domingo, 8 de abril de 2012

Cientistas: gente como a gente

Muitos crêem que pelo fato de alguém abraçar a ciência, este alguém é sensato por natureza, sóbrio e, principalmente: "racional". Aqui vão alguns indícios de que "nem tudo que reluz é ouro"... e separar-se o joio do trigo não é apenas uma metáfora aplicável entre ciência e religião...

Nascido na ilha grega de Samos, Pitágoras (565-490 a.C.) revolucionou a matemática. Suas teorias seriam aplicadas com êxito no estudo do movimento dos astros 17 séculos mais tarde. O que o seu professor talvez não tenha contado é que o sábio grego tinha lá suas esquisitices.

Pitágoras acreditava que olhar a própria imagem no espelho à luz de velas atraía azar. Deixar de arrumar a cama, idem. E achava que tocar em um frango vivo era pedir para que algo de ruim acontecesse. Acostumado a raciocínios lógicos, Pitágoras nutria um leque de superstições digno de um babalorixá. Era um gênio matemático e também um místico: liderava uma seita que pregava a reencarnação e a metempsicose - a volta à Terra de alguém que cometeu crimes em vidas passadas, encarnado no corpo de um animal.

Tinha também atitudes dignas de um Francisco de Assis: quando não estava calculando, Pitágoras podia ser visto conversando com os bois. Certa vez, chegou a bater com a bengala em um homem que maltratava um cachorro. "Não faça isso", disse. "Este aí é um amigo que morreu há pouco tempo e reencarnou."

Muitos gênios, aliás, foram flagrados em atitudes que revelam uma malandragem digna dos românticos morros cariocas de outrora. Vejamos o caso do astrônomo italiano Galileu Galilei (1564-1642), falastrão e polemista, que teve coragem suficiente para desafiar a Igreja com a sua teoria de que a Terra girava em torno do Sol, e não o contrário. Mas não conseguiu resistir à tentação de se apoderar de idéias alheias para alcançar prestígio e conseguir recursos para manter a vida boêmia. Gostava de estar em evidência. Um dia chamou o povo e divulgou, na praça da cidade, as dimensões do inferno e a altura exata do Diabo Fiel freguês dos bordéis de Pádua, cidade do interior da Itália onde lecionava filosofia.

Galileu amou muitas prostitutas e acabou casando-se com uma delas. Com muitas contas para pagar, não viu outra saída senão usar a sua inteligência como inventor. Numa viagem a Veneza, o astrônomo ouviu rumores a respeito de um fabricante de óculos que acabara de inventar um instrumento que permitia observar objetos distantes como se estivessem perto. Voltou para casa correndo e só descansou depois que o telescópio estava pronto e patenteado com o seu nome.

Também tropeçou, ao menos uma vez, na seriedade e na precisão que se espera de um dos maiores homens de ciência da história. Empolgado com cálculos e sempre pronto a detonar uma polêmica, o cientista italiano - que, apesar de sua herética teoria heliocêntrica, era católico - anunciou em praça pública que revelaria as dimensões e a localização matemáticas do inferno. Calculou então que os domínios do Diabo tinham a forma de um cone invertido, ocupavam um doze avos do volume da Terra e ficavam exatamente abaixo da cidade de Jerusalém. Como se não bastasse, arriscou esboçar a altura de Lúcifer que, pelas suas contas, mediria 1935 braças (mais de 4 quilômetros).

Galileu não está sozinho no time dos que não hesitaram em surrupiar a idéia do próximo. Antoine Lavoisier (1743-1794), o químico francês que imortalizou a expressão "na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", ganhou notoriedade em 1788 ao demonstrar que o ar é composto por vários gases e que o oxigênio é fundamental para a combustão. Tudo bem, não fosse um pequeno detalhe: quem descobriu a existência do oxigênio não foi Lavoisier, mas seu amigo Joseph Priestley (1733-1804), que teve a infelicidade de confidenciar a descoberta ao colega francês durante uma festa regada a vinho.

Isaac Newton (1642-1727), o físico inglês que conseguiu enxergar na queda de uma maçã o rastro de uma força invisível que age sobre todas as coisas que estão ao redor e sobre a Terra: a gravidade. Newton dava um boi para entrar numa encrenca e uma boiada para não sair. Criado sem pai, longe da mãe, o menino Newton teve que ser camareiro de um professor em troca da bolsa de estudos na escola elementar. Mais tarde se tornaria um homem fechado, agressivo e ambicioso.

