sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O suicídio de Rosamundo

O Rosa se meteu com uma dessas mulheres para as quais o sentimento de fidelidade vale tanto quanto um par de patins para um perneta. Rosamundo, no começo, não percebeu. Aquela sua vaguidão. Mas os amigos acharam demais. A deslumbrada passava o coitado para trás de uma maneira que eu vou te contar.

Aí os amigos se queimaram na parada, chamaram o Rosa num canto e deram o serviço. Eu não me meti porque acho que ninguém tem o direito de impedir os amigos de amarem errado.

Sou como Tia Zulmira, que considera a experiência pessoal a única coisa intransferível desta vida, tirante, é claro, a ida dos ministérios para Brasília. Se o cara nunca amou errado, tem que amar uma vez, para aprender.

Mas — sinceramente — eu que conheço Rosamundo tão bem, até hoje não sei dizer o que ele é mais: se distraído ou emotivo. Ao reparar que almoça não era merecedora, ficou numa melancolia de pingüim no Ceará. Não comia, não dormia e acabou apelando para a mais amena das ignorâncias, ou seja, o gargalo. Ficou mais de uma semana enchendo a cara. De "Correinha" a "House of Lords", Rosamundo bebeu de tudo.

Como diz aquele sambinha do João Roberto Kelly, "mulher que se afoga em boteco, é chaveco". Em vez de esquecer a infiel, Rosa foi se tornando um escravo dela. Fez até um tango, que começava assim: "Yo sé que tu eres una vaca..." e terminava, como terminam todos os tangos, isto é, plam-plam...

Ontem, ele estava no máximo da fossa. Mais triste que juriti piando em fim de tarde. Sua depressão chegara ao ponto fulminante, se é que depressão culmina. Desolado, foi para casa, tomou mais umas e outras e sentou-se na escrivaninha para escrever um bilhete de suicida.

O bilhete de Rosamundo não diferia muito dos bilhetes de todos os suicidas. Despedia-se da vida, pedia para não culparem ninguém e pedia desculpas aos que lhe queriam bem, pelo tresloucado gesto.

Em seguida foi para o banheiro, forrou o chão com uma toalha, calafetou a porta e a janela, abriu o bico do aquecedor e deitou-se para morrer. Mas Rosamundo e distraído demais.

Acordou de manhã com o corpo todo doído de ter dormido no ladrilho. Como, minha senhora, por que foi que ele não morreu? Era greve do gás, madama.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975
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quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Julie Adams

Julie Adams (Betty May Adams), atriz de cinema e televisão às vezes também creditada como Julia Adams e Adams Betty, nasceu em Waterloo, Iowa, EUA, em 17 de outubro de 1926. Cresceu em Arkansas e começou sua carreira no cinema em filmes de western classe "B".

Ela usou seu nome real, Betty Adams, até 1949, quando começou a trabalhar para a Universal Pictures. Então se tornou Julia e, eventualmente, Julie Adams. Seu primeiro papel no cinema foi um pequeno papel no "Red, Hot and Blue" (1949), seguido por um papel principal em "The Dalton Gang" (1949).

Seu filme mais famoso acabou sendo "Creature from the Black Lagoon" (O Monstro da Lagoa Negra), de 1954.Mais tarde em sua carreira, fez aparições na TV em séries.

Julie Adams em "Creature from the Black Lagoon", de 1954.

Adams foi casada com o ator e diretor Ray Danton de 1954 a 1981 e eles tiveram dois filhos, Steven Danton e Mitchell Danton. Ela teve um relacionamento com Ronald M. Cohen, um roteirista que faleceu em 1998.

