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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O circo e seus palhaços cantores

As melhores atrações dos circos brasileiros, no final do século XIX e no início do século XX, eram os palhaços cantores. Foram eles, usando seus picadeiros itinerantes, os pioneiros na divulgação da música popular. A principio, nem eram considerados circenses. No Brasil, os primeiros grupos de saltimbancos que percorriam o país eram conhecidos como volantins ou burlantins. Somente no século XIX é que alcançam o status de circenses, começando a instalar seus teatros de lona nas principais cidades brasileiras.

São Paulo era das mais procuradas, por sua população de imigrantes europeus, já afeitos ao gênero de espetáculo. Estatísticas dizem que, em 1897, os 200 mil habitantes de São Paulo contavam com as diversões e atividades de lazer bastante raras, no mais das vezes esportivas e domingueiras. Os paulistanos tinham três teatros, oito jornais diários e o maior deles, O Estado de São Paulo, com tiragem de apenas seis mil exemplares. Nesse clima ideal para os circenses. De 1887 a 1914, foram listadas mais de quarenta companhias do gênero, que se estabeleceram na cidade.

Foi a época de ouro de dois grandes circos que, tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro, eram reconhecidos como os dois melhores do país e disputavam entre si o primeiro lugar. O circo Spinelli, ao ser armado – garantem os contemporâneos que melhor seria dizer construído – no Rio de Janeiro, encostado no viaduto da Estrada de Ferro Central do Brasil, sua lona chegava até a Rua Figueira de Melo, por coincidência, na mesma região onde se encontra a Escola Municipal do Circo. Era todo cercado de madeira, com arquibancadas confortáveis, platéia assoalhada e picadeiro com altura de um metro e meio. Um verdadeiro teatro.

A revista “Máscara”, da época, em matéria jornalística sobre a qualidade do circo, garantia: “Artista que ali atuasse tal o prestígio da casa, estava definitivamente feito, glorificado, em condições de ingressar em qualquer elenco de renome do Centro”, confirmando o papel de lançador de novidades musicais, reservado aos circos naquele momento.

No final do ano de 1897, o Circo-Pavilhão Internacional, armado com quase a mesma pompa na Rua Voluntários da Pátria, ainda no Rio de Janeiro, anunciava: “Dudu das Neves o primeiro palhaço brasileiro fará as delícias da noite com suas magníficas canções e lundus, acompanhado com seu choroso violão”.

Eram, então, os dois circos os espaços privilegiados de lançamentos da música popular brasileira, em especial lundus, chulas e modinhas, alguns dos principais formadores do samba, o qual, em seguida, viria a ter seu lugar também naqueles picadeiros, apresentado por cantores em início de carreira. Durante muito tempo, o circo continuaria sendo uma alternativa de bom dinheiro para cantores de rádio em geral, pois, não existindo televisão, era a única maneira de se fazerem conhecer pessoalmente por seu público do interior do país.

Os maiores astros-cantores dos Circos Spinelli e Internacional eram os palhaços Eduardo das Neves (Dudu) e Benjamim de Oliveira. O pesquisador e historiador José Ramos Tinhorão analisa o prestígio do palhaço-cantor para a música brasileira: “e na parte que interessa mais diretamente à música popular, o circo ia revelar durante quase um século a importância de veiculador das formas de teatro musicado das cidades, com suas bandas e seus números de show, ficando reservada especialmente à figura do palhaço – ao lado de sua função cômica específica – a de equivalente dos conçonetistas de teatro e, mais tarde, dos cantores de auditório de rádio”.

O início do século XX manteve o prestígio do circo e, ao lado dos palhaços-cantores, já começavam a aparecer artistas que se dedicavam exclusivamente ao canto. O sucesso variava de acordo com a qualidade do circo onde se exibissem e com o tipo de público atingido. Muitos pequenos circos tinham seus também pequenos cantores, que se limitavam a repetir os repertórios apresentados nos picadeiros maiores por astros já consagrados, formando elos de uma grande corrente de divulgação.É a época em que surgem também no circo cantores como Mário Pinheiro, Francisco Alves, Vicente Celestino, Cadete e o próprio Bahiano, famoso por ser o primeiro a ter repertório gravado em discos no Brasil. Com ele, em mais de vinte duetos, a cantora Júlia Martins. Todos se valendo dos picadeiros para mostrar e divulgar seus trabalhos, aproveitando-se da melhor fase circense, e mesmo quando esta começa e decair, para ceder lugar a outros meios de comunicação e lazer.

Mas, nos princípios do século XX, o espetáculo circense ainda era importante. A temporada paulista do Circo Spinelli, na Alameda Barão de Limeira, foi ocasião festejada pela população e por jornais e revistas. Que registraram o sucesso feito por todos os artistas, mas “principalmente pelo nosso simpático Benjamim de Oliveira, que além de desempenhar seu papel como palhaço, nas pantomimas não tem rival e canta suas canções como ninguém”.

Chegando aos anos 20, dificilmente tal efusão voltaria a ocorrer. Os circos já haviam cedido espaço para o teatro de revista e o “cinematógrapho” aparecia como a novidade que arrebataria o público para as escuras salas de projeção. No comentário sobre a montagem de um circo na Avenida Rangel Pestana, um cronista escrevia que “o público do Brás já não aprecia esse gênero de diversões”.Numa tentativa de reação, os grandes circos deixavam de ser itinerantes, fixavam-se nas maiores cidades, procuravam uma união com o inimigo, promovendo sessões mistas de artes circenses e projeções cinematográficas. Mas, como lançador e principal divulgador da música popular, seu papel tinha se esgotado.

Lembro-me da introdução daquela canção "O ébrio" (1936) onde Vicente Celestino conta que no começo era "cantor lírico de grande fama" e termina sendo vaiado em pleno picadeiro de um circo: " ... E uma noite, quando eu cantava ainda mais uma vez "A Força do Destino", Deus levou a minha filha para nunca mais voltar. Daí pra cá eu fui caindo, caindo, passando dos teatros de alta categoria para os de mais baixa. Até que acabei por levar uma vaia cantando em pleno picadeiro de um circo. Nunca mais fui nada. Nada, não! Hoje, porque bebo a fim de esquecer a minha desventura, chamam-me ébrio. Ébrio..." Nota-se que os cantores de circo ( e também os circos) realmente decairam já na década de 30 para 40, mas ainda levou muito tempo. O que não se entende é que ainda existam circos itinerantes em pleno século 21 (nota do blogueiro).


