sexta-feira, 27 de junho de 2014

O humor de Jaguar - I



"Como o personagem de Max (do qual tomou emprestado o título de a personalidade), o Capitão é cheio de truques. Vai apresentar cada sábado uma história completa do Capitão propriamente dito, sujeito anti-social e agressivo que vocês vão adorar. E mais: fotos com legendas que merecem concursos, humor internacional e entrevistas com os profissionais da falta de seriedade (estamos nos referindo aos humoristas, não aos políticos). Entrevistas. O público gosta de entrevistadores mais ainda porque assim não precisam dar duro para ganhar dinheiro.

Enfim, uma revistinha de humor que se divertir muitos e irritar a não poucos (como os editoriais de certo vespertino) terá atingido plenamente sua finalidade." (Última Hora, 22/06/1963).


Fonte: "O Capitão" - Ano I - Nº 1 e 14 - Editorial e desenhos de Jaguar - Jornal "Última Hora", de 22/06/1963 e 14/9/1963.
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O dente mais caro do mundo


Aqui no Brasil tem cada médico, que eu vou te contar: para cobrar uma conta eles são melhores do que o Pepe para cobrar uma penalidade. Tem médico pela aí que, para ajeitar um bocadinho o nariz mal lançado de uma senhora vaidosa, apresenta uma conta cujo total dava até para comprar um porto particular para a Hanna.

Mas nem todo médico é assim. Em Madri, por exemplo, dois médicos deram uma bela lição de desprendimento, quando um atendeu o outro sem querer cobrar nada. Deu-se no consultório do Dr. Fernandez Rico, que além de esculápio é dentista. O distinto recebeu a visita do coleguinha lá dele, Dr. Samuel Vaillamon, que estava com um dente doendo que só saudade de mulher amada. O Dr. Rico extraiu o dente do Dr. Samuel e não quis cobrar nada.

O paciente estranhou e achou que o outro merecia, nesse caso, um presente. Livre do molar que o amolava (desculpem), o Dr. Samuel mostrou-se muito jovial e disse para o Dr. Rico:

— Tenho aqui um bilhete da Loteria Nacional. Fique com ele.

Como nenhum dos dois acreditava em azar, por isso, o presenteado guardou o bilhete e não se falou mais nisso. Ou melhor, não se falou mais nisso até o Dia de Reis, quando correu a Loteria Nacional da Espanha e o bilhete do Dr. Rico (presente do Dr. Samuel) saiu premiado com 20 milhões de pesetas, cerca de 335 mil dólares.

Vocês façam o obséquio de fazer a conversão monetária, que eu não sei para quanto baixou hoje o cruzeiro, mas — desde já — podem estar certos de que foi a extração de molar mais cara do mundo, barrando qualquer médico brasileiro de endireitar nariz. Tanto que o Dr. Rico está mais rico do que nunca e o Dr. Samuel Vaillamon, apesar de já ter extraído o dente há quase duas semanas, continua de boca aberta até agora.


Fonte: Jornal "Última Hora", de 14/01/1965 — Coluna de Stanislaw Ponte Preta.
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quinta-feira, 12 de junho de 2014

Vem aí a esperada “Cachaçabrás”

Depois que um deputado mineiro propôs que os parlamentares trabalhassem só de noite e de graça, depois que um deputado campineiro propôs a Lei Seca, depois que um deputado carioca propôs o aportuguesamento dos menus, depois que se apresentou o projeto importantíssimo de regulamentado do jogo de bingo, vem mais um deputado — desta vez o Sr. Luís Correia — com um projeto de lei que, em síntese, cria a “Cachaçabrás”. Trata-se de proposição que regulamenta a distribuição de bebida alcoólica e institui o monopólio do pileque, ou antes, da distribuição do pileque. Aqui estão alguns artigos propostos pelo ilustre parlamentar:

Art. 1. ° — Fica instituído o monopólio estadual da distribuição de bebidas alcoólicas, com exclusão apenas da cerveja. (Portanto, caríssimo, como o Estado é honesto, vamos ter uísque escocês legítimo feito aqui, e não o uísque falsificado sujeito à desonestidade das destilarias particulares).

Art. 2. ° — O Governo do Estado organizará um sistema de armazéns para distribuição de bebida. (Isto é que é incentivar o porte, companheiros. Em vez dos tradicionais armazéns de secos & molhados, armazéns só de molhados pra turma molhar o bico).

Art. 3. ° — Fica proibida a venda de bebidas alcoólicas em copo, antes das 12 horas. (Se isto tem a intenção de refrear o ímpeto dos levantadores de copo que costumam enfiar o pé no jacã desde cedo, essa intenção está gorada, pois, se antes do melodia não se serve bebida em copo, a plebe ignara vai castigar pelo gargalo. Isto não tem nem conversa).

Art. 4. ° — A receita líquida proveniente deste monopólio, a ser calculada a base de 25% sobre o movimento bruto, será entregue a Secretaria de Assistência Social e destinará à velhice desamparada”. (Levando-se em conta de que quem vende bebida não tem renda bruta, pois a renda é sempre líquida, chegamos à conclusão de que a velhice desamparada vai enriquecer com o pileque dos outros, razão pela qual desde já propomos um “slogan” para ajudar a publicidade da cachaça estadual: Encha a sua caveira para salvar a caveira alheia).


Fonte: Jornal "Última Hora", de 14/05/1964 — Coluna de Stanislaw Ponte Preta.
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