quarta-feira, 20 de julho de 2011

A marcação da passagem do tempo

Os babilônios, povo que viveu entre 1950 a.C. e 539 a.C., na Mesopotâmia, foram os primeiros a marcar a passagem do tempo. Ao construir o relógio de sol, dividiram o dia em 12 partes e depois em 24, que são as horas que usamos até hoje.

"Como usavam os sistemas numéricos duodecimal (baseado no número 12) e sexagesimal (baseado em 60), os babilônios dividiram a hora em 60 partes, 'inventando' o minuto", explica o metrologista (especialista em sistemas de medida) Pedro Luiz Montini, do Instituto de Pesos e Medidas (Ipem-SP). 

"Dividindo o minuto em 60 partes,, eles chegaram à definição do segundo, embora só tenha sido possível detectá-lo com precisão séculos depois", completa.

Ano

Em 46 a.C., o general romano Júlio César adaptou o calendário egípcio - de 3000 a.C. O modelo juliano dividiu o ano em 365 dias - equivalente ao ciclo solar conhecido à época - e 12 meses. Em 1582, o papa Gregório XIII corrigiu imprecisões e estabeleceu o modelo atual, o gregoriano.

Mês

Babilônios, egípcios e antigos chineses dividiam o ano em dez períodos, nomeados de acordo com seus deuses. Os romanos foram os primeiros a dividir o ano em 12 partes. Os nomes do sétimo e do oitavo mês, porém, eram quinctillis e sextillis - julio e agosto surgiram depois, em homenagem a Júlio César e ao imperador César Augusto.

Em 8 d.C., o senado romano jogou um dia de fevereiro para agosto. É que o mês de César Augusto tinha um dia a menos do que o de Júlio César (julho).

Semana

A definição do ciclo de sete dias tem origem dupla. De um lado, os astrólogos de Alexandria, capital do Egito por volta de 300 a.C., organizaram os dias em grupos de sete para seguir a ordem dos sete planetas até então conhecidos. De outro lado, a tradição hebraica do Shabbath, que estabelece um dia de culto a cada sete, no qual os judeus descansavam.

Os sumérios já observavam o ciclo de sete dias - relacionado às fases da Lua - antes de egípios e hebreus, porém sem formalizar o sistema.

Dia

Os babilônios precisavam medir o tempo em frações menores que o dia e a noite. Para isso, inventaram o primeiro relógio da humanidade, o relógio de sol. Ainda não dava para marcar as horas com precisão, mas a trajetória da sombra separava o dia em 12 partes. Com o mesmo raciocínio, dividiram a noite também.

Hora

A definição de horas, minutos e segundos era conhecida desde os babilônios, mas demorou até alguém medir o tempo com precisão. O relógio mecânico só surgiu no século 14 e atrasava 15 minutos por dia - um dia a cada três meses! Em 1656, com o relógio de pêndulo, o atraso diminuiu para um minuto por semana.

O segundo equivalia a 1/60 do minuto até 1967, quando o Sistema Internacional de Unidades definiu sua duração baseado na radiação do átomo do césio 133.

Outras medidas

Com o avanço tecnológico, surgiu a necessidade de medir intervalos de tempo menores. É o caso do microssegundo (milionésima parte de um segundo), do femtossegundo (1 quadrilhão de vezes menor que um segundo) e do attossegundo (mil quadrilhões de vezes menor que um segundo), o menor tempo já medido por cientistas.

Países orientais mantém calendários bem diferentes do que os usados no Ocidente. A Índia segue um calendário baseado no ciclo lunar, com o ano zero equivalente a 79 d.C. Para os chineses, o ano tem 354 dias e a medição do tempo é lunissolar, ou seja, considera o movimento da Terra em relação ao Sol e à Lua. Para não perder a sincronia com o ciclo solar, a cada oito anos mais de 90 dias entram no calendário. O calendário dos judeus também é lunissolar. Os meses têm 29 ou 30 dias e, para compensar os dias perdidos em relação ao ciclo solar, acrescenta-se um 13º mês em alguns anos.

Fontes: Portal das Curiosidades; Pedro Luiz Montini, metrologista do Ipem-SP; livro A Casa da Mãe Joana, de Reinaldo Pimenta; site Astronomy & Astrophysics (cds.aanda.org) - Revista Mundo Estranho, edição #111.
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terça-feira, 19 de julho de 2011

Recado ao Senhor 903

Rubem Braga
"Vizinho - Quem fala aqui é o homem do 1003. Recebi outro dia, consternado, a visita do zelador, que me mostrou a carta em que o senhor reclamava contra o barulho em meu apartamento.