Fontes: História do Samba - Editora Globo e Cifrantiga - A história da MPB e Cifras.
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A Seresta


Seresta foi um nome surgido no século XX, no Rio de Janeiro, para rebatizar a mais antiga tradição de cantoria popular das cidades: a serenata. Ato de cantar canções de caráter sentimental a noite, pelas ruas, com parada obrigatória diante das casas das namoradas, a serenata já apareceria descrita em 1505 em Portugal por Gil Vicente na farsa Quem tem farelos?. No Brasil, o costume das serenatas seria referido pelo viajante francês Le Gentil de la Barbinais, de passagem por Salvador em 1717, ao contar em seu livro Nouveau voyage autour du monde que “à noite só se ouviam os tristes acordes das violas”, tocadas por portugueses (espadas escondidas sob os camisolões) a passear “debaixo dos balcões de suas amadas” cantando, de instrumento em punho, com “voz ridiculamente terna”.

Mais compreensivo, outro francês, o estudioso de literatura luso-brasileira Ferdinand Denis, registraria em livro de 1826 que “gente simples, trabalhadores, percorrem as ruas à noite repetindo modinhas comoventes, que não se consegue ouvir sem emoção”.

Com a transformação dessa modinha, a partir do Romantismo, em cançao sentimental típica das cidades em todo o Brasil (alguns poetas românticos foram compositores, outros tiveram seus versos musicados), tal tipo de canto, transformado desde o séc. XVIII quase em canção de câmara, volta a popularizar-se com a voga das serenatas acompanhadas por músicos de choro, a base de flauta, víolao e cavaquinho.

Influenciadas pelas valsas, as modinhas têm então realçado seu tom de lamento na voz dos boêmios e mestiços capadócios cantadores de serenatas, por isso chamados de serenatistas e serenateiros. Assim, quando no séc. XX a serenata passa por evolução semântica a seresta (para confundir agora sob esse nome, muitas vezes, o ato de cantar com o gênero cantado), os cantores com voz apropriada ao sentimentalismo de serenatas ou serestas transformam-se, finalmente, em seresteiros.

A seresta

Conforme nos lembra o grande flautista brasileiro Carlos Poyares - na apresentação de seu disco Brasil, Seresta -, no passado, grupos de músicos, saindo das festas, detinham-se às janelas de suas pretendidas, para tocar e cantar madrugada a dentro, constituindo um costume boêmio que nós herdamos, como tantos outros, da Península Ibérica. Passando a denominar-se seresta, serenata ou sereno, essas primeiras manifestações, no Brasil, fizeram-se muito antes do lampião de gás... à luz da lua...

De fato, a origem desse costume - de se evocar alguém (especialmente a pessoa amada) através dos versos - vem de tempos passados, de épocas remotas, muitos séculos atrás. Conforme o testemunho de cronistas medievais, na Pesínsula Ibérica (Portugal e Espanha), desde a Idade Média, os trovadores e menestréis já costumavam entoar as famosas Cantigas ou Cantares, que compõem um vasto repertório lírico e também satírico: as Cantigas nem sempre tinham tom de romantismo, pois havia as Cantigas de Amigo, de Amor, destinadas aos amigos ou à amada, mas também as Cantigas de Escárnio e Cantigas de Mal-dizer, nas quais enviavam-se recados indelicados a desafetos pessoais, inclinando para o tom humorístico.

As cantigas líricas medievais constituíam, inicialmente, atividades palacianas, cantadas para as damas dos castelos e palácios. Por essa razão, eram encaradas como hábitos aristocráticos, entoadas ao som de instrumentos denominados guitarras (século XIII) ou vihuela - viola espanhola (séculos XIV e XV), considerando-se um hábito de bom-gosto. Aos poucos, entretanto, foram extrapolando os muros dos palácios e mesclando-se com manifestações populares, entre as novas camadas sociais urbanas que se formavam.

Em Portugal, no início do século XVI, o autor teatral Gil Vicente compôs peças que mostravam cenas do processo de popularização, como os autos Quem tem Farelos? e Auto de Inês Pereira . Esse processo, entretanto, crescia na mesma proporção de uma visão social preconceituosa.

Os instrumentos também foram se modificando, surgindo uma variante simplificada da viola, tão difundida popularmente que, por volta de 1650, “D. Francisco Manuel de Melo já podia acusar a perda de prestígio do instrumento junto às pessoas de melhor qualificação da cidade, tão baixo descera seu uso na escala social (....)

As novidades de uma música produzida pela gente do povo das cidades, para atender às expectativas do lazer urbano, estava nascendo em Portugal de Quinhentos. E, tal como mais tarde viria a confirmar-se no Brasil, essa música popular surgia como criação das camadas mais humildes dos negros e brancos pobres das cidades, talvez por isso mesmo chamados de patifes”. (Em: História Social da Música Popular Brasileira, de José R. Tinhorão).

Fonte: Origens do gênero “Seresta”

Algumas músicas seresteiras:









E o jeitinho especial das músicas de Juca Chaves, o menestrel do Brasil:


Anos 60 também pega bem numa seresta:


Que saudade dos Mamonas! Também vale numa seresta:

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quarta-feira, 25 de março de 2009

Pescadores

Pescadores
Pescadores da região - Barra Sul, Balneário Camboriú / SC - 04/03/2009

"Lá onde a praia termina / mora um homem cansado da vida / queimado do sol... / E quando chega a tardinha / ele senta pertinho do mar / canta a triste canção:

Bate onda na beira da praia
bate onda no meu coração
que foi moço e sonhou tantas vezes
e em noites de lua fez tanta canção.

Minha vida está perto do fim
tudo é triste, é triste pra mim
meus cabelos ja têm a cor do mar
quando é noite de lua eu não posso sonhar


E quando o dia amanhece / o orvalho da noite a areia da praia molhou / e quem passa por lá diz que a noite chorou / pelo pescador."

(Canção do pescador - Newton Mendonça)
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segunda-feira, 28 de abril de 2008

O catarinense Nuno Roland

Reinold Correia de Oliveira, o Nuno Roland (1/03/1913 – 20/12/1975) foi um dos grandes cantores da época de ouro do rádio brasileiro. Natural de Joinville, SC, começou a cantar profissionalmente em 1931 num cassino de Passo Fundo, RS e depois em Porto Alegre. Durante sua passagem pelo Rio Grande do Sul conheceu Lupicínio Rodrigues, de quem se tornou amigo.
Em 1934, seguiu para São Paulo onde fez grande sucesso se apresentado inicialmente na Rádio Record e depois na Rádio Educadora Paulista. Foi em São Paulo que adotou o nome artístico de Nuno Roland.

Em 24 de agosto de 1934, gravou na Odeon seu primeiro disco com as canções Pensemos num lindo futuro e Cantigas de quem te vê, de Ulisses Lelot Filho. Atuando principalmente como crooner de orquestras, passou a cantar vários gêneros musicais, inclusive estrangeiros.

Em 1936 mudou-se para o Rio de Janeiro onde assinou contrato com a Rádio Nacional, estreando na inauguração dessa emissora em 12 de setembro daquele ano.

