sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Catherine Deneuve, a "Bela da Tarde"


Catherine Deneuve, atriz (Catherine Fabienne Dorléac), nasceu em Paris, França, em 22 de outubro de 1943. É considerada um modelo de elegância e beleza gálica e uma das mais respeitadas atrizes do cinema francês e mundial.

Filha do ator de teatro e cinema Maurice Dorleác e irmã da também atriz Françoise Dorléac, Deneuve estreou no cinema aos 13 anos, em 1956, e durante a adolescência trabalhou em diversos pequenos filmes com o diretor Roger Vadim até chegar ao estrelato mundial em 1964, em "Os Guarda Chuvas do Amor", do diretor Jacques Demy.

Nos anos 1960, Deneuve fez a reputação de símbolo sexual frio e inacessível através de filmes em que interpretava donzelas lindas e frígidas como "A Bela da Tarde" de Luis Buñuel e "Repulsa ao Sexo" de Roman Polanski.

Repulsa ao Sexo - 1965
Descoberta por Roger Vadim, (também descobridor de Brigitte Bardot e responsável pela transformação de Jane Fonda em símbolo sexual com o filme "Barbarella") com quem teve um relacionamento amoroso e um filho (Christian Vadim), Deneuve foi casada com o famoso fotógrafo de moda londrino David Bailey (em quem o diretor italiano Michelangelo Antonioni se basearia para criar o principal personagem na sua obra-prima cinematográfica "Blow-Up"), e após o fim do casamento, envolveu-se com o ator italiano Marcello Mastroianni, com quem teve uma filha, Chiara Mastroianni, em 1972.

Durante os anos 1960 e 70, Catherine Deneuve teve uma rica carreira cinematográfica, estrelando filmes de sucesso internacional como "A Sereia do Mississipi", "Mayerling", "Tristana", "Pele de Asno", entre outros, que além de a afirmarem como a grande estrela do cinema europeu da época, a transformaram no sinônimo de beleza francesa, fazendo dela a musa da alta costura da França, principalmente do estilista Yves Saint Laurent e o rosto dos perfumes Chanel (o
Les Colegiénnes - 1957
Chanel Nº 5, ligado a seu rosto e sua imagem, foi o mais vendido e famoso perfume do mundo por mais de duas décadas), levando-a a substituir Brigitte Bardot como a efígie de Marianne, a figura feminina oficial da República da França, estampada em selos e moedas do país.

Nos anos 1980, Deneuve continuou fazendo trabalhos importantes em "O Último Metrô" de François Truffaut e "Fome de Viver", de Tony Scott, junto com Susan Sarandon e David Bowie, no papel de uma vampira gótica e bissexual, que a transformaria num ícone de lésbicas, gays, góticos e novos artistas da década de 1980.

Deneuve sobreviveu como ícone do cinema nos anos 1990, recebendo seu segundo César (o maior prêmio do cinema francês) e uma indicação ao Oscar de melhor atriz pelo filme "Indochina", de 1992, que naquele ano ganharia o Oscar de melhor filme estrangeiro da Academia de Hollywood. Seus últimos filmes de sucesso mundial foram "Dançando no Escuro", de Lars Von Trier, com a cantora e atriz islandesa Bjork, Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes em 2000 e "8 Mulheres", de 2002, ao lado de algumas das maiores atrizes francesas como Fanny Ardant e Emmanuelle Béart.

Catherine Deneuve - Taiti, 1966.

