terça-feira, 18 de outubro de 2011

A Ilha de Páscoa


"Terra à vista!" – Em um grito súbito, o vigia da gávea da galeota holandesa De Afrikaanske Galei chamava a atenção do comandante comodoro Jacob Roggeveen. Aproximavam-se de uma ilha que não constava no mapa. Eram seis horas da tarde, num domingo de páscoa de 1722.

Com o Sol já se pondo, o comodoro chega em tempo de avistar ao longe, no litoral, enormes gigantes, os quais, sobre longas muralhas de pedra, pareciam dispostos a evitar o desembarque. Resolveu então ancorar ali mesmo e esperar a claridade da manhã seguinte para tomar uma decisão.

Ao amanhecer, com seus "óculos de alcance" avistaram gente normal se movimentando entre os gigantes. Tinham se assustado com estátuas. Decidiram então desembarcar, após batizarem a ilha em homenagem à data de sua descoberta.

Ao desembarcar, o movimento dos nativos, que curiosos correram em massa para saudar os desconhecidos, assustou os europeus, que de imediato, abriram fogo contra eles, matando doze e ferindo muitos outros.

Ao chegar no interior da ilha, Roggeveen descobriu que o que pareciam ser muralhas, eram na verdade longas e maciças plataformas de pedras onde se enfileiravam centenas de figuras feitas em pedra (monolíticas) esculpidas apenas da cintura para cima, todas adornadas com um capacete cônico vermelho. Roggeveen foi o primeiro e o útimo europeu a admirar as estátuas em seu perfeito estado.

Após sua partida, passaram-se 50 anos antes que outros europeus pisassem em Hapa Nui, como os habitantes a chamavam. E quando assim o fizeram, trouxeram consigo doenças, desgraça, violência e morte para os habitantes desta ilha. Nada de muito espantoso comparado ao costume europeu de levar a desgraça a todas as civilizações primitivas que encontravam, em nome de seus reis, sua ganância e sua igreja.

E assim, nos anos seguintes, os habitantes conviveram com toda a sorte de aventureiros e exploradores até que em 1862, os habitantes da ilha sofreram o golpe final. Traficantes de escravos levaram embora seu rei, seus ministros, toda a sua casta e todos os homens válidos para trabalhar nas estrumeiras de Guano, no litoral do Peru. Mais tarde, quando o governo peruano decidiu deter o tráfico, somente 15 deles estavam vivos. Estes foram levados de volta à sua ilha, e ajudaram a dizimar a população restante com as doenças trazidas consigo. Das 4 mil pessoas estimadas estarem na ilha a época de seu descobrimento, em 1862 restavam apenas 111.

Toda uma cultura destruida em menos de 2 séculos. Os documentos escritos, por meio de tabuinhas gravadas com hieróglifos foram achados pelos missionários e destruidos em nome da Santíssima Igreja, na ordem de dissipar os cultos pagãos.

As estátuas presentes, esculpidas em lava porosa, em alguns casos, retirada a quilômetros de distância na base de vulcões extintos na ilha, fazem um total de 300. Cada uma tem em média 4 metros de altura e pesa umas 30 toneladas. Existe ainda uma maior, inacabada, a qual deveria ter uns 20 metros de altura e 50 toneladas. Hoje, os gigantes de pedra que Roggeveen descrevera em seu livro de bordo encontram-se todos tombados, destroçados e com seus capacetes quebrados.

Vale ressaltar que os colonizadores quando lá chegaram, se depararam com um fato curioso, para não dizer bizarro: nas minas junto ao vulcão, encontraram diversas estátuas inacabadas e ferramentas largadas ao acaso, como se todos ali tivessem saído para um almoço, e nunca tivessem retornado. Sua história, seus costumes, seu passado já não mais se encontrava presente na memória de seus habitantes. Foi preciso anos de estudo e de pesquisa para se levantar o que hoje se sabe.

Os nossos conhecimentos se baseiam na lenda do rei Hotu-Matua, que diz: "…Há muitos anos atrás, vieram na direção do Sol nascente o rei Hotu-Matua e sua rainha, com 7 mil súditos, em duas canoas. Chegaram à ilha e se instalaram." Os habitantes locais relatam que cada canoa era do tamanho de uma praia local (180 metros).