Apesar de sua presença constante no rádio e no disco, só alcançou o sucesso em 1947, com a marcha carnavalesca Pirata da perna de pau, de João de Barro, gravada na Continental. Nessa gravadora, viveu a melhor fase de sua carreira, em que lançou os sucessos Fim de semana em Paquetá, Tem gato na tuba (ambas de João de Barro e Alberto Ribeiro), Tem marujo no samba (João de Barro), em dueto com Emilinha Borba, Lancha nova (João de Barro e Antônio Almeida) e os hinos dos clubes cariocas Botafogo e Olaria, da série composta por Lamartine Babo.

A partir dos anos de 1960, declinou sua atividade profissional, gravando esporadicamente.
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domingo, 23 de março de 2008

Meu nome é Brasil

Meu caboclo (canção, 1942) - Laurindo de Almeida e Junquilho Lourival
Interpretação de Orlando Silva--clique para ouvir amostra da música

Caboclo ligeiro, valente, cismado
Tostado do sol
Que és destro na flecha
No tiro, no laço, na rede, no anzol
Caboclo que avanças nas curvas enganosas
Dos igarapés
Que as onças ferozes
Brincando intimidas
Caboclo, quem és?

Caboclo que em cima de frágil jangada
Por mares além, navegas cantando
Saudades profundas dos olhos de alguém
Caboclo que afrontas os mares bravios
O duro revés, caboclo responde
Teu nome ligeiro, caboclo, quem és?

Caboclo que em plena cochilha distante
Nos pagos ao luar, que saltas no lombo
De um potro rebelde, risonho a cantar
E danças o samba batido ao compasso
Dos teus próprios pés, caboclo responde
Teu nome ligeiro, caboclo, quem és?

E o forte caboclo, fitando o horizonte
Responde viril :
Meu nome é o mais lindo dos nomes do mundo
Meu nome é Brasil!
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Tutu Marambá

Em 1929 Joubert de Carvalho mostrou para Olegário Mariano as melodias para dois poemas seus, o Cai, cai, balão e Tutu Marambá, gravadas por Gastão Formenti, dando início a uma parceria de 24 composições.

Tutu Marambá (canção, 1929), Joubert de Carvalho e Olegário Mariano

Tutu Marambá não venhas mais cá
Que o pai do menino te manda matar...

No seu berço de renda
Com brocardo de oiro
Os olhinhos redondos
De tanta alegria!
Ele olha a vida
Como quem olha um tesoiro
Meu filho
É o mais lindo dessa freguesia!


Gastão Formenti

O filho da coruja
A boquinha em rosa
A mãozinha suja
Com os dedinhos gordos
Já dá adeus!

Fala uma língua que ninguém compreende
Toda a gente que o vê se surpreende
Tão bonitinho
Benza Deus!

É redondo
Como uma bola
O seu polichinelo
Como um grande riso
A única cousa que o consola:
Meu filho é o meu melhor sorriso...

De noite clara
Anda lá fora
O luar entra no quarto mais lindo
Com a expressão angélica de beijar
Ronda o berço
O menino está dormindo
Então a vó de maldizente
Vai cantando no finalmente:

Tutu Marambá não venhas mais cá
Que o pai do menino te manda matar...
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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Zé Carioca, o Papagaio

Moreira da Silva

Zé Carioca (samba, 1959) - Zé da Zilda (José Gonçalves)
e Zilda do Zé (Zilda Gonçalves)

História de papagaio
Eu conheco bastante
Vou contar nesse instante uma bem interessante
Quando eu cheguei aqui
Fui tomar um café
Na Praça Tiradentes
No botequim do seu Vicente
Vi um pássaro verde
Em cima de um palanque
Que eu não conhecia
Eu perguntei a freguesia
Me disseram que era
O papagaio Zé Carioca
Professor de português
(Fala francês, italiano e até inglês, um bom freguês)
Ele ficou meu amigo,
E me levou consigo a uma gafieira
(Onde eu sambei a noite inteira)
De madrugada uma dama fuleira fez um tempo quente
E o papagaio pulou na frente
Deixa comigo que eu sou carne de pescoço
Quem mexer com meu amigo tem que mastigar um osso
Nao tenha medo isso é café pequeno eu resolvo so
(Pulou pra trás e arrancou o paletó, meu Deus que nó
eu vou fugir, pra Maceió, com minha vó)
E, mas de repente a polícia chegou e o baile acabou
E todo mundo se pirou
E o papagaio saiu debaixo da mesa todo rasgado
Completamente depenado
Os dançarinos ficaram com pena de ver seu estado
(Disseram: coitado)
Ele saiu gingando se rebolando todo cheio de visagem
É dos pelados que elas gostam mais
É dos depenados que elas gostam mais.


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sábado, 19 de janeiro de 2008

Edu da Gaita

Edu da Gaita (Eduardo Nadruz), de ascendência síria, nasceu em Jaguarão, RS, na fronteira com o Uruguai, em 13.10.1916, e faleceu em 23.08.1982, na cidade do Rio de Janeiro. Era o primogênito de 3 filhos. Seu pai desfrutava de boa posição na cidade como arrendatário de um cinema.

Em 1925, foi estudar em colégio interno de padres, na cidade de Pelotas, o São Luiz Gonzaga. Nesse ano , o representante local das famosas gaitas Hohner, da Alemanha, promoveu entre a criançada um concurso e o menino Eduardo, dentre os mais de 300 concorrentes, ganhou o primeiro prêmio, sem que a vitória significasse para ele algum interesse particular pelo instrumento ou pela música.

Continuou seus estudos ginasianos em Porto Alegre e, como tantos brasileiros, seu pai não conseguiu escapar da crise mundial. Eduardo pouco colaborava, a ponto de abandonar os estudos e levar uma vida sem definição. Seu pai entendeu que era chegada a hora dele trilhar um rumo mais responsável e esse rumo apontava para São Paulo: "São Paulo é uma grande cidade. Lá ele vai aprender a ser gente!"

Deu 300 mil-réis ao filho, que embarcou para Santos num Ita, o Itassucê. Como tocasse razoavelmente plano de ouvido, ganhou do comandante as passagens com a condição de tocar durante a viagem. Em Santos permaneceria poucos dias sem conseguir emprego. Em São Paulo, para onde foi em seguida, pretendia trabalhar na rua Vinte e Cinco de Março em alguma loja de comerciante árabe, mas também nada arranjou.

O ano era de 1933, logo depois da Revolução Constitucionalista, e o fato de ser gaúcho precisava ser escondido para não prejudicá-lo, pois os paulistas ainda estavam muito ressentidos com a derrota.

Na pensão, por falta de pagamento, foi avisado de que, se não acertasse as contas, seria despejado em 15 dias. Andando pelas ruas em busca de uma saída, na ladeira da avenida São João, viu alguém tocar gaita e passar o pires. Lembrou-se então dos seus tempos de pelotas e do concurso de gaitas. Sentiu que esse podia ser um meio para minorar sua situação. Não tinha porém o instrumento, ou melhor não tinha a gaita e nem a "gaita" para comprá-la.