Filmes

2010 Potiche - Esposa Troféu (Potiche)
2010 Potiche
2009 Diário Perdido (Mére et Filles/Hidden Diary)
2008 As Praias de Agnes (Les Plages d'Agnès)
2008 Um Conto de Natal (Un Conte de Noël)
2008 Mes stars et moi
2008 Je veux voir
2007 Frühstück mit einer unbekannten (TV)
2007 Persépolis (Persepolis)
2007 Après lui
2006 Le héros de la famille
2006 Le concile de Pierre
2005 Palais royal!
2004 Les temps qui changent
2004 Reis e Rainha (Róis et Reine)
2004 Princesse Marie (TV)
2003 Um filme falado (Um filme falado)
2003 Ligações Perigosas (Les Liaisons Dangereuses)
2002 Au plus près du paradis
2002 8 Mulheres (8 Femmes)
2001 A Vingança do Mosqueteiro (The Musketeer)
2001 Le petit poucet
2001 Absolutamente fabulosas (Absolument fabuleux)
2001 Ja rentre à la maison
2000 Dançando no Escuro (Dancer In The Dark)
1999 Leste/Oeste - O Amor no Exílio (Est-ouest)
1999 O tempo redescoberto (Le temps retrouvé)
1999 Pola X
1999 Belle maman
1999 Le vent de la nuit
1998 Place Vendôme (Place Vendome)
1997 Genealogias de um crime (Généalogies d'un crime)
1996 L'inconnu
1996 Os ladrões (Les voleurs)
1995 O convento (O convento)
1995 As cento e uma noites (Les cent et une nuits)
1994 La partie d'échecs
1993 Les Demoiselles ont eu 25 ans
1993 Minha estação preferida (Ma saisón préférée)
1992 Indochina (Indochine)
1991 Contre l'oubli
1991 La reine blanche
1989 Frames from the edge
1988 Fréquence meurtre
1988 Drôle d'entroit pour une recontre
1987 Agent trouble
1986 Le lieu du crime
1985 Tomara que seja mulher (Speriamo che sia femmina)
1984 Letra e música (Paroles et musique)
1984 Forte Saganne (Fort Saganne)
1984 Le bon plaisir
1983 Fome de Viver (The Hunger)
1983 L'Africain
1982 Le choc
1981 Hotel das Américas (Hôtel des Ameriques)
1981 Le choix des arms
1980 Abattre
1980 O último metrô (Le dernier metro)
1980 Je vous aime
1979 A nós dois (À nous deux)
1979 Tristana (Tristana)
1979 Courage fuyons
1978 L'Argent des autres
1978 Ils sont grands, ces petits
1978 Écoute voir...
1977 Casotto
1977 Marcha ou more (March or die)
1977 Almas perdidas (Anima persa)
1976 Se tivesse que refazer tudo (Si c'était à refaire)
1975 O selvagem (Le sauvage)
1975 Crime e paixão (Hustle)
1975 A agressão (L'agression)
1974 A grande burguesia (Fatti di gente per bene)
1974 Zag (Zig zig)
1974 La femme aux bottes rouges
1974 Touche pas à la femme blanche
1973 Um homem em estado interessante
1972 Liza
1971 Expresso para Bordeaux (Un flic)
1971 Tempo de amor (Ça n'arrive qu'aux autres)
1970 Henri Langlois
1970 Pele de Asno (Peau d'Âne)
1969 A Sereia do Mississipi (La Sirène du Mississipi)
1969 Tout peut arriver
1969 Um dia em duas vidas (April fools, The)
1968 A chamada do amor (La chamade)
1968 Manon 70 (Manon 70)
1968 Mayerling
1968 Benjamin, o despertar de um jovem inocente (Benjamin)
1967 A Bela da Tarde (Belle de Jour)
1967 Duas garotas românticas (Les demoiselles de Rochefort)
1966 As criaturas (Les créatures)
1965 O canto do mundo (Le chant du monde)
1965 No amor vale tudo (Das liebeskarussell)
1965 O irresistível gozador (Un monsier du compagnie)
1965 A farsa do amor e da guerra (La vie de château)
1965 Repulsa ao Sexo (Repulsion)
1964 Caça ao homem (La chasse à l'homme)
1964 La constanza della ragione
1964 Os maiores vigaristas do mundo (Les plus belle escroqueries du monde )
1964 Os Guarda-Chuvas do Amor (Les Parapluies de Cherbourg)
1963 O homem que vendeu a Torre Eiffel (L'Homme qui vendit la Torre Eiffel)
1963 Férias portuguesas (Vacances portugaises)
1962 Et satan conduit le bal
1962 O vício e a virtude (La vice et la vertu)
1962 As parisienses (Las Parisiennes)
1961 Dossier 1413
1960 L'homme à femmes
1960 Agora ou nunca (Les petits chats)
1960 Les portes claquent
1957 Os amores de colegiais (Les Colegiénnes)

Prêmios

OSCAR
Indicação
1982 - Melhor Atriz - Indochina

BAFTA
Indicação
1967 - Melhor Atriz - A Bela da Tarde

CÉSAR
Ganhou
1980 - Melhor Atriz - O Último Metrô
1992 - Melhor Atriz - Indochina
Indicações
1975 - Melhor Atriz - O Selvagem
1981 - Melhor Atriz - Hotel das Américas
1987 - Melhor Atriz - Agent Trouble
1988 - Melhor Atriz - Drôle d'Endroit Pour Une Rencontre
1993 - Melhor Atriz - Minha Estação Preferida
1996 - Melhor Atriz - Os Ladrões
1998 - Melhor Atriz - Place Vendôme
2005 - Melhor Atriz Coadjuvante - Palais Royal!
2010 - Melhor Atriz - Potiche

EUROPEAN FILM AWARDS
2002 - Melhor Atriz - 8 Mulheres

FESTIVAL DE BERLIM
1998 - Urso de Ouro honorário
2002 - Urso de Prata de Contribuição Artística

FESTIVAL DE VENEZA
1998 - Melhor Atriz - Place Vendôme

Fontes: Adoro Cinema; Wikipedia.
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Colchão de vaca


Você aí, sabia que vaca tem um sentimento cheio de sutilidades? Agora, sente o drama, vá.

Vaca também gosta de boa vida, de ser bem tratada, merecer o seu elogiozinho, como qualquer pessoa vaidosa ou precisada do chamado calor humano.