A hipótese mais aceita hoje nos meios científicos é que Hotu-Matua era um nobre rico exilado, o qual viajou com os seus súditos. O fato de as estátuas presentes na ilha terem as orelhas alongadas pode se dever ao costume dos nobres incas de pendurar pesos nestas para alongá-las e diferenciá-los de seus súditos. A expedição Kon-Tiki, de Thor Heyerdahl, provou que é possível uma simples jangada saida das américas, levada pelas correntes, chegar à Ilha de Páscoa.

Cálculos diversos fixam a data da chegada de Hotu-Matua à ilha entre 850 e 1200 de nossa Era, numa época em que a Europa ainda se encontrava em plena Idade Média e nem sequer se cogitavam descobertas marítimas. Os costumes e os tipos físicos dos habitantes da ilha apontam tanto para uma origem inca quanto indonésia, chinesa e até egípcia. O que se acredita é já estar a ilha habitada por antigos naturais polinésios quando chegou Hotu-Matua, que os dominou e se transformou, com sua gente, na alta classe local.

Cálculos diversos fixam a data da chegada de Hotu-Matua à ilha entre 850 e 1200 de nossa Era, numa época em que a Europa ainda se encontrava em plena Idade Média e nem sequer se cogitavam descobertas marítimas. Os costumes e os tipos físicos dos habitantes da ilha apontam tanto para uma origem inca quanto indonésia, chinesa e até egípcia. O que se acredita é já estar a ilha habitada por antigos naturais polinésios quando chegou Hotu-Matua, que os dominou e se transformou, com sua gente, na alta classe local.

Perto do litoral, foi achada uma caverna num lugar chamado Hanga Tuu Hata, a qual continha uma figura gravada de uma antiga embarcação à vela, que segundo pensam os estudiosos, é a visão da De Afrikaanske Galei por um artista local.

Bibliografia: - Grandes enigmas da humanidade, Editora Vozes – Luiz C. Lisboa & Roberto P. de Andrade.
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Faquir e faquirismo

Um faquir em Benares, foto de Herbert Ponting (1907)
O primeiro relato sobre uma prática - que mais tarde viria a ser chamado de faquirismo - chegou ao Ocidente em 1691, pelo médico holandês Dopper, depois de retornar de sua viagem à Índia. Como era de se esperar, foi ridicularizado. Meio século depois, um missionário francês chamado Calmette voltou com uma história parecida com a do médico, despertando então a curiosidade dos europeus por esta prática oriental.

Quase todas as seitas religiosas indianas possuem seu “faquir”, ou gaswami, bawa, sadhu etc. Essas pessoas possuem a capacidade de andar sobre brasas, deitar em camas de prego, atravessar o corpo com longas agulhas, reduzir o batimento cardíaco e interromper (pelo menos aparentemente) o batimento cardíaco.

Segundo os iogues (praticantes de ioga), essas pessoas são capazes de controlar a respiração, os músculos e a vontade. Dominando o corpo, chega-se então à contemplação. Tudo isso seguindo o caminho da meditação. Segundo estas pessoas, a superação da dor física é o caminho para algo muito maior, a libertação espiritual.

Através da prática da meditação, essas pessoas conseguem também realizar o que é chamado de levitação. Utilizando-se desta prática, eles conseguem aumentar seu nível vibratório e por conseguinte “diminuir sua massa”, tornando-se mais “leves”, possibilitando a levitação.

Se tudo é energia, e massa é energia mais densa, condensada, então é muito provável que realmente exista um meio de reduzir nossa massa corpórea ou “vibrar nossas moléculas” de tal forma que nos torne mais leves.

É interessante notar que a maioria das religiões orientais conhecem e se utilizam da pratica da meditação.

Uma coisa é certa: há muito que não entendemos – o que não significa que o que não compreendemos não seja possível.

Fonte: http://www.acasicos.com.br
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Lapinha, a cantora pioneira

Lapinha (Joaquina Maria da Conceição Lapa), cantora, floresceu no Rio de Janeiro, RJ, entre fins do séc. XVIII e inícios do séc. XIX. Brasileira de nascimento, adquiriu renome no Rio de Janeiro exibindo-se no teatro como atriz e cantora (ao lado reconstituição do rosto da cantora pelo artista plástico Mello Menezes).

