O nosso amigo Rosamundo, quando foi tirar carteirinha de jornalista no Ministério do Trabalho, provou que a pessoa pode ser distraída, que isso não diminui o seu senso de observação.
O Rosa, depois de muito insistirmos, resolveu ir tirar a mencionada carteirinha, um pouco encabulado, diante desse mundo de calhordas que se esconde atrás de uma carteira de jornalista para conseguir favores e exorbitar da profissão.
O distraído lá esteve, no Ministério do Trabalho. Depois de subir várias escadas, porque não percebeu que no prédio havia elevador, Rosamundo foi atendido por uma funcionária pára que fizesse a indispensável ficha pessoal.
E foi aí que ficou ratificada a nossa teoria de que a pessoa pode ser distraída, que isto não importa em que seja menos observadora. A funcionária perguntou:
— Nome?
— Rosamundo das Mercês — respondeu.
— Idade?
— 39.
— Local do nascimento?
— Buracap.
— Sexo?
— Terceiro.
— Como? — estranhou a funcionária: — O senhor é do terceiro sexo?
— Sou sim senhora.
— Quer dizer que o senhor não é nem do sexo feminino, nem do sexo masculino?
— Sou do sexo masculino — respondeu Rosamundo, com dignidade.
— Então o senhor não é do terceiro sexo — atalhou a dama, meio sobre a indignada.
E Rosamundo:
— Sou sim senhora. É que ultimamente certas coisas progrediram tanto, que o masculino passou pra terceiro, dona.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora
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