Tempos atrás, eu ouvi a história de um comerciante que resolveu revender o Guaraná Jesus em São Paulo. Trata-se de um refrigerante cor-de-rosa, com leve sabor de cravo e canela que é uma marca de grande sucesso de vendas no Maranhão.
Segundo consta, a fórmula da bebida foi criada pelo farmacêutico Jesus Norberto Gomes que, por ironia do destino, teria sido ateu e foi excomungado após uma agressão física contra um padre.
Originalmente, Norberto visava finalidades medicinais, assim como o farmacêutico John Pemberton, criador da formula do refrigerante Coca-Cola®. Consta que o guaraná deveria servir para os males do estômago, assim como à Coca-Cola® deveria agir no alivio de dores de cabeça.
Não se abatendo com o fracasso da proposta medicinal, Norberto usou o xarope para produzir uma bebida para os netos. A aceitação foi tanta que a bebida extrapolou os limites familiares para cair nas graças dos consumidores maranhenses.
O Guaraná Jesus ganhou o mercado local sem precisar de vultosas campanhas publicitárias ao seu redor. Sob os slogans "O Sonho Cor-De-Rosa", "Abençoe sua sede!", "Guaraná Jesus, porque nem só de pão vive o Homem" e "Fé no estômago", a bebida, literalmente, obteve a aprovação do gosto popular.
Em 2001, ele foi incorporado pela The Coca-Cola Company que intencionava extinguir a marca por competir vitoriosamente contra o produto americano. A multinacional seguia à risca a estratégia de comprar e fechar as fábricas concorrentes ao redor do mundo com a conivência dos governos de onde estava instalada.
O caso do Maranhão é atípico porque a resposta dos maranhenses foi organizar um boicote à compra de Coca-Cola®. O mote "Volta Jesus!" deu voz ao protesto e o governo do Maranhão interferiu, proibindo o fechamento da fábrica. Diante disso, a Coca-Cola teve que ceder e recolocar o refrigerante no mercado. Porém, restringiu a sua distribuição àquele estado.
Voltando ao comerciante paulistano, ao tomar contato com a marca, ele apostou na ideia de ir à porta das Igrejas e vender para os evangélicos. Sua estratégia de vendas foi descrita através da seguinte cena:
- Irmão, você aceita "Jesus" na sua vida?
- Sim, eu a-aceito! - responde o irmão meio embaraçado.
- Irmão, você aceita deixar que "Jesus" entre dentro de você para saciar a sua sede?
- S-s-sim...
- Então: toma "Jesus", irmão! - diz, entregando uma amostra para degustação.
Essa história serve apenas para ilustrar um artifício comercial e não está sendo narrada para condenar a atitude do negociante que fez uma associação bastante lógica e anedótica para encontrar o seu nicho de mercado. A reação natural deveria ser o riso, sem qualquer sentimento de indignação, pois o Guaraná Jesus é somente um produto que obteve grande sucesso através da coincidência dos nomes e a popularidade do Filho de Deus.
Fonte: http://midiailluminati.blogspot.com/2011/01/o-nome-de-jesus.html