A Gazeta, de Lisboa, Portugal, noticia a sua apresentação no Porto, Portugal, em concertos realizados nos dias 27 de dezembro de 1794 e 3 de janeiro de 1795. O mesmo jornal, exaltando as qualidades excepcionais da cantora, dá notícia do concerto que se realizaria no Teatro São Carlos, de Lisboa, no dia 24 de janeiro de 1795.

"A célebre cantora americana", como a ela se referem as notícias da época, exibiu-se ainda em Coimbra, Portugal, onde foi alvo de grandes homenagens prestadas pelos estudantes da universidade.

Para ela o padre José Maurício Nunes Garcia escreveu o Coro para o entremês, em 1808, e uma ária do drama O triunfo da América, em 1809.

Pioneira em aplausos

Ela arrancou aplausos de plateias exigentes e elogios de críticos europeus no século XIX. Mulata, Joaquina Maria da Conceição da Lapa, a Lapinha, venceu preconceitos e se tornou a primeira cantora brasileira aplaudida fora do Brasil.

O pesquisador e músico Sérgio Bittencourt-Sampaio, em seu livro Negras líricas: duas intérpretes brasileiras na música de concerto (Sete Letras, 2008), narra o quanto a artista foi pioneira nas artes e na emancipação da mulher. “Houve outras mulheres dedicadas à música, em seu tempo e antes, mas estavam longe de conseguir tal prestígio”, diz Bittencourt-Sampaio.

"O nome da Lapinha tem aparecido esporadicamente em textos sobre música brasileira e memórias da cidade do Rio de Janeiro voltados para o final do Vice-Reinado e Período Joanino, mas sempre limitados a uns poucos parágrafos, ou, mesmo poucas linhas. Por isso, nas minhas pesquisas bibliográficas passava por esse nome, mas não me chamava a atenção.

Meu interesse surgiu quando comecei a pesquisar cantoras líricas negras brasileiras do século XIX, há pouco mais de cinco anos. A primeira foi Camila da Conceição, que me despertou o interesse quando encontrei uma fotografia dela na Escola de Música da UFRJ. Os dados biográficos então existentes eram raríssimos. Resolvi, então, recompor sua história, em busca das possíveis fontes.

Logo encontrei referências à carreira da Lapinha que imediatamente mereceu minha atenção, a princípio por ser de etnia negra (por isso, se enquadrava na pesquisa) e, depois, pelo seu mérito artístico. Não havia então nenhum livro publicado no Brasil sobre o assunto. Logo me aprofundei nos estudos para elaborar uma pequena biografia, não só relativa à carreira musical da cantora, mas à sua vida artística em geral e aos seus triunfos."

"À medida que a pesquisa progredia, foi o enorme sucesso que ela obteve no Brasil e em Portugal, em função do talento tanto como cantora quanto como atriz dramática, exaltado de maneira acentuada por pessoas que a conheceram. E também o prestígio que ela obteve junto à Família Real, na Metrópole e no Brasil.

Basta você pensar que ela foi a primeira mulher a se apresentar no Teatro de S. Carlos em Lisboa (pouco após a inauguração), isso revela o valor de seus dotes artísticos. A apresentação no Porto também foi extraordinária. Tinha tanta gente querendo assistir à estreia que foi necessário fazer uma outra apresentação poucos dias depois. A isto, podemos acrescentar a atuação em solenidades como o aniversário do Príncipe Regente e o enlace matrimonial de D. Maria Teresa, a Princesa da Beira, com D. Pedro Carlos de Bourbon, em 13 de maio de 1810, no Rio de Janeiro.

Na época (final do Vice-Reinado e início da Monarquia), uma cantora lírica obter tal repercussão, se distinguindo de outras atrizes e atingindo um nível de fama ainda não conquistado por nenhuma brasileira na área lírica, até mesmo no século XIX era um fato notável e único.

Se considerarmos a condição étnica, vemos que foi a primeira mulher negra a ter imenso sucesso na arte. Houve outras dedicadas à música, em seu tempo e antes, mas estavam longe de conseguir tal prestígio."

Fontes: Revista de História da Biblioteca Nacional - Pioneira em Aplausos; Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora e Publifolha - 2a. Edição - 1998.
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