sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Garrincha, o orgasmo da galera

Quando o homem chegava com a bola, os adversários olhavam seus pés e olhos. Não adiantava nada. Ele ia passar por todos, sempre...

A revelação

O juiz apita o início do jogo. Didi imediatamente lança Garrincha. O lateral russo Kuznetsov chega para a marcação. Mané faz que vai, não vai, foi. Kuznetsov cai. Segundos depois, bola de novo com o Brasil. De novo com Garrincha. Agora, além do lateral-direito, os russos marcam Mané com os zagueiros Voinov e Krijevski. Garrincha faz que vai, não vai, foi. E mete uma bomba no poste do goleiro Yashin. Bola para fora, tiro de meta mal batido, bola para Mané, trave de novo.

Enquanto Garrincha desnorteia toda a defesa soviética, Didi lança Vavá que marca o primeiro gol. O cronômetro registra três minutos. "Foram os três minutos mais fantásticos da história do futebol e a mais assombrosa aparição de um ponta-direita", escreveu o cronista francês Gabriel Hannot. Naquela tarde sueca, no Estádio Nya Ullevi, o Brasil venceria o tão decantado "futebol científico" da URSS por dois a zero e passaria às quartas-de-final na Copa de 1958. Mas, mais importante do que o placar, seria a descoberta de Garrincha.

Não foi apenas o mundo que descobriu Mané. O próprio Brasil não sabia direito que tinha na sua Seleção o maior ponta-direita de todos os tempos. Na comissão técnica havia muitas reservas quanto à capacidade de Garrincha. Alguns fatos contribuíam para isso. O primeiro foi a péssima avaliação nos testes psicotécnicos promovidos pelo Dr. João Carvalhaes, o psicólogo da Seleção. Garrincha tinha feito 38 pontos de 123 possíveis, o que o colocava quase como débil mental.


O maior problema, entretanto, residia na sua fama de indisciplinado taticamente e fominha. Fama que pareceu confirmada num jogo preparatório contra a Fiorentina, da Itália, uma semana antes do Mundial. O Brasil ganhou de 4 a 0, num jogo em que Garrincha protagonizou um lance genial. Depois de driblar o lateral e o goleiro, Mané ficou com o gol livre para marcar. Mas esperou a volta do zagueiro Robotti para dar mais um drible. Com a finta, o italiano deu com a cara na trave e Garrincha empurrou para o gol. Em vez de demonstração de virtuosismo, o drible extra foi interpretado como irresponsabilidade pela comissão técnica e Mané começou a Copa no banco. Não tivesse entrado contra a URSS, talvez jamais tivesse se revelado.

As oportunidades, aliás, nunca se apresentaram muito fáceis para aquele menino nascido no pobre vilarejo de Pau Grande, interior do Rio de Janeiro, em 28 de outubro de 1933. Seu nome de batismo era Manoel dos Santos, embora sempre assinasse um Francisco no meio. Habilidoso nos times amadores em que jogava, Garrincha até tentou treinar no Vasco, Fluminense e São Cristóvão, mas sempre desistia quando via aquele mundaréu de gente nas peneiras. Só mesmo depois de se casar é que se viu obrigado a tentar ganhar algo mais com o futebol. Garrincha já tinha 19 anos.


Os Joões

"As coisas estão tão ruins que agora até aleijado vem treinar no Botafogo", disseram alguns torcedores quando viram aquele rapaz de pernas tortas na peneira. Quando os jogadores souberam que o garoto tinha sido trazido por Arati, sujeito de jogo duro, pensaram: "Mais um que veio para dar botinada". No final, Garrincha se apresentou muito bem no aspirantes e foi treinar entre os profissionais. "Bem, agora ele não vai ter chance. O lateral-esquerdo é o Nilton Santos". Na primeira bola, entretanto, Garrincha meteu no meio das pernas do lateral da Seleção. Nilton na hora foi falar com o técnico Gentil Cardoso para contratar o rapaz. "Imaginou ele no time adversário? Nunca mais eu ia poder dormir direito", lembra o primeiro "João".

A partir de então quem perdeu noites de sono foram os laterais-esquerdos dos outros clubes, aos quais Garrincha insistia em chamar de Joões. Não por desrespeito, mas porque Mané era um simples que não conhecia os nomes dos jogadores e, muitas vezes, das esquadras adversárias. Para ele, a Inglaterra, por exemplo, era "aquele time com a camisa igual à do São Cristóvão".

Suas vítimas históricas foram Altair, do Fluminense, Coronel, do Vasco, e Jordan, do Flamengo. O rubro-negro, aliás, passou à história como o melhor marcador de Garrincha. Também histórica era a lealdade com que tentava parar o botafoguense. "Eu não conseguia dormir antes do jogo, mas ficava com a consciência tranquila depois"’, lembra o lateral. O mesmo não podiam dizer os outros jogadores. Garrincha era caçado em campo. Derrubado, não esboçava contrariedade, apenas se levantava e voltava a jogar. Era um passarinho.