Perto ficava a Casa Manon, loja de músicas e instrumentos. O gerente queixou-se a ele de que as gaitas não atraíam compradores e o estoque estava encalhado. Eduardo teve a idéia de propor-lhe um trato: ganharia uma porcentagem por gaita que conseguisse vender. Foi então para a porta da loja e começou a tocar. Resultado: não demorou a vender aos passantes 24 gaitas, com direito à porcentagem e uma gaita para si.

E assim Eduardo foi levando a vida na capital paulista, a tocar gaita e a fazer o que aparecesse, inclusive sendo camelô. Chegou a tocar na Rádio Cruzeiro do Sul. Aí resolveu partir para o Rio de Janeiro, onde chegou no Sábado do carnaval de 1934. Sem revelar que era gaúcho, foi à Rádio Mayrink Veiga em busca de uma oportunidade junto a César Ladeira, diretor-artístico da mesma, que se notabilizara em São Paulo como o "speaker" da Revolução Paulista ao microfone da Rádio Record.

César o aceitou e o escalou para tocar no programa Desenhos Animados. Só que não gostou do seu nome Eduardo Nadruz, nada artístico, e o apresentou como Edu e Sua Gaita. O "da Gaita" viria bem depois. Pouco duraria esse seu início radiofônico, porquanto seu repertório não passava de 2 tangos e 1 rancheira.

Eis Eduardo der volta às mesmas dificuldades, com a diferença de que passou a levar a gaita a sério, estudando sem parar, embora sem nunca ter aprendido a ler música, que compensava com o ouvido absoluto de que era possuidor. O grande empecilho é que as gaitas encontradas no Brasil não dispunham de recursos e ele pressentia que, em algum lugar, devia haver modelos mais avançados.

Então, em 1939, dar-se-ia o verdadeiro início de sua carreira. Conversava com o pianista Nonô, no Café Nice, quando chega o cantor e violonista Fernando (de Albuquerque), que havia chegado há pouco de Nova Iorque, onde estivera com a Orquestra de Romeu Silva na feira Mundial.

Fernando tinha começado na casa Edison (Odeon) nos anos 20. Pois fernando contou aos presentes que havia trazido de Nova iorque uma gaita diferente, com uma "chave". Edu, vivamente interessado, não sossegou enquanto Fernando não foi buscar a tal gaita. A "chave cromática" era tudo o que ele vinha imaginando e correspondia às teclas pretas do piano. Emocionadíssimo, levou-a aos lábios e tocou como se a conhecesse há anos. Era a solução definitiva.

Ainda como músico de rua e bares, foi ouvido por Sílvio Caldas e por ele levado à Rádio Mayrink Veiga, onde permaneceria sob contrato por 10 anos, transferindo-se a seguir para a Rádio Nacional. Nesse mesmo ano de 1939, faz seu primeiro disco, na Colúmbia, neste CD., com Canção da Índia e Violino Cigano. Em Canção da Índia teve o acompanhamento dos Swing-Maníacos, ou seja, os irmãos Dick e Cyll Farney e Hélio Beltrão, futuro ministro no governo Figueiredo.

Sua carreira, a partir daí, foi se solidificando cada vez mais no rádio, cassinos e através de excursões. No seu instrumento, era o maior do Brasil, O Mago da Gaita. Por ser muito magro não escapava dos brincalhões: O Magro da Gaita.

O fim do jogo, em 1946, e fechamento dos cassinos, também não o pouparia. Uma excursão à Argentina, que deveria durar o tempo normal de 4 semanas, estender-se-ia por quase dois anos. Já estava casado com Hercília, com a qual teve um único filho, Eduardo como ele, médico.

Nessa ocasião, começou a cultivar o sonho de gravar o Moto Perpétuo, do célebre violinista e compositor italiano Niccolo Paganini (1782-1840), obra tida como impossível de ser executada em instrumento de sopro. Seu interesse em ser o primeiro no mundo a realizar a proeza foi despertado quando ouviu, na Mayrink veiga, o violinista João Correia de Mesquita fazer uns exercícios com a música durante um ensaio.

Não foi difícil para Edu aprender os 150 compassos sem pausa do Moto Perpétuo, mesmo não lendo música, mas se passariam 11 longos anos de obsessivos estudos até que se sentisse pronto para gravá-lo. O público sempre teve, desde o início, conhecimento desse seu objetivo. Assim, em 1956, quando chegou ao estúdio da Continental, havia jornalistas para acompanhar o grande acontecimento e observar se não haveria alguma montagem indevida.

O primeiro registro, com Leo Peracchi ao piano, saía sem qualquer falha até que alguém deixou cair ao chão uma máquina de escrever. Só na 39ª tentativa, já à noite, foi que o Moto Perpétuo resultou perfeito.

Sua façanha de tocar pela primeira vez, em todo o mundo, o Moto Perpétuo em instrumento de sopro seria mais tarde repetida, entre outros, por Paulo Moura ao saxofone e pelo trumpetista mexicano Rafael Mendez.

O perfeccionismo era o traço predominante do artista Edu, que se autodefinia como uma "pilha de nervos". Mas sempre foi bem e cordial amigo, capaz de frases como "Edu e sua gaita e o Láfer (ministro da Fazenda de Getúlio) com a "nossa".

Em 1960, participou da 3ª Caravana Oficial da Música Popular Brasileira, organizada por Humberto Teixeira e capitaneada por Joraci Camargo, da qual; fazia parte o Sexteto de Radamés Gnattali com Chiquinho do Acordeom. Apresentaram-se em Portugal, França, Itália, Inglaterra e Alemanha. Na Alemanha, aproveitou para conhecer a fábrica da Hohner em Trossingen. Ao examinar os modelos, tocou uma parte do Moto Perpétuo. Foi o bastante para a direção presenteá-lo com uma coleção de gaitas.

Nunca quis se radicar e fazer carreira no exterior. Nacionalista, entendia que no Brasil podia fazer mais por sua cultura. A própria gravação do Moto Perpétuo continha o desejo de mostrar ao mundo que os brasileiros eram gente de talento. Seu sonho era também provar que a gaita merecia uma cátedra nas escolas de música por ser um instrumento completo, definido.

Não há dúvida de que, mais do que qualquer outro, conseguiu demonstrá-lo, tanto que a história da gaita, no Brasil, pode ser dividida em antes e depois dele (Texto de Abel Cardoso Júnior).

