domingo, 18 de março de 2012

June Allyson

June Allyson (Ella Geisman), cantora e atriz de cinema, nasceu no Bronx, Nova York, EUA, em 07/10/1917, e faleceu em Ojai, Califónia, em 08/07/2006. Iniciou sua carreira, primeiro como corista, depois, dançarina e cantora. Sua estréia no cinema foi com o filme "Girl crazy", com Mickey Rooney em 1943.

Apesar de sua pequena estatura (1,52 cm) e sua voz rouca, destacou-se em Hollywood como uma das mais cativantes personalidades. June Allyson era considerada por seus colegas como uma pessoa sincera, alegre e jovial.

Aos oito anos foi atingida por um pesado galho de árvore que se partira com um raio causando-lhe sérios ferimentos e imobilizando-a por um longo período. Aprendeu a dançar em casa, sem professor.

Ia ao cinema para aprender os passos da atriz Ginger Rogers, que no futuro se transfomaria em sua amiga. Foi tanto o esforço e o desejo de voltar a caminhar, depois do acidente, que o cinema, especialmente os musicais, lhe devolveram a esperança de recuperar a mobilidade de suas pernas. Conseguiu voltar a caminhar e ainda a incursionar como dançarina nos cenários de Broadway.

The Reformer and the Redhead, 1950
Estudava Ciências Humanas quando decidiu seguir a carreira dramática. Tentou a Broadway na revista "Sing out the news" como corista. Foi escolhida para substituir Betty Hutton no musical da Broadway, "Panama Hattie", que lhe abriu as portas ao sucesso.

Em 1938 participou do musical "The Best foot forward" que lhe permitiu chegar aos estúdios da MGM, depois de ser escolhida para participar da versão para cinema desse musical.

A partir de 1942 foi contratada pela M.G.M e a partir daí foram muitos anos de sucessos, como "Two girls and a Sailor" em 1944, "Two sisters from Boston" em 1946, "Good news" em 1947, "The Three mosqueters" em 1948 e "Little Woman em 1949.

Em 1944 trabalhou no filme "Meet the people", contracenando com Dick Powell, com quem se casaria em 19 de Agosto de 1945. Anos mais tarde, após a morte de Dick em 1963, casou-se duas vezes com o barbeiro dele, primeiro em 1963, divorciando-se em 1965 e depois em 1966 separando-se definitivamente em 1970. Em 1976 se casa com o médico David Ashrow, com quem viveu até sua morte em 2006. Teve apenas dois filhos com Dick Powell.

Quando deixou o cinema, fez fortuna na TV com o "June Allyson Show", sendo que em 1970 estrelou, na Broadway, a comédia "Quarenta quilates", após ter feito algumas operações que lhe modificaram o nariz, puxaram seus olhos e extraíram um calo de sua garganta, deixando-a para sempre, sem a característica voz rouca.

Faleceu em 2006, aos 88 anos de idade, de insuficiência respiratória e bronquite aguda.

Filmografia

2001 - These Old Broads
2001 - A Girl, Three Guys, and a Gun
1989 - Wilfrid's Special Christmas
1982 - The Kid with the Broken Halo
1978 - Blackout
1978 - Three on a Date
1977 - Curse of the Black Widow
1973 - Letters from Three Lovers
1972 - They Only Kill Their Masters
1971 - See the Man Run (TV)
1959 - A Stranger in My Arms
1957 - My Man Godfrey
1957 - Interlude
1956 - You Can't Run Away from It
1956 - The Opposite Sex
1955 - The McConnell Story
1955 - The Shrike
1955 - Strategic Air Command
1954 - Woman's World
1954 - Executive Suite
1954 - The Glenn Miller Story
1953 - Remains to Be Seen
1953 - Battle Circus
1952 - The Girl in White
1951 - Too Young to Kiss
1950 - Right Cross
1950 - The Reformer and the Redhead
1949 - The Stratton Story
1949 - Little Women
1948 - Words and Music
1948 - The Three Musketeers
1948 - The Bride Goes Wild
1947 - Good News
1947 - High Barbaree
1946 - The Secret Heart
1946 - Till the Clouds Roll By
1946 - Two Sisters from Boston
1945 - The Sailor Takes a Wife
1945 - Her Highness and the Bellboy
1944 - Music for Millions
1944 - Meet the People
1944 - Two Girls and a Sailor
1943 - Girl Crazy
1943 - Best Foot Forward
1940 - All Girl Revue
1939 - Rollin' in Rhythm
1938 - The Knight Is Young
1938 - The Prisoner of Swing
1938 - Sing for Sweetie
1937 - Dates and Nuts
1937 - Dime a Dance
1937 - Ups and Downs
1937 - Pixilated
1937 - Swing for Sale

Fonte: Wikipédia.
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sábado, 17 de março de 2012

O revolucionário

Foi no dia posterior à crise. Na véspera já chegara em casa reticente, falando com meias palavras. A mulher achou-o esquisito, mas não quis entrar no assunto diante das crianças.

Foi à noite, quando foram se deitar, que perguntou, com um tom de ansiedade na voz, por que ele estava assim. O Rio explodia de boatos, contavam-se misérias, por isso a mulher já estava predisposta a ouvir o que ouviu.

