Era uma vez um moço muito preguiçoso, por nome João Grilo, casado de novo, mas não queria trabalhar. A mulher apertou com ele, que precisava ganhar mais, pois eles viviam de alugar o pasto para os tropeiros, naquele tempo, a vintém por cabeça, ché! o que dava?
João Grilo pensou, pensou e falou:
— Vou ser adivinhador!
Pegou três cavalos, dos melhores, que estavam de pouso, levou para o meio do matão e escondeu bem.
Os tropeiros, no outro dia, procuraram que procuraram, nada de encontrarem os cavalos. João Grilo propôs a eles adivinhar onde estavam os cavalos. Aceitaram. Arranjou um pouco de cinza e traçou, traçou no terreiro, fez umas historiadas e disse:
— Estão em tal e tal lugar, uma picada às direitas da estrada larga, no matão. Os tropeiros voltaram contentes com os cavalos e deram uma boa gratificação a João Grilo.
Ele foi se mostrar à mulher:
— Eu não disse que arranjava o dinheiro?
Depois mandou escrever um letreiro em cima da porta de sua casa: João Grilo, adivinhador.
Foram contar pro rei. O rei mandou buscar tal para o palácio e fazer a ele umas perguntas.
Se não respondesse, a cabeça dele voava pelos ares.
Fechou uma porca num quarto e mandou que ele adivinhasse. João Grilo se viu perdido, coçou a cabeça e falou:
— Agora é que a porca torce o rabo.
O rei gostou muito, pegou um grilo e fechou a mão.
— Me diga, então, o que é que eu tenho na mão?
O nosso homem lida que lida, viu que não podia adivinhar e respondeu:
— João Grilo está perdido!
O rei gostou.
Depois, sua majestade mandou encher de fezes uma tigela (com perdão da palavra!) e pôr na mesa no meio de outros pratos. Perguntou o que era.
João Grilo nada de adivinhar. Só pôde mesmo dizer:
— Bem, minha mãe me dizia que as minhas adivinhações iam dar em fezes!
Foi perdoado e saiu muito contente.
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Em Brandão, Téo. Seis contos populares do Brasil. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Folclore; Maceió, Universidade Federal de Alagoas, 1982, p.59. - Fonte: Jangada Brasil.
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João Grilo pensou, pensou e falou:
— Vou ser adivinhador!
Pegou três cavalos, dos melhores, que estavam de pouso, levou para o meio do matão e escondeu bem.
Os tropeiros, no outro dia, procuraram que procuraram, nada de encontrarem os cavalos. João Grilo propôs a eles adivinhar onde estavam os cavalos. Aceitaram. Arranjou um pouco de cinza e traçou, traçou no terreiro, fez umas historiadas e disse:
— Estão em tal e tal lugar, uma picada às direitas da estrada larga, no matão. Os tropeiros voltaram contentes com os cavalos e deram uma boa gratificação a João Grilo.
Ele foi se mostrar à mulher:
— Eu não disse que arranjava o dinheiro?
Depois mandou escrever um letreiro em cima da porta de sua casa: João Grilo, adivinhador.
Foram contar pro rei. O rei mandou buscar tal para o palácio e fazer a ele umas perguntas.
Se não respondesse, a cabeça dele voava pelos ares.
Fechou uma porca num quarto e mandou que ele adivinhasse. João Grilo se viu perdido, coçou a cabeça e falou:
— Agora é que a porca torce o rabo.
O rei gostou muito, pegou um grilo e fechou a mão.
— Me diga, então, o que é que eu tenho na mão?
O nosso homem lida que lida, viu que não podia adivinhar e respondeu:
— João Grilo está perdido!
O rei gostou.
Depois, sua majestade mandou encher de fezes uma tigela (com perdão da palavra!) e pôr na mesa no meio de outros pratos. Perguntou o que era.
João Grilo nada de adivinhar. Só pôde mesmo dizer:
— Bem, minha mãe me dizia que as minhas adivinhações iam dar em fezes!
Foi perdoado e saiu muito contente.
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Em Brandão, Téo. Seis contos populares do Brasil. Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Folclore; Maceió, Universidade Federal de Alagoas, 1982, p.59. - Fonte: Jangada Brasil.