Fonte: Revivendo Músicas.
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sábado, 12 de janeiro de 2008

Zé Carioca

Zé Carioca (José do Patrocínio Oliveira), instrumentista, nasceu em Jundiaí SP em 11/02/1904 e faleceu em Los Angeles, Estados Unidos, em 22/12/1987. Já tocava cavaquinho, como amador, na época em que trabalhava como classificador de cobras no Instituto Butantã, de São Paulo SP.

Em 1929 foi convidado para tocar num programa regional, na estréia da Rádio Educadora Paulista (depois Gazeta), uma das primeiras emissoras brasileiras. Com o surgimento da Rádio Cruzeiro do Sul, em 1931, passou a atuar na Orquestra Columbia, dirigida por Gaó, trocando o cavaquinho pelo banjo, o que lhe valeu o apelido de Zezinho do Banjo.

No ano seguinte, César Ladeira levou-o para o Rio de Janeiro, para trabalhar na Rádio Mayrjnk Veiga, onde tocou ao lado de Nelson Souto, Pixinguinha, Garoto, Nelson Boi, Gastão Bueno Lobo e Britinho. Logo depois, acompanhou César Ladeira, quando este se tornou diretor artístico do Cassino da Urca.

Ali conheceu Carmen Miranda e, em 1939, foi para os EUA com a orquestra de Romeu Silva, na qual tocava violão, para cumprir temporada de seis meses no pavilhão brasileiro da Feira Mundial, em New York, participando do filme Serenata tropical, de Irving Cummings. No ano seguinte, apresentou-se. no pavilhão brasileiro da Feira de San Francisco.

Em 1941 assinou contrato com a Twentieth Century Fox e participou, ao lado do Bando da Lua e Carmen Miranda dos filmes Uma noite no Rio, de Irving Cummings, e Aconteceu em Havana, de Walter Lang, entre outros. Na Fox também dublou desenhos animados e conheceu Walt Disney, que, inspirado em sua figura, criou o Zé Carioca, personagem-símbolo do malandro brasileiro no desenho animado de longa metragem Você já foi a Bahia?.

Nos últimos anos, tocou no restaurante Marquis Martoni, em Hollywood. vivendo seis meses nos EUA e seis no Brasil, em São Paulo.

Centenário de nascimento

"No dia onze de fevereiro de 2004 será comemorado o centenário de nascimento de José Patrocínio de Oliveira, natural de Jundiaí, SP. Trabalhava no Instituto Butantã como classificador de cobras (mais tarde ele seria classificado como um dos “cobras” da nossa música) ao mesmo tempo que consolidava seu prestígio como instrumentista.

Freqüentador de rodas onde figuravam os nomes de Américo Jacomino (Canhoto), João Sampaio e Armando Neves, passa a ser conhecido por Zezinho, que era do banjo, cavaquinho, bandolim, violão e dos outros instrumentos que viria a dominar, como o violão tenor e a guitarra havaiana.

No período de 17/02 a 04/03/1928 foi confiado ao prestigiado violonista Canhoto a tarefa de organizar uma Orquestra Típica de instrumentos de cordas, constituída pelos melhores músicos de São Paulo, para se apresentar no suntuoso Salão de Automóveis da General Motors, evento este realizado no Cine Odeon que ficava a Rua da Consolação No 42.

Além de Canhoto, Os nomes de Zezinho, Mota, Carlinhos, Armandinho Neves e João Sampaio eram os de maior destaque. Participava também desta Orquestra um menino franzino de apenas doze anos, empunhando orgulhoso o seu banjo. Este menino era Aníbal Augusto Sardinha( Garoto), que tinha agora em Zezinho seu novo ídolo e mestre. Este foi, ainda que involuntariamente, o grande propulsor da vitoriosa carreira de Garoto que, numa entrevista, confessou: “Devo meu progresso ao Zezinho, pois queria tocar sempre melhor do que ele...”.

Entre 1929 e 1931, pela gravadora Columbia, Zezinho participa em cerca de cento e vinte gravações (Infelizmente não é possível obter o número exato em função da inexistência das fichas técnicas) tocando seus instrumentos ao lado de nomes como João Pernambuco (10), Paraguassú (10), Jaime Redondo (8), Januário de Oliveira (19), Batista Jr (9) e sua filha Dircinha Batista (2), Eurístenes Pires (4), Stefana de Macedo (12), Jararaca (19), Lila Dias (4) e Elsie Houston (13) dentre outros.

Acompanhou ao violão (como segundo violão) a João Pernambuco em boa parte dos registros de sua obra como em “Interrogando”, “Reboliço” e “Sonhos de magia”. Com Stefana de Macedo participou como acompanhante do lançamento de diversas composições de Amélia Brandão Nery que seria conhecida mais tarde por Tia Amélia.

Quase ao mesmo tempo entra em cena uma orquestra com uma sonoridade diferente: “A presença do violino de Ernesto Trepiccioni e do acordeon de José Rieli dava um som romântico a esta orquestra, a rigor menos uma orquestra do que um conjunto instrumental...”, diria Ary Vasconcelos em seu História e inventário do choro.

Esta orquestra, complementada por Gaó (Odmar Amaral Gurgel) ao piano; Atílio Grany na flauta; Petit (Hudson Gaia) ao violão; Jonas Aragão no sax alto e Zezinho no bandolim é a Orquestra Colbaz que gravou na Columbia entre 1930 e 1932 cerca de vinte e seis músicas entre choros e valsas. A ampliação desta orquestra dá origem a famosa Orquestra Columbia, ainda sob a direção de Gaó.

1931 é o ano do grande concurso de música promovido pelo jornal “A Gazeta”, concurso este que motivou uma intensa participação da população de São Paulo (capital) que escolhia seus músicos favoritos, divididos por categorias, através de voto direto. Na categoria banjo, Zezinho obteve expressiva votação (117 323 votos), obtendo o primeiro lugar (nesta categoria Garoto ficou em sexto, com 9 746 votos).

Outros vencedores foram Gaó (piano), Alberto Marino na categoria violino (Trepiccione ficou em segundo e Nestor Amaral em quinto), Larosa Sobrinho (violão), Nabor Pires Camargo (clarinete) e Cárdia (bandolim).

César Ladeira, já no Rio de Janeiro e atuando na rádio Mayrink Veiga, atuava como um embaixador da musica paulistana, trazendo para a então capital da república os novos valores lá revelados. Desta forma aqui chegou Zezinho em 1933, passando logo a integrar o famoso regional da Mayrink.

Em 1936 é a vez de César Ladeira buscar uma turma da pesada; Aimoré, Garoto, Nestor Amaral e Laurindo Almeida. Estes três últimos participaram junto a Zezinho de uma grande aventura: Uma viagem a Europa a bordo no navio Cuiabá. Fizeram escala nos estados mais importantes do nordeste brasileiro antes de partir rumo a Lisboa, Porto, Amsterdam, Berlim e Paris onde por três meses divulgaram a nossa música. Em Paris não puderam desembarcar com os instrumentos musicais devido a alguma lei protecionista.

