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Estatueta da Roma Antiga: registro
de uma mulher gladiadora vitoriosa? |
A estatueta retrata uma moça de porte atlético e torso nu. O braço
erguido e a mão que segura um objeto (uma pequena espada?) sugerem
triunfo - ou ameaça. Para um pesquisador espanhol, trata-se da única
imagem de uma gladiadora vitoriosa a chegar até nós.
A análise da peça romana está em artigo na edição recente da revista
especializada "International Journal of the History of Sport" e é
assinada por Alfonso Manas, da Universidade de Granada.
A estatueta de bronze não é, em si, uma descoberta nova. Ela integra o
acervo do Museu de Arte e Comércio de Hamburgo, na Alemanha. Ocorre que a
interpretação corrente sobre a figura é que ela retratava apenas uma
atleta depois do exercício.
É que os estudiosos anteriores consideravam que o objeto na mão da moça
seminua seria um estrígil, um raspador curvo, de metal, que os gregos e
romanos antigos usavam para limpar a pele após se exercitarem.
O sujeito suado e sujo de pó aplicava uma camada de azeite perfumado
sobre a pele e depois usava o estrígil para raspá-la. A limpeza era
concluída com um bom banho, de preferência nas termas que eram uma das
marcas da civilização romana.
No entanto, argumenta Manas, a postura da garota seria absurda se ela
estivesse mesmo segurando um estrígil acima da cabeça e olhando para
baixo. De fato, a iconografia da Antiguidade costuma mostrar as pessoas
raspando a pele com o apetrecho, e não desse jeito.
Ele propõe que, na verdade, o objeto é uma "sica", espada curta ou adaga
recurva usada pelos gladiadores. E aponta outros sinais que apontariam
para a identidade da figura como lutadora.
A faixa amarrada no joelho também era comum entre os gladiadores. E os
seios nus vão contra a tese de que se trata de uma atleta (no mundo
greco-romano, por definição, uma pessoa de condição livre): as poucas
mulheres esportistas da época não mostravam os seios ao treinar.
Já escravas (categoria em que se encaixavam todos os gladiadores, fora
um ou outro aristocrata maluco que quisesse entrar na arena) tinham bem
menos barreiras para mostrar o busto.
Anna McCullough, pesquisadora da Universidade do Estado de Ohio (EUA)
que estuda as poucas pistas sobre as gladiadoras romanas que chegaram
até nós, diz que, a princípio, a interpretação do pesquisador espanhol
parece fazer sentido.
"O gesto da estátua é bem mais parecido com uma pose de triunfo do que
com a de alguém que está usando o estrígil", disse ela ao site americano
"LiveScience.com".
Por outro lado, ela disse estranhar a ausência de algum tipo de armadura ou capacete protegendo o corpo da suposta lutadora.
Fonte:
Folha - 02/05/2012
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