Claro que, no caso da vaca, melhor seria dizer calor bovino. Mas não se aplica a expressão. Nada se aplica porque vaca gosta de calor bovino (aliás, ela deve gostar mais de calor taurino do que de calor bovino) mas é muito exigente também em relação ao calor humano.

Quem disse isso não foi Freud, no seu substancioso manual. Quem disse foram os discípulos atuais do Segismundo...

Como, minha senhora? Se o primeiro nome de Freud era Segismundo?

E era, não somente o seu primeiro nome como também o seu primeiro complexo. — Mas — prosseguindo — psicanalistas modernos descobriram que vaca é um bicho muito sutil e muito vaidoso, sendo que este segundo sentimento qualquer um manja: basta reparar no rebolado pretensioso de todas as vacas, quando caminham.

Quanto à sutileza das vacas, foram estudos mais apurados que levaram os psicanalistas à certeza de que vaca bem tratada é mais gentil.

A gente tem que puxar saco de vaca, para ela dar mais leite.

Antigamente pensava-se que, para vaca dar leite, bastava puxar suas tetas (lá dela), mas agora já se sabe que também é preciso puxar saco.

Diz o criador holandês Van Diesen, num livro sobre pecuária: "Aquele que criar suas vacas em desconforto terá prejuízo. A vaca melhora sempre sua produção de leite, quando cuidada com mais carinho e deferência."

E foi para aumentar a deferência para com as vacas que os pecuaristas europeus passaram a usar colchão de espuma de borracha nos estábulos. As vacas que dormem em colchão de espuma ficam muito mais pródigas do que as outras, às quais se dá um mísero catre de palhas secas para repousar.

Os vendedores de colchões de espuma de borracha para vacas afirmam que os animais gostam e se acostumam de tal forma à nova comodidade que, depois de certo tempo, passam a zelar pela limpeza dos seus leitos.

Enfim, o que eles querem dizer é que vaca tratada com boa educação também fica bem educada e, depois de um certo tempo, já não faz mais pipi na cama.

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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora.
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Mulher de borracha


Quem nos informa a novidade é a Agência Ansa — nossa subsidiária no interior — em telegrama vindo de Nova Iorque.

Diz que o Collector's Exchanging Bulletin, revista que circula muito entre os que têm mania de fazer coleções, seja coleção de caixa de fósforos, moedas antigas ou retrato de mulher... de mulher... como diremos?... de mulher à vontade, vem de publicar um anúncio (a sério) que fez muito sucesso e está surtindo efeito surpreendente.

Sim, porque, assim como o Collector's Exchanging Bulletin publicou a coisa a sério, os leitores também leram o anúncio com muita seriedade e muitos deles tomaram providências para adquirir o artigo anunciado.

Como, minha senhora? Que é que está no anúncio? Pois não, era justamente o que íamos contar agora. A senhora endireite aí esse decote, que isto já não é mais decote, é deboche, e preste atenção. O anúncio diz assim:

"Para homens solitários, tímidos e incapazes de escolher uma companheira ou de abordar na rua uma jovem qualquer, esta é uma grande novidade. Queiram enviar 2,50 dólares pelo reembolso postal que, dentro de poucos dias, receberão em sua casa uma mulher de borracha, de dimensões normais, macia e perfeitamente inquebrável."

Como, madame? A senhora não gostou do anúncio? Nós também não, porque não somos da equipe dos tímidos e — modéstia à parte — se for preciso meter o ronco pra cima de "uma jovem qualquer" (conforme está no anúncio), a senhora pode ficar certa que a distinta será devidamente roncada.

Mas houve quem se interessasse, pois a notícia explica que houve. Tem muita gente que prefere uma mulher inquebrável a — por exemplo — uma mulher inquebrantável.

Depois, madame, observe a malícia do anunciante. Diz que é de borracha macia. Convenhamos que mulher macia é mais do gosto da maioria do que mulher encaroçada. E — sendo de borracha — talvez possa ser esquentada em banho-maria. Ou talvez fique cálida empregando-se o tradicional método usado para o chamado saco quente. Estas considerações devem ter sido tomadas em conta pelos que responderam prontamente ao anúncio, fazendo centenas de encomendas.

De todas as vantagens propaladas, aliás, nós só não fazemos fé naquela que diz que a mulher é "de dimensões normais". A senhora sabe como é? Isto de tamanho varia muito. Que o digam as casas de modas que fabricam vestidos de meia confecção. E há o gosto pessoal também.

É madame, a mulher de borracha para os tímidos é um bom negócio para o comprador e um grande negócio para o fabricante.

E a senhora pode ficar certa de uma coisa: esta humanidade anda tão torta, que é bem capaz; de um camarada com mulher de borracha em casa se apaixonar pela mulher de borracha do vizinho.

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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: O MELHOR DE STANISLAW - Crônicas Escolhidas - Seleção e organização de Valdemar Cavalcanti - Ilustrações de JAGUAR - 2.a edição - Rio - 1979 - Livraria José Olympio Editora.
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