Filmografia

Brasa Viva (1949) (Red, Hot and Blue)
The Dalton Gang (1949)
Hostile Country (1950)
Marshal of Heldorado (1950)
Crooked River (1950)
Colorado Ranger (1950)
West of the Brazos (1950)
Fast on the Draw (1950)
O Anjinho (1950) (For Heaven's Sake)
Luz nas Trevas (1951) (Bright Victory)
Aconteceu em Hollywood (1951)
Império do Pavor (1952) (Horizons West)
The Treasure of Lost Canyon (1952)
Jornada de Heróis (1952) (Bend of the River)
Gatunos Roubados (1952) (Finders Keepers)
Flechas de Ódio (1953) (The Stand at Apache River)
Revolta do Desespero (1953) (Wings of the Hawk)
Sangue Por Sangue (1953) (The Man from the Alamo)
O Aventureiro do Mississipi (1953)
Sob o Signo do Mal (1953) (The Lawless Breed)
Francis Entre Mulheres (1954)
O Monstro da Lagoa Negra (1954)
A Guerra Privada do Major Benson (1955)
Seu Único Desejo (1955) (One Desire)
Os Cinco Desesperados (1955) (The Looters)
A Ponte do Destino (1955)(Six Bridges to Cross)
A Epopéia do Pacífico (1956) (Away All Boats)
Slim Carter (1957)
Slaughter on Tenth Avenue (1957)
Four Girls in Town (1957)
Tarawa Beachhead (1958)
Duelo em Dodge City (1959)
Raymie (1960)
The Underwater City (1962)
Cavaleiro Romântico (1965)
The Last Movie (1971)
McQ - Um Detetive Acima da Lei (1974)
The Wild McCullochs (1975)
Psychic Killer (1975)
The Killer Inside Me (1976)
Goodbye, Franklin High (1978)
The Fifth Floor (1978)
Os Campeões (1984)
Black Roses (1988)
Atraída Pelo Perigo (1990)
Lost (2005)
Lost (2006/I)
World Trade Center (2006)
O Deus da Carnificina (2011)

Fontes: IMDb; Supervideo.  
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Hércules, o Dinamitador

Dono de um canhão no pé esquerdo e de um torpedo no direito. Assim o ponta-esquerda Hércules de Miranda era conhecido e temido pelos adversários. Hércules começou a jogar na várzea paulista, passando em seguida a vestir as camisas do Juventus e do São Paulo da Floresta. Mas a fase mais gloriosa de sua carreira aconteceu no Fluminense, onde se tornou o artilheiro da campanha do tricampeonato de 1936, 1937 e 1938 com 56 tentos. Tudo graças principalmente aos seus gols de falta, cobrados de qualquer lugar do campo. O Dinamitador jogou seis vezes pela Seleção, marcando três gols.

Hércules de Miranda nasceu na cidade mineira de Guaxupé em 02/07/1912, e faleceu no Rio de Janeiro em 03/09/1982. Conhecido  como "O Dinamitador" tinha, segundo o cronista Geraldo Romualdo da Silva, do Jornal dos Sports, "um canhão no pé esquerdo e um míssil no direito".

A torcida carioca o viu pela primeira vez no dia 7 de janeiro de 1934, em São Januário, onde cariocas e paulistas decidiram o título brasileiro e ele fez o gol da vitória paulista na prorrogação, depois do empate por 1 x 1 no tempo regulamentar.

Hércules, que tinha passe livre depois que o São Paulo da Floresta se dissolvera, foi então contratado pelo Fluminense. Sua carreira começara na várzea paulista, e de 1930 a 1933 ele jogara no Juventus, de onde Paulo Machado de Carvalho o levou para o São Paulo. Houve a dissolução do clube e Hércules passou a atuar no Independente, time de exibição em São Paulo, ao lado de Friedenreich, Araken e Orozimbo.

Para jogar no Flu, recebeu 10 contos de réis, uma fortuna na época, e passou a formar um grande elenco com Batatais, Ernesto Santos e Machado; Marcial, Brant e Orozimbo; Sobral, Russo, Gabardo e Vicentini.

Propaganda de 1938
O apelido Dinamitador pegou em 1936, quando o chute forte o consagrou definitivamente no Rio de Janeiro, graças a seus gols de falta. Em 1938, Hércules foi à Copa do Mundo, na França, mas o auge de sua carreira aconteceu no tricampeonato de 1936, 37 e 38, quando se tornou o artilheiro absoluto da campanha com 56 gols (23, em 1936; 23, em 1937; e 10, em 1938). Em 1940, foi de novo o artilheiro do time com 12 gols. Pelo clube fez 164 gols em 176 jogos.

Em 1941, teve seu último ano de glória no Fluminense: surgiu Carneiro, que passou a dividir com ele a ponta-esquerda, e em 1943 Hércules, que encerrou a carreira cinco anos depois, pediu para ser vendido ao Corinthians - onde jogou ao lado de seu amigo Domingos da Guia, um dos zagueiros que mais trabalho tiveram para marcá-lo.

Fontes: Revista Placar; Flumania; Wikipédia.
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