Certa vez, o zagueiro Pinheiro, do Fluminense, se machucou e a bola sobrou livre para Mané. Em vez de partir para o gol, Garrincha jogou a pelota para fora permitindo o atendimento do adversário. Foi a primeira vez que isto aconteceu num campo de futebol. Hoje, todo mundo joga a bola para a lateral quando tem um jogador contundido, sem saber que esta é uma invenção de Garrincha.

Foi também com Mané que surgiu a expressão "fazer a fila". É que o técnico Flávio Costa, do Vasco, colocava a defesa em linha, um dando cobertura para o outro para tentar neutralizar Garrincha. De nada adiantava. Mané passava pelo primeiro, pelo segundo, pelo terceiro, enfim, "fazia a fila".

O "olé" é outra expressão que nasceu com ele. Garrincha excursionava pelo México quando o Botafogo enfrentou o River Plate, da Argentina. Toda vez que Mané driblava o lateral Vairo, que jogava na Seleção Argentina, os mexicanos gritavam "olé" para aquela autêntica tourada. Quando o Botafogo voltou ao Brasil, trouxe junto o "olé". Onde quer que se apresentasse, Mané justificava a fama de Alegria do Povo.



Para entender

A capacidade de Garrincha repetir com sucesso sempre a mesma jogada (balançar o corpo para a esquerda e sair pela direita) intrigava o mundo. Se todos sabiam para onde ele ia sair, por que ninguém conseguia marcá-lo? Uma das explicações mais correntes diz respeito às pernas de Mané.    

A direita era torta para o lado de fora e a esquerda, torta para dentro. Além disso, uma era 6 cm maior que a outra. Por isso, seu corpo ficava inclinado para o lado direito. Isto permitiria que disparasse sempre na frente do adversário.

Já o cronista esportivo Mário Filho preferia explicar Garrincha não pela anatomia, mas pelo fato de o jogador ter sido um caçador inveterado na infância. Acompanhe o raciocínio: "Só se compreende Garrincha identificando-o com o caçador. Ou melhor, com a caça. Foram os passarinhos, as pacas, os gambás que lhe ensinaram o melhor dele em futebol. As pacas, os gambás, ficavam olhando para ele, para sentir-lhe o menor movimento. Quantas vezes o bicho o driblara e o jogara no chão, de pernas para o ar? Garrincha, diante de um marcador, se sentia como uma paca, um gambá. Não olhava para os olhos do marcador: olhava para as pernas dele. E de repente fingia que ia. Jogava o corpo para um lado, anunciando o drible. Não ia, só ia quando o marcador descambava o corpo para o lado que ele queria. Então enveredava pelo outro. Era queda na certa."

Rei da Copa de 1962

Se a estréia de Garrincha nas Copas, em 1958, foi arrasadora, o mundo não imaginava o que ele iria aprontar na seguinte. A Seleção chegou ao Chile, em 1962, um pouco mais velha, mas contando com Garrincha e Pelé no apogeu. Pelé principalmente, que já ostentava o título de Rei do futebol. Só que na segunda partida, o camisa 10 sofre uma distensão na virilha e fica fora do Mundial.

Ninguém da Seleção fala nada, mas todos os olhos se voltam para o camisa 7. Queriam o impossível: que Mané jogasse por ele e por Pelé. O impossível. E Mané fez o impossível. Comandou a Seleção na campanha vitoriosa do bicampeonato: marcou gols de cabeça, perna esquerda, falta, desnorteou os adversários com seu drible manjado. O técnico Aimoré Moreira até que tentou manter Garrincha na ponta-direita, mas Mané jogou por todo o campo, para sorte do Brasil.

Na terceira partida contra a todo-poderosa Espanha, o Brasil parecia perdido quando Garrincha driblou dois adversários e deu o gol da vitória para Amarildo. No jogo seguinte contra a Inglaterra, fez gol até de cabeça. Contra o Chile, o dono da casa, arrebentou, mas acabou expulso depois de revidar uma agressão com um desmoralizante chute nos fundilhos do jogador chileno. Para contar com Mané na partida decisiva, o Brasil mobilizou até o presidente da República. Garrincha entrou, mas, com um febrão, só serviu para preocupar terrivelmente os tchecos enquanto os outros craques brasileiros garantiam a vitória por 3 a 1. Por tudo, foi coroado o Rei da Copa de 1962.

Infelizmente, quando seu futebol se acabou, o mundo se esqueceu de cuidar de Mané. Então, passou a beber e correr em busca do tempo perdido. Morreu em 1983, minado pelo álcool.

Fonte: Revista Placar - 100 Anos de Futebol
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domingo, 9 de dezembro de 2012

Decoração natalina em BC

A decoração natalina na praça perto da Av. da Lagoa - Bal. Camboriú-SC (9/12/2012)






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sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Lauren Bacall

Lauren Bacall (Betty Joan Perske), atriz de cinema, teatro e televisão, nasceu em Nova Iorque, EUA, em 16 de setembro de 1924. Conhecida por sua voz rouca e aparência sensual, ela tornou-se um ícone da moda e um modelo para a mulher moderna.