Assistiram então extasiados a uma apresentação do diabólico duo Stephan Grapelli (violino) e Django Reinhart (violão). Algo novo estava acontecendo ali em termos musicais e eles jamais seriam os mesmos após esta experiência, especialmente Garoto, que acabou por incorporar o fraseado de Django!

Voltam a Mayrink e depois de um breve retorno a São Paulo onde atua junto a Armandinho Neves e Antonio Rago no Regional da Record, Zezinho passa a integrar a Orquestra de Romeu Silva (muito bem reportado por Daniella Thompson) partindo então para os Estados Unidos em 1939 onde iriam se apresentar por seis meses na Feira Internacional de Nova Iorque. Zezinho reencontra seu amigo Garoto quando este, já famoso com seu violão tenor ( foi inclusive chamado de “homem dos dedos de ouro”), lá esteve com Carmen Miranda e o Bando da Lua.

A partir de 1940, Zezinho fixa residência em Los Angeles, já contratado pela Fox. Em 1941, Walt Disney com o papel de “embaixador da boa vizinhança” viaja pela América latina a pretexto de buscar inspiração para a criação de novos personagens. No Brasil, os cartunistas Luis Sá e J. Carlos ajudaram Disney a desenvolver a figura e a personalidade do papagaio “Zé Carioca”, “ personagem concebido para ser a síntese dos laços de amizade entre os estados Unidos e o Brasil”, em acordo com Sidney Ferreira Leite em seu excelente artigo publicado no Estadão em 01/12/2001.

Um problema persistiu por muito tempo: quem iria falar pelo papagaio? Por obra do acaso, Disney estava no mesmo estúdio que Zezinho pelos idos de 1943 e ao ouvi-lo falar percebeu na maneira gingada, malemolente, a voz ideal para o seu papagaio! Nasceu assim o Zé Carioca e o Zezinho, que passaria a usar o mesmo nome do papagaio, era o responsável por sua voz em inúmeros filmes como “Alô amigos” e “Você já foi a Bahia?”.

Este fato rendeu uma fortuna considerável ao Zezinho, que sempre se manteve ligado a musica, como integrante do Bando da Lua e com seu próprio grupo. Infelizmente acabou estigmatizado por conta de sua ligação com Disney (política da boa vizinhança) e com Carmen Miranda.

A casa de Zezinho, de acordo com seu amigo João Cancio de Povoa Filho, era um verdadeiro consulado brasileiro, não faltando ajuda a qualquer músico brasileiro que por lá se aventurasse. Que o diga o nosso violinista Fafá Lemos!

Com a morte de Carmen Miranda terminou o Bando da Lua, nesta altura completamente modificado em relação a sua formação original. Aloísio de Oliveira voltou ao Brasil onde desempenharia importante papel no marketing da Bossa nova e Zezinho lá ficou, com o fardo de seu apelido(Zé Carioca).

Nos seus últimos anos de vida passava seis meses em LA e os outros seis em São Paulo.Faleceu em22/12/1987 em Los Angeles."

(por Jorge Carvalho de Mello)


Aurora Miranda e Zé Carioca no longa-metragem Você já foi à Bahia?.

Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira; Zé Carioca (samba & choro).
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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Orlandivo

Orlandivo

Orlandivo (Orlandivo Honório de Sousa), compositor e cantor, nasceu em Itajaí, Santa Catarina, em 5/8/1937. Desde criança interessou-se por música, tocando gaita-de-boca aos seis anos. Passou a residir no Rio de Janeiro aos nove anos; aí serviu o Exército, conhecendo então Paulo Silvino Neto Filho, com quem compôs os primeiros sambas: Cinderela em 30, João e Maria e Saudade dói demais.

Em 1958 teve suas primeiras composições gravadas por Roberto Carreiras em selo Albatroz: Vem pro samba e H2O. Gravou, em 1961, um dos seus maiores sucessos, Samba toff, sendo também dessa época A chave do sucesso (ambos com Roberto Jorge), uma alusão à bossa com a qual fez sucesso: cantar sacudindo um molho de chaves para fazer o ritmo.

Entre suas composições destacaram-se Sambadinho (com Roberto Jorge), Bolinha de sabão (com Adílson Azevedo), Dias de verão (com Roberto Jorge) e Tamanco no samba (com Helton Meneses).

Os principais intérpretes de suas composições foram Ed Lincoln, Golden Boys, Conjunto Farroupilha e Humberto Garin. Gravou, entre outros, os LPs A chave do sucesso e Orlan Divo.

Obras

Bolinha de sabão (c/Adilson Azevedo), samba, 1964; A chave do sucesso (c/Roberto Jorge), 1961; Samba toff (c/Roberto Jorge), samba, 1961; Saudade em seu lugar (c/Roberto Jorge), samba, 1964; Tamanco no samba (c/Helton Meneses), samba, 1963.

Fonte: Enciclopédia da Música Brasileira - Art Editora - PubliFolha.
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domingo, 9 de dezembro de 2007

Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano

Nilo Amaro e Seus Cantores de  Ébano

Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano - Grupo formado por Nilo Amaro (Moisés Cardoso Neves) e um coro de vozes negras femininas e masculinas (um soprano, um mezzo soprano, um contralto, dois baixos, um tenor e três barítonos), com destaque para o baixo Noriel Vilela.

O conjunto fez muito sucesso na década de 1960. Seu repertório era composto de clássicos da música popular brasileira (sambas e sambas-canções) e do folclore, e de versões para o idioma português de spirituals dos negros americanos, sendo considerado o precursor da música gospel no Brasil. Um de seus maiores sucessos foi a gravação de Leva eu (Sodade)" ("Oh! Leva eu/ Minha saudade/ Que eu também quero ir...").

Lançaram dois LPs pela Odeon (1961 e 1963), reeditados, em 2000, na coletânea Seleção de Ouro - 20 Sucessos - Nilo Amaro e Seus Cantores de Ébano, contendo as faixas Uirapuru (Murillo Latini e Jacobina), Leva eu sodade (Alventino Cavalcanti e Tito Neto), Suas mãos (Pernambuco e Antônio Maria), A lenda do Abaeté (Dorival Caymmi), Azulão (Jayme Ovalle e Manuel Bandeira), Minha graúna (Avarese e Tito Neto), Dorinha (Ary Monteiro e Tito Neto), Tammy (Jay Livingston e Ray Evans), Fiz a cama na varanda (Ovídio Chaves e Dilu Melo), "Down by the riverside", Greenfields (Terry Gilkyson, Richard Deher, Romeo Nunes e Frank Miller), Vaqueiro prevenido (Jacobina e Manoel Macedo), Ellie Lou (You left me there in Charleston) (Sigmam, Loose, Olias e Romeo Nunes), Canção de ninar meu bem (Gracindo Junior e Bidu Reis), A lenda do Rio Amazonas (Jairo Aguiar), Urutau (Murillo Latini e Jacobina), Eu e você (Roberto Muniz e Jairo Aguiar), Devaneio (Djalma Ferreira e Luiz Antônio), Boa noite (Francisco J. Silva e Isa M. da Silva), Nobody knows the trouble I've seen (Nat King Cole e Gordon Jenkins).