Tão logo a Teoria da Gravitação Universal foi publicada, o físico Robert Hooke (1635-1703) cutucou a onça com vara curta, acusando Newton de plágio. Hooke jurava que tinha feito a descoberta primeiro. Não sabia com quem estava lidando. Newton revidou e os dois, além das alfinetadas por cartas e artigos em jornais, chegaram a trocar sopapos nos corredores da Royal Society, sociedade científica inglesa presidida por Newton. "Hooke deveria ser tão conhecido na época quanto Newton", diz Shozo. Mas só Newton entrou para a história.

Em 1699, o físico inglês foi nomeado diretor da Casa da Moeda Britânica, cargo que ocupou por 20 anos. O importante posto lhe permitiu ajudar amigos com empréstimos e, claro, prejudicar os inimigos. Além disso, também assinou mais de 100 ordens de prisão e decretou alguns enforcamentos por não pagamento de dívidas. Envolvido com tanto trabalho, dizia não ter tempo para mulheres e nunca se casou. Os inimigos não perderam a chance de acertá-lo no rim: é que Newton não se casou, mas se apaixonou perdidamente. Por um homem. Durante anos trocou cartas carinhosas com o jovem matemático suíço Fatio Duillier.

Em excentricidade nenhum cientista até hoje conseguiu desbancar Albert Einstein (1879-1955), autor da Teoria da Relatividade, um dos pilares da física moderna. Para começar, Einstein costumava deitar na banheira vazia para estudar, imaginando estar sentado na escrivaninha. Caminhava debaixo de tempestades sem se dar conta da chuva, rabiscava fórmulas na toalha da mesa, comia suas refeições, geladas no prato, horas depois que as outras pessoas já haviam comido, e escrevia discursos de agradecimento no verso de notas fiscais. Além de pregar que os números se dividiam entre machos e fêmeas. Absolutamente absorto em seu mundo particular, vivia praticamente sem um tostão no bolso, foi visto várias vezes catando bitucas de cigarro nas ruas.

Fonte: ceticismoaberto - Os Grandes Cientistas
Leia mais...

Pérolas do ENEM

O tema da redação do ENEM do ano de 2008 foi "Aquecimento Global", e como acontece todo ano, não faltaram preciosidades nas redações! É cada uma que você não vai acreditar. Preparem-se!

1) "o problema da amazônia tem uma percussão mundial. Várias Ongs já se estalaram na floresta." (com percussão e estalos, o negócio vai ficar animado)

2) "A amazônia é explorada de forma piedosa." (tende piedade de nós..)

3) "Vamos nos unir juntos de mãos dadas para salvar o planeta." (tamo junto nessa companheiro. Mais juntos que isso, impossível)

4) "A floresta tá ali paradinha no lugar dela e vem o homem e créu." (na velocidade 5!)

5) "Tem que destruir os destruidores por que o destruimento salva a floresta." (pra deixar bem claro o tamanho da destruição)

6) "O grande excesso de desmatamento exagerado é a causa da devastação." (pleonasmo é a lei)

7) "Espero que o desmatamento seja instinto." (selvagem)

8 ) "A floresta está cheia de animais já extintos. Tem que parar de desmatar para que os animais que estão extintos possam se reproduzirem e aumentarem seu número respirando um ar mais limpo." (o verdadeiro milagre da vida)

9) "A emoção de poluentes atmosféricos aquece a floresta." (também fiquei emocionado com essa)

10) "Tem empresas que contribui para a realização de árvores renováveis." (todo mundo na vida tem que ter um filho, escrever um livro, e realizar uma árvore renovável)

11) "Animais ficam sem comida e sem dormida por causa das queimadas." (esqueceu que também ficam sem o 'home theater' e os dvd's da coleção do Chaves)

12) "Precisamos de oxigênio para nossa vida eterna." (amém)

13) "Os desmatadores cortam árvores naturais da natureza." (e as renováveis?)

14) "A principal vítima do desmatamento é a vida ecológica." (deve ser culpa da morte ecológica)

15) "A amazônia tem valor ambiental ilastimável." (ignorem, por favor)

16) "Explorar sem atingir árvores sedentárias." (peguem só as que estiverem fazendo caminhadas e flexões)

17) "Os estrangeiros já demonstraram diversas fezes enteresse pela amazônia." (todo mundo quer cagar no brasil..)

18) "Paremos e reflitemos." (que lindo!)

19) "A floresta amazônica não pode ser destruída por pessoas não autorizadas." (inscrições abertas para o desmatamento da amazônia)

20) "Retirada claudestina de árvores." (cladestinamente clandestino isso)

21) "Temos que criar leis legais contra isso." (que legal!)

22) "A camada de ozonel." (Chris O'Zonnell?)