Ele falou em perseguição política, na possibilidade de ser preso. Ela engoliu em seco, sem compreender: o marido nunca pertencera a qualquer partido político, como é que podia sofrer perseguições políticas?

— "É por causa do Gouvea" — o marido explicou.

O Gouvea andava metido com os comunistas, andou aceitando favores de alguns, ele ficara comprometido.

Gouvea — é preciso que se explique — era o chefe da firma onde o marido trabalhava. A mulher ficou tão chateada, que quase não dormiu.

Ele, porém, virou para o lado e disse, num bocejo:

— "Deixa isso pra lá, Jupira, se acontecer alguma coisa nós veremos". E dormiu.

No dia seguinte saiu um pouco mais cedo, com ar preocupado. A mulher despediu-se dele com um suspiro. Ali pelo meio-dia, veio o telefonema. O Coronel Pereira queria falar com ele. A mulher explicou que o marido já tinha saído; se o Coronel Pereira queria deixar o recado. O Coronel disse que passaria no escritório, com uma patrulha. Mal o Coronel desligou, ela tratou de prevenir o marido:

— "Querido — falou chorosa — um Coronel quer falar com você".

Ele falou baixinho, do outro lado da linha: — "Já fui informado. Querem me prender. Não se preocupe, querida. Ficarei uns dias fora, escondido".

Nem a mulher soube onde ele se escondeu e foi melhor assim. Se o tal Coronel telefonasse ou aparecesse pessoalmente, poderia arrancar dela o segredo.

Depois que a coisa amenizou, reapareceu em casa. Foi uma festa. As crianças pularam de contentes, a mulher deixou cair grossas lágrimas, quentes de alegria. Ninguém o tinha procurado, não é mesmo? Então, o perigo passara. Se o Gouvea, que era o Gouvea, não fora molestado, muito menos seria ele, que se comprometera apenas por causa do Gouvea.

Às perguntas sôfregas da mulher, respondeu com um pedido:

— "Não vamos falar mais nisso".

Ela concordou, mas na hora de ir dormir, ao lhe dar o clássico beijo na testa, tornou ao assunto:

— "Meu bem, onde você esteve escondido durante toda esta semana?".

Estivera na casa de um tio do Gouvea, em Jacarepaguá. Aliás, não mentia muito. A casa fora mesmo de um tio do Gouvea que a vendera ao Gouvea. Passara toda a semana lá: ele com uma loura que eu vou te contar, e o Gouvea com a maior morena. Fora uma farra e tanto. E antes de dormir pensou:

— "Puxa, se um dia ela descobre que o tal Coronel Pereira era o próprio Gouvea disfarçando a voz, eu tô roubado".
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975
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sexta-feira, 16 de março de 2012

Crescei-vos e multiplicai-vos

Conforme vocês sabem, os cientistas ingleses foram os primeiros a estudar e a descobrir remédios anticoncepcionais.

Deu até bode e quem não for capenga de memória deve se lembrar da bronca que instituições moralistas deram nos médicos que conseguiram fabricar pílulas de grande eficiência na difícil tarefa de evitar a chamada procriação.

Mas cientista — vocês sabem como é — não dá muita bola para Associações de Pais de Família, Centros de Senhoras Zelosas e outros mafuás do gênero.

Continuaram o seu trabalho nos laboratórios e aperfeiçoaram a coisa de tal maneira que — dizem — chegaram a resultados quase perfeitos nisso de pílulas anticoncepcionais.

Mas, agora, vem um "big" professor inglês e traz a novidade.

Até aqui as pílulas eram tomadas pelas mulheres, coisa, aliás, que não se compreendia, pois o homem — pelo menos que eu saiba — tem grande responsabilidade em operações chamadas conceptivas.

O professor, que se chama Alan Parker, e é titular da cátedra de Fisiologia da Universidade de Cambridge, ao iniciar uma Conferência de Planificação Familiar, largou brasa na novidade, explicando que as primeiras experiências feitas com pílulas anticoncepcionais para homens causaram efeitos seguríssimos e que a pílula vai funcionar direitinho.

Ora, nessas coisas de ciência, sempre que eu quero melhores esclarecimentos, recorro à veneranda Tia Zulmira, senhora com larga experiência em laboratórios de diversas universidades célebres por suas pesquisas científicas. Apareci no casarão da Boca do Mato na hora do almoço e ainda peguei beira de mesa para enfrentar um badejo ao primo anzol, preparado nas alcaparras pela genial arte culinária de titia, cujo ecletismo é incalculável.

Após o esplêndido repasto, enquanto Tia Zulmira sentava em sua cadeira de balanço de junco da índia, para tricotar casaquinhos, aguardei o momento oportuno e falei sobre a nova descoberta. Ela parou o seu trabalho, pousou as agulhas de tricô no seu regaço, e depois falou:

— Não vai dar certo, meu filho. Pílulas anticoncepcionais para os homens poderão causar grandes aborrecimentos. No dia em que o remédio fracassar, o marido jamais saberá quem andou errado: a mulher ou a pílula.
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Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto).
Fonte: GAROTO LINHA DURA - Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1975
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