terça-feira, 14 de junho de 2011

Barão de Itararé

Barão de Itararé era o pseudônimo do jornalista e humorista Aparicio Torelly, cujas sátiras políticas marcaram a primeira metade do século XX. Nascido em viagem ao Uruguai, era filho de um federalista revolucionário gaúcho, neto de americano e tornou-se um famoso humorista da imprensa da década de 20.

Em 1919, abandonou a Faculdade de Medicina para atender a conferências humorísticas, lançando no mesmo ano o livro "Versos Diversos". Em 1925, trabalhava em O Globo, Diário da Noite e A Manhã, neste último com a seção Amanhã Tem Mais. Devido as suas sátiras políticas, chegou a ser preso diversas vezes na época de Getulio Vargas.

Em 1946, fundou A Manha, um semanário ornamentado com caricaturas humorísticas e tendo como slogan, um órgão de ataque... de riso. O desenho do título era idêntico ao da A Manhã, sem o til. Ele o chamava de o quintaferino que saía às sextas e como estava em vigor o racionamento do troco, por causa da guerra, custava exatamente um passe de bonde. Tratava-se de uma crítica cômica aos jornais da época, contendo semelhantes, como conselho fiscal, consultor jurídico, cartomante própria para as profecias do fim do ano, sempre assinadas com nomes de políticos de então, sob a forma de trocadilhos. Tinha também uma página literária, Arte &  Manha, outra para a cobertura internacional, além do noticiário policial e esportivo. Nasceu em 1926, em prédio impróprio, interrompeu sua tiragem entre 1930 e 1946, devido à prisão do proprietário.

Foi nessa particular ocasião em que o Barão tornou-se companheiro de Graciliano Ramos no presídio da rua Frei Caneca, no Rio de Janeiro. Em "Memórias do Cárcere", há uma referência ao humorista. Considerado inquietante para os políticos, o jornal acabou encerrando sua carreira em 1957. Em 1989, era reeditado o Almanaque para o primeiro semestre de 1955, um grosso volume de artigos, contos e ditados escrito no tom dos antigos almanaques que se distribuíam em farmácias.

Itararé passou a ocupar um lugar de honra na imprensa brasileira e, de sua história, pode-se destacar trechos memoráveis:

- As tropas legalistas tomaram Parati e evacuaram Pedregulho (Revolução de 30)
- A Mulher deve casar. O homem, não.
- É Melhor dois marimbondos voando que um na mão.
- Quando pobre come frango, um dos dois está doente.
- O que se leva desta vida é a vida que a gente leva.
- A liberdade é como os artigos de natal. Não tem preço fixo.

O jornalista faleceu aos 76 anos, em 27 de novembro de 1971.

Fonte: Barão de Itararé no Memorial da Fama.
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O analfabeto e a professora

Foi quando abriram a escolinha para alfabetização de adultos, ali no Catumbi, que a Ioná resolveu cola­borar. Essas coisas funcionam muito na base da boa von­tade, porque alfabetizar adultos, nunca preocupou muito o Governo.

No Brasil, geralmente, quando o camarada che­ga a um posto governamental, acha logo que todos os problemas estão resolvidos, sem perceber que — ao ocu­par o posto - os problemas que ele resolveu foram os dele e não os do País. Mas isto deixa pra lá.

Eu falava no caso da Ioná. Quando inauguraram o curso de alfabetização de adultos no Catumbi, os bene­méritos fundadores andaram catando gente para ensinar, e entre os catados estava um padre, que era muito bonzinho e muito amigo da família da Ioná. O piedoso sacerdo­te sabia que ela tinha um curso de professora tirado na PUC, e só não professorava porque tinha ficado noiva.

Mas depois — isto eu estou contando pra vocês porque todo mundo sabe, portanto não é fofoca não — a Ioná desmanchou o noivado. Ela era uma moça moderna e viu que o casamento não ia dar certo; o noivo era muito qua­drado, embora para certas coisas fosse redondíssimo.

Enfim, a Ioná tinha o curso mas não usava pra nada, e aí o padre perguntou se ela não queria ser também pro­fessora no Curso de Alfabetização de Adultos do Catum­bi. Ela topou a coisa, e as aulas começaram.

No início eram poucos alunos, mas depois houve muito analfabeto interessado, e o curso se tornou bem mais animado. Uns dizem que esse aumento de interesse foi por causa da administração bem feita, outros - mais realistas, talvez - acharam que o aumento de interesse foi por causa da Ioná, que também era muito bem feita.

Professora certinha tava ali. Tamanho universal, sem­pre risonha, corpinho firme, muito afável, e um palmo de rosto que a gente olhando de repente lembrava muito a Cláudia Cardinale. Além disso, ela ensinava mesmo. Seus alunos, para impressioná-la, caprichavam nos estudos, e sua turma tornou-se em pouco tempo a mais adiantada de todas.