23) "a amazônia está sendo devastada por pessoas que não tem senso de humor." (a solução é colocar lá o pessoal da Zorra Total pra cortar árvores)

24) "A cada hora, muitas árvores são derrubadas por mãos poluídas, sem coração." (para fabricar o papel pra esse doido ficar escrevendo asneiras)

25) "A amazônia está sofrendo um grande, enorme e profundíssimo desmatamento devastador, intenso e imperdoável." (campeão da categoria "maior enchedor de lingüiça")

26) "Vamos gritar não à devastação e sim à reflorestação." (e a escritação bem escrevida)

27) "Uma vez que se paga uma punição xis, se ganha depois vários xises." (essa pessoa é praticamente um gênio da matemática)

28) "A natureza está cobrando uma atitude mais energética dos governantes." (red bull neles - dizem as árvores)

29) "O povo amazônico está sendo usado como bote expiatório." (bote expiatório nisso)

30) "O aumento da temperatura na terra está cada vez mais aumentando." (subindo sempre pra cima né)

31) "Na floresta amazônica tem muitos animais: passarinhos, leões, ursos, etc." (olha a globalização ai)

32) "Convivemos com a merchendagem e a politicagem." (que sacanagem hein)

33) "Na cama dos deputados foram votadas muitas leis." (imaginem as que foram votadas no banheiro deles)

34) "Os dismatamentos é a fonte de inlegalidade e distruição da froresta amazonia." (nossa mãe..)

35) "O que vamos deixar para nossos antecedentes?" (dicionários).

Fonte: http://www.mundovestibular.com.br/articles/6513/1/Perolas-do-ENEM-2008/Paacutegina1.html
Leia mais...

A mulata é a tal

Eram mais ou menos umas três horas da matina e tudo era silêncio naquele prédio de apartamentos da Rua Constante Ramos. Apenas aqui o filho de dona Dulce e mais um fotógrafo, trabalhavam no laboratório deste, preparando as fotos de uma reportagem. Foi quando se ouviu a voz da senhora do apartamento ao lado altear-se na noite em tom violento:

— Vagabundo sim... um vagabundo é o que você é.

E depois acrescentou: — Nojentão!!!

O nojentão devia ser o marido, que respondeu qualquer coisa em bemol, para não incomodar os vizinhos. Mas o exemplo não foi seguido e madame largou brasa de novo:

— Me larga... Tira a mão de mim, cretino.

O nojentão, e agora também cretino, falava em tom sibilante e o fotógrafo, parando o trabalho, me explicou que no apartamento ao lado morava um casal já meio sobre o maduro. Não tinham filhos nem recebiam visitas. Tinham, isto sim, uma empregadinha que era mulata. Boa às pampas.

— Então a bronca deve ser por causa da empregada — eu disse.

E foi batata. Logo se ouviu uma segunda voz feminina, esta mais tímida a dizer que dona Dolores estava enganada, que não, que absolutamente, que o doutor sempre foi muito respeitador.

— Cale-se! — ordenou aos berros dona Dolores. E lá do laboratório nós dois — eu e o fotógrafo — testemunhas auditivas da esbórnia, ouvimos algo se espatifar no chão.

Aí foi o nojentão que bronqueou: sua voz grossa cresceu na noite:

— Quebra tudo, sua idiota. Pode quebrar. Madame seguiu o conselho e houve um barulho de louça que se espatifava, panos que se rasgavam, madeiras que se quebravam. Isso durou mais ou menos uma hora e foi ficando tão monótono que nós dois reiniciamos o trabalho antes mesmo do quebra-quebra chegar ao meio.

Dias depois tive que voltar ao apartamento do fotógrafo, para um novo trabalho, e ele me disse:

— Lembra-se da briga no apartamento aí do lado? Pois ganhou a mulata. A Dona Dolores se mandou e a empregada é que ficou no lugar dela. A julgar pela cara do nojentão, a troca deixou-o bem feliz.

— Vai ver que a mulata agora é a patroa. Ele não "botou outra pra cozinhar? — perguntei. 

— Não. Estão morando sozinhos.

Eu não sou de muito futucar a vida alheia, mas o fotógrafo, talvez por se tratar de seu único vizinho, andou espionando a vida privada do nojentão. Decididamente a mulata virou patroa, mas ontem deu-se um imprevisto. A antiga cozinheira e atual patroa continua lá mas o fotógrafo viu que Dona Dolores tinha voltado.

Espiou por cima do murinho e viu Dona Dolores no apartamento. Na mesma hora telefonou para mim:

— Olha, Dona Dolores voltou.

— E a mulata?

— Continua aqui.

— Então, pelo jeito, Dona Dolores voltou para cozinhar pro casal.
__________________________________________________________________________
Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975
Leia mais...