segunda-feira, 16 de maio de 2011

O sabiá do Almirante

O Almirante gostava muito de ir ao cinema na sessão de oito às dez. Era um Almirante reformado e mui­to respeitado na redondeza por ser bravo que só bode no escuro. Naquela noite, quando se preparava para ir pro ci­nema, a empregada veio correndo lá de dentro, apavorada:

— Patrão, tem um homem no quintal.

Era ladrão. Pobre ladrãozinho. O Almirante pegou o 45, que tinha guardado na mesinha de cabeceira e saiu bufando para o quintal. Lá estava o mulato magricela, en­colhido contra o muro, muito mais apavorado que a do­méstica acima referida. O Almirante encurralou-o e deu o comando com sua voz retumbante:

— Se mexer leva bala, seu safado.

O ladrão tratou de respirar mais menos, sempre na encolha. E o Almirante mandou brasa:

— Isto que está apon­tado para você é um 45. Seu eu atirar te faço um furo no peito, seu ordinário. Agora mexe aí para ver só se eu não te mando pro inferno.

O ladrão estava com uma das mãos para trás e o Al­mirante desconfiou:

- Não tente puxar sua arma, que sua cabeça vai pe­los ares.

- Não é arma não — respondeu o ladrão com voz tímida: — É o sabiá.

- Ah... um ladrão de passarinho, hem? — vociferou o Almirante.

E, de fato, o Almirante tinha um sabiá que era o seu orgulho. Passarinho cantador estava ali. Elogiadíssimo pelos amigos e vizinhos. Era um gozo ouvir o bichinho quando dava seus recitais diários.

Vendo que o outro era um covarde o Almirante re­solveu humilhá-lo:

- Pois tu vais botar o sabiá na gaiola outra vez, vaga­bundo. Vai botar o sabiá lá, vai me pedir desculpas por tentar roubá-lo e depois vai me jurar por Deus que nunca mais passa pela porta da minha casa. Aliás, vai jurar que nunca mais passa por esta rua. Tá ouvindo?

O ladrão tava. Sempre de cabeça baixa e meio enco­lhido, recolocou o sabiá na gaiola. Jurou por Deus que nunca mais passava pela rua e até pelo bairro. O Almirante enfiou-lhe o 45 nas costelas e obrigou-o a pedir descul­pas a ele e à empregada. Depois ameaçou mais uma vez:

- Agora suma-se, mas lembre-se sempre que esta arma é 45. Eu explodo essa sua cabeça se o vir passando perto da minha casa outra vez. Cai fora.

O ladrão não esperou segunda ordem. Pulou o muro como um raio e sumiu.

O Almirante, satisfeito consigo mesmo, guardou a arma e foi pro cinema. Quando voltou, o sabiá tinha desaparecido.

Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.
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sábado, 14 de maio de 2011

A notável Tiffany Harp

Tiffany Harp (Tiffany Helga dos Santos), cantora e instrumentista, nasceu na cidade de Itajaí, Santa Catarina, em 19/06/1986, e surpreende pela sua performance artística, principalmente quando toca e interpreta o bom, antigo e autêntico "blues".

É uma legítima gaitista de blues clássico referenciada no início dos anos 50, na era da eletrificação do blues das gravações da chess records. Tem como suas principais influências: Little Walter, Sonny Boy Willianson II e Big Walter Horton.

Logo cedo foi despertada pelo amor à esse gênero musical e pela harmônica aonde desde 2003 vem tocando e com uma evolução extraordinária chamando a atenção de todos cada vez mais, pela sua qualidade técnica e evolução em um período tão curto de tempo.

Destaca-se através de seu conhecimento, sua virtuosidade e sua paixão por tocar o blues. Aliás, o dom é a sua virtude, mas a paixão é algo incomensurável, é uma força que essa artista tem dentro de si. Com uma pegada forte lembra ícones do blues da década de 50 e 60, o que é muito difícil de se ver nos dias de hoje.

Uma gaitista que sem dúvida nenhuma faz jus ao cenário nacional dos artistas de blues tradicional.

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Tiffany Harp no Greenwich Pub, casa noturna de Itajaí-SC.


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Um pouco sobre blues

O "blues" é uma forma musical vocal e/ou instrumental que se fundamenta no uso de notas tocadas ou cantadas numa frequência baixa, com fins expressivos, evitando notas da escala maior, utilizando sempre uma estrutura repetitiva.

Nos Estados Unidos surgiu a partir dos cantos de fé religiosa, chamadas "spirituals" e de outras formas similares, como os cânticos, gritos e canções de trabalho, cantados pelas comunidades dos escravos libertos, com forte raiz estilística na África Ocidental. Suas letras, muitas vezes, incluíam sutis sugestões ou protestos contra a escravidão ou formas de escapar dela.

Nos EUA o blues sempre esteve profundamente ligado à cultura afro-americana, especialmente aquela oriunda do sul dos Estados Unidos (Alabama, Mississipi, Louisiana e Geórgia), dos escravos das plantações de algodão que usavam o canto, posteriormente definido como "blues", para embalar suas intermináveis e sofridas jornadas de trabalho.

São evidentes tanto em seu ritmo, sensual e vigoroso, quanto na simplicidade de suas poesias que basicamente tratavam de aspectos populares típicos como religião, amor, sexo, traição e trabalho. Com os escravos levados para a América do Norte no início do século XIX, a música africana se moldou no ambiente frio e doloroso da vida nas plantações de algodão.

Porém o conceito de "blues" só se tornou conhecido após o término da Guerra Civil quando sua essência passou a ser como um meio de descrever o estado de espírito da população afro-americana. Era um modo mais pessoal e melancólico de expressar seus sofrimentos, angústias e tristezas. A cena, que acabou por tornar-se típica nas plantações do delta do Mississippi, era a legião de negros, trabalhando de forma desgastante, sobre o embalo dos cantos, os "blues".

Fontes: MySpace, Comunidade do Orkut, Wikipedia, Blog do Papa-Siri. 
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Vôos livres

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Estávamos caminhando pela curiosa praia do Buraco (logo depois do Pontal Norte aqui de Balneário) quando fotografei o vôo desse parapente. Os vôos partem do Morro do Careca, onde há uma espetacular vista panorâmica de toda a praia central de Balneário Camboriú. Esse morro é propício para prática de vôos livres também com asa delta. Fotos de 06/05/2011.

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