Hoje ela é considerada uma atriz lendária, em parte devido a sua longevidade como atriz. Filha única de um casal de judeus, William Perske (um parente do ex-primeiro-ministro de Israel Shimon Peres, nascido na Polônia numa área que hoje faz parte da Bielorrússia) e Natalie Weinstein Bacal (que nasceu na Romênia com antepassados alemães). Seu pai era vendedor e sua mãe, secretária. Divorciaram-se quando ela tinha seis anos de idade.

Como resultado, a menina não mais viu seu pai e, por isso, formou uma forte ligação com sua mãe, a quem levou consigo para a Califórnia quando veio a se tornar uma estrela do cinema.

Bacall estudou dança durante treze anos. Ela então teve aulas de interpretação na Academia Americana de Artes Dramáticas. Durante esse tempo, tornou-se atendente de teatro, e trabalhou como modelo de moda.

Como Betty Bacall, fez sua estreia como atriz na Broadway em 1942, na peça "Johnny Two By Four". Naquela época seu ídolo era Bette Davis. De acordo com sua autobiografia, ela teve a oportunidade de se encontrar com Bette Davis em seu hotel. Anos depois, Davis visitaria o camarim de Bacall para felicitá-la por sua performance como Margo Channing em "Applause", um musical baseado na performance de Davis em "A Malvada" (1950).

Começou a carreira de modelo em tempo parcial. Isso foi quando, pela primeira vez, teve experiência com o anti-semitismo.

Mais tarde, ela foi para Hollywood, e o diretor Howard Hawks teria feito comentários anti-semíticos. Isto a deixou preocupada em revelar sua identidade e ela jamais deixou que Hawks soubesse que ela era judia.

Bacall havia projetado uma carreira no palco para si mesma, mas por puro acaso entrou no mundo do cinema. A mulher de Howard Hawks, Slim Keith, notou Bacall numa capa da revista Harper's Bazaar, mostrou a foto ao marido, e este fez um telefonema para Nova York a fim de trazê-la para Hollywood para um teste. Hawks teria usado o apelido "Slim" para a personagem de Bacall no seu primeiro filme.

Não gostando do nome Betty, Hawks trocou o nome dela para Lauren. Ele fez vários testes com ela e então a escalou para seu projeto seguinte "Uma Aventura na Martinica" (1944). Ela ficava nervosa na frente da câmera, então Hawks sugeriu que ela inclinasse sua cabeça e puxasse seu cabelo para um dos lados do seu rosto. Ela pressionou seu queixo contra o peito, e então dirigiu os olhos para cima de modo a poder olhar para a câmera. Esse efeito veio a deixá-la conhecida como The Look, a marca registrada de Bacall.


Ela encontrou Humphrey Bogart nos estúdios de filmagem de "Uma Aventura na Martinica", que na época era casado com Mayo Methot. Passaram a se relacionar dentro do set das filmagens; dentro de algumas semanas, eles começaram a se encontrar fora dos estúdios. Depois do divórcio de Bogart, casaram-se e tiveram filhos. O filme levou-a a um estrelato instantâneo. Sua participação foi mais tarde considerada uma das mais impactantes estreias na história do cinema.

Então com 20 anos, Bacall ganhou manchetes nos jornais do mundo inteiro. Quando da visita ao National Press Club em Washington, D.C. em 10 de fevereiro de 1945, seu assessor de imprensa (Charlie Enfield, chefe da publicidade da Warner Brothers) pediu para ela se sentar no piano que estava sendo tocado pelo vice-presidente dos Estados Unidos, Harry Truman. As fotos do incidente causaram um escândalo.

Depois de "Uma Aventura na Martinica", Bacall apareceu com Bogart no suspense "À Beira do Abismo" (1946), no thriller "Dark Passage" (1947), e no suspense "Paixões em Fúria" (1948).

Por sua participação em "O Espelho tem Duas Faces", foi indicada para o Oscar de melhor atriz (coadjuvante/secundária), em 1996, e recebeu o Globo de Ouro por este trabalho.

Filmografia

To Have and Have Not (1944)
Confidential Agent (1945)
The Big Sleep (1946)
Dark Passage (1947)
Key Largo (1948)
Young Man with a Horn (1950)
Bright Leaf (1950)
How to Marry a Millionaire (1953)
Woman's World (1954)
The Cobweb (1955)
Blood Alley (1955)
Written on the Wind (1956)
Designing Woman (1957)
The Gift of Love (1958)
North West Frontier (1959)
Shock Treatment (1964)
Sex and the Single Girl (1964)
Harper (1966)
Murder on the Orient Express (1974)
The Shootist (1976)
The Fan (1981)
Health (1982)
Appointment with Death (1988)
Mr. North (1988)
Misery (1990)
A Star for Two (1991)
All I Want for Christmas (1991)
A Foreign Field (1993)
Pret-à-Porter (1994)
The Mirror Has Two Faces (1996)
My Fellow Americans (1996)
Day and Night (1997)
Diamonds (1999)
The Venice Project (1999)
Presence of Mind (1999)
The Limit (2003)
Dogville (2003)
Birth (2004)
Manderlay (2005)
These Foolish Things (2006)

Fonte: Wikipédia.
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