Só um aluno era o fim da picada. Sujeito burro e duro de cabeça. Era um rapaz até muito bem apessoado, alto, louro, que trabalhava numa fábrica de tecidos. Chamava-se Rogério, era esforçado, educado, mas não conseguia ler a letra "o" escrita num papel. A turma se adiantando e ele ficando para trás. Ioná tinha pena dele, mas não sabia mais o que fazer, até que uma noite (os cursos eram no­turnos) ela fez ver ao Rogério que assim não podia ser, e ele ficou tão triste que a Ioná sentiu pena e perguntou se ele não queria que ela lhe desse umas aulas particulares.

— Seria bom sim - ele falou. E, então, sempre que terminavam as aulas, aluno e professora seguiam para a casa dela para repassarem os estudos da noite. Era um caso curioso o desse aluno, que se mostrava tão esperto, tão comunicativo, mas que não conseguia vencer as li­ções da cartilha. O livro aberto na frente dele e ele sem saber se foi Eva que viu a uva ou se foi vovô que viu o ovo.

Mas, justiça se faça, com as aulas particulares Rogé­rio melhorou um pouquinho. Não o suficiente para acompanhar o adiantamento da turma, mas — pelo menos — já soletrava mais ou menos.

Nesta altura o CAAC — Curso de Alfabetização de Adultos do Catumbi — já progredira a ponto de se tornar uma escola oficializada, e a Ioná estava tão interessada no Rogério que tinha noite até que ele ficava pra dormir.

Quando chegou o dia das provas e iam lá o inspetor de ensino e outras autoridades pedagógicas, Ioná foi informada do evento e ficou nervosíssima. Disse para o seu aluno favorito que era preciso dar um jeito, que ele ia ser a vergonha da turma, etc. Ele pegou e falou pra ela que pra decorar era bonzinho e, se ela fosse lendo para ele, decoraria tudo.

Claro que a Ioná não levou muita fé no arranjo, mas como era o único, aceitou. Na noite das provas o Rogério esteve brilhante e parecia mesmo que decorara aquilo tudo. Ela ficou orgulhosíssima e, mais tarde, já em casa, enquanto desabotoava o vestido, perguntou:

— Puxa, como é que você conseguiu decorar aquilo tudo, querido, tendo trabalhado na fábrica o dia inteiro?

— Eu não trabalhei não. Eu telefonei para o meu pai e disse que não ia.

— O quê ??? Seu pai é o presidente da fábrica?

— E eu sou o vice.

Ela ficou besta: - Quer dizer que você já sabia ler... escrever...

— Desde os cinco anos, neguinha!
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Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. —  Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.
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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Como surgiu o biquini

Michelini Bernardini
Em 1946, Louis Réard fez pela moda praia uma verdadeira bomba atômica quando “batizou” uma peça de roupa de banho de “biquíni”, nome inspirado no Atol de Bikini, localizado no Oceano Pacífico.

Os testes da bomba atômica foram realizados cinco dias antes. Depois do fim da Segunda Guerra Mundial, era o grande acontecimento na época, e acabou sendo inspiração para o nome das invenções do engenheiro francês que cuidava do atelier de sua mãe.

Réard se inspirou no local de teste das bombas, o atol de Bikini, no sul do Pacífico, para batizar sua invenção, menor ainda do que a de Heim (por isso acabou se dando melhor e o biquíni estourou no mundo da moda como uma bomba atômica).

Pela origem latina do nome, parece não ter tido escolha mais perfeita para o nome: BI significa “dois” e KINI quer dizer “polegadas quadradas de Lycra”.

A sua idéia era tão desafiante que quando apareceu apenas poucas mulheres tiveram coragem de se exibir usando o biquíni. Quem teve de divulgar a nova sensação foi Micheline Bernardini, dançarina do Cassino do Paris (acostumada a se apresentar em panos mínimos nos musicais noturnos da casa).

Brigitte Bardot em Saint Tropez.
Em 1956, a francesa Brigitte Bardot imortalizou o traje no filme “E Deus Criou a Mulher”, ao usar um modelo xadrez vichy adornado com babadinhos.

O biquíni sofreu proibições em várias partes do mundo e inclusive no Brasil. O tempo foi passando, o biquíni diminuindo de tamanho e nos anos 1960 surge uma peça denominada “engana mamãe”, que de frente parecia um maiô, com uma espécie de tira no meio ligando as duas partes, e, por trás, um perfeito biquíni.

Mas foi no início dos 1970, que um novo modelo de biquíni brasileiro, ainda menor, surgiu para mudar o cenário e conquistar o mundo - a famosa tanga.


Fonte: http://kvinnas.fashionblog.com.br/2/#
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