Nilo Amaro faleceu em Goiânia, aos 76 anos, no dia 18 de abril de 2004.

Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.
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terça-feira, 13 de novembro de 2007

Blog da MPB: Destaques de Novembro/2007

Virgínia Lane no teatro de revista

25/11/07 - Teatro de Revista - Parte 2 - Manuel Pinto foi um dos empresários mais bem sucedidos do teatro de revista, no início do século. Coube a Walter Pinto herdar o gosto do pai pelo negócio, fazê-lo crescer e tornar-se um dos mais ricos produtores do setor. Para isso, contribuíram alguns fatores que acabaram por influir na própria cultura popular carioca e, mais remotamente ....

Ademar Casé

25/11/07 - Ademar Casé - Radialista brasileiro, pai do diretor de teatro e TV Geraldo Casé e avô da atriz Regina Casé. Criador da primeira grande atração do rádio no Brasil, o Programa Casé, começou sua carreira vendendo aparelhos radiofônicos de porta em porta. Sua técnica de vendas era inusitada: deixava o rádio na casa do freguês em potencial e quando voltava, ....

Jota Efegê

24/11/07 - Jota Efegê - João Ferreira Gomes, jornalista, pesquisador, cronista, musicólogo e escritor, nasceu no Rio de Janeiro-RJ em 27/1/1902, e faleceu na mesma cidade em 25/5/1987. Entre 1919 e 1920, escreveu para o Jornal das Moças. Por essa mesma época, colaborou com o jornal Idéia Nacional que, entre seus redatores, contava com Carlos Maul. Em 1928 ....

Abigail Maia

24/11/07 - Abigail Maia - Atriz, cantora e bailarina, nasceu em Porto Alegre, RS,em 17/10/1887 e faleceu no Rio de Janeiro RJ, em 20/12/1981. Estreou no teatro aos 15 anos de idade, na peça Fada Coral. Trabalhou em inúmeras companhias de comédias e revistas antes de criar sua própria empresa, em parceria com Oduvaldo Vianna. Em 1921, agregando-se ....

Bezerra da Silva

21/11/07 - Bezerra da Silva - José Bezerra da Silva, cantor e compositor, nasceu em Recife, Pernambuco, em 09/03/1927 e faleceu no Rio de Janeiro em 17/01/2005. Desde os nove anos já tocava zabumba e cantava coco em sua cidade natal. De origem humilde, aos 15 anos veio para o Rio de Janeiro como clandestino num navio e trabalhou na construção civil como pintor durante ....

Marília Medalha

20/11/07 - Marília Medalha - Cantora e compositora, nasceu em Niterói RJ em 25/7/1944. Aos cinco anos cantava para os amigos da família e, adolescente, freqüentava reuniões musicais em Niterói, das quais participavam Sérgio Mendes e Tião Neto, que a acompanhavam em algumas apresentações públicas na cidade. Nesse período, realizou espetáculos no Clube de Regatas de ....

Livro

19/11/07 - Ovídio Chaves - Ovídio Moojen Chaves, compositor, escritor e instrumentista, nasceu em Lagoa Vermelha RS em 29/7/1910 e faleceu no Rio de Janeiro RJ em 2/8/1978. O pai, comerciante, tocava bandônio e o incentivou no gosto pela música, que começou a estudar aos sete anos. Em 1932 foi aluno de José Lucchesi no Conservatório de Música de Porto Alegre RS ....

Francisco Egidio

19/11/07 - Francisco Egídio - Francisco Egídio dos Santos, cantor e compositor, nasceu em São Paulo SP em 17/1/1927 e faleceu em 17/10/2007 na mesma cidade. Dos 14 aos 24 anos participou de programas de calouros em várias emissoras de rádio, entre os quais o Peneira Rodhine, da Rádio Cultura, de São Paulo, onde cantava sucessos da época, principalmente de ....

Cassiano

18/11/07 - Cassiano - Genival Cassiano dos Santos, cantor, compositor e guitarrista, nasceu em Campina Grande PB em 16/9/1943. Aos seis anos, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde aprendeu as primeiras noções de violão e bandolim com o pai. Iniciou a carreira em 1964, tocando violão no Bossa Trio, que daria origem ao grupo vocal Os Diagonais, com o ....

Carramona

18/11/07 - Carramona - Albertino Ignácio Pimentel, instrumentista, regente e compositor (Rio de Janeiro RJ 12/4/1874 – id. 6/8/1929), foi o primeiro mestre militar da Banda de Música do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, substituiu o maestro Agostinho Luiz de Gouvêa. Amigo particular de Anacleto de Medeiros e de Agostinho Pereira, fazia parte de orquestras e bandas civis .....

Abel e Caim

18/11/07 - Abel e Caim - Dupla sertaneja formada pelos primos José Vieira (Itajobi SP 1929—) e Sebastião Silva (Monte Azul Paulista SP 1944—). Sebastião, o Caim, iniciou carreira na infância, integrando o Trio Mirim, que em 1955 tinha um programa próprio, de muito sucesso, na Rádio Clube de Marília SP. Em 1956 José (Abel) formou dupla com Xupim, atuando na Rádio ...

Carlinhos Vergueiro

16/11/07 - Carlinhos Vergueiro - Carlos de Campos Vergueiro), compositor e cantor, nasceu em São Paulo-SP em 27/3/1952. Até os 12 anos estudou piano com o avô, o pianista Guilherme Fontainha; foi também aluno de Osvaldo Lacerda (composição musical) e Tumiko Kavanani (teoria musical). Começou a compor pelos 16 anos, quando já tocava violão. Em 1972, foi finalista ...

Capital Inicial

16/11/07 - Capital Inicial - Grupo brasiliense formado em 1982 por Dinho (Fernando Ouro Preto, Curitiba PR 1964—), no vocal; Loro Jones (Antônio Marcos Lopes de Sousa, Rio de Janeiro 1961—), na guitarra; Flávio Lemos (Rio de Janeiro 1963—), no contrabaixo; e seu irmão Felipe Lemos (Rio de Janeiro 1962—), na bateria. Os dois últimos vieram do Aborto Elétrico, o primeiro ...

Capinam

16/11/07 - Capinam - José Carlos Capinam nasceu em Esplanada, Bahia, e é considerado um dos grandes letristas de sua geração, tendo participado ativamente do movimento tropicalista no fim da década de 60. Poeta desde a adolescência, mudou-se para Salvador aos 19 anos, onde iniciou o curso de Direito, na Universidade Federal da Bahia. Militante fervoroso do CPC ...

