sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Por que soluçamos?

O soluço é uma contração involuntária do diafragma - músculo que separa o tórax do abdome, localizado logo abaixo do pulmão. Esse músculo, responsável pelo controle da respiração, é acionado pelo chamado nervo frênico, também relacionado com o soluço. 

A contração costuma ocorrer várias vezes seguidas, separadas por um curto intervalo de tempo (às vezes, menos de um segundo) e pode se prolongar por vários dias.

Elas são seguidas de um fechamento repentino da glote (espécie de tampa da laringe) que corta subitamente a passagem de ar da boca para os pulmões e faz vibrar as cordas vocais, provocando o som característico do soluço.

Sua principal causa é a irritação do nervo frênico - mas, na maioria das vezes, não é possível identificar o que causou essa irritação. "Sabemos que mudanças abruptas de temperatura desencadeiam soluços.

Outra causa pode ser uma irritação do esôfago (a entrada do estômago)", afirma o clínico geral do Hospital das Clínicas de São Paulo, Arnaldo Lichtenstein. Uma das principais causas dessa irritação é um refluxo de ácido estomacal, que ocorre, por exemplo, numa hérnia de hiato (orifício de passagem, no esôfago, entre o tórax e o estômago). Nesse caso, o ângulo fechado que serviria de impedimento para o refluxo se desfaz e o ácido acaba atacando o esôfago. A irritação, por sua vez, faz o nervo frênico disparar a contração do soluço.

Não é lenda que um bom susto pode curar um ataque de soluços, pois faz o organismo liberar adrenalina, que ativa o nervo frênico, fazendo-o interromper as contrações. Mas um copo de água gelada, que tem o mesmo efeito, também pode ajudar.

Reflexo incontrolável - Irritações são a principal causa do soluço - que, uma vez disparado, pode durar horas e até dias.

1. A irritação do esôfago (na boca do estômago) é uma das causas mais comuns do soluço.

2. O reflexo é disparado pelo nervo frênico, que aciona a contração do diafragma (plexo solar). A contração se repete seguidas vezes - podendo durar até mais que um dia.

3. Com a contração do diafragma, a laringe (na garganta) se fecha, prendendo o ar. Esse segundo reflexo faz as cordas vocais vibrarem, causando o ruído típico do soluço.


Fonte: Mundo Estranho
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Maconha via aérea

Depois vocês dizem que a gente inventa, olha só. Diz que o diretor da Penitenciária andava besta com o consumo de maconha no interior da dita. Havia uma vigilância impressionante, guarda pra tudo que era canto, um pelotão de homens designado para revistar os suspeitos, um pelotão de mulheres para revistar as suspeitas (e o uso de mulheres era para as suspeitas não dizerem depois que tinham sido revistadas na base da bolinação), havia um vigia em cada canto mas qual... virou mexeu, um guarda apanhava um detento maconhado.

— Quem foi que lhe trouxe a maconha? — perguntava o diretor.

E vocês pensam que o maconhado contava? Aqui ó...

Até que, noutro dia, espiando pela janela do seu gabinete, o diretor viu diversos papagaios de papel fino, em lindo colorido, esvoaçando no céu. Ficou olhando e ele achando bacaninha talvez a se lembrar do seu tempo de criança pois — embora possa parecer exagero — até mesmo um diretor de penitenciária já foi criança.

Dias depois o diretor olhou de novo pela janela e notou que havia mais papagaios esvoaçando, quando era hora dos detentos estarem no pátio. Achou aquilo estranho e ficou de olho.

Vanja vai Vanja vem, no dia seguinte foi a mesma coisa. Um papagaiozinho empinado aqui, outro lá longe, mas quando chegou a hora dos detentos irem pro pátio tomar sol, começou a subir papagaio, vindo do Morro de S. Carlos, que fica por trás da penitenciária e vai se derramar ali prós lados do Largo do Estácio, onde nasceu a primeira escola de samba, chamada "Deixa Falar", mas isto é musicologia e fica pra mais tarde.

O diretor ficou besta com tanto papagaio que subia e — de repente — arrebentava a linha e ia cair no pátio:

— Isto é contrabando de maconha — pensou o distinto.

Desceu e ficou esperando.

Um papagaio amarelinho com listinhas azuis estava lá no alto, indo e vindo. De repente a linha arrebentou e ele encolheu o rabo e veio em lindo estilo folha-seca, cair dentro da penitenciária. O diretor correu, apanhou o papagaio... tava pesado de maconha.

Agora, na Penitenciária do Estado, além dos departamentos existentes, acaba de ser fundado mais um: Departamento de Caçador de Papagaio de Papel.


Fonte: Jornal "Última Hora", de 20/09/1963 — Coluna de Stanislaw Ponte Preta.
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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Ainda a salvação através do urubu

Pois, irmãos, foi aquele camarada em Santos exportar urubu para a Europa e todo mundo aderir ao urubu (vide, inclusive, nota no noticiário da Pretapress, fofocalizando o assunto). Conforme disse Tia Zulmira, sem se esquivar ao trocadilho — à cuja prática se dá um tanto bissextamente: “tá todo mundo urubusservando o bicho”.

Ontem um matutino da imprensa sadia, desses metidos a austeros, deu farta cobertura ao urubu. Diz que o urubu é o nome vulgar das aves falconiformes, família das vulturídeas, tribo das sarcorrafíneas, do gênero “Cathartes Illig”, enfim, puxa-saco às pampas do urubu.

E chega a lembrar que, no Paraguai, costumam chamar o urubu de “gallinazzo”, o que não deixa de ser um desrespeito à miséria alheia. No Paraguai, pobre república, na mão de alguns “gorilas” desonestos, eles chamam urubu de “gallinazzo” para terem a ilusão de que são de galinha os ovos de urubu que usam no omelete.

No Brasil (e isto é uma velha história) é proibido matar urubu, porque existe a lenda de que ele ajuda a lavoura. Ora, o urubu sempre foi uma ave pestilenta, transmissora de moléstias e outras coisas, e o fato de ser considerado bom para a lavoura é mais uma prova de que se deve, o quanto antes, fazer a reforma agrária (ou do urubu, se a agrária continuar na mão dos deputados).

Mas deixa isso pra lá. O importante, no caso, é a exaltação do urubu. A. turma anda tão seca por dólares que bastou quatro urubus a 27 dólares para os fundos monetários nacionais, pra ficar tudo adulando o bicho, que vem de ganhar até heráldica e anotações de árvore genealógica num matutino dirigido por uma condesse (veja a importância assumida repentinamente pelo urubu).

Como não entro em frias sem consultar Tia Zulmira, estive ontem no casarão da Boca-do Mato, perguntando a velha o que é que ela acha do urubu:

— Animal humaníssimo, se me permite o termo — falou a sábia macróbia. Tem seus vícios, mas quem não os tem? Taí o Jânio Quadros que não me deixa mentir.

E explicou que, do duro mesmo, só existem cinco espécies de urubu, no Brasil: o urubu-campeiro, que é o trouxa da nação e leva uma vida de lavrador, o urubu-gameleira, que é omisso e fica no galho esperando a situação melhorar, o urubu-ministro, que sempre entra em fria, o urubu-peru, assim chamado porque está sempre peruando, como certos políticos nacionais, e o urubu-rei, que de vez em quando é eleito e vai passar uma temporada no Palácio da Alvorada.


Fonte: Jornal "Última Hora", de 06/09/1963 — Coluna de Stanislaw Ponte Preta.
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