O berço no qual se disseminou a nicotina conduzida pelo tabaco foi a
América. É de tempos imemoráveis o costume dos aborígenes americanos de
fumar tabaco nas cerimônias religiosas.
É um enigma que tantas culturas indígenas espalhadas neste continente,
as quais dificilmente podiam contatar-se, partilhassem um ritual
semelhante mágico, religioso, sagrado, no qual o sacerdote, cacique ou
pajé e seus circunstantes entravam em transe aspirando o fumo do tabaco.
Quando Colombo aportou nestas paragens, plantava-se tabaco (nome comum dado às plantas do gênero Nicotiana L. - Solanaceae
-, em particular a N. tabacum) em todo o continente. O primeiro
contato do mundo civilizado com a nicotina ocorreu no início do século
XVI, quando foi trazido para a Europa pelos espanhóis.
O corsário Sir Francis Drake foi o responsável pela introdução do tabaco
na Inglaterra em 1585, mas o uso de cachimbo só se generalizou graças a
outro navegador, Sir Walter Raleigh.
Um diplomata francês, de nome Jean Nicot (de onde deriva o nome da
nicotina) aspirava-o moído rapé e percebeu que aliviava suas enxaquecas.
Desta forma, enviou certa quantidade para que a então rainha da França,
Catarina de Médicis, o experimentasse no combate às suas enxaquecas.
Com o sucesso deste tratamento, o uso do rapé começou a se popularizar.
Jean Nicot apresentando a planta do tabaco à Rainha Catarina de Médicis - Ilustr. do séc. XVIII. |
Cinqüenta anos após sua chegada, fumava-se cachimbo praticamente em todo
o continente europeu: nobres, plebeus, soldados e marinheiros. Para os
ricos, criaram-se as “Tabages”, onde homens e mulheres se reuniam em
tertúlias, fumando longos cachimbos.
Rapidamente o tabaco integrou-se em todas as populações do mundo
civilizado. Na Prússia, o tabagismo difundiu-se impulsionado por
Frederico Guilherme, que no início do século XVIII, na sua corte, fundou
o “Tabak Collegium”, no qual, diariamente, ministros, generais,
políticos e literatos discutiam, propunham e assinavam decretos,
sentados em torno de uma imensa mesa chupando cachimbos com hastes de
meio metro ou mais.
A partir do século XVIII, espalhou-se a mania de aspirar rapé, que
reinou por uns 200 anos. Os nobres usavam tabaqueiras até de ouro
cravejadas de diamantes. Prosperou a indústria da ourivesaria
miniaturizada, executada por artistas notórios. Havia os que usavam uma
tabaqueira por dia, possuindo centenas de tipos diferentes. O povo, sem
posses, usava o rapé deposto no dorso do polegar da mão, que flexionado
forma uma fosseta triangular. Nos livros de anatomia é chamada
“tabaqueira anatômica”.
O charuto teve seu reinado no século XIX. Sua popularidade entre os
abastados simbolizava elevado status econômico-social. Nos Estados
Unidos, havia a figura do “Tio Sam” de cartola e com um enorme charuto
na boca.
O cigarro surgiu em meados do século XIX. Na Espanha, porém, muito antes
já se fumava tabaco enrolado em papel, denominado “papeleta”. Existe
uma tapeçaria, desenhada por Goya em 1747, figurando jovens com cigarros
entre os dedos. Parece que o termo “cigarillos” em espanhol deriva de
cigarral, nome dado a hortas e plantações invadidas por cigarras.
O nome generalizou-se: cigarette em francês, inglês e algumas outras
línguas; zigarette em alemão; sigaretta em italiano e cigarro em
português. Em várias línguas, cigarro ou cigar referem-se a charuto.
Paris foi invadida pelo cigarro em 1860. Nos Estados Unidos, houve
verdadeira explosão do cigarro na década de 1880, quando se inventou uma
máquina que produzia duzentas unidades por minuto. Logo, surgiram
máquinas produzindo centenas de milhões por dia.
O cigarro teve sua expansão por ser mais econômico mais cômodo de
carregar e usar do que o charuto ou o cachimbo. A primeira grande
expansão mundial foi após a Primeira Guerra Mundial, de 1914 a 1918.
Entretanto, sua difusão foi praticamente no sexo masculino. A difusão
entre as mulheres cresce após a Segunda Guerra Mundial, de 1939 a 1945.
Em linhas gerais, traçamos o panorama da difusão da nicotina no mundo.
Essa droga é a mola mestra da universalização do tabaco. Como o uso dos
derivados do tabaco inicia-se, em 99% dos casos, na adolescência, aos 19
anos de idade, mais de 90% já estão dependentes da nicotina. Por isso, o
tabagismo é considerado doença pediátrica provocada pela nicotina.
Fontes: Nicotina - Droga Universal - Dr. José Rosemberg; Wikipédia.
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