Um milhão de melodias

12/11/07 - Um milhão de melodias - Um dos mais famosos programas musicais do rádio brasileiro. Um Milhão de Melodias estreou no dia 6 de janeiro de 1943 e foi um marco importante no processo de alienação cultural dos brasileiros através da música. Antes de Um milhão de melodias a influência da música norte-americana era restrita ao cinema e mesmo assim ...

Moacir Santos

07/11/07 - Moacir Santos - Moacir José dos Santos, regente, arranjador, instrumentista, professor e compositor, nasceu em Vila Bela, Pernambuco, em 8/4/1924. Criado em Flores do Pajeú (PE), recebeu as primeiras noções de teoria musical do Mestre Paixão, iniciando carreira como instrumentista da banda local. Em 1940 deixou a cidade e passou a acompanhar um circo pela região ...

Tamba Trio

06/11/07 - Tamba Trio - Um dos grupos mais importantes da bossa nova, caracterizou-se sempre pela sofisticação na concepção musical e nos arranjos. No início acompanhavam principalmente cantoras, como Maysa e Leny Andrade, e ainda contavam com o pianista Luís Carlos Vinhas e o violonista Roberto Menescal. A formação definitiva (Luiz Eça, piano, Hélcio Milito, bateria ...

Batatinha

06/11/07 - Batatinha - O samba baiano teve em Batatinha o seu maior poeta e compositor de mais de 100 canções. O gráfico aposentado Oscar da Penha, ou melhor "Batatinha", faleceu em Salvador, em 3/01//97, aos 72 anos, sem nunca ter conseguido em vida o sucesso relativo à qualidade da sua obra. Apenas teve registrado dois álbuns em toda sua trajetória artística. Reconhecido ...

Carlos José

02/11/07 - Carlos José - Carlos José Ramos dos Santos, cantor e compositor, nasceu em São Paulo SP em 22/9/1 934. Filho de um funcionário público e irmão do violonista Luís Cláudio Ramos, em 1939 transferiu-se com a família para o Rio de Janeiro RJ, indo morar no bairro de Santa Teresa. Interessado por música desde criança, aos 11 anos aprendeu a tocar violão com a mãe....

O palhaço Carequinha

02/11/07 - Carequinha - George Savalla Gomes, palhaço, compositor e cantor, nasceu em Rio Bonito-RJ (18/7/1915) e faleceu no Rio de Janeiro-RJ (5/4/2006). Em 1920 começou a trabalhar no Circo Peruano, de seu avô, chamado Savalla, em Carangola, e em 1938 estreou como cantor no programa Picolino, de Barbosa Júnior, na Rádio Mayrink Veiga, do Rio de Janeiro. Com a ...

Paulinho da Viola e Aracy Cortes

01/11/07 - Rosa de Ouro - Quando as luzes se apagavam, entravam em cena Os Cinco Crioulos: Nelson Sargento, Anescarzinho, Jair do Cavaquinho, Elton Medeiros e Paulinho da Viola. Era o início do show Rosa de Ouro, dirigido por Hermínio Bello de Carvalho. Paulinho abria o espetáculo com Recado. Quando todos estavam aquecidos, era hora da entrada triunfal de Araci Cortes. Tão majestosa ...

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segunda-feira, 9 de julho de 2007

Luiz Vicentini

Luiz Vicentini

O cantor, compositor e violonista Luiz Vicentini nasceu na cidade de Itajaí – SC em 16/08/1962. Autodidata, aprendeu a tocar violão aos doze anos de idade, em um colégio interno, onde ficou por quatro anos e onde compôs suas primeiras canções. Quando deixou o colégio, no final do ano de 1978, com dezessete anos de idade, participou de vários festivais em sua cidade e região, recebendo destaque por suas composições, conquistando assim sua melhor premiação: a confiança para compor cada vez mais, aprimorando seus versos com histórias cantadas com paixão e cercadas de poesia.

Nas duas décadas posteriores têm contato com os músicos Zé Geraldo, Alceu Valença, Oswaldo Montenegro, Belchior, Zé Ramalho, Fagner e outros dessa geração de grandes compositores. Nestas canções que Vicentini recebe toda a influência musical e encontra sua identidade. Toda sua inspiração vem à tona, num ímpeto de criação musical, compondo canções em vários estilos, buscando o seu caminho.

Em 1999, entre 140 composições de sua autoria, escolhe algumas para gravar seu primeiro CD, "Styllos", (produção independente), o qual tem a música Meu violão e eu, classificada na fase estadual, para o Programa "Novos Talentos", do programa do Faustão (Rede Globo).

Incentivado por inúmeros elogios recebidos por esse primeiro trabalho, reúne treze canções de seu vasto repertório e parte para o segundo CD, também independente, intitulado Um dia a gente se vê.

Em 2000 conhece pessoalmente dois de seus maiores ídolos da MPB: Oswaldo Montenegro e Zé Geraldo, pra quem mostra algumas de suas canções, convidando-os a participarem de seu novo CD, o que de fato acontece, tendo a belíssima interpretação de Oswaldo na canção Que eu ame, e o carisma de Zé Geraldo em Um dia a gente se vê, ambas de autoria de Luiz Vicentini. Este CD também conta com a participação da cantora e compositora Nana Toledo, talento regional, em Sem medo, e o Coral da Fundação Universitária de Blumenau - FURB, em Passarinhos, sob a regência do maestro Eusébio Kohler.

Lançado no ano de 2002 , Um dia a gente se vê contém um clip com Luiz e Zé Geraldo, bem como o making-off da gravação. Neste CD, percebe-se ainda mais sua afinidade e perseverança com as raízes daqueles que o influenciaram, tornando presente em suas canções aquela que seria sua marca mais forte: o conteúdo expressivo de suas letras em melodias simples, traduzindo a vida em seu cotidiano, com o requinte da poesia em sua essência.

Em 2004, lança o DVD do show Um dia a gente se vê, gravado ao vivo no Galpão das Artes, em Itajaí - SC.

No dia 31 de Maio de 2007, no palco do Teatro Carlos Gomes, em Blumenau - SC apresenta para seu público seu mais recente trabalho, intitulado Novas Canções, um CD que reúne quatorze músicas de sua autoria, incluindo duas 'faixas interativas', nas quais participam o exímio guitarrista Jean Trad e a intérprete Nana Toledo. Para valorizar ainda mais esse novo trabalho e deixá-lo mais eclético, é que apresenta também, grandes talentos como Louise Lucena, Renato Borghetti e coral da Univali.

CDs: Styllos (1999); Um dia a gente se vê (2002); Novas Canções (2007).



(Publicação dedicada a todos os fãs deste grande artista itajaiense, em especial a Larissa Carla Coelho pela sugestão).
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