A mocinha, muito da gostosinha, estava jogando frescobol na beira da praia, sob os olhares cobiçosos da plebe ignara (ala masculina). Ela era dessas de fazer motorista de coletivo respeitar sinal e muito desinibida nem dava bola para o êxito que seu corpo moreno e quase pelado, apenas coberto por precário biquíni (desses que parecem feitos com o pano aproveitado de duas gravatas borboletas), fazia junto à moçada.
Foi quando um dos freqüentadores do local explicou para os outros:
— Essa daí é a Celinha Convite.
— Convite??? — estranhou o filho de Dona Dulce, que também olhava para a anatomia da moça, embora com aquela discrição que é faceta marcante em minha exuberante personalidade.
O informante esclareceu: — Sim, Celinha Convite.
— E Convite é nome de família?
Não, não era. Celinha ficou sendo Celinha Convite depois do último carnaval. Antes era Celinha Pereira. Mas acontece que na época do carnaval, Celinha destacou uma jogada que ficou célebre. E contou a história.
— Nos dias que antecederam o baile do Copacabana Palace, cujo convite custava uma nota alta, Celinha, talvez com esse mesmo biquíni que a despe agora, foi para a piscina do hotel e ficou por ali, onde havia mais paulista rico do que cará no brejo.
De vez em quando um paulista se aproximava e puxava conversa com Celinha. Como era tempo, de carnaval, a conversa acabava invariavelmente com este assunto. Era a ocasião em que Celinha dizia que adoraria ir ao baile do Copacabana, mas que o convite era tão caro!!! E deixava umas reticências no ar. Ora, paulista, você sabe como é bonzinho, em época de carnaval. O grã-fino providenciava logo um convite para Celinha, ali mesmo na piscina, cheio de esperanças de apanhar Celinha no baile.
Para encurtar conversa: Celinha conseguiu bem uns vinte a trinta convites que depois, mesmo vendidos por preço especial aos seus conhecidos, renderam-lhe mais de 200 contos.
— Interessante. E Celinha Convite foi ao baile com qual dos grã-finos?
- Com nenhum. Foi de máscara, com o namorado dela.
- Paulista?
- Não. Baiano.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora
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