas pareciam se olhar com afeto, roçando-se amigavelmente; em outras, transparecia a repugnância de estarem juntas.

Havia solicitações incompreensíveis e também repulsões e antipatias; havia túmulos arrogantes, imponentes, vaidosos e pobres e humildes; e, em todos, ressumava o esforço extraordinário para escapar ao nivelamento da morte, ao apagamento que ela traz às condições e às fortunas.

Amontoavam-se esculturas de mármore, vasos, cruzes e inscrições; iam além; erguiam pirâmides de pedra tosca, faziam caramanchéis extravagantes, imaginavam complicações de matos e plantas - coisas brancas e delirantes, de um mau gosto que irritava. As inscrições exuberavam; longas, cheias de nomes, sobrenomes e datas; em vão procurei ler nelas celebridades, notabilidades mortas; não as encontrei.

E de tal modo a nossa sociedade nos marca um tão profundo ponto, que até ali, naquele campo de mortos, mudo laboratório de decomposição, tive uma imagem dela, feita inconscientemente de um propósito, firmemente desenhada por aquele acesso de túmulos pobres e ricos, grotescos e nobres, de mármore e pedra, cobrindo vulgaridades iguais umas às outras por força estranha às suas vontades, a lutar...

Fomos indo. A carreta, empunhada pelas mãos profissionais dos empregados, ia dobrando as alamedas, tomando ruas, até que chegou à boca do soturno buraco, por onde se via fugir, para sempre do nosso olhar, a humildade e a tristeza do contínuo da Secretaria dos Cultos.

Antes que lá chegássemos, porém, detive-me um pouco num túmulo de límpidos mármores, ajeitados em capela gótica, com anjos e cruzes que a arrematavam pretensiosamente.

Nos cantos da lápide, vasos com flores de biscuit e, debaixo do vidro, à nívea altura da base da capelinha, em meio corpo, o retrato da morta que o túmulo engolira. Como se estivesse na rua do Ouvidor, não pude suster um pensamento mau e quase exclamei:

- Bela mulher!

Estive a ver a fotografia e logo em seguida me veio à mente que aqueles olhos, que aquela boca provocadora de beijos, que aqueles seios túmidos, tentadores de longos contatos carnais, estariam àquela hora reduzidos a uma pasta fedorenta, debaixo de uma porção de terra embebida de gordura.

Que resultados teve a sua beleza na terra? Que coisas eternas criaram os homens que ela inspirou? Nada, ou talvez outros homens, para morrer e sofrer. Não passou disso, tudo mais se perdeu; tudo mais não teve existência, nem mesmo para ela e para os seus amados; foi breve, instantâneo, e fugaz.

Abalei-me! Eu que dizia a todo mundo que amava a vida, eu que afirmava a minha admiração pelas coisas da sociedade - eu meditar como um cientista profeta hebraico! Era estranho! Remanescente de noções que se me infiltraram e cuja entrada em mim mesmo eu não percebera! Quem pode fugir a elas?

Continuando a andar, adivinhei as mãos da mulher, diáfanas e de dedos longos; compus o seu busto ereto e cheio, a cintura, os quadris, o pescoço, esguio e modelado, as espáduas brancas, o rosto sereno e iluminado por um par de olhos indefinidos de tristeza e desejos...

Já não era mais o retrato da mulher do túmulo; era de uma, viva, que me falava.

Com surpresa, verifiquei isso.

Pois eu, eu que vivia desde os dezesseis anos, despreocupadamente, passando pelos meus olhos, na rua do Ouvidor, todos os figurinos dos jornais de modas, eu me impressionar por aquela menina do cemitério! Era curioso.

E, por mais que procurasse explicar, não pude.

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por Lima Barreto
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