Recebi depois a sua própria visita pessoal - devia ser meia-noite - e a sua veemente reclamação verbal. Devo dizer que estou desolado com tudo isso, e lhe dou inteira razão. O regulamento do prédio é explícito e, se não o fosse, o senhor ainda teria ao seu lado a lei e a polícia.

Quem trabalha o dia inteiro tem direito a repouso noturno e é impossível repousar no 903 quando há vozes, passos e músicas no 1003. Ou melhor: é impossível ao 903 dormir quando o 1003 se agita; pois, como não sei o seu nome nem o senhor sabe o meu, ficamos reduzidos a ser dois números, dois números empilhados entre dezenas de outros.

Eu, 1003, me limito a leste pelo 1005, a oeste pelo 1001, ao sul pelo Oceano Atlântico, ao norte pelo 1004, ao alto pelo 1103 e embaixo pelo 903 - que é o senhor. Todos esses números são comportados e silenciosos; apenas eu e o Oceano Atlântico fazemos algum ruído e funcionamos fora dos horários civis; nós dois apenas nos agitamos e bramimos ao sabor da maré, dos ventos e da lua.

Prometo sinceramente adotar, depois das 22 horas, de hoje em diante, um comportamento de manso lago azul. Prometo. Quem vier à minha casa (perdão; ao meu número) será convidado a se retirar às 21:45, e explicarei: o 903 precisa repousar das 22 às 7, pois às 8:15 deve deixar o 783 para tomar o 109 que o levará até o 527 de outra rua, onde ele trabalha na sala 305.

Nossa vida, vizinho, está toda numerada; e reconheço que ela só pode ser tolerável quando um número não incomoda outro número, mas o respeita, ficando dentro dos limites de seus algarismos.

Peço-lhe desculpas - e prometo silêncio.

... Mas que me seja permitido sonhar com outra vida e outro mundo, em que um homem batesse à porta do outro e dissesse: 'Vizinho, são três horas da manhã e ouvi música em tua casa. Aqui estou'. E o outro respondesse: 'Entra, vizinho, e come do meu pão e bebe do meu vinho. Aqui estamos todos a bailar e a cantar, pois descobrimos que a vida é curta e a lua é bela'.

E o homem trouxesse sua mulher, e os dois ficassem entre os amigos e amigas do vizinho entoando canções para agradecer a Deus o brilho das estrelas e o murmúrio da brisa nas árvores, e o dom da vida, e a amizade entre os humanos, e o amor e a paz.

Janeiro, 1953"

Fonte: BRAGA, Rubem. 200 crônicas escolhidas. São Paulo: Círculo do Livro, 1977. p. 225 - 226.
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segunda-feira, 18 de julho de 2011

Hollywood e a telefonia celular

Hedy como Dalila em “Sansão e Dalila”.
Hedy Lamarr (Viena, Áustria, 9/11/1913 — Altamonte Springs, EUA, 19/1/2000), atriz, ficou muito conhecida na Europa por ter aparecido nua em um filme em 1933, e seu papel responsável por seu sucesso em Hollywood, foi o de Dalila em “Sansão e Dalila”.

Depois de seu sucesso em Hollywood, recebeu um convite de Walt Disney para ser inspiração de “A branca de neve” em 1937. Lamarr casou seis vezes e teve três filhos. Foi casada com o austríaco fabricante de armas, Fritz Mandl em 1933 a 1937 e o acompanhou em diversos jantares com a ascendente elite nazista, o que lhe fez ter um conhecimento consideravel sobre a guerra e seus meios.

Porém o que mais impressiona na vida dessa grande atriz, foi uma invenção um tanto quanto usada hoje e que, com certeza, muita gente não acreditaria que veio da mente de uma atriz de Hollywood.

Em uma noite entendiada, Hedy Lamarr e seu amigo, o compositor George Antheil, brincavam de dueto no piano. Ela repetindo em outra escala as notas que ele tocava. O que à levou a pensar que duas pessoas podem conversar entre si mudando frequentemente o canal de comunicação simultaneamente. A partir de tal raciocínio, foi criado o celular.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Lamarr criou um sofisticado aparelho de interferência em rádio para despistar radares nazistas e o patenteou em 1940, usando o seu verdadeiro nome, Hedwig Eva Maria Kiesler. Porém, não foi aceito quando ofereceu a novidade ao Departamento de Guerra norte-americano.

Quando a patente expirou, a empresa Sylvania adaptou a invenção, que hoje é o equipamento que acelera as comunicações de satélite ao redor do mundo e foi usado para criar a telefonia celular.

Fonte: Wikipedia; Mary Diamond's Blog.
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