quarta-feira, 6 de julho de 2011

Vacina controladora

Conforme vocês sabem, o problema da natali­dade se está tornando crucial e como a humanidade ado­ra entortar os caminhos, descobriram a pílula que resol­veria o problema mas criaram o problema do uso da pílu­la.

E, enquanto os políticos e religiosos discutem se po­dem ou não podem tomar a pílula, os americanos, sem­pre apressadinhos, inventaram a vacina.

Agora passemos a palavra a Mr. Frank Norestein, pre­sidente do Conselho de População de Nova Iorque, ór­gão que nenhum de vocês imaginava que existia, mas que existe. Mr. Frank anunciou ao mundo que o controle da natividade, muito mais breve do que se pensa, poderá ser obtido através de vacinas que terão garantia de seis meses a um ano de imunização.

Diz o distinto que o atual ritmo de natividade vem num crescendo tal, que, mais cedo ou mais tarde, até mesmo as entidades religiosas serão levadas a aceitar uma solução médica para tão sério problema.

Aqui o guia espiritual de vocês, que não acredita em nada sem antes consultar a sábia Tia Zulmira, esteve no casarão da Boca do Mato, contando para a velha e experi­ente ermitã o que se propala sobre a vacina, e indagando em seguida o que titia acha disso.

Ela retirou o pince-nez, coçou o nariz, e explicou que os anticonceptivos já existem às pampas e muitos deles são batata. Apenas, razões de ordem religiosa obri­gam a medicina a não caprichar demasiado na fórmula, restringindo com isto a ação dos laboratórios, razão pela qual, de vez em quando, uma consumidora de anticonceptivo penetra pela tubulação.

— De qualquer maneira — acrescentou a veneranda senhora — a melhor vacina para controle de natividade era a que eu adotava, no meu tempo.

— Qual era?

— Cada um dormia num quarto.

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Por: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).

Fonte: FEBEAPÁ 1: primeiro festival de besteira que assola o país / Stanislaw Ponte Preta; prefácio e ilustração de Jaguar. — 12. ed. — Rio de Janeiro; Civilização Brasileira, 1996.

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